terça-feira , 5 novembro , 2024

Retro Dance #01 | Como o icônico álbum ‘Purple Rain’ imortalizou o legado de Prince

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O mundo da música é recheado de produções lendárias e impecáveis. E, na estreia do nosso novo especial, Retro Dance, analisamos o memorável e revolucionário álbum Purple Rain, do cantor, compositor, produtor e multi-instrumentalista Prince.

Prince é um nome que absolutamente todos já ouviram. O icônico artista serviu de inspiração para diversos nomes do cenário contemporâneo da música, incluindo BeyoncéLady GagaJanelle Monáe. Começando sua carreira em 1978, Prince ascendeu a uma fama meteórica que o transformou num dos nomes mais importantes da história do escopo fonográfico – e, em 1984, lançou o que apenas podemos considerar como o melhor álbum de sua carreira e um dos melhores de todos os tempos: Purple Rain (que entrou como trilha sonora do filme homônimo).

A produção é composta por nove faixas, dentre as quais basicamente todas se transformam em singles e/ou em assinaturas de seu estilo único. Aqui, Prince aproveitou todo seu contato com múltiplos gêneros musicais para arquitetar uma explosão de poprockR&Bfunk, amalgamando-os em uma enérgica aventura sonora que, mesmo nos dias de hoje, serve como padrão para diversos performers. Cada incursão dialoga com a outra, mas não abandona as próprias idiossincrasias – à época, auxiliando na imortalização do artista e, agora, merecendo ainda mais reconhecimento pelo impacto causado na cultura mundial.

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Uma das coisas que é quase incompreensível em relação ao disco é o fato de ele não ter levado para casa a estatueta de Álbum do Ano do Grammy Awards. Afinal, diversos críticos e publicações internacionais elegeram-no como a melhor produção de 84, da década de 80, do século XX e da história – como já mencionado. A jornada se inicia com a irretocável e celebratória “Let’s Go Crazy”, guiada pelas notas profundas do órgão e de sintetizadores que fala sobre a vida e sobre o que existe de melhor nela; pouco depois, a premonitória introdução dá espaço à retumbância da guitarra e da bateria, levando o tempo necessário para trazer à tona os vocais de Prince. O que mais nos chama atenção não é só a verborrágica e cirúrgica composição, mas a fluidez com que cada engrenagem se encaixa, desde a potência do funk-rock à multiplicidade de camadas vocais e à natureza upbeat da faixa.

E isso não se restringe apenas à track de abertura, é óbvio: a extática animação proferida pelo cantor se alastra para as outras músicas, como visto em “Computer Blue”, uma das melhores incursões da carreira de Prince e uma das favoritas dos fãs. Apesar do ritmo eufórico, é notável como os elementos experimentais urgem numa mescla de synth-funkindie-rock, sem ao menos nos deixar sentir faltas de versos cantados. A bateria e a guitarra, que tomam as rédeas dessa pequena obra-prima e que se iniciam por volta dos dois minutos, são o suficiente para não querermos sair desse vibrante microcosmos. Em “When Doves Cry”, o simbólico título apenas mascara a natureza irreverente de uma composição consumada no soul e no neo-psych, desenrolando-se em uma dissonante e memorável produção que fala sobre um relacionamento fadado à ruína (e acompanhado de um dos refrões mais espetaculares que você já ouviu).

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Diferente dos álbuns anteriores do artista, Purple Rain pode ser considerado como um divisor de águas para sua carreira. Afinal, estamos lidando com o mergulho de cabeça de Prince na música pop e de que forma suas experiências passadas o auxiliaram nessa construção. Não é surpresa, pois, que podemos citar Prince como um dos precursores das diversas tendências que explodiriam no final dos anos 2000 e no começo dos anos 2010: “I Would Die 4 U”, por exemplo, influenciou anos e mais anos de synth-popelectro-pop a partir da primeira década do século XXI (podendo enxergar a influência nos primeiros álbuns de Gaga, por exemplo, ou na espetacular carreira trilhada por Robyn); a dicotômica capacidade intelectual e mercadológica do performer, inclusive, é posta em patamar similar aos de MadonnaMichael Jackson, que também dominavam o cenário mainstream nos anos 80.

Não citar a faixa-título do álbum seria criminoso: Purple Rain não é apenas uma das melhores entradas do gênero rock, mas uma das músicas mais importantes da história – tendo aparecido em diversas listas de veículos midiáticos nacionais e internacionais. A faixa, originalmente, seria uma canção country com direito ao dueto ao lado de Stevie Nicks – mas ganhou uma repaginação que não poderia ser encarnada por ninguém além de Prince. A força da guitarra, aliada aos vocais estrondosos do artista, ganha mais e mais camadas à medida que os minutos passam, apresentando elementos novos em cada refrão e carregando uma atmosfera antêmica que nos emociona do começo ao fim.

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O álbum transformou-se em um arauto de representatividade afro-americana, permitindo que Prince honrasse a cultura de seus antepassados de forma vanguardista e nostálgica, ao mesmo tempo. Não só isso, ele aproveitou para usar do status que se imortalizava no cenário mainstream para causar “desconfortos” propositais na parcela mais conservadora da população – quem não se lembra das polêmicas envolvendo a impetuosa “Darling Nikki”, que fala explicitamente sobre sexo e até mesmo sobre masturbação feminina. Não obstante o boicote promovido pelos tradicionalistas, o álbum vendeu mais de 25 milhões de cópias, tornando-se um dos mais bem-sucedidos de todos os tempos.

