Após a série ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais‘ ter sido acusada de retratar desonestamente o infame caso de assassinato cometido pelos irmãos Lyle e Erik Menendez, o realizador Ryan Murphy (‘American Horror Story’) quebrou o silêncio e defendeu a produção das críticas.
Ele afirma que a intenção ao desenvolver a narrativa do seriado era dar espaço para diversos pontos de vista sobre o caso, incluindo teorias das pessoas que estavam envolvidas na investigação.
“[As críticas do Erik Menendez] são muito interessantes porque eu sei que ele não assistiu a série. Então eu acho isso muito curioso. Espero que ele assista. Se ele assistir, sinto que ficará muito orgulhoso do trabalho do Cooper Koch, que o interpreta. A série é baseada em um caso de mais de 30 anos. Nós mostramos diversas perspectivas. É isso o que a série faz em todos os episódios. Nós exploramos teorias baseadas em pessoas que estiveram envolvidas com o caso. Uma das controvérsias parece ser que as pessoas pensam que os irmãos estão tendo um relacionamento incestuoso. Há pessoas que dizem que aconteceu, e outras que dizem que não aconteceu.”
Ele completa, “Sabemos como a história terminou. Sabemos que duas pessoas foram brutalmente assassinadas. Nossa intenção era apresentar todos os fatos e fazer o público decidir quem era inocente ou culpado, e também ter uma discussão sobre algo que nunca falamos em nossa cultura, que é o abuso sexual masculino. Cerca de 60-65% da série gira em torno do Eric e Lyle Menendez falando sobre seu abuso, sua vitimização. De fato, temos um episódio de 30 minutos em que o Cooper Koch faz isso de forma brilhante. São apenas as palavras do Erik contando o que aconteceu com ele e por que ele fez o que fez.”
Através de uma declaração oficial, Erik Menendez, um dos irmãos que inspirou a produção e que foi condenado por assassinato em primeiro grau e conspiração de assassinato ao lado de Kyle Menendez, afirmou que a série perpetua “retratos arruinadores de caráter” de ambos.
A declaração também acusou o criador Ryan Murphy de ter más intenções com a narrativa delineada.
Confira o texto na íntegra:
“Eu acreditava que tínhamos ido além das mentiras e das representações ruinosas de Lyle, criando uma caricatura de Lyle enraizada em mentiras horríveis e descaradas que se espalham pela série. Só posso acreditar que eles fizeram isso de propósito. É com pesar que digo: acredito que Ryan Murphy não pode ser tão ingênuo e impreciso sobre os fatos de nossas vidas para fazer isso sem má intenção.
É triste para mim saber que o retrato desonesto da Netflix das tragédias que cercam o nosso crime fez com que as verdades dolorosas retrocedessem vários passos – de volta no tempo, a uma época em que a acusação construía uma narrativa sobre um sistema de crenças de que os homens não eram abusados sexualmente, e que os homens vivenciaram o trauma de estupro de maneira diferente das mulheres. Essas mentiras terríveis foram contestadas e expostas por inúmeras vítimas corajosas ao longo das últimas duas décadas, que superaram a sua vergonha pessoal e falaram corajosamente. Então agora Murphy molda sua narrativa horrível por meio de representações vis e terríveis de Lyle e de mim e de calúnias desanimadoras.
A verdade não é suficiente? Deixe a verdade permanecer como a verdade. É muito desmoralizante saber que um homem com poder pode minar décadas de progresso no esclarecimento de traumas infantis. A violência nunca é uma resposta, nunca é uma solução e é sempre trágica. Como tal, espero que nunca se esqueça que a violência contra uma criança cria uma centena de cenas de crimes horríveis e silenciosas, sombreadas por brilho e glamour e raramente expostas até que a tragédia penetre em todos os envolvidos. A todos aqueles que me contataram e apoiaram, obrigado do fundo do meu coração”.
Ryan Murphy e Ian Brennan são responsáveis pela série.
O novo ciclo promete explorar um dos casos mais chocantes da história americana: o assassinato brutal dos pais José e Mary Louise “Kitty” Menendez, pelos próprios filhos, Lyle e Eric.
Enquanto a acusação pintou os irmãos como assassinos frios e calculistas, motivados pela ganância, a defesa alegou que os crimes foram motivados por anos de abusos físicos, emocionais e sexuais sofridos pelos jovens.
Até hoje, Lyle e Eric, cumprindo pena de prisão perpétua, insistem em sua inocência.
O elenco de peso conta com Javier Bardem (‘Duna’), Chloë Sevigny (‘Psicopata Americano’), Cooper Koch (‘Engolidos’) e Nicholas Alexander Chavez (‘Grotesquerie’).