sábado , 21 dezembro , 2024

X-Men | Explorando o LEGADO da icônica trilogia original da 20th Century Fox

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Antes da Marvel Studios sagrar o Universo Cinemático Marvel como uma das franquias mais bem-sucedidas da história do cinema – elevando a qualidade das adaptações de quadrinhos a níveis estrondosos -, coube à extinta 20th Century Fox começar dar as cartas do jogo com o longa-metragem X-Men. Lançado em 2000, o filme deu início a uma franquia de enorme sucesso financeiro e crítico (com altos e baixos no meio do caminho), e foi responsável por possibilitar que realizadores tomassem riscos mais ousados para produções do gênero – em relação a termos narrativos, estéticos e temáticos.

A franquia original, lançada entre os anos de 2000 e 2006 com três títulos, é uma das representações máximas das adaptações de HQs para o cenário fílmico – acompanhando o grupo titular, liderado pelo Professor Charles Xavier (Patrick Stewart), enquanto enfrenta inúmeros inimigos ao redor do planeta: de um lado, humanos que querem exterminar os mutantes por considerá-los aberrações e desvios da natureza; de outro, um clã intitulado Irmandade dos Mutantes comandado por Magneto (Ian McKellen), cujo intuito de proteger seus semelhantes o transformou em um misantropo sem limites que fará de tudo para mostrar que o próximo passo da evolução reside com os mutantes.



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A premissa estende-se para a trilogia como um todo, sofrendo alterações à medida que esse cosmos se torna mais denso e mais complexo. No primeiro capítulo, por exemplo, Magneto quer transformar os humanos em mutantes a fim de acabar com a divisão que existe entre os dois grupos – tendo como alvo a poderosa Vampira (Anna Paquin) para alcançar seu objetivo; no segundo, o psicótico William Stryker (Brian Cox) utiliza o que tem a seu alcance para colocar as mãos no Cérebro, uma das invenções mais poderosas de Charles Xavier e Magneto, e usá-lo para exterminar os mutantes; no terceiro, ambas as tramas colidem conforme os X-Men enfrentam a descoberta da cura do gene-X e o retorno de Jean Grey (Famke Janssen) como a perigosa Fênix Negra (o próximo estágio de evolução).

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À medida que os anos se passam, é notável como o legado da saga permanece mais vivo do que nunca. Seja por conseguir manejar um ensemble estelar que ajudou a repopularizar inúmeros personagens, incluindo Wolverine (Hugh Jackman), Ciclope (James Marsen), Tempestade (Halle Berry) e Mística (Rebecca Romijn), seja por promover revoluções a enredos desse tipo, revisitar os filmes nunca é uma ideia ruim – ainda mais se considerarmos a pré-sequência que se originou alguns anos depois, com o lançamento de X-Men: Primeira Classe’. Percebemos, também, que a audácia mencionada refere-se ao fato de usar os personagens como sacrifícios para o andamento da narrativa ou para reviravoltas significativas (por exemplo, em X-Men: O Confronto Final’, vemos Mística protegendo Magneto e perdendo seus poderes no processo; ou até mesmo Ciclope e Professor Xavier sendo derrotados por Jean em sua forma como Fênix).

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Tal qualidade inegável é cortesia de Bryan Singer, que dirigiu os dois primeiros longas, e de Brett Ratner, responsável pelo encerramento da trilogia. Desde a primeira iteração, o público percebe que a atmosfera não se restringe apenas a incursões familiares, expandindo-se para cenas mais ardentes, com diálogos mais obtusos e integrando inúmeros suis-generis. Há diversas tiradas inteligentes entre Wolverine e Ciclope no primeiro filme, enquanto o segundo aposta fichas em uma violência mais explícita; o terceiro, supervisionado por Ratner, dividiu o público e a crítica, mas apresentou um thriller psicológico que arrancou a melhor performance de Janssen como uma personagem dupla e extremamente perigosa.

Esses elementos podem ser vistos em produções subsequentes, como ‘Homem-Aranha’ (que, de forma irônica, seguiu os mesmos passos), ‘Quarteto Fantástico’ e ‘V de Vingança’; dentro do MCU, escolhas narrativas e técnicas similares apareceram em ‘Homem de Ferro’, ‘Pantera Negra’ e ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’ – e, mais recente, no divertido ‘Deadpool e Wolverine’ (apenas para citar alguns). Ora, até mesmo o aclamado ‘Logan’ bebeu das páginas de X-Men para ampliar a mitologia da franquia.

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E isso não é tudo: a trilogia foi uma das primeiras a trazer temas importantes ao cenário mainstream, principalmente no tocante às minorias sociais. Se os quadrinhos da Marvel Comics já se mostravam à frente do seu tempo ao abrir discussões importantes, as adaptações cinematográficas estamparam nas telonas uma espécie de espelho a conversas que se estenderiam aos dias de hoje: por exemplo, é notável como o discurso utilizado pelos humanos em relação aos mutantes, diminuindo-os e considerando-os “aberrações”, ou até mesmo projetando a necessidade de uma cura a algo que não é uma doença, relaciona-se nas mais diversas camadas à comunidade LGBTQIA+ e à forma como é vista por tradicionalistas retrógrados. Em X2, os pais de Bobby (Shawn Ashmore) perguntam a ele se já tentou “não ser mutante”, enquanto Tempestade afirma que “eles não podem nos curar. Porque não há nada para ser curado” em ‘O Confronto Final’ – e esse é um discurso a que qualquer jovem não-heteronormativo pode se identificar.

