“(…) E eles enfatizarão nossas diferenças. Mas os fatos são esses: amamos como eles. Morremos como eles. Ficamos de luto como eles. Compartilhamos isso hoje.”
The Gifted, criada por Matt Nix, presenteou os fãs dos X-Men com uma primeira temporada espetacular. O roteiro consegue prender o público e mantê-lo fiel, querendo cada vez mais saber o que virá na próxima cena, no próximo episódio. A direção de cada episódio entrega o desejado e esperado, mantendo a qualidade durante os treze capítulos. Os personagens são bons, alguns com mais profundidade que outros, porém, nada impede de se ter uma exploração maior na segunda temporada que já está confirmada.
A série não é perfeita, mas também não está longe disso, conseguindo capturar a essência dos X-Men como nenhuma baseada nos mutantes antes conseguiu. A produção aborda os temas que sempre marcaram as histórias dessas pessoas com habilidades: igualdade entre humanos e mutantes, justiça e uma luta sempre presente contra o preconceito. Não é todo dia que uma adaptação consegue ser tão fiel ao cerne da coisa e Nix realizou isto em treze episódios.
A primeira temporada de The Gifted possui episódios excelentes e alguns na faixa da nota 8 e/ou 9. Porém, isso a não impede de ser classificada com uma das melhores estreias da fall season 2017. A produção que já vinha fazendo alarde desde que foi anunciada, afinal, só existiam duas possibilidades – ou seria muito boa ou muito ruim –, entrou para a lista das produções audiovisuais boas que se teve ano passado.
Os três episódios finais foram a gota d´água para preencher o copo dando o gás certo para a segunda temporada. Algumas teorias se confirmaram enquanto outras situações surpreenderam. Sempre trazendo as boas referências dos quadrinhos, a série apresentou as irmãs Cuckoo (Skyler Samuels) e deu abertura para a reconstrução do Hellfire Club que, para aqueles que não lembram, tem Emma Frost e Sebastian Shaw como líderes, são internacionais e bem sucedidos, e o ciclo interno busca por influenciar eventos de acordo com o que querem (nos quadrinhos). Na série o Hellfire Club, claramente, está mais próximo do que a Irmandade foi: mutantes que, por meios mais agressivos, buscam se estabelecer no mundo como uma raça superior.
Com a influência certeira das irmãs Cuckoo, após as perdas e derrotas sofridas pela resistência, alguns membros decidiram se juntar ao clube do inferninho, das mesmas sendo Polaris (Emma Dumont) e Andy (Percy Hynes White) a maior perda sofrida. É interessante como em momento algum o nome Magneto foi mencionado durante os episódios finais, porém, como a própria atriz que interpreta Lorna disse, sua influência seria fundamental para a decisão final da mutante capaz de manipular os metais. Ver Lorna Dane se entregar lembrou em muito a história do próprio Magneto e provou que a garota possui habilidades tão fortes quanto as do pai.
E finalmente o telespectador pôde conferir o poder do lobo. Ao serem descobertos pelos sentinelas, enquanto John (Blair Redford), Clarice (Jamie Chung), Marcos (Sean Teale) e Polaris tentavam capturar o Dr. Campbell (Garret Dillahunt), a base da resistência teve dois humanos liderando a fuga, Reed (Stephen Moyer) e Caitlin (Amy Acker), e para apagar os rastros de para onde eles estavam indo, Andy e Lauren (Natalie Alyn Lind) precisaram juntar as mãos e demonstrar a força que possuem, aniquilando todos os Hound que estavam dentro do prédio e a própria base em si. The Gifted não tem os melhores efeitos do mundo, mas para uma série de canal aberto, eles até conseguem fazer um bom trabalho. Sem contar que parece que todo o orçamento de efeitos é guardado para o poder dos Strucker, que possuem o melhor até agora. Chega a ser bonito de assistir!
Com a morte de Campbell e do senador Matthew Montez (David Norona), um líder dos purificados – pessoas que não aceitam os mutantes –, parece que o Agente Turner (Coby Bell) finalmente irá assumir a posição de vilão que até então não havia demonstrado. No decorrer da primeira temporada, o personagem de Bell tinha uma dualidade bem clara e muito bem demonstrada no décimo episódio. Porém, ao que tudo indica, o ódio parece estar vencendo dentro do mesmo que, inclusive, pede demissão do governo após receber críticas. Cada vez mais ele fica parecido com o extremismo demonstrado pelo falecido doutor.
O ponto é que agora o público irá se deparar com aquilo que os mutantes dos quadrinhos tinham que encarar: governos que não os aceitam, humanos que são a favor da eliminação de pessoas com habilidades e mutantes que consideram como única solução para finalizar esta guerra, a violência, mais preocupados com o fim do que com os meios que precisarão utilizar para vencer. Se The Gifted permanecer neste caminho, a essência dos quadrinhos estará mais viva do que nunca na segunda temporada.
E só para não esquecer que Evangeline Whedon (Erinn Ruth), uma membro dos X-Men, fez uma pequena aparição na série durante o flashback de Polaris. Será que teremos mais da mutante que pode se transformar em um dragão futuramente? Resta ao público aguardar.