sábado , 23 novembro , 2024

10 Filmaços Brasileiros para Refletir e se Emocionar na NETFLIX

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Essa nova onda do Corona vírus pegou o Brasil com força. Os casos de mortes aumentam exponencialmente, se fazendo muito necessário neste período com que nos resguardemos. Sair só para o essencial. A vacina já está aqui, muitos idosos inclusive já estão sendo vacinados neste momento, só precisamos aguentar mais um pouco. Sabemos que a tarefa de ficar em casa pode ser no mínimo monótona, e justamente por isso, para apaziguar um pouco as coisas e trazer um pouco mais de consciência, reflexão, mas sem esquecer a diversão e a emoção, montamos uma nova lista com dicas, desta vez focada somente no que de melhor nosso cinema brasileiro tem a oferecer na plataforma do maior canal de streaming da atualidade, a Netflix. Confira abaixo estes filmes imperdíveis e após acabar de ler corra para assisti-los.

O Silêncio do Céu



Começamos a lista de dicas com um filme bastante tenso. Com sabor internacional, mas mantendo sua latinidade, este suspense dramático é baseado no livro do argentino Sergio Bizzio (tendo roteiro adaptado pelo próprio) e traz como protagonista o conterrâneo do autor, o astro Leonardo Sbaraglia (Relatos Selvagens e Neve Negra). Mas não se espantem, temos apenas o toque dos hermanos aqui, O Silêncio do Céu é uma produção brasileiríssima, tendo como produtor o nosso Rodrigo Teixeira, além da direção do talentosíssimo Marco Dutra (As Boas Maneiras). A protagonista feminina é nenhuma outra senão a carioca Carolina Dieckmann, arrebentando no espanhol. Fechando o trio sensação de protagonistas, temos o filho do homem, Chino Darín, filho de Ricardo Darín. Na trama recomendada para os de estômagos forte, Dieckmann vive o papel dificílimo de uma mulher estuprada em sua própria casa. Agora, ela e seu marido, papel de Sbaraglia, precisam lidar com esta realidade, cada um à sua maneira. Se você ainda não assistiu, não perca mais tempo!

Como Nossos Pais

A icônica canção do adorado Belchior, de 1976, sucesso na voz da atemporal Elis Regina, ganha uma espécie de adaptação cinematográfica homônima, escrita e dirigida por Laís Bodanszky (Bicho de Sete Cabeças). Os erros e problemas de nossos pais nos são herdados e se não tomarmos cuidado os passaremos igualmente a nossos filhos. Na trama, Rosa (Maria Ribeiro) é uma mulher tendo problemas no casamento com o marido Dado (Paulo Vilhena), enquanto tenta criar seus filhos. Ela acredita que ele esteja tendo um caso e termina também caindo em tentação com outro homem. Ao mesmo tempo, no relacionamento conturbado com a mãe, lhe é revelado que o homem a quem conheceu a vida toda como pai pode não ser seu progenitor biológico. Uma das grandes pérolas do cinema nacional dos últimos anos.

Califórnia

A vida de Marina Person sempre esteve relacionada ao cinema. Os da geração anos 1990 e 2000 podem lembrar da artista como apresentadora do saudoso cine MTV e das coberturas de tudo relacionado a cinema pela Music Television, como o MTV Movie Awards. Mas o que alguns podem não saber é que a apresentadora, atriz e diretora é filha de ninguém menos do que Luiz Sérgio Person, um dos grandes cineastas que nosso país teve nas décadas de 1960 e 1970. Após ter estreado como diretora no documentário sobre seu pai em 2007, Marina lançava há 6 anos seu primeiro filme de ficção com este drama semi autobiográfico. Um dos melhores coming of age do cinema nacional, Califórnia apresenta a história de amadurecimento da adolescente Estela (Clara Gallo), a persona de Marina, uma jovem crescendo na São Paulo de 1984. Fã de rock e cinema, a menina passa pelo desabrochar se tornando uma mulher. Mas a dinâmica de sua rotina muda com a chegada de seu tio descolado Carlos (Caio Blat), com quem tem um ótimo relacionamento. O sujeito vive na Califórnia e Estela sonha em fazer uma viagem para lá com o tio. Porém, ele tem seus próprios segredos a serem revelados…

