Todo mundo adora uma treta, e o CinePOP resolveu trazer à tona este lado feio de Hollywood, que muitos preferiam esquecer. Vamos conhecer algumas das brigas mais emblemáticas nos sets de filmagens.
Mad Max: Estrada da Fúria (2015)
Quem olha o sucesso que Estrada da Fúria fez, entre críticos e o grande público (recebendo inclusive uma indicação ao Oscar na categoria principal de melhor filme), não imagina o quanto suas filmagens foram conturbadas. As três maiores forças, responsáveis pelo sucesso do longa, entraram em colisão durante as gravações: Charlize Theron, Tom Hardy e o veterano diretor George Miller, mostrando que a guerra de egos nos bastidores de filmagem podem ser cruéis até mesmo para artistas do porte do cineasta.
O problema principal era Tom Hardy, tido como um ator de temperamento difícil. Theron e Miller vieram a público afirmar que não se deram bem com o ator, o que prejudicou bastante a produção do quarto filme da franquia. Os ânimos estavam quentes entre Theron e Hardy e, durante uma cena de luta, a atriz acidentalmente ou não quebrou o nariz do protagonista com uma cotovelada. Fora isso, ambos Hardy e Theron não compreendiam a visão de Miller e por vezes se sentiam perdidos nas filmagens, sem saber inclusive qual era a motivação de seus personagens durante certas cenas. Como diziam, tudo o que conseguiam ver era o deserto. Uma vez pronto, o filme foi exibido e a dupla finalmente pôde conceber a visão do diretor. Hardy se desculpou publicamente durante a coletiva do filme no prestigiado festival de Cannes.
Batman Eternamente (1995)
O terceiro longa-metragem do Homem Morcego no cinema foi provavelmente o que teve o set mais problemático, isso contando o fiasco que viria a seguir: Batman & Robin. Acontece que Val Kilmer é notoriamente um ator quase intratável e fez da vida do diretor Joel Schumacher um inferno. Tanto que o diretor afirmou que nunca mais iria trabalhar com o ator, a quem chamou de infantil, dizendo que ao invés de resolverem suas diferenças, Kilmer optava por passar dias a fio sem se dirigir ao cineasta.
Os problemas de bastidores em Eternamente não se resumiam ao protagonista e o diretor, já que a “chapa esquentou” entre os intérpretes dos vilões também. Segundo o próprio Jim Carrey (que roubou a cena no filme, devido a sua popularidade na época, na pele de Charada), ele e Tommy Lee Jones não se deram bem. Carrey se pronunciou dizendo que o carrancudo ator (que deu vida ao afetado Duas Caras) deixou bem claro que não gostava de Carrey e de seus filmes, simplesmente se pronunciando desta exata forma ao próprio. Isso é que é uma recepção fria.
Blade: Trinity (2004)
Outro filme de super-herói, outra produção problemática. Aqui, o estresse todo se deu por causa do astro Wesley Snipes, que estava passando por um surto mental. Segundo relatos do ator Patton Oswalt, que viveu Hedges no filme, confirmados por Ryan Reynolds (Hannibal King no filme), Snipes se recusava a interagir com o elenco e membros da equipe, passando a maior parte do tempo trancado em seu trailer fumando maconha. O protagonista também exigia ser chamado de ‘Blade’ e, segundo o próprio, ao quebrar o silêncio com Reynolds apenas proferiu a sentença: “Mantenha a boca calada, você viverá mais assim”. Não sei o que vocês acham, mas soou como uma baita ameaça.
Obviamente, o nível de desentendimento maior ocorria entre o astro e o diretor do longa, David S. Goyer, que tinha a maioria das ideias vetadas, ou pelo estúdio, ou pelo próprio Snipes. De acordo com o próprio Goyer, durante uma das muitas discussões acaloradas, o ator teria perdido a compostura e esganado o cineasta. Fora isso, uma das gafes homéricas envolvendo Blade: Trinity se deu em sua campanha de divulgação, quando um comercial do filme foi veiculado na TV e precisou ser recolhido no mesmo dia. O motivo? Jessica Biel, estrela feminina do longa, foi creditada como a xará Jessica Alba. Após tudo isso, Wesley Snipes atualmente considera o filme águas passadas e já exprimiu o desejo de voltar a interpretar o personagem, agora já nas mãos da Disney / Marvel.
Adoro Problemas (1994)
Não se chega ao topo sem quebrar alguns ovos, ou fazer alguns inimigos. E foi exatamente este o caminho da musa Julia Roberts, considerada uma das maiores estrelas de Hollywood ainda em atividade. Em meados da década de 1990, Roberts estava aos poucos perdendo seu starpower (ou poder de estrela), e aqui, neste filme, pode ser onde tudo saiu dos trilhos.
