Todos os fãs de cinema que começam a se aprofundar um pouco mais nos bastidores de uma obra, sempre reparam em um elemento específico que se torna determinante para seu paladar cinematográfico: quem está dirigindo a produção. O diretor de um filme é definitivamente o elemento mais importante do conjunto. Isso porque ele é o “chefe” do filme. É ele quem opina em todos os outros elementos que formam a obra. Ou ao menos era para ser assim. É claro que temos relatos de produtores que mandam e desmandam em um projeto, e até mesmo astros e estrelas que vira e mexe dão ataque de estrelismo e “sequestram” o filme para si. Um dos casos recentes mais notórios foi do blockbuster O Incrível Hulk (2008), que é dito ter sido tão ou até mais dirigido pelo protagonista Edward Norton do que pelo diretor do longa em si, Louis Leterrier – o que gerou atrito entre Norton e a Marvel.
Em resumo, é diretor quem ditará o tom e o teor do filme, e ao repararmos seu conjunto da obra, começaremos a avaliar se tal cineasta nos agrada ou não. Por exemplo, é muito fácil distinguir por suas características gerais os filmes de diretores como Tim Burton, M. Night Shyamalan, Christopher Nolan, Steven Spielberg, entre outros. Esta nova matéria é justamente sobre eles, os diretores. Aqui, iremos dar uma olhada em 10 grandes cineastas, ainda muito badalados (ou ensaiando um grande retorno aos holofotes) que lançarão novos trabalhos em 2023. Filmes estes que qualquer bom cinéfilo que se preze não pode perder. Confira abaixo.
Martin Scorsese
Considerado o melhor diretor em atividade por grande parte dos cinéfilos, o lendário Martin Scorsese tem no currículo algumas das obras mais celebradas dos últimos 50 anos, como Taxi Driver, Touro Indomável, Os Bons Companheiros e Os Infiltrados. Seu último longa-metragem lançado até então foi O Irlandês (2019), indicado para 10 Oscar e que marcou a primeira parceria do icônico cineasta com uma plataforma de streaming – no caso, a número 1 do mercado, a Netflix. Este ano, Scorsese estará de volta em outra parceria com uma plataforma de streaming, desta vez com a Apple TV+ para a adaptação do livro Assassinos da Lua das Flores, que unirá em tela em um filme seu os dois atores preferidos do cineasta: Leonardo DiCaprio e Robert De Niro. A trama fala sobre a investigação de assassinatos misteriosos numa comunidade indígena na década de 1920. A data de estreia ainda não foi divulgada.
Roman Polanski
Outro que retorna este ano é o controverso Roman Polanski, vencedor do Oscar por O Pianista e dono de outras duas nomeações da Academia como diretor (Chinatown e Tess – Uma Lição de Vida). Polanski não fazia um longa falado em inglês desde o início da década passada, quando lançou O Escritor Fantasma (2010) e Deus da Carnificina (2011). Seus três trabalhos seguintes foram produções francesas, com A Pela de Vênus (2013), Baseado em Fatos Reais (2017) e O Oficial e o Espião (2019). Em 2023 ele retorna com The Palace, que tem estreia prometida na Itália no dia 6 de abril. A trama se passa num luxuoso hotel suíço durante o réveillon de 1999, onde as vidas dos hóspedes e dos funcionários se entrelaçam. No elenco, Mickey Rourke, John Cleese e o português Joaquim de Almeida.
John Woo
Conhecido como um dos maiores expoentes da ação mundial, John Woo foi um dos responsáveis pela popularização do cinema de Hong Kong em obras cultuadas vide Alvo Duplo (1986), O Matador (1989), Bala na Cabeça (1990) e Fervura Máxima (1992). Levado por Jean-Claude Van Damme, ele estreou em Hollywood com O Alvo (1993) e por lá fez sucessos como A Outra Face (1997) e Missão: Impossível 2 (2000). Seu último trabalho americano havia sido com O Pagamento (2003), ficção científica com Ben Affleck e Uma Thurman. Desde então, Woo se concentrava em produções chinesas apenas, com seu último filme, Caçadores de Homens, lançado em 2017. Este ano, o cineasta retorna para Hollywood com Silent Night, protagonizado por Joel Kinnaman, sobre um pai de luto, deixando fluir sua vingança contra uma gangue cruel na noite de Natal. A estreia está programada para o dia 9 de novembro.
Michael Mann
Michael Mann é outro diretor veterano de grande prestígio, que andava meio sumido, mas que retornará com tudo em 2023. Em seu currículo, o cineasta possui filmes inesquecíveis como Fogo Contra Fogo (1995), Colateral (2004) e Miami Vice (2006). O fracasso de seu último filme até então, Hacker (2015), com Chris Hemsworth e Viola Davis, fez Mann dar uma pausa em sua carreira como diretor de longas, mas ele esteve envolvido com a série de sucesso Tokyo Vice (2022). Este ano, Mann promete um retorno triunfal com uma obra que pode chegar até o Oscar de 2024, a biografia Ferrari, sobre o empresário que criou um dos carros mais famosos do mundo, interpretado por Adam Driver.