Paraíso Perdido

Dirigido por Monique Gardenberg, este drama policial possui toques musicais, além de uma atmosfera que emula propositalmente um folhetim novelesco. A trama se desenrola em torno de uma casa noturna de shows, a boate que leva o título do filme. Um caso policial desencadeia uma investigação no local, enquanto acompanhamos as vidas de diversos personagens e seus encontros e desencontros no estabelecimento. Além da história interessante, Paraíso Perdido já valeria a pena somente por seu elenco de peso: um dos melhores de nosso cinema nos últimos anos. Veja só este timaço, desfilando em tela temos: Marjorie Estiano, Júlio Andrade, Hermila Guedes, Humberto Carrão, Seu Jorge, Lee Taylor e Julia Konrad. Mas calma, a cereja no bolo é a presença do veterano Erasmo Carlos no papel do patriarca que comanda o estabelecimento. Ah sim, não podemos terminar sem falar do elemento mais que marcante no elenco, a revelação Jaloo, a verdadeira espinha dorsal do filme. É só ver para conferir.

O Homem do Futuro

Cláudio Torres (A Mulher Invisível) é um cineasta brasileiro que gosta de criar fora da caixinha. Suas produções voltadas ao entretenimento sempre buscam sair do lugar comum, adicionando na mistura algum grande conceito. Seja um mulherão que só existe na mente do protagonista, ou brincar com viagem no tempo e ter mais uma chance num amor que deixamos escapar na vida. É neste segundo quesito que O Homem do Futuro se encaixa. Na trama, Wagner Moura (um de nossos atores mais prestigiados na atualidade) vive um cientista brilhante, que trocaria toda fama e fortuna do mundo para ter uma nova oportunidade junto da mulher que sempre amou e deixou escapar, a bela Helena, papel da estonteante Alinne Moraes. Assim, em sua nova invenção, o sujeito cria uma máquina do tempo, e consegue voltar vinte anos no passado, numa missão mais importante do que qualquer outra: o amor. O Homem do Futuro está completando 10 anos de seu lançamento em 2021. Ou Seja, esta é a oportunidade mais que perfeita para conhecer ou revisitar.

Ponte Aérea

Por falar em amor, aqui entramos numa área que a cineasta Julia Rezende entende muito bem e domina como poucas. Isto é, ao menos atrás das câmeras com seus filmes. Uma das diretoras mais proeminentes da atualidade no nosso cinema brasileiro a mesclar com riquíssima sintonia o cinema entretenimento com conteúdo questionador. E talvez nenhum outro filme de seu repertório faça isso tão bem quanto Ponte Aérea. Escrito pela própria, podemos arriscar dizer que esta é uma versão da música Eduardo e Mônica, da banda Legião Urbana, modernizada e dada às devidas proporções. Bem, este ano, ao que tudo indica a versão oficial da música será lançada nos cinemas, mas aqui tivemos uma espécie de prévia, de como esta dinâmica funcionaria no mundo real. Veja só: Amanda (Letícia Colin) é uma jovem paulista ambiciosa e workaholic. Bruno (Caio Blat) é um carioca “zen”, artista e mais preocupado com sua qualidade de vida do que com o ritmo acelerado do trabalho que rege nosso dia a dia. Além destas diferenças gritantes de estilos de vida, a distância entre as cidades se colocará como entrave no relacionamento dos jovens amantes.