Roberts não se deu com o colega de cena e par romântico Nick Nolte, a quem acusava constantemente de ser um machista desprezível. As trocas de ofensas e farpas eram constantes, já que Julia também é (ou ao menos era) uma conhecida estrela problemática – durante as filmagens de Hook: A Volta do Capitão Gancho (1991), a equipe e o diretor Steven Spielberg a apelidaram de “Tinkerhell” (uma alusão a sua personagem Tinkerbell e a palavra hell, inferno) e suas cenas precisaram ser reduzidas. Aqui, quanto mais o comportamento machista de Nolte a incomodava, mais o ator fazia questão de enfatizá-lo. No final, a maioria das cenas da dupla precisou ser rodada de forma separada e quando o momento exigia os dois em cena, foram usados dublês. Roberts só recuperaria o prestígio em 1997, com O Casamento do Meu Melhor Amigo.
Os Mercenários 3 (2014)
Os bastidores de uma produção conturbada podem inclusive acabar com amizades de décadas. Foi o que aconteceu em Os Mercenários 3, terceira parte da aventura criadas por Sylvester Stallone. Apesar do terceiro filme exibir as presenças de atores notoriamente problemáticos como Mel Gibson, Harrison Ford e Wesley Snipes, a “treta” rolou entre Sly e seu grande amigo Bruce Willis. O motivo: dinheiro. Segundo relatado, Willis ganharia US$3 milhões por quatro dias de filmagens. Mas o eterno Duro de Matar não se deu por satisfeito, e exigiu US$4 milhões, ou seja, US$1 milhão por dia de filmagem (pois é, tem algo de muito errado com mundo).
Stallone e os produtores se recusaram e Willis pulou fora do projeto, apesar de ter aparecido previamente nos dois filmes anteriores. Às pressas foi chamado Harrison Ford para viver um papel similar. Numa cena, o protagonista pergunta pelo personagem de Willis, ao que Ford retruca: “He´s out of the Picture”, ou “Ele está fora de cena”. A coisa não parou por aí, e Sly veio a público alfinetar Willis antes do lançamento do longa, com frases nas redes sociais do tipo: “ambicioso e preguiçoso, uma receita para o fracasso”. Willis é um conhecido encrenqueiro de bastidores, segundo afirma o diretor Kevin Smith, por exemplo, e recentemente foi retirado da produção de Woody Allen, Café Society, no qual viveria o personagem que ficou com Steve Carell.
A Cartada Final (2001)
Outro astro historicamente problemático, talvez o maior deles, é Marlon Brando. Ao longo de sua carreira, em filmes como A Condessa de Hong Kong (1967), Último Tango em Paris (1972) e Apocalypse Now (1979), só para citar alguns, o comportamento errático do astro se tornou notório. No entanto, esperava-se que o ator aprendesse com os erros e se comportasse bem, ao menos na velhice. Ledo engano, afinal, como já diziam os poetas do grupo de Axé, É o Tchan, “Pau que nasce torto nunca se endireita”.
Aqui, em A Cartada Final, seu último filme, Marlon Brando seguiu se comportando de forma polêmica. O atrito foi entre o astro e o veterano diretor Frank Oz, que além de cineasta, ficou famoso ao ceder a voz para bonecos clássicos, como o Yoda, de Star Wars, e a Miss Piggy, dos Muppets. O estresse atingiu o ápice e Brando começou a se referir a Oz apenas pelo nome da porquinha dos Muppets. Depois, precisou ser dirigido pelo colega de cena Robert De Niro, que tentava jogar panos quentes, já que foi a seu pedido que Brando entrou neste elenco. Será que foi aqui que Edward Norton, outro notório “estrelinha” intratável, aprendeu a se comportar de tal forma?
Corações de Ferro (2014)
Naturalmente, um filme de guerra precisa ser tenso e seus bastidores podem contribuir muito para isso. Foi exatamente o que ocorreu durante as filmagens deste longa do mesmo diretor de Esquadrão Suicida, David Ayer. Na trama, um grupo de soldados fica restrito a um tanque de guerra, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi reportado que para manter o nível de tensão nas alturas, os atores todo dia antes das filmagens lutavam entre si. Também foi dito que a maioria tinha medo de Jon Bernthal, pugilista de verdade no passado.
Além disso, Shia LaBeouf, jovem ator que atrai problemas, estava no auge da “surtação”, fazendo cicatrizes reais na pele e arrancando os próprios dentes, a fim de criar maior veracidade para seu personagem. O arranca-rabo, no entanto, quase ocorreu com o filho da lenda Clint Eastwood, Scott Eastwood, um novato em início de carreira. Tudo porque o Eastwood Junior começou a cuspir tabaco no tanque repetidamente, fato que começou a irritar tanto Brad Pitt quanto Shia LaBeouf. As coisas começaram a esquentar entre os três, com Pitt e LaBeouf considerando o ato de Eastwood desrespeitoso. Somente depois os atores foram notificados que estas eram as instruções do novato para a cena.
