terça-feira , 24 dezembro , 2024

The Handmaid’s Tale – Antes da famosa Série existiu o filme cult, que completa 31 anos em 2021

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Sucesso absoluto na TV desde sua estreia em 2017, a série The Handmaid’s Tale: O Conto da Aia lançou recentemente sua quarta temporada, se preparando para exibir seu quinto episódio semanal e já tem garantido o quinto ano. Vitorioso nas mais diversas premiações e muito celebrado por seu conteúdo feminista à frente de seu tempo – olhando para o futuro a fim de comentar nosso presente sobre questões femininas e políticas -, a obra é baseada no livro da escritora canadense Margaret Atwood, uma sumidade em matéria de debater e fazer pensar causas das mulheres.

Atwood tem em seu acervo também o texto de Alias Grace, transformada numa série da Netflix, onde debate o passado. Handmaid’s Tale, é claro, fala sobre o futuro, e tem na plataforma Hulu a sua casa. No Brasil, como ainda somos privados deste streaming, O Conto da Aia (como é conhecido por aqui) é exibido no Paramount Channel e em seu próprio streaming, o Paramount+. Porém, a série estrelada pela talentosíssima Elisabeth Moss (O Homem Invisível) não é a primeira adaptação do texto mais famoso de Margaret Atwood. O que talvez muitos não saibam é que a primeira adaptação de The Handmaid’s Tale ocorreu nas telonas, num filme lançado em 1990.



Apesar de ter passado completamente abaixo dos radares, caindo rapidamente no esquecimento – em partes devido ao teor e a mentalidade da época -, a produção contou com nomes tarimbados tanto na frente quanto atrás das câmeras. No elenco, por exemplo, temos dois veteranos vencedores do Oscar e uma indicada, e um roteirista duas vezes indicado ao mesmo prêmio. Por essas e por outras, o filme foi aos poucos sendo redescoberto e tratado como obra cult com o passar dos anos. Em 2021, o longa completa 31 anos de lançamento, se tornando uma época mais do que especial para celebra-lo, se inteirando sobre a produção, ainda mais para os que forem fãs do seriado.

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Devido à sua importância e fervor, o livro foi tratado rapidamente como um clássico. Mas trata-se de um clássico moderno, tendo sido lançado em 1985. Logo no ano seguinte, a autora vendeu os direitos de adaptação para o cinema ao produtor Daniel Wilson (que voltaria a produzir o programa televisivo muitos anos depois). Em posse do material que julgava precioso, Wilson saiu de porta em porta dos grandes estúdios procurando alguém que decidisse apostar no produto. E nessa jornada permaneceu por dois anos e meio sem encontrar uma alma sequer decidida a investir na obra. Segundo o jornalista canadense Sheldon Teitelbaum, que escreveu sobre o desenvolvimento do projeto, tudo o que Wilson encontrou no período foi “uma parede de ignorância, hostilidade e indiferença”. Executivos dos estúdios destratavam a ideia, se referindo a ela como “um filme sobre e para mulheres, que teria sorte se fosse produzido direto para vídeo” – numa época em que tais produções eram, digamos, vistas como menores e pouco apreciadas.

Sem resultados ou um grande estúdio a fim de distribuir o filme, Wilson lançou o longa de forma independente, ao lado de outras produtoras menores, conseguindo de orçamento para a produção algo em torno de US$13 milhões. Para a época, esta era uma boa quantia, ainda mais se levarmos em conta que custou mais do que obras de grandes estúdios repletas de efeitos e astros, vide Convenção das Bruxas, O Ataque dos Vermes Malditos, o épico Hamlet (com Mel Gibson) e o filme de ação de Clint Eastwood, Rookie – Um Profissional do Perigo; todos lançados no mesmo ano.

Assim, entravam em cena o roteirista duas vezes indicado ao Oscar Harold Pinter (A Mulher do Tenente Francês e Traição), encarregado da adaptação, e o diretor alemão Volker Schlöndorff para o comando do filme. Na história passada no futuro de uma tirania religiosa distópica, muitas mulheres perderam a capacidade de gerar bebês. As jovens mulheres que ainda podem engravidar, terminam se tornando escravas sexuais a fim de gerar filhos para famílias influentes e poderosas.

Os maiores chamarizes no elenco são as presenças dos vencedores do Oscar Robert Duvall (O Poderoso Chefão) e Faye Dunaway (Chinatown), que interpretam um destes casais poderosos incapazes de gerar seus próprios filhos, Fred e Serena Joy (na série vividos por Joseph Fiennes e Yvonne Strahovski). Acreditando que sua personagem era muito fraca, nas palavras da mesma, a poderosa Oscarizada Dunaway chegou a desistir do projeto. Logo depois sendo convencida a voltar atrás ao receber uma ligação da criadora da história, a autora Margaret Atwood.