Sinfonia da Necrópole

Este item faz ligação direta com o primeiro da lista. Explico. Marco Dutra e Juliana Rojas são jovens cineastas paulistas que funcionam quase como a versão tupiniquim dos irmãos Coen. Bom, se os Coen mandassem bem separados igualmente. Juntos, o duo brazuca tem no currículo filmes de terror como Trabalhar Cansa (2011) e As Boas Maneiras (2017). E separados, enquanto Dutra aparece na lista com O Silêncio do Céu, Rojas não fica atrás e chega agora com este “terrir” musical que é um verdadeiro achado, e uma das produções brasileiras mais originais que temos notícia. A começar que o gênero musical por estes lados não é tão tentado quanto deveria. Assim, já começamos enaltecendo a coragem da diretora em arriscar algo do tipo. Para completar, ela brinca com dois gêneros considerados quase água e óleo: o terror e o musical. Adicione na mistura a comédia e temos uma receita que é uma obra cult nata. Passado num cemitério, o filme acompanha o protagonista Deodato (Eduardo Gomes), um jovem coveiro cansado da rotina do trabalho. Tudo muda com a chegada de uma nova funcionária que irá colocar ordem na casa, a descolada Jaqueline (Luciana Paes). Ah sim, o sujeito logo se vê enfeitiçado de paixão pela mulher, mas precisará lidar com elementos nada românticos quando os mortos começarem a levantar de seus túmulos…

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

É incrível como em pouco tempo muitos conceitos podem mudar. Este filme fez um enorme sucesso no Brasil na época de seu lançamento, há 7 anos, com sua história de amadurecimento bem diferente do que costumamos ver. Ao ponto de ter se tornado o representante do Brasil por uma vaga no Oscar de seu respectivo ano – a indicação nos prêmios da Academia terminou não ocorrendo. Mais incrível ainda é pensar que em menos de 10 anos quase ninguém mais fala sobre a obra, como se tivesse sido apagada pelo tempo. Ainda bastante atual, a história traz grande representatividade LGBTQ+, tudo envolvido com muita doçura numa produção de fácil acesso. A grosso modo seria quase uma versão de Com Amor, Simon (2018) brasileira, mas tendo sido lançada alguns anos antes. Na trama, Leonardo (Ghilherme Lobo, numa impressionante performance) é um jovem cego, que vive sua adolescência colado com a melhor amiga Giovana (a carismática Tess Amorim). Esta dinâmica irá mudar com a chegada do terceiro elemento, um novo estudante chamado Gabriel (Fábio Audi), que fará Leonardo descobrir o aflorar de sua sexualidade. A Netflix disponibiliza a oportunidade de você conferir este filme delicado.

Elena

Por falar em obras delicadas, chega agora na lista um dos filmes mais tocantes e emocionantes de nosso cinema, que promete te imergir em sentimentos que você nem sabia possuir. A diretora Petra Costa se tornou muito vocal em seu posicionamento político nos últimos anos, e também prata da casa na Netflix, ao produzir para a plataforma o polêmico Democracia em Vertigem (2019), sua visão de tudo o que cercou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Sete anos antes, no entanto, ela estreava um projeto ainda mais pessoal, que de controverso não tinha nada, mas de emotivo e contagiante tem tudo. Neste documentário que marca a estreia de Petra Costa como cineasta, ela narra a história de sua irmã mais velha Elena, sua relação com ela e o que significou sua morte por suicídio ainda na juventude. Elena tinha o sonho de se tornar uma atriz de cinema em Hollywood e para isso viaja aos EUA e até consegue conhecer gente importante nos altos círculos. Mas as constantes rejeições a fazem descer numa espiral de depressão até a morte. Muitos anos mais tarde, Petra se torna atriz e resolve refazer os passos da irmã na cidade que nunca dorme.

AmarElo – É Tudo Pra Ontem

Nossa última dica é igualmente um documentário, mas este um documentário musical, misturado a um show e seus bastidores. É também a única produção própria da Netflix dentre os filmes selecionados. A obra mais recente da lista, lançada em 2020 na plataforma, o longa traz em foco o cantor e pensador Emicida, um dos novos gurus sociais da atualidade. Um verdadeiro poeta moderno, o cantor paulista traz grande consciência social e representatividade racial em seu discurso, e AmarElo é a mais pura definição disso. Em um show no Theatro Municipal de São Paulo, o rapper faz questão que jovens negros que nunca tiveram a oportunidade de entrar no imponente local, estejam na plateia. Fora isso, intercalando as músicas do show e os bastidores com artistas renomados em parceria, o músico conta bastante da importância cultural que os negros tiveram no Brasil, desde que nossas terras foram invadidas pelos portugueses. Uma verdadeira aula de história.