Três Reis (1999)
Ainda no território dos filmes de guerra, o tempo fechou entre George Clooney e o diretor David O. Russell. O cineasta voltou ao lado certo da linha, fazendo as pazes com o sucesso de maneira renovada após O Vencedor (2010). Daí seguiram O Lado Bom da Vida (2012), Trapaça (2013) e Joy: O Nome do Sucesso (2015), todos aclamados pela crítica e com indicações a prêmios. No entanto, o dia no sol de Russell quase esteve extinto antes disso, mostrando uma das maiores redenções do cinema em anos recentes.
A fama destemperada do diretor o precedia, e a briga homérica no set de Huckabees: A Vida é uma Comédia (2004) se tornou notória, após os vídeos com as explosões de comportamento do cineasta vazarem na internet. O maior alvo da fúria de Russell então era a veterana Lily Tomlin, outra persona difícil, constrangendo com berros e palavrões atores do calibre de Dustin Hoffman, Isabelle Huppert e Jason Schwartzman, presentes nas gravações durante os disparates. Antes disso, em Três Reis (1999), Russell viu em George Clooney um desafeto muito mais do que um aliado, atrás das câmeras. Primeiro, porque Russell não queria o ator no filme, e só o aceitou porque suas outras opções estavam indisponíveis. Por sua vez, Clooney não gostou nada da forma como o diretor tratava figurantes e membros da equipe, chamando constantemente sua atenção. O ápice veio e os dois saíram no braço. Apesar de terem jurado jamais trabalhar juntos novamente, Clooney reconhece o talento do diretor. Bem, ele fez maravilhas para a carreira de Jennifer Lawrence.
Instinto Selvagem (1992)
Sharon Stone, então uma atriz em vias de deslanchar em sua carreira, também não era a primeira opção do cineasta holandês Paul Verhoeven. Conhecido pelo teor polêmico e sexual de suas películas, Verhoeven se aventurava em sua produção mais ousada, na qual o sexo era a palavra de ordem. O astro Michael Douglas topou participar do projeto, já que temia que filmes assim perdessem de vez o lugar em Hollywood devido ao pavor da Aids que dominava o mundo na época. Assim sendo, tudo estava no lugar para um dos filmes mais eróticos de que se tinha notícia, que viria a chocar e marcar seu lugar na história do cinema.
Douglas e Sharon Stone realizaram todas as ousadas cenas tórridas sem o uso de dublês. Mas foi quando a atriz realizou a infame cena da cruzada de pernas, num momento fora da cama, que o bicho realmente pegou entre ela e o diretor da obra. Segundo Stone, o cineasta pediu para que ela tirasse a calcinha, pois estava refletindo na câmera e atrapalhando a cena. A ingênua atriz atendeu o pedido, nunca em um milhão de anos imaginando que a mente fértil de Verhoeven estava a muitos passos na frente. Foi só durante a premiere do longa, que miss Stone pode conferir como ficou a cena e notar que o artista havia dado um baita close em sua genitália. Resultado, um safanão da atriz no rosto do diretor, e depois o perdão com a repercussão positiva do filme. Segundo Verhoeven, a atriz sabia do combinado e havia concordado, dando para trás por ter ficado envergonhada depois. Ano passado, o cineasta se debulhou em elogios para sua protagonista Isabelle Huppert no igualmente polêmico Elle.
Ilha do Doutor Moreau (1996)
O último item desta lista reúne dois notórios meninos-problema. Trata-se de Marlon Brando e Val Kilmer, que tiveram que ser controlados pelo pobre veterano John Frankenheimer (falecido em 2002). De forma surpreendente, Kilmer causou mais mal estar do que o icônico Brando, cuja peculiaridade no set se deu apenas por usar um ponto eletrônico no ouvido para as falas, já que sua dificuldade para decorar os textos era notória. Segundo o ator David Thewlis, o verdadeiro protagonista do filme, Brando captou até mesmo sinais de rádio da polícia com sua escuta nas filmagens.
Kilmer, por outro lado, aceitou participar do longa pelo sonho de contracenar com o ídolo Brando, a quem pode imitar durante algumas cenas, e depois reprisar a imitação no recente Virgínia (2012), de Francis Ford Coppola. Segundo relatos, Kilmer foi um verdadeiro pesadelo durante as gravações e sempre que terminava o trabalho, os envolvidos agradeciam a Deus. Segundo envolvidos na produção, no último dia de filmagens, ao terminar sua participação, o diretor Frankenheimer proferiu as seguintes palavras: “ótimo, agora tirem este bastardo do meu set”. Amor assim precisa ser conquistado.
E vocês, conhecem alguma briga de bastidores em Hollywood que queiram nos contar? Deixe nos comentários abaixo. =)