O editor-chefe Renato Marafon traz um vídeo com os 14 Melhores Filmes de Terror de 2023.
A maioria já foi lançada no Brasil, com exceção do nosso primeiro lugar, o filme mais aterrorizante do ano que pude assistir no Fantastic Fest, festival de filmes de terror que acontece em Austin, Texas.
Assista:
14) Skinamarink – Canção de Ninar
Vendido com o marketing de ser “o filme mais assustador de todos os tempos”, assim como vira e mexe algum cara-de-pau tenta fazer, esse longa é na verdade um projeto experimental escrito e dirigido por Kyle Edward Ball, que tem despertado amor e ódio dos fãs. Quem gosta, consegue ver nas imagens estáticas e no clima perturbador do filme seus próprios medos. E a outra parte do público o acusa de ser um filme onde nada verdadeiramente acontece, e tudo o que vemos são duas crianças presas em casa num longa sem diálogos que promete testar a paciência do espectador. Essa foi mais uma produção que se beneficiou do boca a boca após ter “vazado” online.
13) Batem à Porta
O que seria de uma lista de filmes de terror sem um exemplar de M. Night Shyamalan em um ano em que o diretor lançou um projeto badalado? O cineasta é conhecido por criar suas próprias tramas de terror e suspense, mas essa aqui, sobre um grupo de fanáticos religiosos anunciando o fim do mundo, e sequestrando uma família em sua cabana na floresta a fim que façam a escolha mais aterrorizante de suas vidas, é baseada no livro de Paul Tremblay.
12) Infinity Pool
Aqui temos um filme independente e bastante fora da caixinha, que não será recomendado para todos os gostos, por sua qualidade, digamos, diferente. Escrito e dirigido por Brandon Cronenberg, filho de David Cronenberg. O cineasta filho de peixe coleciona trabalhos bizarros e que seguem um pouco a linha dos filmes iniciais de seu progenitor. Na filmografia do filho, longas como ‘Antiviral’ (2012) e ‘Possessor’ (2020), para termos ideia do que esperar nessa trama sobre um casal passando férias num resort e descobrindo um sórdido submundo no local, tudo passado num futuro não muito distante.
11) M3GAN
O calibre do projeto não poderia ser mais pomposo: a história foi gerada na cabecinha doentia e genial de James Wan, o criador de ‘Invocação do Mal‘ e ‘Jogos Mortais‘, e produzida por Jason Blum – o mestre da quase sempre ótima Blumhouse.
O filme é divertidíssimo. Quem espera assistir um terror com cenas gore pode se decepcionar. ‘M3GAN‘ é um “terrir” estilão sessão da tarde, que acerta em cheio ao aprofundar o dilema das protagonistas antes de deixar a bonequinha em pane brilhar… ou melhor, matar.
A trama acompanha Gemma (Allison Williams), uma brilhante roboticista de uma empresa de brinquedos que usa inteligência artificial para desenvolver uma boneca realista programada para ser a maior companheira de uma criança e a maior aliada dos pais. Quando Cady (Violet McGraw), sua sobrinha órfã, vai morar com ela, Gemma pega um protótipo da boneca para testar e as consequências são aterrorizantes.
‘M3GAN‘ é um ótimo suspense, que levanta alguns tópicos interessante sobre IA e como os pais modernos enchem os filhos de gadgets para não terem que lidar com eles. O filme não se aprofunda muito nessas discussões, mas ele cumpre o que se propõe a fazer: entreter e divertir. E ele faz isso deliciosamente bem.
10) Boogeyman: Seu Medo é Real
Sadie (Sophie Tatcher, de ‘Yellowjackets’) e Sawyer (Vivien Lyra Blair, a jovem Princesa Leia de ‘Obi-Wan Kenobi’) perderam a mãe há pouco mais de um mês. Elas tentam voltar à rotina, retornando às aulas na escola, mas está difícil, especialmente porque o pai Will (Chris Messina) não quer se abrir com elas sobre o ocorrido, deixando especialmente Sadie, a mais velha, sozinha para lidar com toda a situação. Certo dia o pai, que é psicólogo e tem um escritório dentro de casa, recebe uma visita bizarra de um homem chamado Lester (David Dastmalchian), que alega não ter matado os próprios filhos e que uma espécie de assombração, a quem dá o nome de Bicho-Papão, o está atormentando. Quando uma tragédia ocorre dentro da casa desta família, algo sinistro começa a assustar as duas irmãs, especialmente à noite, quando as luzes estão apagadas. Agora elas precisam convencer o pai que é verdade o que dizem e precisam também sobreviver, afinal, a criatura parece querer matá-las.
‘Boogeyman: Seu Medo é Real’ tem uma boa premissa e alguns jumpscares bastante eficientes, mas as quase uma hora e cinquenta de filme não entregam cenas realmente macabras. São poucos os momentos em que realmente vemos o tal Bicho-Papão – aliás, se esse tivesse sido este o título na versão brasileira talvez atraísse melhor o público, deixando mais evidente do que se trata a trama.