 

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Essa nova onda do Corona vírus pegou o Brasil com força. Os casos de mortes aumentam exponencialmente, se fazendo muito necessário neste período com que nos resguardemos. Sair só para o essencial. A vacina já está aqui, muitos idosos inclusive já estão sendo vacinados neste momento, só precisamos aguentar mais um pouco. Sabemos que a tarefa de ficar em casa pode ser no mínimo monótona, e justamente por isso, para apaziguar um pouco as coisas e trazer um pouco mais de consciência, reflexão, mas sem esquecer a diversão e a emoção, montamos uma nova lista com dicas, desta vez focada somente no que de melhor nosso cinema brasileiro tem a oferecer na plataforma do maior canal de streaming da atualidade, a Netflix. Confira abaixo estes filmes imperdíveis e após acabar de ler corra para assisti-los.

O Silêncio do Céu

Começamos a lista de dicas com um filme bastante tenso. Com sabor internacional, mas mantendo sua latinidade, este suspense dramático é baseado no livro do argentino Sergio Bizzio (tendo roteiro adaptado pelo próprio) e traz como protagonista o conterrâneo do autor, o astro Leonardo Sbaraglia (Relatos Selvagens e Neve Negra). Mas não se espantem, temos apenas o toque dos hermanos aqui, O Silêncio do Céu é uma produção brasileiríssima, tendo como produtor o nosso Rodrigo Teixeira, além da direção do talentosíssimo Marco Dutra (As Boas Maneiras). A protagonista feminina é nenhuma outra senão a carioca Carolina Dieckmann, arrebentando no espanhol. Fechando o trio sensação de protagonistas, temos o filho do homem, Chino Darín, filho de Ricardo Darín. Na trama recomendada para os de estômagos forte, Dieckmann vive o papel dificílimo de uma mulher estuprada em sua própria casa. Agora, ela e seu marido, papel de Sbaraglia, precisam lidar com esta realidade, cada um à sua maneira. Se você ainda não assistiu, não perca mais tempo!

Como Nossos Pais

A icônica canção do adorado Belchior, de 1976, sucesso na voz da atemporal Elis Regina, ganha uma espécie de adaptação cinematográfica homônima, escrita e dirigida por Laís Bodanszky (Bicho de Sete Cabeças). Os erros e problemas de nossos pais nos são herdados e se não tomarmos cuidado os passaremos igualmente a nossos filhos. Na trama, Rosa (Maria Ribeiro) é uma mulher tendo problemas no casamento com o marido Dado (Paulo Vilhena), enquanto tenta criar seus filhos. Ela acredita que ele esteja tendo um caso e termina também caindo em tentação com outro homem. Ao mesmo tempo, no relacionamento conturbado com a mãe, lhe é revelado que o homem a quem conheceu a vida toda como pai pode não ser seu progenitor biológico. Uma das grandes pérolas do cinema nacional dos últimos anos.

Califórnia

A vida de Marina Person sempre esteve relacionada ao cinema. Os da geração anos 1990 e 2000 podem lembrar da artista como apresentadora do saudoso cine MTV e das coberturas de tudo relacionado a cinema pela Music Television, como o MTV Movie Awards. Mas o que alguns podem não saber é que a apresentadora, atriz e diretora é filha de ninguém menos do que Luiz Sérgio Person, um dos grandes cineastas que nosso país teve nas décadas de 1960 e 1970. Após ter estreado como diretora no documentário sobre seu pai em 2007, Marina lançava há 6 anos seu primeiro filme de ficção com este drama semi autobiográfico. Um dos melhores coming of age do cinema nacional, Califórnia apresenta a história de amadurecimento da adolescente Estela (Clara Gallo), a persona de Marina, uma jovem crescendo na São Paulo de 1984. Fã de rock e cinema, a menina passa pelo desabrochar se tornando uma mulher. Mas a dinâmica de sua rotina muda com a chegada de seu tio descolado Carlos (Caio Blat), com quem tem um ótimo relacionamento. O sujeito vive na Califórnia e Estela sonha em fazer uma viagem para lá com o tio. Porém, ele tem seus próprios segredos a serem revelados…

