A rainha do rock brasileiro Rita Lee foi homenageada na seção In Memoriam da 66ª edição do Grammy Awards.
Lee apareceu nos telões da premiação enquanto Jon Batiste cantava a canção “Lean On Me”.
Eternizada durante os anos 60, quando, junto a banda Os Mutantes, se tornou um ícone do movimento conhecido como Tropicalismo, a icônica cantora e compositora morreu aos 75 anos no dia 08 de janeiro de 2023.
Distante da mídia nos últimos anos, ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e vinha fazendo tratamentos contra a doença desde então.
Dona de uma voz inconfundível e de uma lírica ácida, cada uma de suas canções foi arquitetada de forma a fundir música e imagem, som e cor, diluindo as barreiras entre as artes em prol de uma idiossincrasia invejável e apaixonante.
Já nos anos 1960, Rita uniu forças com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias para fundar a banda Os Mutantes. Além de assinar os versos e emprestar os vocais, ela também ficava responsável por tocar flauta e percussão, e se aventurava pelo banjo e pelo sintetizador de forma a construir jornadas fonográficas inesquecíveis – como “Ave, Lúcifer”, “Ando Meio Desligado”, “Não Vá Se Perder Por Aí” (esta contando com a colaboração de Raphael Tadeu e Roberto Loyola) e “Panis Et Circenses”. Aqui, o grupo trazia inovações para o mundo da música nacional, apostando fichas em gêneros e subgêneros que não eram muito populares – como o rock psicodélico, o rock progressivo e o tropicalismo (que inclusive se espalhou para outros âmbitos culturais e viria se consagrar como o movimento Tropicália).
A importância de Rita não se limitou apenas à música, mas a uma configuração complexa de como ela se inseriria dentro da sociedade: ao longo de sua carreira, temos canções que falam sobre empoderamento feminino e o papel fundamental da mulher como parte da engrenagem democrática; sexo; drogas; irreverência e rebeldia; entre muitos outros temas.
Ativista ferrenha, Lee emprestou sua voz para lutar por causas importantes, vivendo sob a Ditadura Militar que acometeu o Brasil por mais de duas décadas e fazendo questão de aporrinhar o autoritário e repressor Estado que dominava o país. E ela se manteve em militância até nos dizer adeus, recusando-se a falar com meias palavras e dando todas as cartas do jogo para se fazer entender. Ora, Rita foi até mesmo presa por um ano e teve de pedir permissão para poder sair de casa e fazer seus shows.