Final de ano chegou. E que ano… 2020 não foi fácil para ninguém. E isso inclui toda a indústria cinematográfica no Brasil e no mundo. Aproveitando o clima de retrospectivas do ano, o CinePOP decidiu relembrar alguns dos momentos mais marcantes no mundo da sétima arte.
E, acredite, nem todos os momentos foram ruins. O ano apresentou muitos desafios, mas também mostrou que a indústria do entretenimento é capaz de se reinventar, especialmente no que diz respeito a eventos, festivais e junkets online.
O mundo do streaming também fez seu barulho, com aumento no número de assinantes de importantes players e decisões com potencial para chacoalhar o mercado. Vem relembrar o que aconteceu de mais importante!
Oscar para Parasita
O mundo era outro no dia 9 de fevereiro de 2020, quando aconteceu a 92ª cerimônia do Oscar. E, antes mesmo da pandemia, ali algo mudou na indústria cinematográfica. Pela primeira vez na história, um filme de língua estrangeira conquistava o Oscar de Melhor Filme. E não só esse. Parasita levou ainda Melhor Filme Internacional, Melhor Direção e Melhor Roteiro Original. O longa de Bong Joon-ho fez história e mostrou que a premiação da Academia caminha para novos tempos, apenas um ano após a polêmica vitória de Green Book: O Guia.
Mulan e nova estratégia da Disney
Quem acompanha o mundo do cinema sabe que 2020 foi um ano de muitos e muitos adiamentos. E a primeira mudança de data que mostrou que a coisa era grave foi justamente a de Mulan, que faria sua estreia no dia 9 de março. O filme chegou até a ter uma grande pré-estreia presencial em Los Angeles. Mas, como todo mundo sabe, veio a quarentena e tudo mudou. E TUDO mesmo. Sem saber como encaixar o filme em seu novo calendário de estreias e com um produto pronto, a Disney resolveu arriscar. O estúdio optou por lançar Mulan na Disney+, mas num formato diferente chamado “Premier Access”. O formato apresentou o VOD dentro do serviço de streaming da Disney, no qual o assinante deveria pagar um valor além da assinatura para ter acesso ao conteúdo. A decisão foi polêmica, com um valor considerado elevado no mercado: US$ 29,99. A Disney+ já anuciou que a animação Raya e o Último Dragão usará o mesmo modelo de Mulan no ano que vem, com a diferença que também terá lançamento nas salas de cinema.
Ano sem Marvel
Para a felicidade de Martin Scorsese… pela primeira vez desde 2009, nenhum filme do Universo Cinematográfico da Marvel chegou aos cinemas em 2020. O motivo, é claro, foi a pandemia. Se tudo transcorresse normalmente, Viúva Negra e Os Eternos já teriam passado pelas telas de cinema. Mas os fãs da Marvel não precisam ficar decepcionados. Pelo contrário! 2021 já começa com o lançamento de WandaVision no Disney+, e trará nada menos que quatro longas do estúdio para as telonas. Além dos dois citados, teremos ainda Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis e Homem-Aranha 3.
Tenet decepciona nas bilheterias
Toda família tem o seu negacionista, não é mesmo? Pois na família do cinema, ele atende pelo nome de Christopher Nolan. Não, ele não está por aí falando que a Terra é plana ou fazendo campanha contra a vacina, mas enquanto todos os filmes eram adiados, Nolan sempre lutou para que seu Tenet fosse lançado nos cinemas, mesmo nos momentos mais fortes da pandemia. No final das contas, a Warner se deu por vencida e lançou o longa. E mostrou para todo mundo que o público não estava disposto a sair de casa para ir ao cinema. Orçado em US$ 200 milhões, o filme faturou míseros US$ 58 milhões nos cinemas americanos. O resultado internacional diminuiu um pouco o fracasso, levando a uma bilheteria total de US$ 362 milhões, mas, mesmo assim, os números foram muito abaixo dos pretendidos pelo estúdio. Após o lançamento e o desempenho de Tenet, todos os grandes filmes do ano acabaram jogados para 2021.
Eventos e festivais online
2020 foi o ano dos eventos online. South by Southwest, San Diego Comic-Con, CCXP… Todos tiveram que se adequar à nova realidade, embora sem conseguir o mesmo burburinho das edições presenciais. Com participação discreta nos eventos citados, dois dos principais players do mercado, Warner e Disney, alcançaram sucesso com eventos próprios. Foi o caso do DC FanDome e Disney Investor Day. O primeiro trouxe uma série de novidades do universo da DC Comics, com destaque para os próximos projetos no cinema, especialmente Esquadrão Suicida, Batman e Mulher-Maravilha 1984. Já o segundo não é propriamente um evento para fãs, mas uma apresentação para investidores da Disney. Acontece que o formato online transformou o Investor Day em algo bem maior do que o que ocorre normalmente. Foi basicamente uma mini D23 Expo – que é a convenção da Disney que acontece a cada dois anos. O evento apresentou muitas novidades de Star Wars, Marvel e Pixar. E não foram só os eventos para fãs que se encaixaram no formato online. Os tradicionais festivais de cinema também procuraram soluções neste sentido e foram muito bem sucedidos. Especialmente no Brasil. O Festival Ecrã, o Olhar de Cinema de Curitiba, a Mostra de Cinema de São Paulo foram alguns dos festivais online que se destacaram. Outros eventos buscaram parcerias na TV, em especial no Canal Brasil, como foi o caso dos tradicionais festivais de Gramado, Brasília, CinePE e CineCeará.