Paraíso Perdido

Dirigido por Monique Gardenberg, este drama policial possui toques musicais, além de uma atmosfera que emula propositalmente um folhetim novelesco. A trama se desenrola em torno de uma casa noturna de shows, a boate que leva o título do filme. Um caso policial desencadeia uma investigação no local, enquanto acompanhamos as vidas de diversos personagens e seus encontros e desencontros no estabelecimento. Além da história interessante, Paraíso Perdido já valeria a pena somente por seu elenco de peso: um dos melhores de nosso cinema nos últimos anos. Veja só este timaço, desfilando em tela temos: Marjorie Estiano, Júlio Andrade, Hermila Guedes, Humberto Carrão, Seu Jorge, Lee Taylor e Julia Konrad. Mas calma, a cereja no bolo é a presença do veterano Erasmo Carlos no papel do patriarca que comanda o estabelecimento. Ah sim, não podemos terminar sem falar do elemento mais que marcante no elenco, a revelação Jaloo, a verdadeira espinha dorsal do filme. É só ver para conferir.

O Homem do Futuro

Cláudio Torres (A Mulher Invisível) é um cineasta brasileiro que gosta de criar fora da caixinha. Suas produções voltadas ao entretenimento sempre buscam sair do lugar comum, adicionando na mistura algum grande conceito. Seja um mulherão que só existe na mente do protagonista, ou brincar com viagem no tempo e ter mais uma chance num amor que deixamos escapar na vida. É neste segundo quesito que O Homem do Futuro se encaixa. Na trama, Wagner Moura (um de nossos atores mais prestigiados na atualidade) vive um cientista brilhante, que trocaria toda fama e fortuna do mundo para ter uma nova oportunidade junto da mulher que sempre amou e deixou escapar, a bela Helena, papel da estonteante Alinne Moraes. Assim, em sua nova invenção, o sujeito cria uma máquina do tempo, e consegue voltar vinte anos no passado, numa missão mais importante do que qualquer outra: o amor. O Homem do Futuro está completando 10 anos de seu lançamento em 2021. Ou Seja, esta é a oportunidade mais que perfeita para conhecer ou revisitar.

Ponte Aérea

Por falar em amor, aqui entramos numa área que a cineasta Julia Rezende entende muito bem e domina como poucas. Isto é, ao menos atrás das câmeras com seus filmes. Uma das diretoras mais proeminentes da atualidade no nosso cinema brasileiro a mesclar com riquíssima sintonia o cinema entretenimento com conteúdo questionador. E talvez nenhum outro filme de seu repertório faça isso tão bem quanto Ponte Aérea. Escrito pela própria, podemos arriscar dizer que esta é uma versão da música Eduardo e Mônica, da banda Legião Urbana, modernizada e dada às devidas proporções. Bem, este ano, ao que tudo indica a versão oficial da música será lançada nos cinemas, mas aqui tivemos uma espécie de prévia, de como esta dinâmica funcionaria no mundo real. Veja só: Amanda (Letícia Colin) é uma jovem paulista ambiciosa e workaholic. Bruno (Caio Blat) é um carioca “zen”, artista e mais preocupado com sua qualidade de vida do que com o ritmo acelerado do trabalho que rege nosso dia a dia. Além destas diferenças gritantes de estilos de vida, a distância entre as cidades se colocará como entrave no relacionamento dos jovens amantes.

