O nome Steven Spielberg talvez cause intriga aos mais jovens. Os cinéfilos mais velhos, que cresceram na década de 90, 80 e além, o conhecem muito bem e sabem de sua importância para o cinema entretenimento e a sétima arte de forma geral. Dizer que não gosta do diretor é simplesmente estupidez demais para qualquer um que se diga amante desta arte tão plural e abrangente. Spielberg foi um dos fortes responsáveis pelo cinema atingir um nível de popularidade tão ampla, que deixou as rodinhas de intelectuais e eruditos para atingir qualquer um, adultos e crianças, eu e você, fosse qualquer classe social e cultural. Era cinema que conquistava, que cativava, que encantava. Muitas de suas obras foram inclusive a porta de entrada para gerações de fãs de filmes e cinema.
Para seguir comemorando o Natal, resolvemos relembrar as 20 primeiras obras produzidas por Steven Spielberg no terreno do audiovisual – todas datando dos anos 80, como dito época em que o cineasta se tornava um nome bastante reconhecido. Como são muitas produções, aqui levaremos em conta somente os filmes que o cineasta produziu, mas não dirigiu. Confira abaixo e comemore com a gente esse verdadeiro ícone, comentando seus preferidos.
Carros Usados (1980)
Começamos a lista com o primeiro filme que Spielberg produziu nos anos 80, datando justamente de 1980. Um filme menos conhecido, a história traz Kurt Russell como um vendedor de carros lutando para manter a loja de seu ex-patrão. O que chama atenção de verdade aqui é o início da parceria entre Spielberg e seu “apadrinhado” Robert Zemeckis – o diretor do longa.
Brincou com Fogo… Terminou Fisgado! (1981)
Um dos filmes mais incomuns que o Spielberg já produziu. Logo no ano seguinte, o cineasta resolveu investir nesse longa que contava com o saudoso John Belushi como protagonista. O ator interpreta um jornalista bem urbano se apaixonando por uma mulher que é “a cara” da natureza. O elo aqui é o roteirista do filme Lawrence Kasdan, também responsável pelo roteiro do primeiro Indiana Jones – lançado no mesmo ano.
Poltergeist – O Fenômeno (1982)
Essa é polêmica. Clássico absoluto do “horror família” dos anos 80, Poltergeist até guarda certas semelhanças com E.T. – O Extraterrestre (famílias do subúrbio americano assombradas por um elemento sobrenatural). Bem, ambos foram lançados no mesmo ano, com o dedo do diretor. Dizem as más línguas que Spielberg foi quem dirigiu Poltergeist, e o diretor Tobe Hooper fez apenas “figuração”.
No Limite da Realidade (1983)
Esse é muito pessoal para Spielberg, mas infelizmente terminou em tragédia. Fã declarado da série clássica Além da Imaginação (Twilight Zone), o cineasta preparou uma versão cinematográfica que teria grandes diretores colegas seus comandando os segmentos. Na prática parecia perfeito, mas atores morreram de forma trágica no segmento de John Landis – “amaldiçoando” o longa. Agora, por que o filme ficou conhecido pelo título No Limite da Realidade ao invés de Além da Imaginação não me pergunte.
Gremlins (1984)
O diretor Joe Dante havia feito sucesso com seus filmes de terror do fim da década de 70 e início de 80: Piranha (1978) e Grito de Horror (1981). Assim, Spielberg o convidou para dirigir um dos segmentos de No Limite da Realidade (1983). O filme foi marcado pela tragédia, assim, Spielberg não achou justo com Dante e resolveu lhe dar mais uma chance, o convidando para dirigir um filme completo, que iria produzir. O escolhido foi o sucesso Gremlins – sobre as criaturinhas icônicas que não podem ser molhadas ou alimentadas depois de meia noite.
Fandango (1985)
Até então, Steven Spielberg estava indo devagar, num início “tímido” como produtor, entre erros e acertos, produzindo um filme por ano desde 1980. Mas no ano de 1985 isso iria mudar, com o cineasta tendo pego o jeito para a coisa e “faminto” por cinema. Assim seriam nada menos que quatro lançamentos como produtor. A começar por este road movie escrito e dirigido por Kevin Reynolds, sobre quatro amigos na década de 1970 numa última viagem juntos antes de embarcarem para a Guerra do Vietnã. O filme serviu para revelar Kevin Costner.
