Os anos 80 foram uma época inesquecível e extremamente nostálgica. E mesmo para os que não viveram o período, ela traz aquela qualidade do “saudade do que a gente não viveu”, ou seja, as gerações mais novas já ouviram falar tanto dela e a viram ser representada em tantos filmes e séries, que é praticamente como se nela tivessem vivido também.
No entanto, para cada ‘De Volta para o Futuro’, ‘Star Wars’, ‘Um Tira da Pesada’ e ‘Karatê Kid’, ou seja, os filmes icônicos da época, precisam existir também aqueles que não permaneceram no imaginário da cultura popular, ficando esquecidos até mesmo por quem adora a época – afinal é impossível lembrar de tudo o tempo todo (e para isso estamos aqui, fazendo este trabalho). Consequentemente, tais filmes também não são passados para as gerações mais novas. Mas nessa matéria iremos jogar luz justamente neles. Aqui, escolhemos um gênero adorado por todos: a comédia. Essas são 10 comédias dos anos 80 que ficaram esquecidas nos dias de hoje. Confira, procure e assista.
A Melhor Defesa é o Ataque (1984)
Eddie Murphy voltou com tudo em nova fase de sua carreira. No auge de seus 63 anos ele protagoniza um dos maiores sucessos desta temporada com o lançamento de ‘Um Tira da Pesada 4’ na Netflix. Voltando quatro décadas no tempo, no mesmo ano em que protagonizava o primeiro ‘Um Tira da Pesada’ e se tornava um astro internacional, Murphy também participava deste que viria a se tornar o filme mais obscuro de sua carreira. Quem protagoniza na verdade é o baixinho Dudley Moore (falecido em 2002), que marcou os anos 80 graças ao sucesso de ‘Arthur – O Milionário Sedutor’ (1981). Unir os dois em tela parecia uma receita de sucesso, pena que eles não dividam sequer uma cena. Para piorar o filme fala sobre a criação de um tanque de guerra. Kate Capshaw também está no elenco e igualmente faria sucesso no mesmo ano com ‘Indiana Jones e o Templo da Perdição’.
Vice-Versa (1988)
Por falar em ‘Um Tira da Pesada 4’, aqui temos outro ator da franquia, que ao lado de Eddie Murphy esteve em todos os quatro filmes. Falamos, é claro, de Judge Reinhold, o Billy Rosewood. Um ano depois de ‘Um Tira da Pesada 2’, ele estrelava como protagonista nesta comédia de troca de corpos (subgênero muito popular na época). Fazendo par com ele, outro ator sensação da época, esse um astro mirim com então 12 anos. Fred Savage fez enorme sucesso com a série ‘Anos Incríveis’ (1988-1993). Aqui eles eram pai e filho, que através de um artefato místico trocam de corpos, nessa comédia da Columbia Pictures. O filme passava bastante na Sessão da Tarde da época, e não deixa de ser um filme gêmeo de ‘Quero Ser Grande’, lançado no mesmo ano.
Os Trapaceiros da Loto (1987)
Outro que volta esse ano a um de seus papeis mais marcantes é o indicado ao Oscar Michael Keaton. Em ‘Os Fantasmas Ainda se Divertem’, Tim Burton dá sequência a um de seus filmes mais cult, novamente contando com Keaton para viver o fantasma zombeteiro Beetlejuice. Um ano antes do filme original, o ator, que era principalmente conhecido por seus filmes de comédia, protagoniza aqui como um golpista que se vê metido em uma encrenca maior do que pode lidar, contando com a ajuda de uma detetive particular, papel de outro nome muito conhecido da época, Rae Dawn Chong, de ‘Comando para Matar’ (1985).
Meu Adorável Fantasma (1982)
Existem histórias que são universais, podendo ser traduzidas em diversos idiomas e ser contadas sem perder muito de sua essência. Bem, podemos dizer que isso não se aplica aos filmes brasileiros, pois a “brasilidade” é “intraduzível”! Mas e quem disse que os americanos iriam deixar de tentar? E se eu dissesse que Hollywood descaradamente tentou levar o fervoroso ‘Dona Flor e seus Dois Maridos’ (1976), baseado no clássico de Jorge Amado, para terras gringas, bancado pela Fox? Pois bem, isso é real, e a adaptação se chama ‘Meu Adorável Fantasma’. A proposta é a mesma, jogando a trama para a fria Nova York. O trio escolhido foi a vencedora do Oscar Sally Field como a “Dona Flor” da vez, Jeff Bridges como o certinho novo marido e o saudoso James Caan na pele do “Vadinho”, aqui um dramaturgo da Broadway.