Sinfonia da Necrópole

Este item faz ligação direta com o primeiro da lista. Explico. Marco Dutra e Juliana Rojas são jovens cineastas paulistas que funcionam quase como a versão tupiniquim dos irmãos Coen. Bom, se os Coen mandassem bem separados igualmente. Juntos, o duo brazuca tem no currículo filmes de terror como Trabalhar Cansa (2011) e As Boas Maneiras (2017). E separados, enquanto Dutra aparece na lista com O Silêncio do Céu, Rojas não fica atrás e chega agora com este “terrir” musical que é um verdadeiro achado, e uma das produções brasileiras mais originais que temos notícia. A começar que o gênero musical por estes lados não é tão tentado quanto deveria. Assim, já começamos enaltecendo a coragem da diretora em arriscar algo do tipo. Para completar, ela brinca com dois gêneros considerados quase água e óleo: o terror e o musical. Adicione na mistura a comédia e temos uma receita que é uma obra cult nata. Passado num cemitério, o filme acompanha o protagonista Deodato (Eduardo Gomes), um jovem coveiro cansado da rotina do trabalho. Tudo muda com a chegada de uma nova funcionária que irá colocar ordem na casa, a descolada Jaqueline (Luciana Paes). Ah sim, o sujeito logo se vê enfeitiçado de paixão pela mulher, mas precisará lidar com elementos nada românticos quando os mortos começarem a levantar de seus túmulos…

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

É incrível como em pouco tempo muitos conceitos podem mudar. Este filme fez um enorme sucesso no Brasil na época de seu lançamento, há 7 anos, com sua história de amadurecimento bem diferente do que costumamos ver. Ao ponto de ter se tornado o representante do Brasil por uma vaga no Oscar de seu respectivo ano – a indicação nos prêmios da Academia terminou não ocorrendo. Mais incrível ainda é pensar que em menos de 10 anos quase ninguém mais fala sobre a obra, como se tivesse sido apagada pelo tempo. Ainda bastante atual, a história traz grande representatividade LGBTQ+, tudo envolvido com muita doçura numa produção de fácil acesso. A grosso modo seria quase uma versão de Com Amor, Simon (2018) brasileira, mas tendo sido lançada alguns anos antes. Na trama, Leonardo (Ghilherme Lobo, numa impressionante performance) é um jovem cego, que vive sua adolescência colado com a melhor amiga Giovana (a carismática Tess Amorim). Esta dinâmica irá mudar com a chegada do terceiro elemento, um novo estudante chamado Gabriel (Fábio Audi), que fará Leonardo descobrir o aflorar de sua sexualidade. A Netflix disponibiliza a oportunidade de você conferir este filme delicado.

Elena

Por falar em obras delicadas, chega agora na lista um dos filmes mais tocantes e emocionantes de nosso cinema, que promete te imergir em sentimentos que você nem sabia possuir. A diretora Petra Costa se tornou muito vocal em seu posicionamento político nos últimos anos, e também prata da casa na Netflix, ao produzir para a plataforma o polêmico Democracia em Vertigem (2019), sua visão de tudo o que cercou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Sete anos antes, no entanto, ela estreava um projeto ainda mais pessoal, que de controverso não tinha nada, mas de emotivo e contagiante tem tudo. Neste documentário que marca a estreia de Petra Costa como cineasta, ela narra a história de sua irmã mais velha Elena, sua relação com ela e o que significou sua morte por suicídio ainda na juventude. Elena tinha o sonho de se tornar uma atriz de cinema em Hollywood e para isso viaja aos EUA e até consegue conhecer gente importante nos altos círculos. Mas as constantes rejeições a fazem descer numa espiral de depressão até a morte. Muitos anos mais tarde, Petra se torna atriz e resolve refazer os passos da irmã na cidade que nunca dorme.

AmarElo – É Tudo Pra Ontem

Nossa última dica é igualmente um documentário, mas este um documentário musical, misturado a um show e seus bastidores. É também a única produção própria da Netflix dentre os filmes selecionados. A obra mais recente da lista, lançada em 2020 na plataforma, o longa traz em foco o cantor e pensador Emicida, um dos novos gurus sociais da atualidade. Um verdadeiro poeta moderno, o cantor paulista traz grande consciência social e representatividade racial em seu discurso, e AmarElo é a mais pura definição disso. Em um show no Theatro Municipal de São Paulo, o rapper faz questão que jovens negros que nunca tiveram a oportunidade de entrar no imponente local, estejam na plateia. Fora isso, intercalando as músicas do show e os bastidores com artistas renomados em parceria, o músico conta bastante da importância cultural que os negros tiveram no Brasil, desde que nossas terras foram invadidas pelos portugueses. Uma verdadeira aula de história.

 

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