Ao considerar tudo o que aconteceu ao longo dos 22 episódios da segunda temporada de Supergirl fica difícil escolher por onde começar a crítica. Mas permita-me iniciar com a participação especial de Tyler Hoechlin (Teen Wolf) como Superman.
Clark Kent foi apresentado ao público durante o primeiro episódio da temporada e como grande fã do jornalista, devo admitir que o mesmo não decepcionou. O personagem foi bem planejado pelos criadores Ali Adler, Greg Berlanti e Andrew Kreisberg e muito bem interpretado por Hoechlin. É quase impossível não sentir falta do último filho de Krypton ao longo da série.
Outra adição importante é a de Katie McGrath (Merlin) como Lena Luthor. Ela, que também faz sua primeira aparição durante “The Adventures of Supergirl”, conquista o público ao primeiro sorriso. Lena tem a essência dos Luthor na veia, contudo, a jovem rejeitada pela mãe busca mudar a perspectiva da sociedade sobre a mesma. Um ponto importante é o desenvolvimento do relacionamento dela com Kara Danvers (Melissa Benoist). Supergirl quebra um paradigma ao colocar uma Luthor e uma kryptoniana próximas, ao ponto de se tornarem melhores amigas. A atuação de McGrath é tão fascinante que a mesma foi contratada como regular na série.
Ao longo da segunda temporada, Kara Danvers embarca numa jornada de combate contra vilões, não tão super assim: humanos, sogra, interesse amoroso, melhor amiga Luthor, quase perde a irmã, melhor amigo vigilante, entre outras coisas. Enquanto a primeira temporada teve um foco maior no relacionamento da protagonista com a irmã, em sua descoberta como super-heroína, os conflitos familiares com a tia e na marca de Supergirl como uma série claramente feminista, esta segunda caminha por outras trilhas.
Kara Zor El é a heroína de National City, já não existem mais dúvidas sobre isso. O crescimento individual da personagem é o principal durante esta segunda parte. Ela agora alcançou o status de repórter, o que combina a ética e a integridade de ambos os lados da garota de aço. Em “Nevertheless, She Persisted” o telespectador se depara com o auge da jovem kryptoniana, não só por combater o próprio primo em uma luta, mas também pelas atitudes nobres, como perder a pessoa que ama por uma causa maior.
Alex Danvers (Chyler Leigh) também está numa jornada de autodescoberta. A principal agente do DEO, além de reafirmar que a irmã não é a única badass na família, só olhar para “Exodus”, se vê apaixonada por uma mulher e ao lado de uma detetive, que veio diretamente de Gotham para National City, vive um dos romances mais saudáveis entre duas personagens femininas. Maggie Sawyer (Floriana Lima) não só conquistou o coração da agente, mas também o do público. É preciso admitir que Lima é uma adição crucial para a temporada. Uma importante representação para a comunidade LGBTQ. Isto é Supergirl fazendo o que faz bem.
Aproveito, então, para falar de Mon El (Chris Wood): o namorado de Kara é bastante controverso no começo. Um daxamita mimado acostumado a ter tudo o que quer, quando quer. É visível a mudança de comportamento de quem ele era para quem ele começa a se tornar após se apaixonar pela jovem heroína. Contudo, alguns dos discursos e atitudes machistas do príncipe de Daxam foram criticados por parte dos fãs da série. É necessário enxergar que esta foi a criação do mesmo e a mudança é evidente, em especial, no último episódio da temporada. Mon El cresceu como pessoa. O problema é que o mesmo parece, por muitas vezes, um pouco forçado e superficial.
Um dos grandes problemas de Supergirl, além de alguns episódios fracos no quesito roteiro, está nos personagens masculinos. Os criadores precisam aperfeiçoar os mesmos, dar mais profundidade. Mon El não é o único na escala do que poderia ser melhor, afinal, James Olsen (Mehcad Brooks), atualmente Guardian, tem um dos plots mais fracos da temporada. Além de tedioso, passa a mesma sensação de forçado. Talvez fosse melhor continuar somente como o melhor fotojornalista da DC Comics.
Pode ser que o problema esteja nos interesses amorosos da garota de aço, já que Winn (Jeremy Jordan) e J’onn J’onzz (David Harewood) entram na lista dos excelentes. Ambos continuam bem estruturados e protagonizam cenas maravilhosas. É impossível se decepcionar com os mesmos. Seguindo esta linha, é preciso salientar o pouco foco dado à história de Jeremiah Danvers (Dean Cain), afinal, a ponta continua solta sobre o que aconteceu com o mesmo após o episódio 15.
Por falar nisso, Brenda Strong (Desperate Housewives) merece palmas por interpretar Lillian Luthor, a vilã que amamos odiar. Sinceramente, roteiristas de Supergirl, deem mais espaço para Cadmus. Os telespectadores precisam de um verdadeiro combate entre a organização e o DEO. É possível enxergar de longe que eles podem fazer muito mais do que já fizeram até agora. Lillian revive a raiva que o público sentia por Lex. É perceptível qual lado da família o arqui-inimigo do Superman puxou.
Falando em vilões, Teri Hatcher (Lois & Clark) presenteia a todos ao dar vida a Rainha Rhea de Daxam. Imagina se Lillian não odiasse tantos os alienígenas e se juntasse a mesma? Que season finale teríamos, não? Apesar disto não ter acontecido, os dois últimos episódios da série entram para a lista dos melhores da segunda temporada. Muito bem roteirizados e dirigidos, com um verdadeiro show de batalhas em câmera lenta e diálogos espetaculares, afinal, Cat Grant (Calista Flockhart) voltou. A maior perda sofrida por todos que assistem veio remendar os corações quebrados com suas diálogos sensacionais.
No meu TOP 3 de melhores episódios também está “Alex”, o 19º da temporada. Já era ciente que a eterna Lexie Grey, Chyler Leigh, é uma atriz espetacular, entretanto, se existia alguma dúvida sobre o motivo dela ser a heroína da garota de aço, não existe mais. Ela não é a única que merece reverência, mas Benoist e Lima também. Com um roteiro espetacular e uma direção que cumpre o papel, Supergirl não hesita em mostrar a importância do relacionamento entre as irmãs Danvers, Alex e Maggie e, claro, Kara e Maggie que, finalmente, conseguem se entender.
Bom, agora resta ao público esperar que a terceira temporada responda as perguntas deixadas como onde está Jeremiah Danvers, o que aconteceu com Mon El, quem é a terceira criança enviada para a Terra e uma que está corroendo as mentes dos telespectadores: MAGGIE DISSE SIM OU NÃO?
Enfim, torço para que Supergirl melhore os erros cometidos nesta etapa e nos dê mais momentos entre as irmãs Danvers, pois fez bastante falta a conexão que se tinha durante a primeira parte. E, se tem um pedido pessoal que adoraria fazer aos roteiristas é: coloquem Cat Grant e Lois Lane no mesmo ambiente e deixem Kara tentar mediar a conversa, eu vivo para ver esse momento.