domingo , 22 dezembro , 2024

‘Zorro’: Amazon comete erros e acertos ao recontar a lenda do herói mexicano

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Criado em 1919 pelo autor  norte-americano Johnston McCulley, o Zorro é um dos personagens mais populares da cultura mexicana, ganhando vida em diversas adaptações para a TV e para o cinema, como na clássica série dos anos 50, que trouxe Guy Wiiliams por baixo da máscara, e nos filmes estrelados por Antonio Banderas em 1998 e 2005.

Na mais recente releitura da lenda, produzida pela Amazon Studios, o escolhido para vestir o traje do herói foi Miguel Bernardeau, conhecido por seus trabalhos em ‘Elite’ e ‘1899‘.



Na trama, Don Diego de la Vega retorna de seu treinamento militar na Espanha para investigar a repentina morte do pai, Don Alejandro (Luis Tosar), supostamente assassinado pelo Zorro.

No entanto, apesar da recusa inicial, ele descobre que está destinado a se tornar o novo portador do legado do Zorro e que seu pai estava ligado a um obscuro plano orquestrado por uma sociedade secreta com ideais extremistas.

Assista também:
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Como o Zorro foi criado há mais de 100 anos, seria difícil escapar dos clichês que envolvem o personagem e os gêneros em que ele está inserido. Por conta disso, os criadores da atração cometem erros e acertos ao recontarem sua história para um novo público.

Pensando nisso, listamos os principais pontos positivos e negativos da narrativa:

Pontos positivos:

Origem renovada

Na versão criada por Carlos Portela, o Zorro é um legado sem rosto, não algo exclusivo a um único personagem. Logo no primeiro episódio, descobrimos que o manto é passado adiante toda vez que o atual portador do legado é morto.

Tendo origens indígenas, o manto é entregue àqueles que são escolhidos por um venerado espírito encarnado em uma raposa, daí vem a origem ao nome do personagem, já que zorro é raposa em espanhol.

A passagem do manto já havia sido mostrada em ‘A Marca do Zorro (1998), quando Diego de la Vega (Anthony Hopkins) toma Alejandro Murrieta (Antonio Murrieta) como pupilo. Por outro lado, a série da Amazon aprofunda ainda mais o conceito, fazendo do Zorro uma figura que beira o sobrenatural.

Elenco

Apesar da trama contar com alguns deslizes, a maior parte do elenco consegue conquistar o público com suas performances.

Entre os protagonistas, Bernardeau faz um ótimo trabalho como Diego, um homem de valores justos, que usa sua herança e sua alta posição social para se disfarçar de um burguês enquanto esconde sua verdadeira identidade como justiceiro. Por outro lado, o astro não traz muitas transformações nas personalidades de Diego e do Zorro, sendo difícil acreditar que ninguém iria desconfiar de quem está por baixo da máscara.

Renata Notni se entrega de corpo e alma à Lolita Marquez, o interesse amoroso de Diego. Mostrando-se uma mulher decidida, corajosa e de personalidade forte, ela tenta relutar contra os sentimentos que sente por ele enquanto está noiva de Enrique Sánchez Monasterio (Emiliano Zurita), o comandante da guarda que serve ao tirano governador Pedro Victoria (Rodolfo Sancho).

Dalia Xiuhcoatl também rouba as cenas toda vez que aparece como Nah-Lin, irmã mais nova do Zorro que veio antes de Diego, então ela faz de tudo para provar que é digna do legado, inclusive é capaz de algumas tentativas de assassinato contra Diego, acreditando que o homem branco usurpou seu direito como sucessora do irmão e herdeira do manto de seu povo.

Outro destaque vai para Paco Tous (‘La Casa de Papel’) como Bernardo, personagem que acompanha as aventuras do Zorro desde a sua criação. A princípio, ele aparenta ser apenas um criado mudo, mas é o fiel braço direito de Diego em sua jornada pela justiça.

 

Elementos característicos da franquia

Assim como a máscara, a capa e o chapéu, os principais elementos que compõem o universo do personagem estão lá e são muito bem utilizados nos momentos certos, como o corte em Z para marcar o corpo dos inimigos; sua marca registrada.

Seu chicote ganha bastante destaque durante as cenas de luta, sendo um acessório que traz um toque de imprevisibilidade contra seus adversários e também se mostra bastante útil em momentos decisivos.

O já mencionado Bernardo cumpre um importante papel ao auxiliar Diego, estando lá para o Zorro assim como Alfred está para o Batman.

Sua montaria é o cavalo Tornado, um belo corcel negro presenteado pelos nativos indígenas de uma tribo da Califórnia.

E, por fim, a abertura da série se encerra com a clássica pose do herói erguendo a espada enquanto Tornado empina sob a luz da lua.

