Já está bastante claro para todo mundo que o planeta Terra está sofrendo, e muito, com as atitudes do ser humano. O aquecimento global, a destruição das florestas, a extinção de espécies animais, a poluição dos lençóis freáticos, a escassez de água potável são apenas alguns exemplos das consequências do que a raça humana tem feito com o planeta em prol de uma dita modernização. E isso tem inspirado muitas produções de gênero, como o terror e a ficção científica, afinal, nada pior do que imaginar que não temos para onde ir caso esse nosso planeta dê errado, né? Seguindo por essa linha, chegou no catálogo do Prime Video o longa russo ‘Gemini: O Planeta Sombrio’.
Em um futuro próximo, a humanidade está sofrendo com a pandemia de um vírus misterioso que está matando muitas pessoas. Enquanto uma vacina não é elaborada, um grupo de cientistas tenta criar uma espécie de cápsula fertilizante, com o que há de melhor do planeta Terra para ser levado a algum outro canto da galáxia que, mediante exploração espacial, se decida como sendo o novo lar para os seres humanos. Após inúmeras tentativas, os cientistas descobrem um planeta em outro universo com condições similares à Terra, que se mostra promissor, de modo que as empresas preparam uma grande missão com astronautas para levar essa cápsula, nomeada de Gemini, para que as sementes vá germinando a tempo de quando a humanidade se mudar em definitivo para esse novo planeta, já haja biosfera para todos viverem. Porém, quando a missão de Frank (Nikita Dyuvbanov), Richard (Viktor Potapeshkin), Steve (Egor Koreshkov), Ryan (Samoukov Kostya), David (Dmitriy Frid) e Leona (Lisa Martinez) está prestes a chegar ao novo planeta, eles percebem não só que estão no lugar errado, mas também que algo a mais veio a bordo com eles…
Felizmente, ‘Gemini: O Planeta Sombrio’ tem menos de uma hora e quarenta de duração e, portanto, não se prolonga por mais do que deveria. Felizmente, porque a coisa toda começa a desandar logo no início, quando da apresentação do plot. O roteiro de Natalya Lebedeva e Dmitriy Zhigalov joga no colo do espectador, nos minutos iniciais do longa, uma série de nomes, dados e informações as quais não estávamos preparados para receber. Tudo é feito de maneira tão apressada, que causa muita confusão sobre quem é quem, qual o objetivo da coisa e do quê o personagem-cientista está falando. Passado esse drama primevo, entramos no enredo propriamente dito, que descarta personagens e muda suas características tão somente para melhor acomodar as intenções de seu enredo – que, por sua vez, não se mostra nem um pouco original, em um universo em que a franquia ‘Alien’ já fez o plot “hospedeiro intruso à solta na nave” de maneira mais bem feita e bem antes dessa produção russa.
Serik Beyseu não demonstra preocupação com a coerência de seu filme, ainda que traga boas adaptações para o período pandêmico da vida real (os personagens usam máscaras para respirar no outro planeta por causa do ar tóxico, mas não cobrem os olhos, o que não faz sentido). As atuações do elenco são tão caricatas que é basicamente possível adivinhar não só as ações, como as falas e as reações dos personagens.
Confuso, ‘Gemini: O Planeta Sombrio’ é uma ficção científica que não consegue apresentar nada de novo nem promover o debate climático, ficando só na superficialidade mesmo.