Warner muda o mercado (de vez?)
Após o fracasso de Tenet e o lançamento de Mulan direto no streaming, o futuro do cinema já estava colocado à prova durante a pandemia. E isso só se radicalizou diante de uma polêmica decisão da Warner: lançar todos os seus filmes de 2021 ao mesmo tempo nos cinemas e na HBO Max. A estratégia parece uma cartada final para conseguir sucesso com a plataforma de streaming, que até então vem obtendo muito menos reconhecimento que a concorrência. Ao mesmo tempo, a decisão irritou realizadores e exibidores. As redes de cinema temem pelo futuro das salas ao terem que dividir a audiência de possíveis sucessos como Mulher-Maravilha 1984, Duna, dentre outros. Os realizadores, no entanto, reclamam que a decisão do estúdio foi tomada sem nenhum tipo de negociação com outros produtores e diretores. Christopher Nolan e Denis Villeneuve foram dois dos mais críticos à decisão da Warner.
Streaming vai à forra
O streaming já vinha numa trajetória de sucesso há alguns anos, mas a pandemia e a busca por entretenimento em casa só aumentou ainda mais a procura pelo formato. Mesmo com a indústria cinematográfica atingida pela crise, companhias como Netflix e Disney+ só ganharam assinantes. E o mesmo vale para Hulu, Amazon Prime Video, HBO Max, dentre outras. As gigantes do streaming aproveitaram as dificuldades das redes de cinema e dos estúdios e foram à forra na compra de alguns dos filmes mais badalados do ano. O Hulu foi às compras com Palm Springs e Alguém Avisa?, o Prime Video abocanhou O Som do Silêncio, Borat 2 e o ainda inédito Um Príncipe em Nova York 2, a HBO Max pegou todos os filmes da Warner – começando por Convenção das Bruxas -, o Disney+ foi de Soul, Raya e o Último Dragão e Mulan, enquanto que a Netflix comprou Bob Esponja: O Incrível Resgate, Malcolm & Marie, dentre outros.
Fenômeno Hamilton
The Mandalorian? Mulan? Soul? Nenhum deles! O grande sucesso do Disney+ no ano que passou atende pelo nome de Hamilton. Feito a partir de uma gravação da clássica peça da Broadway com o elenco original, o filme chegaria aos cinemas em 2021, mas foi antecipado para lançamento diretamente no streaming. Os fãs de Broadway já são loucos pelo musical desde 2015. E muita gente descobriu a obra de Lin-Manuel Miranda através da trilha sonora. Mas, agora, muito mais gente teve acesso ao produto original. E muita gente está entendendo o motivo por trás de tanta paixão. Hamilton ajudou o Disney+ de forma significativa em seu primeiro ano de existência. Nos dias após o lançamento do filme, a procura pelo aplicativo cresceu mais de 70%. Trata-se de uma das peças mais bem sucedidas da história, o que só torna ainda mais significativo o fato de que a audiência no streaming superou o público total na Broadway em menos de uma semana. Mas nem tudo foi positivo no que diz respeito a Hamilton. O longa chegou ao Brasil sem legendas em português, o que gerou bastante polêmica. Miranda reconheceu o problema, prometeu legendas, mas não ofereceu prazos para isso. É esperar.
Bacurau ganha o mundo
Bacurau fez sucesso nos cinemas brasileiros em 2019. Isso sem falar no prêmio conquistado no Festival de Cannes, também no ano passado. Mas a carreira do longa dirigido por Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles segue fazendo muito barulho em 2020, especialmente fora do país. O filme foi lançado nos Estados Unidos pouco antes da pandemia, conquistando muitas críticas positivas e sendo citado como possível concorrente ao Oscar. Agora, no final do ano, Bacurau marcou presença em inúmeras listas de Melhores Filmes de publicações de destaque, como New York Times, Vulture, Rolling Stone, Vanity Fair, New Yorker, IndieWire, dentre outros. E teve mais: o filme brasileiro figurou na lista de melhores do ano do ex-presidente americano Barack Obama.
CinePOP repercute internacionalmente
Agora aquele momentinho de autopromoção. E totalmente justificado. O ano nos trouxe dificuldades, como para todos, mas também nos ofereceu alguns momentos de satisfação e orgulho. Ao longo de 2020, algumas matérias exclusivas do CinePOP repercutiram em publicações internacionais, incluindo sites importantes da cultura pop, como o ComicBook e o ScreenRant. Ainda antes da quarentena, tivemos a oportunidade de conversar com a atriz Lucy Hale, que nos revelou o interesse em retornar para um revival de Pretty Little Liars. A notícia repercutiu no ScreenRant e no site britânico Designer Women. Já nosso papo com o elenco de Aves de Rapina foi parar no ComicBook, no Heroic Hollywood e no Comic Book Resources. O ComicBook também citou nossas conversas com o time de Mulher-Maravilha 1984 e com o produtor Jason Blum.