terça-feira, agosto 19, 2025
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    Você sabia que existe ‘Eu SEMPRE Vou Saber o que Vocês Fizeram no Verão Passado’?

    O mês de julho reserva a volta de um dos maiores slasher saídos dos anos 90. Falamos de ‘Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado’, thriller que pegou o rastro de ‘Pânico’ e surgiu como o segundo grande representante do gênero na época. O novo filme funciona tanto como um reboot, apresentando a história para toda uma nova geração, como também uma continuação tardia, criando elo com os fãs antigos graças ao retorno de veteranos como Jennifer Love Hewitt como Julie James e Freddie Prinze Jr. como Ray Bronson. A nova versão do clássico, que possui o mesmo título do original, estreia no dia 17 de julho.

    Para irmos aquecendo os motores para este filme aguardadíssimo pelos fãs do gênero, iremos falar sobre um filme na franquia que muitos sequer sabem que existe – e alguns poucos querem esquecer que passaram os olhos na capa do DVD, na época de seu lançamento nos anos 2000. Abaixo, conheça um pouco mais sobre ‘Eu SEMPRE vou Saber o que Vocês Fizeram no Verão Passado‘ – o terceiro e esquecido filme da franquia slasher.

    Lá por meados dos anos 2000, a febre dos slashers adolescentes já havia passado. O tempo dos gritos, jaquetas de couro ensanguentadas e assassinos mascarados já dava lugar ao terror psicológico e ao reboot de filmes asiáticos. Mas, quando tudo parecia em paz, eis que surgiu do fundo das águas (ou do fundo do catálogo de lançamentos em DVD) ‘Eu Sempre Vou Saber o que Vocês Fizeram no Verão Passado, o terceiro filme de uma franquia que deveria ter parado no segundo — ou, dependendo do gosto, no primeiro.

    A ideia para ‘Eu Sempre Vou Saber o que Vocês Fizeram no Verão Passado não nasceu de uma grande reunião criativa com roteiristas premiados em torno de uma mesa repleta de café e ambição artística. Na verdade, ela surgiu do desejo dos executivos da Sony Pictures Home Entertainment de continuar lucrando com uma franquia já conhecida — mesmo que o tanque de criatividade estivesse no vermelho.

    Depois do sucesso moderado do primeiro filme em 1997 (inspirado no livro de Lois Duncan, vale lembrar) e da continuação ‘Eu Ainda Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado em 1998, a franquia ficou congelada por anos. Mas com a explosão do mercado de DVDs no início dos anos 2000, os estúdios começaram a apostar em sequências lançadas diretamente em vídeo, mais baratas de produzir e focadas no público jovem que ainda frequentava locadoras. Foi a era de ouro dos direct-to-video — terra de continuações esquecíveis e vilões com orçamento de lanche.

    Em vez de dar continuidade à história de Julie James (a protagonista dos dois primeiros filmes), os produtores optaram por um reboot disfarçado de sequência, ambientado em uma cidade diferente, com personagens inéditos, mas mantendo o conceito do “segredo mortal do verão passado” e o famoso assassino do gancho. Foi uma tentativa de “reimaginar” a mitologia da franquia para uma nova geração. E como toda tentativa de reboot barato dos anos 2000… não deu muito certo.

    Lançado em 2006, diretamente para home video (o que, na época, já era um sinal claro de “prepare-se para o pior”), o filme chegou como uma sequência sem nenhuma ligação com os personagens originais. Nada de Jennifer Love Hewitt, nada de Freddie Prinze Jr., nem mesmo uma ligação telefônica de cortesia envolvendo os personagens. Tudo o que sobrou foi o assassino com capa de chuva e gancho, que aqui parece mais uma lenda urbana do que alguém com contas a acertar. O assassino aqui é uma espécie de Jason Voorhees genérico, com direito até a… poderes sobrenaturais? Sim. Acredite.

    A trama, como você pode imaginar, gira em torno de um novo grupo de adolescentes que faz burrada durante o 4 de Julho, uma brincadeira que dá muito errado e termina com uma morte acidental. Claro, em vez de chamar a polícia ou lidar com a culpa de maneira civilizada, eles optam por esconder o corpo e fazer aquele velho pacto do silêncio. Porque, como sabemos desde a Grécia Antiga, segredos sangrentos sempre voltam para te assombrar… ou te espetar com um grande gancho.

    Um ano depois, os jovens começam a receber bilhetes ameaçadores com os dizeres: “Eu sempre vou saber o que vocês fizeram no verão passado”. Um título que, convenhamos, não apenas é longo demais como soa como ameaça passivo-agressiva de mãe que descobriu a bagunça da sala. O vilão volta para cobrar a vingança, agora menos humano e mais… demoníaco? O roteiro não explica direito, mas também não parece se importar.

    Se os dois primeiros filmes ainda surfavam no carisma dos atores e em uma boa dose de suspense, esse terceiro parece ter sido gravado com o troco do lanche. O elenco é formado por jovens promissores que, infelizmente, desapareceram tão rapidamente quanto seus personagens na história. As atuações variam entre o “tentando parecer assustado” e o “onde estou e por que estou aqui?”. E os sustos? Bem, vamos dizer que você pode se assustar mais com o CGI do que com o próprio assassino.

    O maior crime do filme, porém, é ter abandonado completamente qualquer lógica interna. A presença do sobrenatural transforma o que era uma franquia de terror relativamente pé no chão em um festival de incoerências. O tal “Pescador” agora é uma espécie de entidade imortal, invocada por medo e culpa, quase um demônio vingativo de filme B. Jason e Freddy devem ter se sentido ofendidos.

    Apesar de todos os seus tropeços, ‘Eu Sempre Vou Saber o que Vocês Fizeram no Verão Passado encontrou um público fiel — ou pelo menos curioso. A internet ajudou a mantê-lo vivo como um daqueles filmes “tão ruins que são bons”, uma relíquia do auge do DVD e do terror para adolescentes com muito tempo livre. Hoje, ele é aquele tipo de obra que você revisita com amigos numa noite de pizza e risadas, mais pela comédia involuntária do que pelo terror.

    Talvez a melhor coisa a se dizer sobre o filme é que ele existe. Simples assim. Existe, respira (com dificuldades), e permanece firme no imaginário de quem sobreviveu aos anos 2000 com uma pilha de DVDs piratas e um gosto duvidoso para cinema. Se o assassino com o gancho voltar? Bem, esperamos que pelo menos ele traga um roteiro melhor e a Jennifer Love Hewitt como prêmio. Como sabemos, uma destas coisas está garantida.

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