Os Goonies (1985)
Por falar nos maiores clássicos produzidos por Steven Spielberg, esse é um filme muito associado ao cineasta, com muitos inclusive confundindo Spielberg como diretor do longa. Quem comandou na verdade foi o saudoso Richard Donner, com roteiro do mesmo Chris Columbus, cuja parceria com Spielberg havia dado tão certo em Gremlins. Aqui, um grupo de crianças aventureiras embarca na maior jornada de suas vidas, atrás de um tesouro de piratas, precisando despistar um trio de criminosos. O fato deste filme não ter tido uma continuação é um dos maiores mistérios da humanidade.
De Volta para o Futuro (1985)
Gremlins e Os Goonies eram os maiores sucessos de Spielberg como produtor nos anos 80 até então. Mas nada prepararia ao mundo para a oitava obra com o nome do cineasta atrelado à produção. De Volta para o Futuro recobrava a parceria de Spielberg com Robert Zemeckis e entregava um dos maiores fenômenos da década de um dos filmes mais queridos da história do cinema. Poder voltar no tempo trinta anos e ajudar seus pais a se envolverem romanticamente é uma história simplesmente fantástica e apaixonante demais!
O Enigma da Pirâmide (1985)
Steven Spielberg fechava o ano de 1985 com uma nova parceria com Chris Columbus. Até então essa era uma tríade, uma trilogia “não oficial” de longas escritos por Columbus e produzidos por Spielberg. Gremlins, Os Goonies e este O Enigma da Pirâmide – que conta sobre a juventude de Sherlock Holmes, desvendando seu primeiro grande caso ainda no colégio – só os diretores dos filmes mudavam. A dança das cadeiras tinha Joe Dante, Richard Donner e neste aqui Barry Levinson. Ah sim, fechando o ano Spielberg ainda produziria seu próprio filme A Cor Púrpura, mas como dito no início da matéria, não iremos comentar filmes que ele mesmo dirigiu.
Um Dia a Casa Cai (1986)
Com esta comédia que é um marco das reprises da Sessão da Tarde do início dos anos 90, a parceria de Spielberg era não com um diretor ou um roteirista, mas sim com um ator. O cineasta e o ator Tom Hanks se conheceram nos bastidores desta comédia, mas Spielberg só viria a dirigir um filme com o ator mais de dez anos depois, em O Resgate do Soldado Ryan (1998). Aqui, Hanks fazia sucesso em filmes escapistas – no papel de um sujeito, que ao lado da esposa (Shelley Long), compra uma casa e a reforma completamente. Mas a empreitada não seria suave.
Fievel – Um Conto Americano (1986)
Steven Spielberg ficaria conhecido nos anos 80 como o “pai” dos filmes para toda a família. Estas produções renderiam a ele o apelido de “Peter Pan”, um cineasta que “se recusava a crescer”. Embora esse fosse o caso, seria somente em 1986 que o diretor de fato produziria uma animação. A escolhida para estrear esse gênero era esta história sobre a imigração russa nos EUA, contada num aspecto leve para a criançada. Em partes, Spielberg conta a história de sua família e usa o nome de seu avô Fievel para o protagonista aqui.
Histórias Maravilhosas (1985-1987)
A paixão de Spielberg por elementos fantásticos e sobrenaturais sempre falou muito alto. E o cineasta nunca superou o fracasso de sua versão cinematográfica para a cultuada Além da Imaginação. Assim, dois anos depois, o cineasta criava sua “própria versão” de tal série com Histórias Maravilhosas – que nada mais era do que um “Além da Imaginação nos anos 80”. O seriado de antologia sobre histórias de fantasia contou com nomes como Clint Eastwood, Danny DeVito, Martin Scorsese, Burt Reynolds, e os colaboradores Robert Zemeckis, Joe Dante e Tobe Hooper, além do próprio Spielberg, dirigindo episódios.
Um Hóspede do Baralho (1987)
Novo ano de muito trabalho intenso para Spielberg como produtor, além de encerrar a série Histórias Maravilhosas, o cineasta também esteve envolvido neste filme que era uma “versão cômica” de E.T. – O Extraterrestre. Na trama, uma família em sua casa rural encontra uma criatura de “outro mundo”. Ao invés de um pequeno alienígena, desta vez o trabalho é maior, com um pé-grande gigantesco. Ao mesmo tempo um caçador e as autoridades tentam descobrir a criatura. Levado num tom mais cômico e nada dramático, a maquiagem da criatura é o que chama verdadeiramente atenção e ganhou o Oscar. O filme viraria uma série em 1991.
