Programada para uma determinada função, a robô ROZZUM – Unidade 7134, que também atende como Roz, se vê diante de uma nova e misteriosa realidade, após sofrer um acidente com sua nave. Cercada por uma ilha desconhecida, ela terá que se adaptar a um novo e distinto cenário, onde as leis da sobrevivência animal regem o ambiente. Longe de seu tecnológico habitat e sem suas costumeiras funcionalidades, ela lutará para encontrar o seu lugar no mundo, enquanto se vê diante da inusitada missão de adotar um órfão bebê ganso.
Baseado no aclamado livro infantil ilustrado de Peter Brown, Robô Selvagem é a nova aventura familiar da DreamWorks, que mescla elementos de Wall-E com o clássico thriller infantil, Um Grito na Floresta (1990). Já considerado uma virada de chave na trajetória de sucesso do estúdio de animação, o vindouro longa traz Peter Sanders à frente do projeto. O aclamado diretor, indicado ao Oscar três vezes e também responsável pelo popular Como Treinar Seu Dragão, tem aqui a grande missão de transformar a jornada da empresa e seus rumos criativos, conforme revelou em entrevista ao CinePOP.
“Sabíamos a direção que queríamos seguir desde o início, porque isso já era ditado pela natureza da história. Roz é uma peça de alta tecnologia perdida na natureza, então sabíamos que precisávamos que o mundo da floresta orgânica fosse o mais envolvente e suave possível. Isso significa que precisávamos nos afastar daquele visual CG padrão com o qual todos nos acostumamos nas animações. E esse projeto surgiu exatamente no momento em que a DreamWorks estava realmente começando a se afastar daquele visual com o qual nos habituamos, com ‘Gato de Botas 2: O Último Pedido‘ e ‘Os Caras Malvados‘. Eles chegaram a um lugar onde podiam fazer com que um CG parecesse muito mais desenhado e pintado à mão. No entanto, vamos muito além disso com este filme! Precisávamos de uma suavidade que chegasse nos padrões que Tyrus Wong criou para Bambi. E foram filmes como esse que nos fizeram apaixonar por animação, em primeiro lugar”.
E embora o desafio artístico e empresarial seja realmente grande, Robô Selvagem já promete ser uma grande reviravolta tecnológica e criativa para o estúdio de animação. De acordo com Sanders, o minucioso e cuidadoso processo na construção dos desenhos tem chamado a atenção de profissionais do meio, que estão impactados com a ousadia e precisão dos traços do longa.
“O que a DreamWorks alcançou com Robô Selvagem é diferente de tudo que já vimos antes. Diversas pessoas que trabalham nesse ramo assistiram ao filme e depois me abordaram, afirmando que – embora muitos artistas aleguem estar revolucionando a arte – essa era a primeira vez que realmente testemunhavam um longa alcançando um visual totalmente novo! E era absolutamente necessário para nós que o trabalho de armazenamento conseguisse atingir um estilo pictórico feito à mão. Então essa era a missão e eu diria que esses últimos três anos foram necessários para que conseguíssemos desenvolvê-la e para que pudéssemos exploar bem os limites desse visual”.
Indo mais além de toda a complexidade técnica de seus traços, Robô Selvagem é ainda uma experiência intimista e especial, conforme salientou o diretor. Embora a produção seja repleta de momentos cômicos, ela é também marcada por uma essência mais emotiva e honesta. “Essa é uma história diferente, pois é a respeito de um robô que inadvertidamente se torna mãe e está prestes a navegar por algo que é praticamente impossível navegar. E ela não sabe que está perdida. Isso lhe garante uma inocência e a habilidade de perseverar mesmo quando nada faz sentido e tudo está na contramão – dois aspectos que me cativaram demais em Roz”, refletiu.
E para seguir também os princípios que alicerçam a trama da obra original, a adaptação do best-seller literário contou com o envolvimento direto do autor Peter Brown, que exprimiu detalhadamente quais seriam as motivações e a força motriz de seus personagens. Ao longo da entrevista, Sanders relembrou sua primeira conversa com o artista e destacou um aspecto fundamental da essência do material fonte:
“Na nossa primeira conversa, Peter nos revelou que o princípio orientador ao escrever o livro era que a gentileza pode ser uma habilidade de sobrevivência e isso foi algo que ele escreveu na obra. Como roteirista, quando ouvi isso, tive certeza de que devíamos colocar também no filme. Fora isso, os personagens dessa história são simplesmente poderosos, revigorantes, atraentes e estavam prontos para o formato de animação”.
E para que Robô Selvagem ganhe vida para o público, é fundamental que seus carismáticos protagonistas ganhem voz. É então que o elenco de dubladores passa a ser estudado, a fim de que todos os elementos que regem esse universo possam se tornar uma obra completa e viva. Trazer a vencedora do Oscar, Lupita Nyong’o, para dentro do projeto foi fundamental para que aquela criatura tecnológica ganhasse cores mais vibrantes e uma vivacidade quase humana. De acordo com Peter,
“Lupita foi uma das principais forças na formação e criação de sua própria personagem. Roz era uma das personagens mais complexas, sutis e difíceis de encontrar e ela abriu o caminho para descobrir quem essa robô seria”.
O astro Pedro Pascal também completa o elenco, trazendo uma delicadeza inesperada – conforme ponderou o diretor:
“No que diz respeito ao Pedro, aprendemos muito cedo que o verdadeiro Pedro Pascal é um cara muito mais charmoso, travesso e encantador do que esperávamos e fizemos questão de colocar tudo isso em consideração em seu personagem. E ele até disse no final das gravações que Fink é mais parecido com ele do que a maioria dos outros papéis que ele já interpretou em outros filmes”.
Todo esse cuidado com a caracterização se estende para o restante do elenco de dubladores, que ainda conta com Kit Connor, Bill Nighy, Stephanie Hsu, Mark Hamill e Catherine O’Hara, que ajudaram a tornar o longa uma “poderosa e emocional aventura cinematográfica”, como mencionado pelo cineasta. “Esse é um dos projetos mais lindos que já fiz e conta com uma das trilhas sonoras mais arrebatadores que já ouvi em um filme. E as vozes que temos em Robô Selvagem são, por si só, um charme em forma de espetáculo. Quando unidas, todas elas nos entregam algo genuinamente sensacional”, concluiu Peter Sanders.