sábado , 16 novembro , 2024

Crítica | ‘Rua Augusta’ 1×01/1×02 – Fiorella Mattheis vive stripper na série da TNT

Submundo Paulistano

Com grande hype e pompa de superprodução, acaba de desembocar no canal a cabo TNT o seriado que promete nível de excelência suficiente para despertar paixões no público, e fácil exportação para o mercado estrangeiro – já que tem toda cara de obra internacional. Ao presenciarmos projetos do cacife de Rua Augusta, podemos entender um pouco melhor o potencial de profissionais do audiovisual de nosso país, muitas vezes desperdiçados no cinema. Essa é uma realidade inversa muito comum por aqui.

Este é um texto de primeiras impressões e aqui serão adereçados somente os dois primeiros episódios da série, tudo o que pudemos conferir até o momento – mas já vale dizer que conseguiu nos impressionar e cativar logo de cara. Rua Augusta é exuberante esteticamente, e faz muito além de um insight no submundo de uma grande capital brasileira (como se fosse pouco), de strippers, prostitutas, boates, empresários da noite e todo tipo de criatura noturna da famigerada Rua Augusta, em São Paulo.



Vendida e impulsionada pela presença de Fiorella Mattheis – uma das maiores beldades de nosso país – Rua Augusta não perde tempo ao nos apresentar a stripper Mika (a personagem da atriz), que nos primeiros minutos do episódio piloto exibe os dotes no pole dance nua. Tudo, é claro, muito bem fotografado, filmado e editado sob o comando do diretor Pedro Morelli, jovem cineasta que tive a oportunidade de entrevistar durante o TIFF 2015, o Festival de Toronto, no qual lançava seu último longa-metragem até o momento, o experimental Zoom.

O texto escrito a quatro mãos por Julia Furrer, Ana Reber, Erez Milgron (o único homem do quarteto) e Jaqueline Vargas estabelece bem os personagens principais e já parte para a ação – ou devo dizer, o suspense – criando dilemas sufocantes, muito nervosismo e situações extremamente geladas, usando e abusando da cartilha do gênero, e fazendo bem o que a maioria dos roteiros parece esquecer: voltar às bases e fisgar a audiência. Sabemos que não é fácil criar cenários identificáveis e ser palatável a todo tipo de público, justamente por isso os que têm êxito merecem todos os louros possíveis.

O universo particular da noite e do submundo, seja sua nacionalidade qual for, é simplesmente fascinante. É assustador, tentador e perigoso. É onde pessoas põem suas vidas a perder. Nesta encruzilhada encontram-se as peças principais deste jogo. A stripper Mika, o empresário dono da boate Hell (Lourinelson Vladmir), os seguranças Dimas (Rui Ricardo Dias) e Raul (o sempre ótimo Milhem Cortaz) e o jornalista Emilio (Rodrigo Pandolfo). Como dito, Rua Augusta eleva o jogo ao empurrar neste drama comportamental elementos dos mais elaborados thrillers, que vira a cada nova cena, brincando com as expectativas do espectador, e passeando pelos subgêneros do suspense – como o whodunit, o personagem a um passo de ser descoberto e os muitos segredos a serem descortinados.

Na trama, Nika encerra sua apresentação e parte para terminar a noite na Hell, famosa boate underground localizada bem em frente ao seu clube de stripp. No local, após uma discussão com um rapaz, ela termina ferida, perfurada por um caco de garrafa na barriga. Daí em diante, os principais envolvidos na situação começam a pisar em ovos, já que se agravou e criou ramificações que envolvem um crime maior, implicando o estabelecimento e seu proprietário, o pai de família aparentemente acima de qualquer suspeita Alex. Fora isso, uma das vítimas da fatídica noite (vamos colocar assim), é o filho de um dos homens mais poderosos de São Paulo, quiçá do país, e ele também começa sua própria investigação para saber o que aconteceu com o rapaz no local.

Em poucos minutos, são apenas meia hora por episódio, Morelli e os envolvidos jogam a adrenalina nas alturas, nos fazendo roer a unha a cada guinada sofrida pelo roteiro, subvertendo personagens e situações. No meio tempo, dentre tantos segredos e mistérios a serem revelados, recebemos até mesmo um romance inesperado entre o jornalista Emilio, literalmente o sujeito na hora e lugar errado, com a stripper Nicole (Pathy Dejesus), personagem que já ganhou nossos corações.

Ao começar nesta trilha, não sabia muito bem o que me aguardava, e previa o dia a dia de uma stripper / prostituta. Que bom que a série resolveu surpreender e partir para um caminho oposto do imaginado. Rua Augusta é mais. E apesar de Mattheis não brilhar como o esperado – ao menos nestes dois primeiros episódios – seja no quesito da sensualidade com que veste sua personagem, ou na entrega de sua performance – Rua Augusta funciona que é uma beleza, prometendo abrir portas para novas produções originais brasileiras no canal (esta é apenas a primeira). Ao que tudo indica, se depender deste carro chefe, a TNT tem garantidas obras para rivalizar com as séries nacionais da HBO e Netflix.

