sábado , 23 novembro , 2024

Relato de 5 dias e 18 Filmes | Como foi cobrir do Festival de Berlim pela Primeira Vez

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Depois de 10 dias de festival na capital alemã — e apenas cinco meus por lá —, eu compartilho minhas impressões como marinheira de primeira viagem, tanto na cobertura do evento quanto na cidade sede.

Chegar em um local desconhecido, correr para colocar as malas no hotel e buscar a credencial para poder começar assistir filmes é uma prova de triatlo. O que você precisa ter em mente? Organização prévia, planejamento e paciência para quando as coisas não saírem como imaginamos.



Após ter participado do TIFF (2017), Festival do Rio (2018) e do Festival de Cannes (2021), acreditei que estava mais preparada para esta excursão. Ter mais experiência na bagagem conta bastante, mas isso não evita repetir erros antigos. Neste caso, mais uma vez me hospedei há uma distância considerável a pé — 35 minutos — do palácio do festival, o Berlinale Palast, o que me obriga a utilizar o transporte público. 

Para não ter problemas, eu comprei um passe de sete dias por meio do aplicativo de transportes BVG. Ninguém cobra passagem em Berlim, os metrôs não tem roletas, nem as estações de trem. Caso alguém faça uma vistoria, você apresenta o seu ticket no aplicativo, mesmo que seja apenas uma passagem. Todavia, em cinco dias andei de trem, metrô, tramway e ônibus de cima para baixo no município e ninguém me pediu nada, nem dinheiro, nem informação. 

Por falar em andar para cima e para baixo, eu apenas “descobri” que o evento era realizado em 26 locais diferentes dois dias antes de embarcar para o festival. Por que não pesquisei antes? Estava com o Festival de Cannes na cabeça, onde todos os filmes importantes, cabines e coletivas de imprensa são realizados dentro ou ao redor do Palais du Festival. Por consequência, o tempo de deslocamento encurtou o tempo de visualização de filmes. 

Além desses detalhes de transporte, hospedagem, ainda tenho que conhecer o local e procurar onde vende comida vegetariana. No primeiro dia, eu avistei um Subway na entrada de um metrô, no segundo encontrei o Fat Monk, um quiosque dentro do enorme espaço gastronômico chamado Manifesto. Eles vendem seis bowls vegetarianas diferentes. Ou seja, fiz todas as minhas refeições lá. Caso tenha curiosidade, a tigela pequena custava 7,90 euros e a grande 12,90.

Lidar com a frustração também é algo enorme para lidar durante o festival. Perdi eventos, sessões por não conseguir encontrar a conexão exata ou a saída certa do metrô. Para se ter uma ideia, tem estações com mais de cinco linhas diferentes, além de conexões internas com trens. O caótico metrô de Paris, tornou-se fichinha perto dos três primeiros dias. No quarto dia, acreditei ter aprendido o caminho, mas me perdi outra vez no quinto. 

O espaço de imprensa é muito limitado para milhares de jornalistas. Apesar de serem divididos em três: 1) o Hotel Grand Hyatt Berlin, onde eram realizadas as coletivas de imprensa e serviam café e chocolate quente para os jornalistas; 2) o subsolo do Berlinale Palast, onde tínhamos filtros de água, mesas mais confortáveis, computadores conectados a impressoras e ótimo wi-fi; 3) Berlinale Service Center, onde pegamos a credencial no primeiro dia, encontramos material de divulgação, como as edições diárias das revistas Variety e ScreenDaily, e são disponibilizadas várias mesas de piquenique, porém o wi-fi não funciona tão bem. 

Como tenho um laptop de 17 polegadas, eu não saio carregando para todos os cantos. Deixo um apelo: “Produtores de festivais, disponibilizem mais espaços com mesas, boas cadeiras e computadores para os jornalistas”. Ninguém merece digitar sentado no chão ou só quando chegar no hotel morto de cansaço.

As frustrações? Gostaria de ter visto muito mais filmes e de estar presente em mais coletivas de imprensa e chegadas do tapete vermelho. Lamento, principalmente, não ter visto o homenageado do festival: Steven Spielberg. Sobre os filmes? As minhas impressões de todas as obras estão disponíveis em vídeos no YouTube e nas críticas do site, mas ainda fiz este ranking maroto de TOP 5 Filmes Visto no Festival de Berlim 2023. 

