No começo deste mês, a lendária musicista Rita Lee nos deixou.
Lee, que fez parte do aclamado grupo Os Mutantes e que também teve uma carreira solo de extremo sucesso, foi e continua sendo considerada a Rainha do Rock nacional por inúmeros motivos – principalmente pelas belíssimas e importantes críticas impressas em suas canções, bem como pelas revoluções artísticas que promoveu no cenário fonográfico.
Agora, o CinePOP traz para você uma breve lista com suas dez melhores canções, incluindo algumas do tempo em que fazia parte da banda supracitada.
Veja abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual a sua favorita:
“AVE, LÚCIFER”
Lá em 1970, Rita Lee, juntamente a Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, compunham a banda de rock conhecido como Os Mutantes – e, dentre as várias canções que exemplificam o poder do grupo musical, “Ave, Lúcifer” é uma das mais potentes e importantes. A track, movida pelo rock psicodélico e por mesclas de outros gêneros, discorre sobre uma jornada pelo inferno (na melhor referência a ‘A Divina Comédia’) e nos apresenta às tentações do anjo caído – tudo pincelado com sensuais e imponentes conotações sexuais.
“PANIS ET CIRCENSES”
Com versos assinados por Caetano Veloso e Gilberto Gil, “Panis Et Circenses” se tornou um arauto crítico ao duro regime militar que se instaurara no país a partir de 1964. Trazendo melhor da MPB à tona, a vibrante e propositalmente repetitiva canção fala sobre como as pessoas se veem alienadas à verdade, acostumadas apenas a “nascer e morrer”, como se o prospecto de indagar e de discutir aquilo que não faz sentido não fosse uma opção. Não é por qualquer motivo, pois, que a faixa sirva como estandarte do álbum-manifesto epônimo (também conhecido como ‘Tropicália’).
“BALADA DO LOUCO”
Uma das investidas mais tocantes d’Os Mutantes saiu em 1972: “Balada do Louco” navega entre a insanidade e a realidade ao exercer o direito de ser feliz – e ignorar as pessoas que enxergam essa felicidade como sandice. “Se eu sou muito louco por eu ser feliz, mais louco é quem me diz” é o trecho que resguarda todas as exaltações promovidas pela música.
“AGORA SÓ FALTA VOCÊ”
Em 1975, Rita Lee e a banda Tutti Frutti uniam forças para o memorável álbum ‘Fruto Proibido’ – que, até hoje, é considerado um dos melhores discos da história do Brasil. E, em seu escopo, “Agora Só Falta Você” resume bem as mensagens passadas pela obra, em que Lee percebe que precisava mudar e seguir em frente (e espere que as pessoas a acompanhem num movimento que é apenas natural: o de evolução). A faixa, inclusive, foi regravada por Maria Rita e por Pitty.
“OVELHA NEGRA”
“Ovelha Negra” é uma antêmica declaração de que ser diferente dos outros não tem nenhum problema – e que, por mais que nos sintamos deslocados, sempre acharemos alguém que nos entende. A faixa também faz parte de ‘Fruto Proibido’ e inclusive é utilizada como uma manifestação artística contra o status quo e contra o cerceamento da liberdade.
“LANÇA PERFUME”
Lee sempre falou abertamente sobre drogas, conseguindo desmistificá-las em narrativas inesperadas e muito bem construída. É isso que vemos em “Lança Perfume”, um dos singles do álbum homônimo da artista que saiu em 1980: aqui, o ambíguo título fala tanto do desnorteio causado pela droga em questão, quanto como nos sentimos quando estamos irrefreavelmente apaixonados.
“OBRIGADO, NÃO”
“Quando mais proibido, mais faz sentido a contravenção” são os dois irretocáveis versos que abrem uma das músicas mais ácidas e importantes da carreira de Rita Lee. Lançada em 1997, a canção veio acompanhada de um chocante videoclipe, através dos quais a cantora e compositora se posicionava contra proibições inexplicáveis – e que a adesão do povo a lutar contra sanções idióticas era essencial.
“PAGU”
Lee lançou o country-rock “Pagu” como um dos singles promocionais de seu aclamado álbum ‘3001’. Através de versos pungentes mascarados com uma atmosfera sutil e dissonante, ela fala sobre a mais pura estética do feminismo, dizendo também que as mulheres podem ser o que bem entenderem: “minha força não é bruta, não sou freira, nem sou puta” resume com potência a jornada crítica da canção.
“ERVA VENENOSA”
Já aclamada por sua carreira solo, Lee apostou fichas em uma ótima regravação do grupo Golden Boys, que, por sua vez, readaptaram a música “Poison Ivy”, do “The Coasters”. É quase desnecessário que a versão de Rita ficou mais conhecida, principalmente pela icônica rendição performática, abrindo espaço para uma mistura entre pop, new rave e soft rock.
“AMOR & SEXO”
Facilmente uma das músicas mais conhecidas de Lee, “Amor & Sexo” foi inspirada por um texto que o jornalista Arnaldo Jabor havia enviado à artista. Infundida com soft-rock e com MPB, a faixa é uma poética aventura que diferencia o que significa amar e o que significa a vontade carnal. E, através de metáforas incríveis, Lee eterniza uma capacidade lírica invejável e atemporal que atravessa gerações e que a auxilia a ser redescoberta ano após ano.