Estivemos presentes no lançamento do novo projeto da Globoplay, Xuxa, O Documentário em uma badalada première na zona sul do Rio de Janeiro onde foi exibido para imprensa e convidados o primeiro dos cinco episódios. O lugar estava repleto de famosos e centenas de fãs. A eterna rainha dos baixinhos conversou com a imprensa sobre o projeto e desfilou simpatia e carisma com todos os presentes respondendo de forma muito carinhosa as perguntas que foram feitas. Ao longo do papo, que aconteceu antes da exibição do primeiro episódio, Xuxa passou um pouco por sua vida, de coração aberto, e alguns pontos que vamos ver no projeto que tem direção geral de Pedro Bial.
A nossa eterna rainha começou falando sobre os lugares que visitou para gravações do projeto e as emoções de retornar em alguns momentos do passado: “O fato de eu ir em Santa Rosa (cidade onde nasceu, no Rio Grande do Sul) e levar a minha filha pra poder conhecer minhas raízes foi emocionante. Eu queria mostrar os lugares onde eu andei, foi bastante emocionante, mexeu muito comigo. Um dos pontos que pra mim também foi muito forte, foi o de poder reencontrar pessoas e ver a minha história através delas, como: o Boni, a Marlene (Mattos) e algumas pessoas que trabalhavam comigo. Quando você vive sua história, você enxerga os fatos através do seu olhar, do que você tá sentindo. É muito diferente ver sua história através das pessoas que estavam perto de você. E revisitei a minha história através do olhar das pessoas.”
Xuxa comentou de alguns fatos curiosos que até ela mesmo não sabia, como uma situação envolvendo Michael Jackson: “Eu não sabia por exemplo os motivos de não falar mais com um diretor que trabalhou comigo lá fora (em uma das passagens de Xuxa na carreira internacional). Eu não sabia também como ele me descobriu, e fiquei sabendo no documentário que foi o Michael Jackson que me apresentou a ele, isso pra mim foi uma grande surpresa.”
Perguntada se esse documentário da Globoplay vai conseguir surpreender até mesmo aqueles fãs que conhecem tudo sobre ela, Xuxa comentou: “Eu acredito que sim. Tem coisas no documentário que a gente não colocou, teve uma coisa que eu pedi pra tirar e outras que eles não colocaram pois acharam não relevante colocar. Não tem como você colocar 40 anos de profissão em 5 episódios. Eu vi duas vezes o documentário, achei bem compacto e não mudaria nada. Foi um trabalho de pesquisa muito grande, onde vi muito respeito pela minha história. Por mais que não seja um documentário para me colocar nas alturas, tem puxadas de orelha, eu vi coisas e pensava: como eu falava isso? Como eu fiz isso? Por que eu fiz isso? Não botaram só o lado bom, não só de pessoas que trabalhavam comigo mas também o meu lado também. Tiveram muito respeito, um trabalho de pesquisa muito grande, eu me senti muito respeitada.”
Sobre toda caminhada até aqui, os momentos marcantes e a construção como pessoa da Xuxa nos dias de hoje, a apresentadora tocou em momentos dolorosos de sua vida: “É tão difícil eu falar um ponto só. Até as coisas desagradáveis, por exemplo, eu falei sobre os abusos que passei. Pra eu me tornar a pessoa que me tornei hoje ter revivido essas coisas, ter remexido nisso, me fortalece muito para ser a pessoa que sou hoje, não só a pessoa que as pessoas viram na minha vida profissional mas eu como ser humano. Quando eu me proponho a fazer uma campanha em relação a exploração de crianças e adolescentes eu não só tô vestindo a camisa, tá na pele, tá tatuado em mim, tá cravada em mim essa dor. Eu acredito que essas coisas que passei me fortaleceram pra ser quem eu sou hoje. Essa visita a esses lugares e situação me fizeram quem eu sou mas reviver isso é bem dolorido, dá um enjoo, gostaria de jogar no fundo do mar e esquecer mas é importante porque cada vez que eu digo, não é que eu me liberto, eu mostro para as pessoas que viveram ou estão vivendo essa situação que não estão sozinhas.”
Xuxa também comentou sobre o filme lançado no início da década de 80, Amor Estranho Amor, dirigido por Walter Hugo Khouri: “Até hoje as pessoas querem falar desse filme, eu fiz o filme com 17 pra 18, eu tô com 60 anos, até hoje tem Fake News sobre. As pessoas não veem como ficção, as pessoas não veem a história do filme, que é sobre uma menina que foi vendida pra um prostíbulo, ou seja, aborda a exploração sexual contra adolescentes e que existe até hoje. Querem usar coisas para me machucar, a ignorância de algumas pessoas me machucam. Eu ainda sofro até hoje com isso, com as Fake News ou comentários ridículos. Queria tanto que as pessoas vissem esse filme e lutassem comigo sobre o assunto que o filme realmente aborda.”
Já no final do bate-papo, Xuxa revelou o que pode aparecer no documentário que a choca em relação a sua fama: “O que me choca mais é como as pessoas veem certas situações. Eu falei por exemplo que fui uma pessoa assediada moralmente, fisicamente, também psicologicamente. E tem gente ainda na internet ou em outros lugares que ficam do lado do abusador e não do lado da vítima. Isso me choca. Algumas pessoas arrumam um jeito de falar: ‘Isso é normal’, ‘Naquela época’. Você não pode ficar do lado do malvado. Ficar do lado ruim não dá! Eu sempre fui Xuxa contra o baixo astral!”
Xuxa, O Documentário estreou no streaming global no dia 13 de Julho, sempre com um episódio toda quinta-feira.