Quem protagoniza a história é a personagem Offred/June, que na série tem as formas de Elisabeth Moss. Ela é justamente a mulher designada contra a própria vontade a servir de portadora do filho da família citada, sendo usada pelo patriarca a seu bel prazer. Tal papel polêmico dentro de uma produção controversa foi inicialmente oferecido à vencedora do Oscar Jodie Foster, que o recusou e seguiu para O Silêncio dos Inocentes (1991) e sua segunda vitória no Oscar.

A personagem terminou nas mãos de outra veterana, a três vezes indicada ao Oscar Sigourney Weaver. A atriz havia sido escalada e estava participando do processo de pré-produção quando precisou desistir devido à sua gravidez na vida real. No lugar de Weaver foi escalada a britânica Natasha Richardson (esposa de Liam Neeson falecida em 2009 aos 45 anos, após um acidente de esqui). Completando o elenco, Elizabeth McGovern (indicada ao Oscar por Na Época do Ragtime, 1981) no papel de outra escrava do sistema totalitário, Moira.

A estreia do longa ocorreu na Alemanha no dia 15 de fevereiro de 1990, onde seguiu para o grande circuito nos EUA em 9 de março do mesmo ano. No Brasil, o filme recebeu o título A Decadência de uma Espécie (e O Declínio de uma Espécie em suas exibições na TV a cabo), que não deixa de ter seu valor bizarro, porém, não existem registros que tenha sido exibido em nossos cinemas, muito provavelmente amargurando um lançamento direto nas prateleiras de vídeo.

The Handmaid’s Tale – O Filme (ou A Decadência de uma Espécie) após tantas turbulências em sua trajetória inicial, numa época em que não estávamos preparados para esta história de um ponto de vista social, viveu para se tornar um grande fracasso financeiro – e esse é o motivo pelo qual muitos nunca ouviram falar do filme. Com o orçamento de US$13 milhões, o longa arrecadou apenas US$4.9 milhões totais, sequer conseguindo equivaler seu valor de produção. Porém, como o mundo dá voltas e nada nunca está totalmente perdido, quase trinta anos de espera foram o suficiente para o material ressurgir como ouro, finalmente fazendo valor seu valor precioso como uma das propriedades mais quentes, celebradas e especiais da cultura popular.

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Sucesso absoluto na TV desde sua estreia em 2017, a série The Handmaid’s Tale: O Conto da Aia lançou recentemente sua quarta temporada, se preparando para exibir seu quinto episódio semanal e já tem garantido o quinto ano. Vitorioso nas mais diversas premiações e muito celebrado por seu conteúdo feminista à frente de seu tempo – olhando para o futuro a fim de comentar nosso presente sobre questões femininas e políticas -, a obra é baseada no livro da escritora canadense Margaret Atwood, uma sumidade em matéria de debater e fazer pensar causas das mulheres.

Atwood tem em seu acervo também o texto de Alias Grace, transformada numa série da Netflix, onde debate o passado. Handmaid’s Tale, é claro, fala sobre o futuro, e tem na plataforma Hulu a sua casa. No Brasil, como ainda somos privados deste streaming, O Conto da Aia (como é conhecido por aqui) é exibido no Paramount Channel e em seu próprio streaming, o Paramount+. Porém, a série estrelada pela talentosíssima Elisabeth Moss (O Homem Invisível) não é a primeira adaptação do texto mais famoso de Margaret Atwood. O que talvez muitos não saibam é que a primeira adaptação de The Handmaid’s Tale ocorreu nas telonas, num filme lançado em 1990.

Apesar de ter passado completamente abaixo dos radares, caindo rapidamente no esquecimento – em partes devido ao teor e a mentalidade da época -, a produção contou com nomes tarimbados tanto na frente quanto atrás das câmeras. No elenco, por exemplo, temos dois veteranos vencedores do Oscar e uma indicada, e um roteirista duas vezes indicado ao mesmo prêmio. Por essas e por outras, o filme foi aos poucos sendo redescoberto e tratado como obra cult com o passar dos anos. Em 2021, o longa completa 31 anos de lançamento, se tornando uma época mais do que especial para celebra-lo, se inteirando sobre a produção, ainda mais para os que forem fãs do seriado.