Purple Rain consegue ser tudo e mais um pouco: com apenas 26 anos, Prince, que agora era perpetuado como um símbolo avant-garde da música, conseguiu reunir cada milímetro de uma criatividade infinita para gerar um álbum que marcou e que continua a marcar gerações. E, se você ainda não teve oportunidade, ouça a esta obra-prima; garanto que você não irá se arrepender.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A produção é composta por nove faixas, dentre as quais basicamente todas se transformam em singles e/ou em assinaturas de seu estilo único. Aqui, Prince aproveitou todo seu contato com múltiplos gêneros musicais para arquitetar uma explosão de poprockR&Bfunk, amalgamando-os em uma enérgica aventura sonora que, mesmo nos dias de hoje, serve como padrão para diversos performers. Cada incursão dialoga com a outra, mas não abandona as próprias idiossincrasias – à época, auxiliando na imortalização do artista e, agora, merecendo ainda mais reconhecimento pelo impacto causado na cultura mundial.

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Uma das coisas que é quase incompreensível em relação ao disco é o fato de ele não ter levado para casa a estatueta de Álbum do Ano do Grammy Awards. Afinal, diversos críticos e publicações internacionais elegeram-no como a melhor produção de 84, da década de 80, do século XX e da história – como já mencionado. A jornada se inicia com a irretocável e celebratória “Let’s Go Crazy”, guiada pelas notas profundas do órgão e de sintetizadores que fala sobre a vida e sobre o que existe de melhor nela; pouco depois, a premonitória introdução dá espaço à retumbância da guitarra e da bateria, levando o tempo necessário para trazer à tona os vocais de Prince. O que mais nos chama atenção não é só a verborrágica e cirúrgica composição, mas a fluidez com que cada engrenagem se encaixa, desde a potência do funk-rock à multiplicidade de camadas vocais e à natureza upbeat da faixa.

E isso não se restringe apenas à track de abertura, é óbvio: a extática animação proferida pelo cantor se alastra para as outras músicas, como visto em “Computer Blue”, uma das melhores incursões da carreira de Prince e uma das favoritas dos fãs. Apesar do ritmo eufórico, é notável como os elementos experimentais urgem numa mescla de synth-funkindie-rock, sem ao menos nos deixar sentir faltas de versos cantados. A bateria e a guitarra, que tomam as rédeas dessa pequena obra-prima e que se iniciam por volta dos dois minutos, são o suficiente para não querermos sair desse vibrante microcosmos. Em “When Doves Cry”, o simbólico título apenas mascara a natureza irreverente de uma composição consumada no soul e no neo-psych, desenrolando-se em uma dissonante e memorável produção que fala sobre um relacionamento fadado à ruína (e acompanhado de um dos refrões mais espetaculares que você já ouviu).

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Diferente dos álbuns anteriores do artista, Purple Rain pode ser considerado como um divisor de águas para sua carreira. Afinal, estamos lidando com o mergulho de cabeça de Prince na música pop e de que forma suas experiências passadas o auxiliaram nessa construção. Não é surpresa, pois, que podemos citar Prince como um dos precursores das diversas tendências que explodiriam no final dos anos 2000 e no começo dos anos 2010: “I Would Die 4 U”, por exemplo, influenciou anos e mais anos de synth-popelectro-pop a partir da primeira década do século XXI (podendo enxergar a influência nos primeiros álbuns de Gaga, por exemplo, ou na espetacular carreira trilhada por Robyn); a dicotômica capacidade intelectual e mercadológica do performer, inclusive, é posta em patamar similar aos de MadonnaMichael Jackson, que também dominavam o cenário mainstream nos anos 80.

Não citar a faixa-título do álbum seria criminoso: Purple Rain não é apenas uma das melhores entradas do gênero rock, mas uma das músicas mais importantes da história – tendo aparecido em diversas listas de veículos midiáticos nacionais e internacionais. A faixa, originalmente, seria uma canção country com direito ao dueto ao lado de Stevie Nicks – mas ganhou uma repaginação que não poderia ser encarnada por ninguém além de Prince. A força da guitarra, aliada aos vocais estrondosos do artista, ganha mais e mais camadas à medida que os minutos passam, apresentando elementos novos em cada refrão e carregando uma atmosfera antêmica que nos emociona do começo ao fim.

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O álbum transformou-se em um arauto de representatividade afro-americana, permitindo que Prince honrasse a cultura de seus antepassados de forma vanguardista e nostálgica, ao mesmo tempo. Não só isso, ele aproveitou para usar do status que se imortalizava no cenário mainstream para causar “desconfortos” propositais na parcela mais conservadora da população – quem não se lembra das polêmicas envolvendo a impetuosa “Darling Nikki”, que fala explicitamente sobre sexo e até mesmo sobre masturbação feminina. Não obstante o boicote promovido pelos tradicionalistas, o álbum vendeu mais de 25 milhões de cópias, tornando-se um dos mais bem-sucedidos de todos os tempos.

Purple Rain consegue ser tudo e mais um pouco: com apenas 26 anos, Prince, que agora era perpetuado como um símbolo avant-garde da música, conseguiu reunir cada milímetro de uma criatividade infinita para gerar um álbum que marcou e que continua a marcar gerações. E, se você ainda não teve oportunidade, ouça a esta obra-prima; garanto que você não irá se arrepender.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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