Ambientação e figurinos

Os cenários da produção foram muito bem arquitetados para reproduzir a época em que a Califórnia ainda era colônia da Espanha (entre 1769 e 1821), com suas estradas arenosas, minas construídas sob rochedos e vilarejos compostos por casas de madeira.

Além disso, os figurinos dos personagens também foram cuidadosamente escolhidos para trazer um retrato fiel ao período.

Pontos negativos

Trama genérica

Um dos maiores problemas da série é a trama principal, bem semelhante ao início da série ‘Arrow’, que mostra um ricaço voltando à sua cidade natal após anos distante e com a promessa de vingar a morte do pai.

Os trejeitos de Diego, suas artimanhas para viver uma vida dupla e a escolha de seus ajudantes remetem bastante à extinta produção da CW.

Inclusive, até mesmo o romance entre Diego e Lolita traz uma dinâmica muito parecida com a relação de Oliver Queen (Stephen Amell) e Laurel Lance (Katie Cassidy).

Ausência de características próprias

O Zorro sempre foi muito comparado a personagem como o Batman e ao Demolidor e, ambos personagens descritos como vigilantes sombrios e taciturnos que vivem duplas por trás de suas máscaras… Características muito comuns quaisquer personagens mascarados.

O problema é que Portela não se preocupou nem um pouco em trazer mais originalidade e senso de renovação à imagem do herói, o que prejudicou um pouco no quesito novidade.

Outro ponto negativo que já foi mencionado foi a falta de divisão de personalidades entre Diego e Zorro, já que era de esperar que o protagonista tentasse fazer o máximo para que não descobrissem que ele é o justiceiro vestido de preto.

Resoluções rápidas e teatrais

O grande mistério sobre a morte de Don Alejandro se mantém do início ao fim por se tratar da trama principal. No entanto, as subtramas que vão surgindo ao longo dos episódios são rapidamente solucionadas, sem qualquer senso de suspense duradouro e sem dar espaço ao público para digerir o conflito proposto pelo roteiro.

Outro problema na trama é que muitas dessas resoluções são teatrais ao extremo, praticamente infantis, dando a sensação de um roteiro preguiçoso, apressado e muito pouco crível.

No geral, é uma série que tem muito potencial e terminou com perguntas em aberto, justamente para abrir caminho para novas temporadas. Agora só resta aguardar para saber se a série será renovada. Mas, o mais importante, é que os criadores analisem os pontos altos e baixos da narrativa para evitarem que a série perca o pouco carisma que tem.

Relembre o trailer:

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‘Zorro’: Amazon comete erros e acertos ao recontar a lenda do herói mexicano

Criado em 1919 pelo autor  norte-americano Johnston McCulley, o Zorro é um dos personagens mais populares da cultura mexicana, ganhando vida em diversas adaptações para a TV e para o cinema, como na clássica série dos anos 50, que trouxe Guy Wiiliams por baixo da máscara, e nos filmes estrelados por Antonio Banderas em 1998 e 2005.

Na mais recente releitura da lenda, produzida pela Amazon Studios, o escolhido para vestir o traje do herói foi Miguel Bernardeau, conhecido por seus trabalhos em ‘Elite’ e ‘1899‘.

Na trama, Don Diego de la Vega retorna de seu treinamento militar na Espanha para investigar a repentina morte do pai, Don Alejandro (Luis Tosar), supostamente assassinado pelo Zorro.

No entanto, apesar da recusa inicial, ele descobre que está destinado a se tornar o novo portador do legado do Zorro e que seu pai estava ligado a um obscuro plano orquestrado por uma sociedade secreta com ideais extremistas.

Como o Zorro foi criado há mais de 100 anos, seria difícil escapar dos clichês que envolvem o personagem e os gêneros em que ele está inserido. Por conta disso, os criadores da atração cometem erros e acertos ao recontarem sua história para um novo público.

Pensando nisso, listamos os principais pontos positivos e negativos da narrativa:

Pontos positivos:

Origem renovada

Na versão criada por Carlos Portela, o Zorro é um legado sem rosto, não algo exclusivo a um único personagem. Logo no primeiro episódio, descobrimos que o manto é passado adiante toda vez que o atual portador do legado é morto.

Tendo origens indígenas, o manto é entregue àqueles que são escolhidos por um venerado espírito encarnado em uma raposa, daí vem a origem ao nome do personagem, já que zorro é raposa em espanhol.

A passagem do manto já havia sido mostrada em ‘A Marca do Zorro (1998), quando Diego de la Vega (Anthony Hopkins) toma Alejandro Murrieta (Antonio Murrieta) como pupilo. Por outro lado, a série da Amazon aprofunda ainda mais o conceito, fazendo do Zorro uma figura que beira o sobrenatural.

Elenco

Apesar da trama contar com alguns deslizes, a maior parte do elenco consegue conquistar o público com suas performances.