Devido à sua importância e fervor, o livro foi tratado rapidamente como um clássico. Mas trata-se de um clássico moderno, tendo sido lançado em 1985. Logo no ano seguinte, a autora vendeu os direitos de adaptação para o cinema ao produtor Daniel Wilson (que voltaria a produzir o programa televisivo muitos anos depois). Em posse do material que julgava precioso, Wilson saiu de porta em porta dos grandes estúdios procurando alguém que decidisse apostar no produto. E nessa jornada permaneceu por dois anos e meio sem encontrar uma alma sequer decidida a investir na obra. Segundo o jornalista canadense Sheldon Teitelbaum, que escreveu sobre o desenvolvimento do projeto, tudo o que Wilson encontrou no período foi “uma parede de ignorância, hostilidade e indiferença”. Executivos dos estúdios destratavam a ideia, se referindo a ela como “um filme sobre e para mulheres, que teria sorte se fosse produzido direto para vídeo” – numa época em que tais produções eram, digamos, vistas como menores e pouco apreciadas.

Sem resultados ou um grande estúdio a fim de distribuir o filme, Wilson lançou o longa de forma independente, ao lado de outras produtoras menores, conseguindo de orçamento para a produção algo em torno de US$13 milhões. Para a época, esta era uma boa quantia, ainda mais se levarmos em conta que custou mais do que obras de grandes estúdios repletas de efeitos e astros, vide Convenção das Bruxas, O Ataque dos Vermes Malditos, o épico Hamlet (com Mel Gibson) e o filme de ação de Clint Eastwood, Rookie – Um Profissional do Perigo; todos lançados no mesmo ano.

Assim, entravam em cena o roteirista duas vezes indicado ao Oscar Harold Pinter (A Mulher do Tenente Francês e Traição), encarregado da adaptação, e o diretor alemão Volker Schlöndorff para o comando do filme. Na história passada no futuro de uma tirania religiosa distópica, muitas mulheres perderam a capacidade de gerar bebês. As jovens mulheres que ainda podem engravidar, terminam se tornando escravas sexuais a fim de gerar filhos para famílias influentes e poderosas.

Os maiores chamarizes no elenco são as presenças dos vencedores do Oscar Robert Duvall (O Poderoso Chefão) e Faye Dunaway (Chinatown), que interpretam um destes casais poderosos incapazes de gerar seus próprios filhos, Fred e Serena Joy (na série vividos por Joseph Fiennes e Yvonne Strahovski). Acreditando que sua personagem era muito fraca, nas palavras da mesma, a poderosa Oscarizada Dunaway chegou a desistir do projeto. Logo depois sendo convencida a voltar atrás ao receber uma ligação da criadora da história, a autora Margaret Atwood.

Quem protagoniza a história é a personagem Offred/June, que na série tem as formas de Elisabeth Moss. Ela é justamente a mulher designada contra a própria vontade a servir de portadora do filho da família citada, sendo usada pelo patriarca a seu bel prazer. Tal papel polêmico dentro de uma produção controversa foi inicialmente oferecido à vencedora do Oscar Jodie Foster, que o recusou e seguiu para O Silêncio dos Inocentes (1991) e sua segunda vitória no Oscar.

A personagem terminou nas mãos de outra veterana, a três vezes indicada ao Oscar Sigourney Weaver. A atriz havia sido escalada e estava participando do processo de pré-produção quando precisou desistir devido à sua gravidez na vida real. No lugar de Weaver foi escalada a britânica Natasha Richardson (esposa de Liam Neeson falecida em 2009 aos 45 anos, após um acidente de esqui). Completando o elenco, Elizabeth McGovern (indicada ao Oscar por Na Época do Ragtime, 1981) no papel de outra escrava do sistema totalitário, Moira.

A estreia do longa ocorreu na Alemanha no dia 15 de fevereiro de 1990, onde seguiu para o grande circuito nos EUA em 9 de março do mesmo ano. No Brasil, o filme recebeu o título A Decadência de uma Espécie (e O Declínio de uma Espécie em suas exibições na TV a cabo), que não deixa de ter seu valor bizarro, porém, não existem registros que tenha sido exibido em nossos cinemas, muito provavelmente amargurando um lançamento direto nas prateleiras de vídeo.

The Handmaid’s Tale – O Filme (ou A Decadência de uma Espécie) após tantas turbulências em sua trajetória inicial, numa época em que não estávamos preparados para esta história de um ponto de vista social, viveu para se tornar um grande fracasso financeiro – e esse é o motivo pelo qual muitos nunca ouviram falar do filme. Com o orçamento de US$13 milhões, o longa arrecadou apenas US$4.9 milhões totais, sequer conseguindo equivaler seu valor de produção. Porém, como o mundo dá voltas e nada nunca está totalmente perdido, quase trinta anos de espera foram o suficiente para o material ressurgir como ouro, finalmente fazendo valor seu valor precioso como uma das propriedades mais quentes, celebradas e especiais da cultura popular.

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