Extraterrestres sempre fizeram parte da cultura pop, mas não apenas em filmes e séries como também em diversos documentários. O mais recente chegou à Netflix causando furor e atraindo bastante atenção pelos créditos que incluem a participação de estudiosos e testemunhas acerca da questão clássica “Estamos sozinhos no Universo?”
O documentário “Top Secret: UFO”, dividido em seis episódios, já começa mergulhando no pós-guerra, nos testes nucleares que se seguiram ao trágico fim de Hiroshima e Nagasaki. A partir daí, o narrador nos conduz aos projetos do governo que investigam tais fenômenos desde que o piloto Kenneth Arnold cunhou o termo “disco voador” em Junho de 1947. Seguindo pelo incidente de Roswell, em que supostamente um disco voador foi capturado, e pelo Projeto Livro Azul, iniciado em 1952, o documentário da Netflix fundamenta sua credibilidade através dos diversos depoimentos e imagens de época, editadas com encenações modernas, que procuram recriar os diversos relatos de avistamentos e contatos com seres de outro planeta.
Entre os depoimentos em tela está o nome de Paul Hynek, filho do lendário Professor J. Allen Hynek (1910-1986), autoridade da comunidade científica que participou de vários estudos sobre fenômenos ufológicos, incluindo o Projeto Livro Azul. Apesar de sugerir a revelação de provas confidenciais, o documentário segue o mesmo caminho de outras produções do gênero, ou seja, não consegue extinguir o ceticismo que cerca o assunto. Sua habilidosa edição, no entanto, consegue ser eficiente em fazer os questionamentos que despertam a curiosidade à medida que fala de teorias conspiratórias e manipulação da informação que remetem aos episódios de “Arquivos X”, ou a recente produção do History Channel “Project Blue Book”, que entre 2019 e 2020, dramatizou o trabalho do Professor Hynek.
Não é a primeira vez que a Netflix investe no assunto, como foi visto em “A Vida em Outros Planetas” (Alien Worlds), série documental britânica em 4 episódios. A atual série criada por Petr Vachler e Jan Stehlik, contudo, conquista a atenção com seu tom pseudo-autêntico, mesmo sem fugir do sensacionalismo. Nos faz, inclusive, lembrar de que Hollywood já explorou a ufologia como ferramenta narrativa em filmes como “A Chegada” (The Arrival) de 2016, “Contato” (Contact) de 1997, que adaptava a conceituada obra homônima de Carl Sagan, ou o clássico “Contatos Imediatos do 3º Grau” (Close Encounters of the Third Kind) de 1977, dirigido por Steven Spielberg, que contou com a colaboração do próprio Professor J. Allen Hynek.
Ao longo dos 6 episódios, “Top Secret UFO” envereda pelos segredos não apenas dos americanos, como também dos soviéticos, ambos acobertando e investigando sobre o assunto ao longo das décadas. Outros tópicos tratados nos episódios falam do avanço da ciência relacionado a pesquisas governamentais com tecnologia alienígena, supostas autópsias documentadas e hackeadas, além de teorias de que não só somos visitados por seres extraterrestres, como também observados atentamente há tempos. As idas e vindas nos relatos incluem recentes incidentes como das naves tic-tac avistadas em 2004, caso investigado mas sem que tivesse um resultado conclusivo. Fenômenos aéreos, ilusões de ótica, histeria coletiva ou evidência de que há visitantes de outros mundos, tudo valida uma discussão.
Os vários testemunhos apresentados são convincentes ao procurar sustentar os sinais e evidências de que a vida não está restrita à Terra, que a raça humana não pode ser considerada como único reduto de inteligência na imensidão do infinito.
Dessa forma, a série criada por Petr Vachler desperta no mínimo uma forte curiosidade que fará aumentar o número de crentes e céticos. Duas certezas ao menos são incontestáveis ao fim dos episódios: A de que a nova série de Petr Vachler “The Meaning and Mystery of Life”, preparada para 2022, despertará novas questões; e a de que o assunto, longe de ser concluído continua a indicar uma verdade que ainda aguarda para ser revelada, a de que afinal não estamos sozinhos.