Quando ouvi pela primeira vez sobre The Chosen não prestei a atenção devida, achei que seria mais uma redundante narrativa baseada na vida de Jesus Cristo. Mas logo comecei a acompanhar comentários vindos de diversas partes do mundo (inclusive da minha própria esposa) e logo percebi que tinha cometido um grave engano. Criada pelo norte-americano de 48 anos, Dallas Jenkins, The Chosen de forma simples e inspiradora nos leva a conhecer os ensinamentos de Jesus e os pontos de vistas de todos que o seguiam.
A produção, baseada em The Shepherd, um curta-metragem do próprio Dallas Jenkins, é impecável e o mais surpreendente é que de forma independente, sem depender de grandes estúdios, realizou a maior campanha de financiamento por crowdfunding da história do audiovisual mundial com direito a disponibilidade gratuita em uma própria plataforma (https://watch.thechosen.tv/). Logo nos primeiros anos de produções, extima-se que a série tenha arrecadado cerca de 40 milhões só em doações para a realização. Todas as temporadas filmadas até agora estão nessa plataforma que já foi acessada por mais de 400 milhões de pessoas. A primeira temporada, e por enquanto somente ela, pode ser vista completa e legendada também na Netflix.
Sob a perspectiva daqueles que seguiam Jesus, começando na Galileia do século I, depois indo para Samaria, e fugindo de uma obviedade muitas vezes maçantes quando pensamos em assuntos bíblicos, fato que afastava logo de cara grande parte do público em outras produções, o seriado de impressionante sucesso se sustenta em um equilíbrio entre narrativa de entretenimento e a exatidão das interpretações do que está na bíblia, elevando assim a qualidade da produção. Para tal, na equipe da série tem diversos estudiosos sobre o tema que influenciam de forma positiva a direção e contextos da trama.
Explorando as principais passagens da bíblia, a produção utiliza de um exercício muito bem feito de como seriam na realidade a vida de Jesus e seus discípulos ativando assim a criatividade vinculada a estudos até o que não está no livro sagrado. A riqueza no olhar aos detalhes também chamam a atenção. Todo falado em inglês, a série não esquece de mencionar quando há citações as escritas, o aramaico galileu correto do período além da comunicação que era feita pelos romanos e entre grupos que tinham línguas nativas diferentes.
Cada detalhe impressiona. A direção de arte, a fotografia, a parte técnica é impecável, com filmagens realizadas no Texas e também em Utah. Os artistas parecem terem sido escolhidos a dedo. Os intérpretes de Maria Madalena, Simão/Pedro, Mateus, João, Tiago, Tomé, entre outros e além do próprio Jesus (interpretado pelo excelente Jonathan Roumie) cumprem com louvor seus respectivos papéis. A trilha sonora é assinada por Dan Haseltine, e também pelo músico Matthew S. Nelson.
Com uma nota altíssima também no IMDB e uma força impressionante partindo do boca a boca para chegar a mais de 200 países e diversas plataformas espalhadas pelo mundo, The Chosen vem se tornando aos poucos uma das séries mais elogiadas de todo o planeta (a ideia dos realizadores é de que a série tenha sete temporadas ao todo). No Brasil, inclusive, já é um enorme sucesso, tanto que uma das maiores emissoras do país, o SBT, vai ser a primeira rede de televisão aberta no Brasil a exibir o seriado muito em breve na sua grade de programação.
Não importa qual sua religião, esse trabalho é agregador e emociona a cada novo episódio. A fé, a esperança, o lidar com os momentos difíceis viram enormes reflexões para quem deixar a mensagem chegar.