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Este é um texto de primeiras impressões e aqui serão adereçados somente os dois primeiros episódios da série, tudo o que pudemos conferir até o momento – mas já vale dizer que conseguiu nos impressionar e cativar logo de cara. Rua Augusta é exuberante esteticamente, e faz muito além de um insight no submundo de uma grande capital brasileira (como se fosse pouco), de strippers, prostitutas, boates, empresários da noite e todo tipo de criatura noturna da famigerada Rua Augusta, em São Paulo.

Vendida e impulsionada pela presença de Fiorella Mattheis – uma das maiores beldades de nosso país – Rua Augusta não perde tempo ao nos apresentar a stripper Mika (a personagem da atriz), que nos primeiros minutos do episódio piloto exibe os dotes no pole dance nua. Tudo, é claro, muito bem fotografado, filmado e editado sob o comando do diretor Pedro Morelli, jovem cineasta que tive a oportunidade de entrevistar durante o TIFF 2015, o Festival de Toronto, no qual lançava seu último longa-metragem até o momento, o experimental Zoom.

O texto escrito a quatro mãos por Julia Furrer, Ana Reber, Erez Milgron (o único homem do quarteto) e Jaqueline Vargas estabelece bem os personagens principais e já parte para a ação – ou devo dizer, o suspense – criando dilemas sufocantes, muito nervosismo e situações extremamente geladas, usando e abusando da cartilha do gênero, e fazendo bem o que a maioria dos roteiros parece esquecer: voltar às bases e fisgar a audiência. Sabemos que não é fácil criar cenários identificáveis e ser palatável a todo tipo de público, justamente por isso os que têm êxito merecem todos os louros possíveis.

O universo particular da noite e do submundo, seja sua nacionalidade qual for, é simplesmente fascinante. É assustador, tentador e perigoso. É onde pessoas põem suas vidas a perder. Nesta encruzilhada encontram-se as peças principais deste jogo. A stripper Mika, o empresário dono da boate Hell (Lourinelson Vladmir), os seguranças Dimas (Rui Ricardo Dias) e Raul (o sempre ótimo Milhem Cortaz) e o jornalista Emilio (Rodrigo Pandolfo). Como dito, Rua Augusta eleva o jogo ao empurrar neste drama comportamental elementos dos mais elaborados thrillers, que vira a cada nova cena, brincando com as expectativas do espectador, e passeando pelos subgêneros do suspense – como o whodunit, o personagem a um passo de ser descoberto e os muitos segredos a serem descortinados.

Na trama, Nika encerra sua apresentação e parte para terminar a noite na Hell, famosa boate underground localizada bem em frente ao seu clube de stripp. No local, após uma discussão com um rapaz, ela termina ferida, perfurada por um caco de garrafa na barriga. Daí em diante, os principais envolvidos na situação começam a pisar em ovos, já que se agravou e criou ramificações que envolvem um crime maior, implicando o estabelecimento e seu proprietário, o pai de família aparentemente acima de qualquer suspeita Alex. Fora isso, uma das vítimas da fatídica noite (vamos colocar assim), é o filho de um dos homens mais poderosos de São Paulo, quiçá do país, e ele também começa sua própria investigação para saber o que aconteceu com o rapaz no local.

Em poucos minutos, são apenas meia hora por episódio, Morelli e os envolvidos jogam a adrenalina nas alturas, nos fazendo roer a unha a cada guinada sofrida pelo roteiro, subvertendo personagens e situações. No meio tempo, dentre tantos segredos e mistérios a serem revelados, recebemos até mesmo um romance inesperado entre o jornalista Emilio, literalmente o sujeito na hora e lugar errado, com a stripper Nicole (Pathy Dejesus), personagem que já ganhou nossos corações.

Ao começar nesta trilha, não sabia muito bem o que me aguardava, e previa o dia a dia de uma stripper / prostituta. Que bom que a série resolveu surpreender e partir para um caminho oposto do imaginado. Rua Augusta é mais. E apesar de Mattheis não brilhar como o esperado – ao menos nestes dois primeiros episódios – seja no quesito da sensualidade com que veste sua personagem, ou na entrega de sua performance – Rua Augusta funciona que é uma beleza, prometendo abrir portas para novas produções originais brasileiras no canal (esta é apenas a primeira). Ao que tudo indica, se depender deste carro chefe, a TNT tem garantidas obras para rivalizar com as séries nacionais da HBO e Netflix.

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