X-Men ditou o futuro das adaptações de quadrinhos sem ao menos ter isso em mente à época que foi lançado – e, no final das contas, não podemos diminuir o impacto da trilogia original nesse gênero da sétima arte. Afinal, o próprio MCU não existiria sem o caminho aberto por nossos adorados mutantes.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Antes da Marvel Studios sagrar o Universo Cinemático Marvel como uma das franquias mais bem-sucedidas da história do cinema – elevando a qualidade das adaptações de quadrinhos a níveis estrondosos -, coube à extinta 20th Century Fox começar dar as cartas do jogo com o longa-metragem X-Men. Lançado em 2000, o filme deu início a uma franquia de enorme sucesso financeiro e crítico (com altos e baixos no meio do caminho), e foi responsável por possibilitar que realizadores tomassem riscos mais ousados para produções do gênero – em relação a termos narrativos, estéticos e temáticos.

A franquia original, lançada entre os anos de 2000 e 2006 com três títulos, é uma das representações máximas das adaptações de HQs para o cenário fílmico – acompanhando o grupo titular, liderado pelo Professor Charles Xavier (Patrick Stewart), enquanto enfrenta inúmeros inimigos ao redor do planeta: de um lado, humanos que querem exterminar os mutantes por considerá-los aberrações e desvios da natureza; de outro, um clã intitulado Irmandade dos Mutantes comandado por Magneto (Ian McKellen), cujo intuito de proteger seus semelhantes o transformou em um misantropo sem limites que fará de tudo para mostrar que o próximo passo da evolução reside com os mutantes.

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A premissa estende-se para a trilogia como um todo, sofrendo alterações à medida que esse cosmos se torna mais denso e mais complexo. No primeiro capítulo, por exemplo, Magneto quer transformar os humanos em mutantes a fim de acabar com a divisão que existe entre os dois grupos – tendo como alvo a poderosa Vampira (Anna Paquin) para alcançar seu objetivo; no segundo, o psicótico William Stryker (Brian Cox) utiliza o que tem a seu alcance para colocar as mãos no Cérebro, uma das invenções mais poderosas de Charles Xavier e Magneto, e usá-lo para exterminar os mutantes; no terceiro, ambas as tramas colidem conforme os X-Men enfrentam a descoberta da cura do gene-X e o retorno de Jean Grey (Famke Janssen) como a perigosa Fênix Negra (o próximo estágio de evolução).

À medida que os anos se passam, é notável como o legado da saga permanece mais vivo do que nunca. Seja por conseguir manejar um ensemble estelar que ajudou a repopularizar inúmeros personagens, incluindo Wolverine (Hugh Jackman), Ciclope (James Marsen), Tempestade (Halle Berry) e Mística (Rebecca Romijn), seja por promover revoluções a enredos desse tipo, revisitar os filmes nunca é uma ideia ruim – ainda mais se considerarmos a pré-sequência que se originou alguns anos depois, com o lançamento de X-Men: Primeira Classe’. Percebemos, também, que a audácia mencionada refere-se ao fato de usar os personagens como sacrifícios para o andamento da narrativa ou para reviravoltas significativas (por exemplo, em X-Men: O Confronto Final’, vemos Mística protegendo Magneto e perdendo seus poderes no processo; ou até mesmo Ciclope e Professor Xavier sendo derrotados por Jean em sua forma como Fênix).

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Tal qualidade inegável é cortesia de Bryan Singer, que dirigiu os dois primeiros longas, e de Brett Ratner, responsável pelo encerramento da trilogia. Desde a primeira iteração, o público percebe que a atmosfera não se restringe apenas a incursões familiares, expandindo-se para cenas mais ardentes, com diálogos mais obtusos e integrando inúmeros suis-generis. Há diversas tiradas inteligentes entre Wolverine e Ciclope no primeiro filme, enquanto o segundo aposta fichas em uma violência mais explícita; o terceiro, supervisionado por Ratner, dividiu o público e a crítica, mas apresentou um thriller psicológico que arrancou a melhor performance de Janssen como uma personagem dupla e extremamente perigosa.

Esses elementos podem ser vistos em produções subsequentes, como ‘Homem-Aranha’ (que, de forma irônica, seguiu os mesmos passos), ‘Quarteto Fantástico’ e ‘V de Vingança’; dentro do MCU, escolhas narrativas e técnicas similares apareceram em ‘Homem de Ferro’, ‘Pantera Negra’ e ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’ – e, mais recente, no divertido ‘Deadpool e Wolverine’ (apenas para citar alguns). Ora, até mesmo o aclamado ‘Logan’ bebeu das páginas de X-Men para ampliar a mitologia da franquia.

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E isso não é tudo: a trilogia foi uma das primeiras a trazer temas importantes ao cenário mainstream, principalmente no tocante às minorias sociais. Se os quadrinhos da Marvel Comics já se mostravam à frente do seu tempo ao abrir discussões importantes, as adaptações cinematográficas estamparam nas telonas uma espécie de espelho a conversas que se estenderiam aos dias de hoje: por exemplo, é notável como o discurso utilizado pelos humanos em relação aos mutantes, diminuindo-os e considerando-os “aberrações”, ou até mesmo projetando a necessidade de uma cura a algo que não é uma doença, relaciona-se nas mais diversas camadas à comunidade LGBTQIA+ e à forma como é vista por tradicionalistas retrógrados. Em X2, os pais de Bobby (Shawn Ashmore) perguntam a ele se já tentou “não ser mutante”, enquanto Tempestade afirma que “eles não podem nos curar. Porque não há nada para ser curado” em ‘O Confronto Final’ – e esse é um discurso a que qualquer jovem não-heteronormativo pode se identificar.

X-Men ditou o futuro das adaptações de quadrinhos sem ao menos ter isso em mente à época que foi lançado – e, no final das contas, não podemos diminuir o impacto da trilogia original nesse gênero da sétima arte. Afinal, o próprio MCU não existiria sem o caminho aberto por nossos adorados mutantes.

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