Poucos atores tiveram tanto sucesso entre os anos 1980 e 2000 quanto Eddie Murphy. O humorista emplacou uma série de clássicos seguidos, marcando duas gerações distintas com seus trabalhos e caretas. Dentre eles, Dr. Dolittle foi um dos que marcou a infância da molecada que cresceu ali perto da virada do século. A história do médico que era capaz de falar com os animais divertiu e encantou pessoas de todas as idades, transformando essa comédia em mais um clássico de Murphy.
Pensando nisso, o CinePOP listou 10 curiosidades que você talvez não conheça sobre essa comédia divertidíssima. Confira!
Adaptação
Para quem não sabe, o Dr. Dolittle original foi criado em 1920, na série de livros ‘As Histórias do Doutor Dolittle’, do britânico Hugh Lofting. Nas páginas, o protagonista é um físico que mora num vilarejo da Inglaterra e que vê sua vida mudar quando acaba decifrando o segredo da linguagem dos animais com a ajuda de seu papagaio.
Porém, na trama, essa sua proximidade com os animais faz com que as pessoas se afastem dele. Então, para recuperar os negócios e não correr o risco de passar fome, Dolittle começa a cuidar dos problemas dos bichos da região, virando um influente veterinário. Sua fama se espalha e ele começa a viajar pelo mundo para cuidar dos problemas de saúde dos mais diferentes bichos que existem por aí.
Filme original
O livro é um clássico da literatura internacional, então era de se esperar que ele fosse adaptado para os cinemas. A primeira adaptação aconteceu em 1967. Em O Fantástico Doutor Dolittle, a direção conta a história de uma dupla de amigos que vai até a Inglaterra, em 1845, para conhecer o mundialmente famoso Dr. John Dolittle, um veterinário que tem a habilidade de falar com os animais. O longa é uma comédia musical que reúne nomes de peso do cinema britânico, como Rex Harrison e Sir Richard Attenborough.
Pouco fiel
O filme de 1998 é também uma adaptação do livro, e teoricamente chega a ser considerado um remake do filme dos anos 60, mesmo que ele pegue pouquíssimos elementos desses dois materiais de origem, mantendo basicamente o nome do protagonista, sua parceria com um animal em específico e a habilidade de falar com animais. Isso porque a proposta era modernizar a história e trazer o protagonista para os dias atuais. E como tanto o livro quanto o filme antigo eram ambientados no passado, não deu para aproveitar muita coisa.
Mudanças
Nesta versão, em vez de aprender a falar com os animais adulto, John Dolittle já falava com os bichos na infância, mas viu essa habilidade se reprimir com o passar dos anos, “despertando” novamente em sua vida adulta. Ele também não é um físico, mas um médico bem-sucedido, o que faz sentido na hora de fazer os procedimentos cirúrgicos nos animais de uma hora para outra. O filme pega tão pouco do material original que chega um momento em que o Dr. Dolittle está assistindo O Fantástico Doutor Dolittle (1967) na TV.
Medroso
Por mais que a história seja essencialmente sobre um homem que pode falar com animais, o protagonista do filme é interpretado por Eddie Murphy, que morre de medo de mexer em animais vivos. Por isso, ele pediu fervorosamente para gravar suas cenas sem a presença dos bichos, inserindo os animais digitalmente na pós-produção. Porém, isso não foi possível em todos os momentos. Então, usaram alguns animatrônicos e nas cenas em que o contato com os bichos era inevitável, a direção permitiu que Murphy expressasse seu medo com seus gritos, dando ainda mais efeito cômico ao longa.
Treino
Por conta do alto número de animais presentes no filme, o projeto contou com vários meses de pré-produção. Nesse tempo, eles contrataram treinadores para os bichos, que precisavam responder aos comandos da direção para compor as cenas. Para isso, os treinadores fizeram amplos estudos sobre os diferentes tipos de comportamento dos animais escolhidos e fizeram um treinamento bem paciente, baseado na lógica das recompensas. Então, quando os bichinhos respondiam corretamente aos comandos vocais da direção, às palmas e aos sons – como assobios -, eles ganham guloseimas.
Cuidado
Também houve um cuidado meticuloso da produção na hora de colocar diferentes tipos de animais na mesma cena. Por exemplo, há momentos em que o filme mostra corujas e ratos ‘atuando’ juntos no mesmo ambiente. Só que essas espécies são predadoras e presas, respectivamente, na natureza. Então, as presas receberam uma atenção especial da produção para evitar que fossem atacadas ou mortas pelos predadores. Foi um trabalhão que deu resultado.
Tecnologia
O filme contou com uma tecnologia revolucionária. Até então, os filmes com animais falantes faziam modelos 3D dos focinhos dos bichos e sobrepunham nos focinhos reais na pós-produção. Com isso, eles simulavam os movimentos da boca gerados por computador. Já Dr. Dolittle contou com uma equipe focada em gravar os movimentos normais das bocas dos bichos. Com as gravações, eles manipularam os frames na pós-produção para dar a impressão de que estavam no movimento das falas com o realismo dos próprios animais.
Homenagem
Dr. Dolittle foi o segundo remake de clássicos que Eddie Murphy fez em sua carreira. O primeiro foi O Professor Aloprado (1996). No longa, há várias referências e homenagens a outros filmes, mas a melhor delas é a cena em que o Dr. Dolittle está dormindo em sua cama e acorda desesperado pela presença de um porquinho da índia. É uma referência à icônica cena da cabeça de cavalo na cama, de O Poderoso Chefão.
Franquia
O filme foi considerado um sucesso. Com custo de 70 milhões de dólares, o longa arrecadou mais de US$ 294 milhões. Isso rendeu mais três sequências, mas nenhuma fez tanto sucesso quanto o primeiro. O mais curioso é que a Universal resolveu fazer um remake da saga em 2020 que sequer chegou perto do sucesso do longa dos anos 90. Dolittle (2020), estrelado por Robert Downey Jr. e Tom Holland, arrecadou ‘apenas’ 251 milhões de dólares, sendo considerado um tenebroso fracasso para o estúdio, dado o alto orçamento.
Dr. Dolittle está disponível no catálogo do Star+.