quinta-feira, março 28, 2024

Somos o que Somos (2)

Somos o que Comemos

Baseada na obra mexicana Somos lo que hay (2010), exibida no Festival de Cannes, Somos o que Somos é um thriller minimalista em sua essência. Essa versão americana, que chega três anos depois do original, modifica alguns elementos cruciais em relação ao filme mexicano, elevando assim o material. O primeiro deles é a troca do ambiente urbano – uma cidade grande na produção mexicana, pelo cenário rural de uma pequena cidadezinha, no americano.

A estrutura familiar também é modificada. No mexicano tínhamos a mãe como figura dominante da família, e filhos homens e adultos como seus feitore. Na nova versão temos a figura paterna, muito mais autoritária sobre duas jovens mulheres. A trama apresenta a família Parker, aparentemente normal, muito religiosa e devota a Deus, e reclusa. Mas essa família campestre esconde um terrível segredo.

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Somos o que Somos, a nova versão, foi igualmente exibido no Festival de Cannes, desse ano, e também no de Sundance. A direção do remake é de Jim Mickle, que também assina o roteiro, e chamou a atenção dos fãs de terror com seu trabalho anterior, o filme de vampiro hardcore Stake Land – Anoitecer Violento (2011), ótimo. Mickle vem se mostrando um especialista no gênero, e já filma um próximo trabalho, Cold in July, para ser lançado em 2014.

O cineasta mostra como deve ser feita uma refilmagem, melhorando uma história ao centrar no relacionamento dos personagens, seu desenvolvimento, e apostando muito mais em atuações e interações, do que em efeitos, sonos ou gratuidade. O suspense aqui é tão grande que até quase a metade do filme não sabemos verdadeiramente do que trata. Tudo é minuciosamente preparado pelo diretor, que consegue criar um grande clima, e eleva a tensão.

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O elenco é incrivelmente satisfatório. Recheado em sua maioria de desconhecidos, todos dão conta do recado. Em especial as duas meninas protagonistas, as loirinhas angelicais e trágicas, Iris e Rose, vividas respectivamente por Ambyr Childers (Dose Dupla) e Julia Garner (As Vantagens de Ser Invisível). As duas exploram de maneira sensível a prisão física e mental em que vivem. Na parte dos rostos mais conhecidos temos a veterana dos anos 1980, Kelly McGillis (Top Gun – Ases Indomáveis), que já havia trabalhado com o diretor em seu filme anterior, e Michael Parks (Django Livre).

Bill Sage (Preciosa) se sai bem como o barbudo patriarca Frank Parker, imprimindo ao personagem autoridade e uma qualidade extremamente assustadora. Um sujeito fanático que vive por sua própria lei. Das duas filhas, Garner, que interpreta a mais jovem, é a presença mais interessante nas telas. A menina de 19 anos esteve no Cult A Fita Azul (Electrick Children), que será lançado em breve no Brasil, e ano que vem será uma das adições do elenco de Sin City: A Dama Fatal.

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Uma refilmagem precisa ser feita assim. Pegando o conceito do original para criar uma coisa totalmente nova. Não foi por falta de tentativa que tivemos Planeta dos Macacos (2001), de Tim Burton, e O Vingador do Futuro (2012), de Len Wiseman, dois filmes que ao menos tentaram ser originais, e não cópias carbono de seus predecessores. Veja o nível da coisa quando ela funciona, como em O Enigma de Outro Mundo (1982), de John Carpenter, ou A Mosca (1986), de David Cronenberg.

Não deixe de assistir:

Junto com a estreia de Somos o que Somos teremos a de outro remake, o de Carrie – A Estranha. E se olharmos bem de perto para o que foi tentado nesses dois filmes, veremos que o esforço menor em Carrie, que apenas tenta reciclar uma velha história para um novo público. É claro que com mais barulho e efeitos especiais. Já Somos o que Somos capricha no clima, e no desenvolvimento de seus personagens. Não se enganem, essa continua sendo uma história pesada, gráfica (somente quando precisa), e não recomendada para os de estômagos mais fracos. Alguém aí está com fome?

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