09) Oferenda ao Demônio
Quando falamos de filmes de terror com foco em possessão demoníaca, quase sempre o enredo aborda uma trama que perpassa pelo viés católico, mostrando o quanto padres (e, mais recentemente, freiras) enfrentam suas batalhas, pessoais e comunitárias, para salvar as almas tomadas pelas criaturas do submundo. Apesar de ser bem mais comum ver esse tipo de narrativa no cinema, ela não é a única no gênero do terror, por isso, é sempre uma boa satisfação ver outros tipos de história chegarem ao grande público, trazendo diversidade a um gênero que precisa constantemente se inovar. É o caso do longa ‘Oferenda ao Demônio’, terror judaico que está disponível no Amazon Prime Video.
Com uma hora e quarenta de duração, ‘Oferenda ao Demônio’ é uma boa surpresa. A história poderia ter sido tranquilamente feita com um pano de fundo católico, entretanto, ao optar por ter como argumento a religião judaica, a história de Jonathan Younger ganha em trazer frescor a um gênero que, comercialmente, anda quase monotemático. Assim, os fãs de terror poderão ter a oportunidade de ver como se combate demônios (e, bom, como se os invoca) em outras línguas e costumes também. Afinal, o cinema diverso e inclusivo é sobre isso também.
08) Isolamento Mortal
Terror pandêmico assinado por Kevin Williamson, o roteirista de ‘Pânico’ e ‘Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado‘. O filme não inventa a roda, mas inova ao se passar durante a pandemia.
À medida que a pandemia para o mundo, Parker e sua melhor amiga, Miri, decidem entrar em quarentena na casa do lago da família, sozinhas. Ou ao menos era o que pensavam.
Com cenas de perseguição realmente inspiradas e assustadoras, o filme é um prato cheio para quem é fã de slasher. E o final tem uma reviravolta de matar.
07) Ninguém Vai te Salvar
Estrelado por Kaitlyn Dever (‘Fora de Série’), o terror alienígena ‘Ninguém Vai Te Salvar‘ (No One Will Save You) já está disponível no catálogo da Star+.
A trama segue a jornada da jovem Brynn Adams, que se sente um tanto alienada de sua própria comunidade. Vivendo sozinha em sua casa de infância, uma noite ela é surpreendida por barulhos estranhos de intrusos inesperados. A partir desse momento, a trama se desenvolve por um embate eletrizante entre Brynn e um ser extraterrestre que ameaça não apenas o futuro da jovem, mas também a leva a revisitar dolorosos eventos de seu passado.
Além de receber 84% de aprovação dos críticos, o longa escrito e dirigido por Brian Duffield (‘Amor e Monstros’) também virou uma sensação entre os assinantes da Star+. Não por menos, é extremamente tenso e inovador.
06) Não Abra!
Samidha (Megan Suri) é uma jovem adolescente de ascendência indiana que tem apenas um desejo: ser aceita na escola, tal qual qualquer outra adolescente. A questão é que, morando nos Estados Unidos, seus traços fenotípicos indianos são evidentes. Embora seus amigos não a tratem com diferenciação e Russ (Gage Marsh) esteja interessado nela, Sam sente vergonha de sua família, que participa de eventos culturais tradicionais de sua comunidade, e de sua melhor amiga de infância, também indiana, Tamira (Mohana Krishnan), que, de uns tempos pra cá, tem andado bastante esquisita pelos cantos da escola. Porém, quando Tamira desaparece e Sam passa a sentir que está sendo perseguida por algo ou alguém, ela terá que buscar na sua origem as respostas para sobreviver à uma criatura maligna.
‘Não Abra!’ é um filme de terror produzido pelos mesmos produtores de outro longa do gênero que fez muito sucesso recentemente na cultura pop: ‘Corra!’. Para quem viu o filme anterior, dá para enxergar semelhanças entre ambos os projetos: os dois têm como pano de fundo o choque cultural de pessoas racializadas que, em um contexto majoritariamente branco dos Estados Unidos, tentam se relacionar e se encaixar no grande dilema entre assimilação cultural e a valorização dos próprios raízes. Além disso, a última cena de ‘Não Abra!’ lembra muito uma cena clássica de ‘Corra!’, à qual os fãs vão reconhecer facilmente.
05) Jogos Mortais X
‘Jogos Mortais X’ é uma prequela da grande maioria de seus filmes, e situa-se entre os acontecimentos de ‘Jogos Mortais’ (2004) e ‘Jogos Mortais 2’ (2005). John Kramer (Tobin Bell), também conhecido como o serial killer Jigsaw, encontra-se lutando contra um câncer no cérebro, e com as esperanças já desfalcadas, recorre a um tratamento alternativo com um grupo de médicos que estão situados no México. Quando ele percebe que a operação cirúrgica de remoção do tumor foi uma farsa, Kramer busca vingança contra aqueles que lhe passaram a perna, e é aí que os jogos começam. Uma premissa um pouco mais diferente e que chama atenção daqueles já familiarizados com a franquia.
O diretor Kevin Greutert, que já trabalhou na franquia anteriormente, conduz a primeira metade da trama para estabelecer e apresentar os elementos dramáticos e os personagens que serão trabalhados ao decorrer do filme. Tobin Bell consegue sustentar a narrativa e se destaca por ser a espinha dorsal do enredo, além de mostrar um lado mais “humano” (que não fora muito explorado anteriormente) de Kramer.
