A expectativa em torno de ‘Avatar: Fogo e Cinzas‘, terceiro capítulo da franquia de James Cameron, cresce à medida que a estreia se aproxima, mas um detalhe importante permanece envolto em mistério: o orçamento oficial do filme.
Cameron já admitiu publicamente que a produção consumiu “uma tonelada de dinheiro” e que, para compensar esse investimento, seria necessário arrecadar “duas toneladas”. A fala bem-humorada não revela números, mas deixa claro que o risco financeiro é elevado — e que a Disney dependerá fortemente do desempenho nas bilheterias globais.
O histórico da franquia ajuda a dimensionar o desafio, que foi bem lucrativo até aqui. O primeiro ‘Avatar‘, lançado em 2009, custou cerca de US$ 237 milhões e se tornou um fenômeno cultural, encerrando sua carreira cinematográfica com aproximadamente US$ 2,92 bilhões — até hoje a maior bilheteria da história.
Porém, apenas uma parte desse valor chega ao estúdio. Em média, grandes produções ficam com aproximadamente metade da bilheteria global, já que os exibidores retêm entre 45% e 55% dependendo do país. Isso significa que a Fox, responsável pelo lançamento na época, teria ficado com algo em torno de US$ 1,46 bilhão.
A esse número é preciso subtrair os gastos, que vão muito além do orçamento de produção. O filme custou cerca de US$ 237 milhões para ser feito, e campanhas de marketing dessa escala normalmente variam entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. Considerando uma estimativa conservadora de US$ 150 milhões, o custo total sobe para aproximadamente US$ 387 milhões.
Com isso, a matemática final revela um retrato impressionante: mesmo após descontar a participação dos cinemas e os gastos de promoção, ‘Avatar‘ teria rendido um lucro estimado de cerca de US$ 1,07 bilhão. É um resultado extraordinário, raríssimo na indústria, e explica por que o filme não apenas se tornou um marco tecnológico e cultural, mas também um dos maiores acertos financeiros da história do cinema.
Treze anos depois, ‘Avatar: O Caminho da Água‘ repetiu o poder de atração do original, embora com um orçamento ainda mais agressivo, estimado entre US$ 350 milhões e US$ 460 milhões. Mesmo assim, o filme superou expectativas e acumulou cerca de US$ 2,32 a 2,34 bilhões ao redor do mundo. Segundo análises de mercado, o lucro líquido ficou na casa dos US$ 531 milhões, uma cifra impressionante para qualquer estúdio — e especialmente importante para justificar o futuro da saga.
Esse histórico coloca uma pressão natural sobre ‘Fogo e Cinzas‘. O mercado cinematográfico pós-pandemia é menos previsível: há mais competição por atenção, o consumo de streaming é dominante e o público está mais seletivo. Mesmo assim, a marca ‘Avatar‘ continua sendo uma das poucas com alcance global suficiente para mirar bilheterias bilionárias.
A falta de um valor oficial impede qualquer cálculo preciso sobre quanto ‘Fogo e Cinzas‘ precisa faturar para se pagar. Porém, especula-se que o terceiro filme custou entre US$ 250 e 300 milhões, precisando de aproximadamente US$ 900 milhões para se pagar.
James Cameron, por sua vez, já admitiu um certo nervosismo em relação ao lançamento, reconhecendo que o sucesso do terceiro filme será crucial para determinar o rumo da franquia.
O diretor afirmou que projetos como esses que custam caro precisam arrecadar “duas toneladas de dinheiro” para se pagar.
“Não tenho dúvidas de que este filme vai dar lucro. A questão é: será que vai dar lucro suficiente para justificar uma nova produção?. Estou no universo de Avatar há 20 anos. Na verdade, 30 anos, porque escrevi em 1995, mas não trabalhei continuamente nele durante os primeiros 10 anos. Sim, com certeza. Se for aqui que termina, ótimo,” ele admitiu.
Segundo o Deadline, o filme deve abrir com um valor entre US$ 100 e 130 milhões nos EUA. As projeções indicam que o longa é a primeira escolha de público tanto entre homens quanto entre mulheres.
Embora a previsão seja sólida, a abertura de ‘Fogo e Cinzas’ aponta para um resultado abaixo do seu antecessor.
Para efeito de comparação: ‘Avatar: O Caminho da Água’ (Avatar: The Way of Water) estreou com US$ 134,1 milhões em 2022.
Vale lembrar que, na época, as previsões para ‘O Caminho da Água’ indicavam uma abertura maior (entre US$ 150 milhões e US$ 175 milhões), mas o filme acabou ficando abaixo disso.
O desempenho de ‘Avatar’ historicamente é impulsionado por uma longa permanência nos cinemas, e não apenas pelo fim de semana de abertura.
James Cameron irá ENCERRAR a franquia ‘Avatar’ caso ‘Fogo e Cinzas’ não se saia bem nos cinemas
Durante a turnê de imprensa, o diretor James Cameron reiterou que o futuro da saga depende do sucesso de ‘Fogo e Cinzas’.
“Estou envolvido com ‘Avatar’ há vinte anos, na verdade trinta, porque escrevi o roteiro em 1995, mas não trabalhei nele continuamente durante os primeiros dez anos”, disse Cameron ao jornalista Matthew Belloni (via CBM).
“Houve um breve período de interesse em 1995, e então todos disseram: ‘você está louco’, e eu o engavetei por dez anos. Só voltamos a trabalhar nele seriamente em 2005”.
“Sim, com certeza. Claro”, disse ele, abordando a possibilidade de ‘Fogo e Cinzas’ ser o final da história de ‘Avatar’. “Se for aqui que termina, ótimo. Há uma ponta solta. Vou escrever um livro. Responderei a todas as perguntas”.
Questionado se consideraria deixar alguém continuar a franquia Avatar, Cameron respondeu: “De jeito nenhum. Olha, eu tenho opções. Existem níveis nos quais eu consigo me envolver. Não acho que jamais haverá uma versão em que haja outro filme de ‘Avatar’ que eu não tenha produzido de perto”.
Vale lembrar que as sequências ‘Avatar 4‘ e ‘Avatar 5‘ já foram confirmadas, estão programadas para 21 de dezembro de 2029 e 19 de dezembro de 2031, respectivamente.
![]()