David Fincher
É curioso pensar que a carreira de David Fincher, um dos diretores mais talentosos em atividade atualmente, poderia ter tido vida curta após o fracasso de sua estreia no cinema com Alien³ (1992). Mas Fincher sacudiu a poeira, deu a volta por cima, e emendou no trabalho seguinte, entregando a obra-prima Seven (1995). Daí seguiram Clube da Luta (1999), Millenium (2011) e Garota Exemplar (2014), por exemplo. Este ano, Fincher retorna ao gênero que o consagrou, o suspense, com The Killer, que fala sobre um matador (vivido por Michael Fassbender) desenvolvendo uma crise de consciência. A produção é um filme original da Netflix e a estreia ocorre dia 10 de novembro.
M. Night Shyamalan
Poucos diretores na indústria tiveram um surgimento em cena tão forte quanto o do indiano M. Night Shyamalan em O Sexto Sentido (1999). Desde então podemos dizer que seus filmes foram decaindo em prestígio, até chegar em obras verdadeiramente execradas por grande parte do público e dos críticos. Com uma carreira irregular, de altos e baixos, Shyamalan promete um novo acerto este ano com Batem à Porta, um thriller enigmático e apocalíptico estrelado por Dave Bautista, sobre uma família sequestrada e precisando fazer a escolha mais difícil que qualquer um jamais teria que fazer. A estreia é logo agora no início de fevereiro, no dia 2.
Christopher Nolan
“In Nolan we trust”. O bordão proferido pelos fãs para se referir ao trabalho de Christopher Nolan pegou e continua sendo uma realidade hoje. Isso porque o diretor britânico consegue mesclar como poucos na indústria atual um tipo de cinema muito comercial com o cinema de autor. Ou seja, Nolan escreve todos os seus filmes e os cria como espetáculos visuais sem precedentes, e sem grandes interferências dos estúdios. Nolan sonha grande e consegue concretizar suas ideias originais. E isso é algo mais que louvável dentro de uma indústria de reciclagens. Justamente por isso, Oppenheimer (sobre o criador da bomba atômica) é um dos filmes mais esperados de 2023. A estreia é no dia 20 de julho.
Denis Villeneuve
Seguindo de perto o prestígio de Christopher Nolan, o franco-canadense Denis Villeneuve escalou para se tornar um dos diretores mais adorados da atualidade pelos cinéfilos, com sua mescla de filmes autorais e comerciais. Digamos que tanto Nolan quanto Villeneuve entregam produções de entretenimento com muito conteúdo, constantemente discutidos pelo público e pelos cinéfilos. Eles são a resistência do cinema arte em grande escala, sem precisar apelar a um produto meramente escapista. A diferença entre Nolan e Villeneuve é que os filmes do primeiro são fenômenos de bilheteria ano após ano, já os do segundo ainda não atingiram esse patamar de sucesso, mesmo caindo nas graças da crítica e dos cinéfilos. Isto é, até Villeneuve entregar sua versão de Duna (2021). E o diretor entra na lista justamente com a segunda parte aguardadíssima de Duna – cuja estreia ocorre no dia 20 de outubro.
Luca Guadagnino
Este ano, o italiano Luca Guadagnino lançou nos cinemas mundiais o controverso Até os Ossos, sobre um amor nascendo entre dois jovens canibais. O diretor, é claro, teve seu grande divisor de águas ao comandar o romance gay Me Chame Pelo Seu Nome (2017), indicado ao Oscar de melhor filme. No ano seguinte, Guadagnino tirou do papel um remake do clássico terror de Dario Argento, Suspiria (1977) – uma obra altamente cultuada – e entregou sua própria visão da história. Seu próximo filme sai logo em 2023. Intitulado Challengers, o filme produzido pela MGM é um drama romântico de esportes, usando como tema o tênis. O longa fala sobre três jogadores profissionais, que se conheciam na adolescência, e agora precisam se enfrentar num grande torneio. No elenco o nome de peso é o da jovem estrela Zendaya. A estreia está programada para o dia 11 de agosto.
Greta Gerwig
Finalizando a lista dos grandes diretores que aparecerão ainda em 2023, temos uma novata, entre aspas. Atriz e companheira do diretor Noah Baumbach, um dos grandes nomes da cena independente americana, Greta Gerwig vive há muito tempo nesse meio, mas estreou na direção solo de um filme em 2017, quando entregou Lady Bird – Hora de Voar. Mas que estreia ela fez, já que não é todo dia que vemos uma cineasta entregando um primeiro trabalho que chega até o Oscar. E ela repetiria a dose com sua versão de Adoráveis Mulheres (2019), que igualmente chegou ao topo das premiações de seu respectivo ano. Agora Gerwig lançará um filme diferente, mais voltado ao entretenimento com Barbie, o primeiro filme com atores reais da boneca mais famosa do mundo. No filme, Barbie será vivida por Margot Robbie. E estamos muito curiosos para saber o que a diretora fará com o material. Teremos que esperar até a estreia no dia 20 de julho.