Dançando na TV (1985)
Todo mundo conhece e ainda dança até hoje ao som do clássico oitentista ‘Girls Just Wanna Have Fun’, que Cyndi Lauper lançou em 1983. Mas você sabia que a música fez tanto sucesso que Hollywood resolveu criar uma versão em filme para a canção dois anos depois? A trama fala sobre uma adolescente estudando em um colégio só para garotas, comandado por freiras, que sonha em participar de um programa de dança na TV e conhecer um grande amor. Protagonizando temos ninguém menos que Sarah Jessica Parker e a vencedora do Oscar Helen Hunt bem jovenzinhas – além de participação da saudosa Shannen Doherty.
Clube Paraíso (1986)
Sabe aquela piada antiga que começava com “um português, um inglês e um japonês entraram em um bar”? Pois bem, a anedota que visava demonstrar o quão inusitada era essa mistura, muito bem poderia ser a tradução deste filme. Afinal aqui temos nada menos que a união em tela do saudoso Robin Williams, o veteraníssimo britânico Peter O’Toole, a modelo Twiggy, o cantor de reggae Jimmy Cliff e o sumido Rick Moranis – coloque tudo em um liquidificador e temos a receita de uma comédia passada em um resort paradisíaco em uma ilha do Caribe.
Essa é Minha Chance (1980)
Com música tema de Diana Ross, ‘Esta é a Minha Chance’ é uma comédia romântica estrelada por Jill Clayburgh, que interpreta uma mulher precisando decidir entre o atual namorado ou um homem que acabou de conhecer, o filho da mulher que vai se casar com seu pai. O nome mais conhecido do elenco na atualidade é Michael Douglas, que vive o filho da noiva, e é atualmente o Homem-Formiga original da Marvel (será que ele volta para algum outro filme no MCU?). Completando o elenco, o saudoso Charles Grodin.
As Trapalhadas de um Conquistador (1989)
Por falar em atores que já fizeram um pouco de tudo, inclusive aparecer no MCU, temos o onipresente e multifuncional Jeff Goldblum estrelando aqui. O ator foi um dos que marcou presença na década de 80, e aqui fechava ela com esta comédia em que interpreta um comediante que rouba a cena de sua atração principal. O filme chama atenção por seu elenco – já que além de Goldblum traz Rowan Atkinson (o eterno Mr. Bean), como seu colega e rival de trabalho, e a classuda britânica vencedora do Oscar Emma Thompson, no papel de uma enfermeira com quem o protagonista inicia um romance.
O Homem que Não Existiu (1983)
Antes da pandemia, ‘O Homem Invisível’ (2020) fez um enorme sucesso de crítica e bilheteria. Filmes sobre o tema marcaram Hollywood através das décadas. Mas antes de ‘O Homem Sem Sombra’ (2000) e antes mesmo de ‘Memórias de um Homem Invisível’ (1992) existiu ‘O Homem que Não Existiu’. Aqui quem estrela é Steve Guttenberg, o eterno Mahoney da franquia ‘Loucademia de Polícia’. Antes de qualquer um dos longas da citada franquia, e antes mesmo de ‘Cocoon’ e sua continuação, Guttenberg viveu um sujeito se deparando com uma tecnologia capaz de deixar invisível qualquer um que entre em contato com ela. Jeffrey Tambor e Lisa Langlois completam o elenco. A sacada aqui era a febre dos filmes 3D que dominavam os cinemas na época (aqueles dos óculos de celofane azul e vermelho) – e lançaram ‘Sexta-Feira 13 – Parte 3D’, ‘Tubarão 3D’ e ‘Amityville 3D’
Fábrica de Robô (1981)
Fechando a matéria temos uma das comédias mais curiosas dos anos 80. E se hoje temos medo da inteligência artificial e o que ela vem sendo capaz de fazer, os anos 80 foram repletos de ficções científicas futuristas que apresentavam robôs superinteligentes, como ‘O Exterminador do Futuro’, ‘Blade Runner‘ e ‘Robocop’. Aqui, conhecemos quatro robôs, o comediante Catskill (Jack Carter), Philco (um animatrônico que soa como R2D2), um robô manobrista ValCom 17485 e uma robô acompanhante AquaCom 89045 (Bernadette Peters). Os últimos dois fogem e decidem viver a sós, apaixonados. Esse é um veículo para o humorista Andy Kaufman, que interpreta o robô principal ValCom e viria a falecer três anos depois. Para a época, os efeitos e a caracterização foram tão impressionantes neste filme da Universal Pictures, que o longa foi indicado para o Oscar de melhor maquiagem para o saudoso Stan Winston.