Viagem Insólita (1987)
Nova parceria com o fiel escudeiro Joe Dante. Aqui, nesta ficção científica, com muitos elementos de comédia, o que Spielberg e Dante fazem é uma espécie de remake do clássico Viagem Fantástica (1966), sobre uma tripulação em um submarino sendo reduzida a um tamanho microscópico e injetada na corrente sanguínea de um cientista a fim de salvar sua vida. Nesse “remake”, Dennis Quaid é um audacioso piloto que termina diminuído e injetado acidentalmente num sujeito neurótico – papel de Martin Short.
Te Pego Lá Fora (1987)
Dessa muitos poderiam não lembrar. Mas esse filme adolescente da década de 80, que marcou geração com suas reprises na Sessão da Tarde, igualmente tem o dedo de Steven Spielberg. A trama é muito boa e funciona como uma espécie de Matar ou Morrer (1952) em versão juvenil e “modernizada para os anos 80”. Assim como no clássico faroeste, um protagonista se mete numa enrascada onde ninguém parece ser capaz de tirá-lo. Enquanto no western era um xerife correndo contra o relógio com a chegada de bandidos na cidade para matá-lo, aqui era uma briga marcada após o colégio com o maior durão das redondezas.
O Milagre Veio do Espaço (1987)
Em Hollywood nada se cria e tudo se copia. Recentemente escrevi sobre Joe e as Baratas (1996), primeiro filme produzido pela MTV. A trama das baratas dançarinas cantantes pega muito emprestado deste filme com produção de Spielberg, onde um poderoso deseja desabrigar os moradores de um prédio velho para seu novo negócio imobiliário. Um grupo disfuncional de moradores recebe uma ajudinha vinda de cima: alienígenas na forma de pequenos discos voadores mecânicos. Spielberg é um aficionado por vida extraterrestre e diversos filmes seus abordam o tema.
Uma Cilada para Roger Rabbit (1988)
Em time que está ganhando não se mexe. Assim, dentre tantas parcerias, podemos citar que a mais bem sucedida de Spielberg no período foi com o diretor Robert Zemeckis, em De Volta para o Futuro (1985). Aqui, a dupla retornava para outro filme evento, este uma aventura sem precedentes. Um filme noir sobre investigações detetivescas, traição, conspirações, femme fatale e tudo o que esse gênero tem de melhor. A grande sacada? Se passa num mundo onde desenhos existem no mundo real, e convivem com os humanos. Nesse mundo, propriedades da Warner, Disney, Universal, como Pernalonga, Mickey e Pica-Pauy, e outras, interagem.
Em Busca do Vale Encantado (1988)
O item acima não vale, pois também contou com atores reais contracenando, sendo assim um misto de live-action com animação. Mas a segunda animação oficial onde Spielberg investiria como produtor após Fievel, uma história pessoal para ele, seria essa aventura mais escapista e despretensiosa. Aqui não existe uma mensagem por trás como na animação citada. Era só a vontade do diretor de declarar seu amor pelas criaturas pré-históricas. Cinco bebês dinossauros partem em busca de um vale para encontrar suas espécies. Podemos dizer que serviu para aquecer os motores para Jurassic Park.
Meu Pai, Uma Lição de Vida (1989)
Segundo drama que Spielberg apenas produziu na década de 80, depois de Fandango. Até então, todos os itens da lista possuíam elementos sobrenaturais ou eram comédias declaradas. Mas Fandango e este filme possuem em comum o fato de serem produções mais sérias e adultas, demonstrando que o cineasta igualmente se dedica a esta porção do público. Aqui, três gerações de homens em uma família criam laços afetivos verdadeiros pela primeira vez. Ted Danson interpreta um sujeito muito ocupado, que viaja até a casa do pai (Jack Lemmon) para ajudá-lo. Logo depois, é seu filho (Ethan Hawke) que se une a eles.
De Volta para o Futuro 2 (1989)
Fechando a década de 80 com chave de ouro, a sequência do sucesso De Volta para o Futuro seria o último filme do período a ter produção de Steven Spielberg. Isso marcava também o quarto longa da parceria entre o cineasta e Robert Zemeckis, após o original De Volta para o Futuro, Roger Rabbit e Carros Usados. Nesta continuação, o paradeiro é o futuro e uma versão alternativa do presente.