Adaptação do clássico livro de terror teve sequência
Dentre a extensa bibliografia de Stephen King, uma das obras mais populares e referenciadas é O Cemitério Maldito publicada em 1983. A linha narrativa base segue a família Creed, recém chegada à sua nova casa; não demora até que um vizinho lhes conte uma lenda da região sobre um local especial que supostamente devolve a vida a qualquer um que ali seja enterrado. Esse é o combustível inicial para a rotina da família degringolar enquanto uma série de tragédias se abatem sobre todos.
Um dos elementos mais elogiados sobre o enredo desde o seu lançamento é o drama da família Creed em si. Essa sempre foi uma característica a qual King se destacou ao longo da carreira, ele entende que o terror real é aquele nascido de um medo bem fundamentado dos personagens e esse temor só pode ser realmente amplificado se ele for bem estabelecido e desenvolvido ao longo das páginas.
Dessa maneira a história em O Cemitério segue sempre em um crescente ao apresentar, inicialmente, o elemento místico e suas problemáticas para só então ir mostrando como ele vai afetando cada um dos membros da família até seu clímax; este sendo inesperadamente mórbido até para os padrões do autor que tende a terminar suas histórias com certa dose de esperança.
Enfim, o sucesso do livro garantiu uma adaptação para cinema em 1989 intitulada Cemitério Maldito. Com direção de Mary Lambert (que vinha com um certo hype pelo seu então trabalho mais recente, Siesta, em 1987) o filme tinha como missão condensar as mais de quatrocentas páginas do romance em uma obra com até duas horas de duração. O que se teve foi uma produção que divide fãs até a atualidade, com alguns defendendo que o filme é um clássico cult do terror enquanto outros citam que muitos dos dramas pessoais do livro foram deixados de lado para privilegiar as criaturas malignas nascidas no terreno amaldiçoado.
Financeiramente o filme conseguiu se pagar, segundo o IMDB seu orçamento estava avaliado em US$ 11.500.000 e, de acordo com o portal Box Office Mojo, sua bilheteria foi de pouco mais de US$ 57 milhões. Além disso, o fato dele ter sido uma produção relativamente barata foi um incentivo para que a Paramount investisse em uma sequência. A problemática, no entanto, seria que agora não havia mais um material prévio para servir de inspiração.
A cineasta Mary Lambert confirmou seu retorno à cadeira de comando e já com uma história em mente; a nova protagonista seria a filha da família Creed que sobrevivera aos incidentes do filme anterior e, à altura da sequência, seria uma adolescente. Entretanto, a ideia foi rejeitada pelo estúdio que temia uma baixa procura do público caso o protagonismo fosse de uma adolescente.
Para o roteiro foi contratado Richard Outten que em 1992 não tinha experiências com produções de terror, porém sua contratação redefiniu muito dos rumos que a produção viria a tomar, como no caso do protagonista. Uma vez descartada a ideia de uma jovem atriz, a atenção geral se voltou para o principal nome jovem daquele ano: Edward Furlong.
O ator mirim tinha conquistado fama mundial ainda no ano anterior ao interpretar a versão jovem de John Connor no aclamado O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, logo seu nome era aquele que o projeto necessitava para não só chamar a atenção do público como captar recursos.
Outro elemento que ficou bastante marcado e impulsionou muito da fama do filme anterior também retornou para a sequência, esse sendo a participação da banda Ramones na composição musical. Se anteriormente eles conceberam a famosa Pet Sematary dessa vez sua canção Poison Heart integrou a trilha musical da continuação, ainda que não tenha sido elaborada exclusivamente para o filme.
A trama estabelecida segue a mesma linha do original, com uma família se mudando para o Maine e lá eventualmente eles estabelecem um contato com o temível cemitério amaldiçoado. Sem apresentar elementos diretamente ligados ao predecessor, com exceção do mencionado terreno, a obra recebeu muitas críticas por não se propor a ser mais do que apenas uma reimaginação do livro de King utilizando personagens novos.
Seu orçamento foi ainda menor do que os onze milhões gastos anteriormente, ficando na margem dos US$ 8 milhões. Já seu lucro foi de pouco mais de US$ 17 milhões o que pode ser considerado um fracasso pelos gastos previstos com marketing que vão além do orçamento mencionado. Vale lembrar que Stephen King não teve qualquer participação na produção, nem mesmo como consultor, e que pelo roteiro ser original não houve sequer menção a ele nos créditos.
Cemitério Maldito 2 é o tipo de filme que, hoje, pode ser considerado enterrado e esquecido. Ao contrário do original de 1989, que possui uma base de fãs própria e constantemente é referenciado, o mesmo não pode ser dito do segundo capítulo. Quaisquer ideias relacionadas ao livro O Cemitério ficariam guardadas até 2019, quando um remake seria lançado com recepção bastante fria por parte de público e crítica.
Mais recentemente foi noticiado que uma prequel estaria sendo planejada pela Paramount Plus como uma produção original. Porém, após a contratação da diretora Lindsay Beer especula-se que a ideia de uma prequela tenha sido descartada de vez, não havendo mais informações se esse vai ser um novo remake do livro de King; uma sequência para a versão de 2019 ou um derivado daquele universo.