  1. Past Lives (Vidas Passadas), de Celine Song
  2. 20.000 Especies De Abejas, de Estibaliz Urresola Solaguren
  3. Afire (Em Chamas), de Christian Petzold
  4. Infinity Pool, de Brandon Cronenberg
  5. Ash Wednesday (Quarta-feira de Cinzas), de Bárbara Santos, João Pedro Prado

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Chegar em um local desconhecido, correr para colocar as malas no hotel e buscar a credencial para poder começar assistir filmes é uma prova de triatlo. O que você precisa ter em mente? Organização prévia, planejamento e paciência para quando as coisas não saírem como imaginamos.

Após ter participado do TIFF (2017), Festival do Rio (2018) e do Festival de Cannes (2021), acreditei que estava mais preparada para esta excursão. Ter mais experiência na bagagem conta bastante, mas isso não evita repetir erros antigos. Neste caso, mais uma vez me hospedei há uma distância considerável a pé — 35 minutos — do palácio do festival, o Berlinale Palast, o que me obriga a utilizar o transporte público. 

Para não ter problemas, eu comprei um passe de sete dias por meio do aplicativo de transportes BVG. Ninguém cobra passagem em Berlim, os metrôs não tem roletas, nem as estações de trem. Caso alguém faça uma vistoria, você apresenta o seu ticket no aplicativo, mesmo que seja apenas uma passagem. Todavia, em cinco dias andei de trem, metrô, tramway e ônibus de cima para baixo no município e ninguém me pediu nada, nem dinheiro, nem informação. 

Por falar em andar para cima e para baixo, eu apenas “descobri” que o evento era realizado em 26 locais diferentes dois dias antes de embarcar para o festival. Por que não pesquisei antes? Estava com o Festival de Cannes na cabeça, onde todos os filmes importantes, cabines e coletivas de imprensa são realizados dentro ou ao redor do Palais du Festival. Por consequência, o tempo de deslocamento encurtou o tempo de visualização de filmes. 

Além desses detalhes de transporte, hospedagem, ainda tenho que conhecer o local e procurar onde vende comida vegetariana. No primeiro dia, eu avistei um Subway na entrada de um metrô, no segundo encontrei o Fat Monk, um quiosque dentro do enorme espaço gastronômico chamado Manifesto. Eles vendem seis bowls vegetarianas diferentes. Ou seja, fiz todas as minhas refeições lá. Caso tenha curiosidade, a tigela pequena custava 7,90 euros e a grande 12,90.

Lidar com a frustração também é algo enorme para lidar durante o festival. Perdi eventos, sessões por não conseguir encontrar a conexão exata ou a saída certa do metrô. Para se ter uma ideia, tem estações com mais de cinco linhas diferentes, além de conexões internas com trens. O caótico metrô de Paris, tornou-se fichinha perto dos três primeiros dias. No quarto dia, acreditei ter aprendido o caminho, mas me perdi outra vez no quinto. 

O espaço de imprensa é muito limitado para milhares de jornalistas. Apesar de serem divididos em três: 1) o Hotel Grand Hyatt Berlin, onde eram realizadas as coletivas de imprensa e serviam café e chocolate quente para os jornalistas; 2) o subsolo do Berlinale Palast, onde tínhamos filtros de água, mesas mais confortáveis, computadores conectados a impressoras e ótimo wi-fi; 3) Berlinale Service Center, onde pegamos a credencial no primeiro dia, encontramos material de divulgação, como as edições diárias das revistas Variety e ScreenDaily, e são disponibilizadas várias mesas de piquenique, porém o wi-fi não funciona tão bem. 

Como tenho um laptop de 17 polegadas, eu não saio carregando para todos os cantos. Deixo um apelo: “Produtores de festivais, disponibilizem mais espaços com mesas, boas cadeiras e computadores para os jornalistas”. Ninguém merece digitar sentado no chão ou só quando chegar no hotel morto de cansaço.

As frustrações? Gostaria de ter visto muito mais filmes e de estar presente em mais coletivas de imprensa e chegadas do tapete vermelho. Lamento, principalmente, não ter visto o homenageado do festival: Steven Spielberg. Sobre os filmes? As minhas impressões de todas as obras estão disponíveis em vídeos no YouTube e nas críticas do site, mas ainda fiz este ranking maroto de TOP 5 Filmes Visto no Festival de Berlim 2023. 

  1. Past Lives (Vidas Passadas), de Celine Song
  2. 20.000 Especies De Abejas, de Estibaliz Urresola Solaguren
  3. Afire (Em Chamas), de Christian Petzold
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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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