UMA TRAMA INTRINCADA, MAS COM ÓTIMOS ATORES, NOS PEDE UM GRANDE SALTO DE FÉ
“Nunca confie nos truques de um ilusionista. Ele te mostra uma distração, para esconder o que não quer que veja: O verdadeiro truque”. Essa frase dita por Thaddeus Bradley, personagem do grande Morgan Freeman, serve como ideia central para todo o roteiro do novo Truque de Mestre, blockbuster da produtora Summit Entertainment (mesma casa do mega sucesso A Saga Crepúsculo).
2013 se mostrou o ano dos mágicos no cinema de Hollywood, e o tema dos artistas performáticos esteve em voga, abrangendo desde sucessos como Oz: Mágico e Poderoso até fracassos como O Incrível Burt Wonderstone. Aqui, quatro talentosos ilusionistas são recrutados por uma figura misteriosa, para que se unam e comecem a se apresentar nos palcos de Las Vegas sob a alcunha de “Os Quatro Cavaleiros”. E eles fazem exatamente isso.
Daniel Atlas (Jesse Einsenberg, de Para Roma, Com Amor) é um grande ilusionista, um jovem egocêntrico que visa seu status e projeção pessoal. Merritt McKinney (Woody Harrelson, de Sete Psicopatas e um Shih Tzu) é um forte hipnotizador, que pensa apenas no lucro financeiro. Henley Reeves (Isla Fisher, de O Grande Gatsby) é uma artista da fuga, assim como Houdini. E Jack Wilder (Dave Franco, de Meu Namorado é um Zumbi) é um jovem mágico de rua iniciante.
Os quatro então combinam seus talentos e suas especialidades para dar um grande e impressionante show. Acontece que logo de cara, seu primeiro ato inclui o assalto a um banco na França. O fato chama a atenção de agentes do FBI, encabeçados pelo detetive Dylan Rhodes, vivido por Mark Ruffalo (Os Vingadores). Para piorar a situação do azarado oficial, uma agente francesa da Interpol chega para lhe ajudar no caso, papel da bela Mélanie Laurent (Toda Forma de Amor).
Entra em cena também o milionário vivido pelo veterano Michael Caine (O Cavaleiro das Trevas Ressurge), que aparentemente banca o espetáculo dos artistas performáticos. Por esse anúncio já deu para perceber que um dos pontos mais fortes de Truque de Mestre é seu elenco impecável. Sem querer, ou talvez querendo, o filme reúne atores de outras obras adoradas. Como os veteranos Michael Caine e Morgan Freeman, vistos juntos na trilogia do Cavaleiro das Trevas, de Christoper Nolan.
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Ver os dois juntos em cena novamente causa mais adrenalina do que qualquer perseguição no filme, claro que a cena escrita para os dois na qual trocam ameaças é boa e ajuda. Woody Harrelson e Jesse Eisenberg do Cult instantâneo, Zumbilândia, também voltam a compartilhar as telas. As cenas são boas, os diálogos satisfatórios, e as atuações nem precisa dizer. Com a escalação de um elenco desses, o diretor Louis Leterrier tira a sorte grande, e entrega, meio que sem querer, seu melhor filme até hoje.
Sua filmografia inclui Carga Explosiva 2 e Fúria de Titãs, fato que tira um pouco o mérito do novo trabalho. O maior problema de Truque de Mestre é mesmo seu roteiro, que embora corretinho, faz exatamente o citado nas primeiras frases desse texto: procura nos ludibriar para que desviemos a atenção de uma trama confusa e sem sentido. Os esquemas mirabolantes confeccionados pelo quarteto por mais surreais e incríveis, podem ser perdoados em favor dessa ser uma produção pipoca de entretenimento.
Porém, o desfecho com a reviravolta final abusa de nossa credulidade mesmo para uma obra dessas. Não é justo crucificar um blockbuster por seu fim, e por mais que muitos não engulam o clímax da revelação, é seguro dizer que Truque de Mestre é um filme que prende na cadeira.