Potencial criativo dos jogos, nunca totalmente retratado, pode enfim ser explorado com maior fidelidade
O futuro próximo reserva possibilidades interessantes para o universo da franquia Resident Evil com uma nova adaptação cinematográfica prevista para estrear ainda em 2021, uma série da Netflix e uma animação intitulada Resident Evil: Infinite Darkness também encomendada pela gigante do streaming. É um recomeço muito interessante para uma marca ligada, até o presente momento, com uma antiga franquia de filmes que nunca foi unanimidade.
O diretor do futuro longa, Johannes Roberts, já expressou por mais de uma vez a vontade de entregar uma adaptação o mais fiel possível aos jogos, situando a história em 1998 (data em que se passa o primeiro título) e ambientando-a na mansão Spencer, localizada nas montanhas ao redor de Raccoon City. A revelação de nomes conhecidos dos jogos que participarão do enredo tais como Chris Redfield e Claire Redfield (Robbie Amell e Kaya Scodelario) apenas reforça as promessas do cineasta de se aproximar o máximo possível do material fonte.
Resident Evil, desde sua fase de pré-produção enquanto jogo, sempre foi pensado sob uma ótica cinematográfica; com a presença de sequências de ação envolvendo armas de fogo e monstros variados além do uso de uma câmera fixa posicionada pouco acima do cenário (inspiração vinda do jogo Alone in the Dark), permitindo que o jogador possa ter uma boa visão do local além do ponto de destino ao qual o personagem precisa chegar.
Originalmente a intenção da Capcom (desenvolvedora) para o projeto, porém, nada mais era do que ser um remake de um título mais antigo deles lançado em 1989: Sweet Home. Isso se traduz pela reutilização de alguns elementos que, hoje diretamente ligada à franquia dos infectados, eram até 1996 inteiramente relacionados a Sweet Home.
Uso de puzzles (quebra-cabeças) na jogabilidade que precisam ser resolvidos para se avançar na história, uma trama que se passa em uma mansão infestada de inimigos monstruosos, mudança no desenrolar do jogo dependendo do personagem jogado (em Resident Evil existe a opção de jogar com Chris ou Jill e isso afeta a dificuldade do jogo pois Chris irá ter uma gameplay mais voltada para o combate enquanto que Jill tenderá à resolução dos puzzles).
A ideia de ser um remake de Sweet Home foi ficando cada vez mais distante à medida que o desenvolvedor Shinji Mikami avançava na pré-produção. Gradativamente ele foi abandonando a abordagem inicial do título de terror psicológico e abraçando algo mais próximo do gênero de zumbis criado por George Romero, principalmente sobre como os protagonistas humanos precisam se adaptar a situação para sobreviverem.
A trama do primeiro jogo, como mencionado, pegou emprestado muitos elementos de Sweet Home mas lhes conferiu uma nova roupagem. A história parte de uma série de incidentes envolvendo canibalismo nas montanhas de Raccoon City, ciente desses crimes o departamento de polícia envia um esquadrão da equipe tática S.T.A.R.S para investigar porém eles desaparecem.
Tendo em vista que agora a missão assumiu uma natureza de resgate é despachado um segundo esquadrão dos S.T.A.R.S para localizar o primeiro time. Não demora muito até a equipe se ver perseguida por criaturas na floresta e, necessitando de um abrigo, encontram uma mansão nas montanhas e lá acreditam que estarão seguros.
O primeiro jogo da série teve ampla aclamação, com a versão de Playstation sendo considerada a melhor pelos sites especializados. Uma estimativa oficial da Capcom indica que mais de duas milhões de unidades foram vendidas; nos anos seguintes o lucro arrecadado pelo título iria bater a marca de US$ 200 milhões.
Tamanha foi a resposta positiva que ele geraria toda uma série de jogos, com alguns deles sendo apontados como verdadeiros marcos na indústria. O futuro da série nos games parece assegurado; nos últimos tempos a Capcom emplacou sucessos como Resident Evil VII (que introduziu uma perspectiva inédita de câmera em terceira pessoa e uma narrativa psicológica muito mais similar com Silent Hill), o remake de Resident Evil 2 (que chegou a disputar o Game of the Year de 2019), o também remake de Resident Evil: Nêmesis e, a ser lançado em 2021, o oitavo título da saga.
Já no campo dos longa metragens as coisas tendem a ser mais nebulosas. Por muito tempo os filmes do Paul W.S. Anderson foram a referência da franquia nos cinemas, o que não é algo positivo para os fãs dos jogos (que viram muitos elementos clássicos sendo modificados) mas Resident Evil em si nunca ficou confinado apenas aos live-actions. Entre 2000 e 2017 foram produzidos um total de quatro longas animados em computação gráfica, sendo eles parte da continuidade dos jogos.
O primeiro foi Biohazard 4D-Executer (que está ligado ao final de Resident Evil Nêmesis), Resident Evil: Degenaration que trouxe de volta Leon Kennedy e Claire Redfield como protagonistas, Damnation que serve como preparação para o jogo Resident Evil 6 e por fim, Vendetta, uma sequência aos eventos do sexto jogo trazendo Chris Redfield e Leon Kennedy como seus principais nomes. Sabe-se que o projeto da Netflix, Infinite Darkness, vai reaproveitar a dupla Leon e Claire novamente além de estar inserida no universo dos jogos.
Agora, sobre as versões live action, resta apenas esperar por produtos dignos da saga. Enquanto que a visão de Roberts promete ser fiel aos jogos, muito pouco se sabe sobre a série da Netflix; vazamentos iniciais apontaram que as protagonistas serão as filhas de Albert Wesker (principal vilão dos jogos, presente desde o título original) que não existem no material original e isso foi o suficiente para abalar a fé na produção.