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Atualmente no catálogo da HBO Max, animação chegou aos seus 20 anos
Dentre os nomes que ajudaram a solidificar a marca do Cartoon Network para o público infantil, poucos chegam perto do de Genndy Tartakovsky. O animador foi o responsável por títulos clássicos como Laboratório de Dexter e Clone Wars (as duas temporadas da versão que antecedeu o estilo 3D).
Apesar da total diferença de ambientação dentre os dois títulos, um elemento comum que os conectava era o traço característico do autor. Este que tinha formas geométricas bem perceptíveis por toda a composição dos cenários, não importando o título trabalhado. Foi assim com as produções mencionadas e também com Samurai Jack.
Lançado em 2001, a animação tinha uma proposta bem diferente ao que o Cartoon Network priorizava até então; a trama acompanha o samurai sem nome que é a única força que se opõe ao terrível Abu, graças ao treinamento obtido para empunhar uma katana mágica. Ambos se digladiam em uma batalha final no qual, quando estava prestes a ser derrotado, Abu abre um portal do tempo e envia o samurai para o futuro.
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Ao chegar nessa nova realidade não demora até ele perceber que se trata de um futuro distópico no qual as forças do mal dominaram o mundo, tendo Abu como seu soberano. O guerreiro então inicia uma peregrinação pelo desolado cenário, oferecendo ajuda aqueles que precisam e recebendo o nome de Jack.
Uma das características mais marcantes da animação, além do visual estilizado, era o silêncio. A jornada de Jack foi marcada pela visão de longas sequências em que o único som predominante era o de passos sendo dados em chão de terra ou do vento soprando.
Não à toa, provavelmente a imagem mais comum que permeia no imaginário dos fãs, quando se lembram da série, é a de Jack andando calma e lentamente por meio de um cenário desolado ao som do vento. Essa escolha técnica tem uma justificativa, ainda que não seja o que se espera. Por volta de 2017, Tartakovsky participou de um clipe para a divulgação do filme, publicado pelo portal IndieWire e presente em um artigo assinado por Michael Nordine, no qual ele explicou o porquê da ausência de diálogos do protagonista.
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“Indo de Dexter para Meninas Superpoderosas, havia vários diálogos, muita ação é claro, porém eu estava ficando sobrecarregado com as palavras… Comédia é realmente algo difícil e toda a ação que fizemos em Dexter e Meninas foi muito bem sucedida e eu decidi que talvez a próxima coisa que fizesse seria um show de ação… Então eu tive essa ideia de um samurai que é transportado para o futuro…e não há muitos diálogos e é super estilizado”.
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A escolha por uma via mais simples de lidar com a produção de cada episódio acabou vindo de encontro com as inspirações que o animador teve desde sempre. Conforme confessado por Tartakovsky em uma sessão de perguntas e respostas do canal Adult Swim, a inspiração para certos conceitos visuais de Samurai Jack remonta ao cinema.
Segundo ele, muito do que é visto na animação veio de trabalhos de fotografia apresentados em filmes dos anos 70 e até mesmo antes desse período, remontando aos clássicos Ben-Hur (1959) e Lawrence da Arábia (1962). Nas palavras do animador: “ no cinema dos anos 70 as coisas eram duras, eram sujas e é daí que eu tirei muitas inspirações, eu amo sentir as coisas viscerais e eu acho que os filmes dos anos 70 fizeram isso”.
A consagração de Samurai Jack veio em 2004, quando o programa recebeu um Emmy de melhor programação de animação com menos de uma hora. Nessa mesma edição, Tartakovsky também levou a estatueta da mesma categoria, porém voltada para programas com uma hora ou mais de duração, por seu trabalho com Clone Wars.