As armadilhas são extremamente sangrentas e o filme consegue trazer a franquia de volta à vida.
04) Pânico VI
Agora adentramos o top 3 dos melhores filmes de terror de 2023 – até o momento. ‘Pânico’ foi revitalizado com sucesso para as novas gerações com o quinto filme, lançado ano passado. De forma muito satisfatória os diretores de ‘Casamento Sangrento’ introduziram novos personagens que caíram no gosto do público, em especial as irmãs Sam e Tara, interpretadas pelas jovens talentosas Melissa Barrera e Jenna Ortega respectivamente. Neste sexto longa, os fãs ganharam o tão aguardado retorno da personagem Kirby (Hayden Panetierre).
03) Fale Comigo
Os primeiros minutos de Fale Comigo (Talk to Me) já começam de forma chocante e brutal. A partir desse prólogo, a sensação australiana nos festivais de Sundance e Berlim de 2023 constrói ponto a ponto a drama da jovem Mia (Sophie Wilde), traumatizada pela recente morte da mãe, em junção ao compartilhamento de experiências bizarras nas redes sociais.
O grande acerto de Fale Comigo é dosar perfeitamente a realidade com a fantasia. Se os jovens estão mexendo em terreno desconhecido e perigoso, o resultado logo chega as suas mãos em uma das cenas mais aterrorizantes do filme, na qual um dos personagens passa o limite dos 90 segundos e causa uma enorme reviravolta na brincadeira. De engraçada e um momento de descontração, a mão torna-se trágica, caso de polícia e um objeto perigoso.
Como projeto de dois jovens diretores iniciantes vindos do Youtube, Fale Comigo (Talk to Me) surpreende. A obra consegue manter o suspense sobre a origem dos espíritos — e a da mão — até o final e deixa uma brecha para interpretações e reflexões sobre as pontes entre o mundo daqui e o imaginário sombrio.
02) A Morte do Demônio – A Ascensão
Em segunda posição do ranking, pegando a medalha de prata temos o novo exemplar da franquia ‘Evil Dead’ (A Morte do Demônio) – o quinto filme lançado nos cinemas (contando com o remake de 2013). Novamente produzido pelo criador da ideia, Sam Raimi, o clima do novo longa fica no meio termo entre a trilogia original, utilizando de certo humor, porém, mais voltado para a tensão e cenas bem gráficas da refilmagem – com alguns momentos que farão o público se revirar na cadeira. Essa é a primeira vez que a trama se passa na cidade ao invés de no meio da floresta, e conta uma história mais intimista de uma mãe, seus filhos e a tia deles. ‘A Ascensão’ tem nota 6.9 do público e 83% de aprovação dos críticos.
01) When Evil Lurks
Vira e mexe um filme de terror conquista em cheio o público e vira um fenômeno na internet, com vários posts falando a respeito. E o filme da vez é o terror de possessão demoníaca ‘When Evil Lurks‘, que estreou nos EUA no canal Shudder e ainda não tem data de estreia prevista no Brasil.
Eu pude assistir ao terror durante o Fantastic Fest no Texas e posso dizer com propriedade que esse é o filme mais aterrorizante do ano, e consegue inovar um subgênero extremamente saturado ao trazer uma história totalmente fora da caixinha – te levando por um caminho que você nunca imaginava que eles teriam a coragem de seguir. As cenas são de extrema violência gráfica, com alguns momentos que realmente reviram o estômago e dão ânsia. A cena da garotinha com o cachorro é uma das mais impactantes que já vi em toda a minha vida.
Na trama, quando os irmãos Pedro (Ezequiel Rodríguez) e Jimmy (Demián Salomón) descobrem que uma infecção demoníaca está se espalhando em uma fazenda próxima, eles tentam expulsar a vítima de suas terras. Ao não aderirem aos ritos adequados de exorcismo, as suas ações imprudentes desencadeiam inadvertidamente uma epidemia de posses em toda a sua comunidade rural. Agora eles devem fugir de um mal invasor que corrompe e mutila todos a quem estão expostos, e contar com a ajuda de um “faxineiro” – que possui as únicas ferramentas que podem deter esta praga sobrenatural.
Confuso? A trama parece ser bem complexa, e na verdade é. Entregando informações lentamente como em um quebra-cabeça, o filme constrói lentamente uma sufocante atmosfera de suspense e terror que te envolve. É um terror de possessão diferente de tudo que você já viu antes… com uma trama extremamente ousada e imprevisível, que te leva por uma jornada pelo inferno e parece uma mistura astuta entre filmes de zumbis e possessão demoníaca.
O diretor argentino Demián Rugna, responsável pelo perturbador ‘Terrified‘, consegue nos chocar ao trazer uma fotografia sombrio e momentos de sofrimento que vão afetar o espectador e fazer pensar.
Não é um filme para qualquer um: é uma produção forte e realmente horripilante, mas que traz um sopro de frescor e originalidade. Quem gosta de filmes de terror assustadores, vai se deliciar.