Entre os protagonistas, Bernardeau faz um ótimo trabalho como Diego, um homem de valores justos, que usa sua herança e sua alta posição social para se disfarçar de um burguês enquanto esconde sua verdadeira identidade como justiceiro. Por outro lado, o astro não traz muitas transformações nas personalidades de Diego e do Zorro, sendo difícil acreditar que ninguém iria desconfiar de quem está por baixo da máscara.

Renata Notni se entrega de corpo e alma à Lolita Marquez, o interesse amoroso de Diego. Mostrando-se uma mulher decidida, corajosa e de personalidade forte, ela tenta relutar contra os sentimentos que sente por ele enquanto está noiva de Enrique Sánchez Monasterio (Emiliano Zurita), o comandante da guarda que serve ao tirano governador Pedro Victoria (Rodolfo Sancho).

Dalia Xiuhcoatl também rouba as cenas toda vez que aparece como Nah-Lin, irmã mais nova do Zorro que veio antes de Diego, então ela faz de tudo para provar que é digna do legado, inclusive é capaz de algumas tentativas de assassinato contra Diego, acreditando que o homem branco usurpou seu direito como sucessora do irmão e herdeira do manto de seu povo.

Outro destaque vai para Paco Tous (‘La Casa de Papel’) como Bernardo, personagem que acompanha as aventuras do Zorro desde a sua criação. A princípio, ele aparenta ser apenas um criado mudo, mas é o fiel braço direito de Diego em sua jornada pela justiça.

 

Elementos característicos da franquia

Assim como a máscara, a capa e o chapéu, os principais elementos que compõem o universo do personagem estão lá e são muito bem utilizados nos momentos certos, como o corte em Z para marcar o corpo dos inimigos; sua marca registrada.

Seu chicote ganha bastante destaque durante as cenas de luta, sendo um acessório que traz um toque de imprevisibilidade contra seus adversários e também se mostra bastante útil em momentos decisivos.

O já mencionado Bernardo cumpre um importante papel ao auxiliar Diego, estando lá para o Zorro assim como Alfred está para o Batman.

Sua montaria é o cavalo Tornado, um belo corcel negro presenteado pelos nativos indígenas de uma tribo da Califórnia.

E, por fim, a abertura da série se encerra com a clássica pose do herói erguendo a espada enquanto Tornado empina sob a luz da lua.

Ambientação e figurinos

Os cenários da produção foram muito bem arquitetados para reproduzir a época em que a Califórnia ainda era colônia da Espanha (entre 1769 e 1821), com suas estradas arenosas, minas construídas sob rochedos e vilarejos compostos por casas de madeira.

Além disso, os figurinos dos personagens também foram cuidadosamente escolhidos para trazer um retrato fiel ao período.

Pontos negativos

Trama genérica

Um dos maiores problemas da série é a trama principal, bem semelhante ao início da série ‘Arrow’, que mostra um ricaço voltando à sua cidade natal após anos distante e com a promessa de vingar a morte do pai.

Os trejeitos de Diego, suas artimanhas para viver uma vida dupla e a escolha de seus ajudantes remetem bastante à extinta produção da CW.

Inclusive, até mesmo o romance entre Diego e Lolita traz uma dinâmica muito parecida com a relação de Oliver Queen (Stephen Amell) e Laurel Lance (Katie Cassidy).

Ausência de características próprias

O Zorro sempre foi muito comparado a personagem como o Batman e ao Demolidor e, ambos personagens descritos como vigilantes sombrios e taciturnos que vivem duplas por trás de suas máscaras… Características muito comuns quaisquer personagens mascarados.

O problema é que Portela não se preocupou nem um pouco em trazer mais originalidade e senso de renovação à imagem do herói, o que prejudicou um pouco no quesito novidade.

Outro ponto negativo que já foi mencionado foi a falta de divisão de personalidades entre Diego e Zorro, já que era de esperar que o protagonista tentasse fazer o máximo para que não descobrissem que ele é o justiceiro vestido de preto.

Resoluções rápidas e teatrais

O grande mistério sobre a morte de Don Alejandro se mantém do início ao fim por se tratar da trama principal. No entanto, as subtramas que vão surgindo ao longo dos episódios são rapidamente solucionadas, sem qualquer senso de suspense duradouro e sem dar espaço ao público para digerir o conflito proposto pelo roteiro.

Outro problema na trama é que muitas dessas resoluções são teatrais ao extremo, praticamente infantis, dando a sensação de um roteiro preguiçoso, apressado e muito pouco crível.

No geral, é uma série que tem muito potencial e terminou com perguntas em aberto, justamente para abrir caminho para novas temporadas. Agora só resta aguardar para saber se a série será renovada. Mas, o mais importante, é que os criadores analisem os pontos altos e baixos da narrativa para evitarem que a série perca o pouco carisma que tem.

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