O cinema é uma ferramenta atemporal de reflexão sobre a sociedade. Muitas narrativas envolvem o espectador em seus paralelos com a realidade, transformando uma sessão de cinema em um grande laboratório de observações sociais. Pensando nisso, para quem curtiu o tema, separamos abaixo uma lista com 10 filmes ambientados em décadas passadas que dizem muito sobre o mundo de hoje:
Na trama, ambientada na Suíça, no início da década de 70, conhecemos Nora (Marie Leuenberger), uma mulher de meia idade que morou durante toda sua vida em um pequeno vilarejo com poucas atividades culturais ou sociais. Quando começa a não concordar com limitações impostas as mulheres durante décadas, e, assim, vira a líder de um movimento importante pelo direito de voto das mulheres nas eleições. Mas o caminho não será fácil, nem para ela, nem para seu marido Hans (Maximilian Simonischek).
Violette
Na história, roteirizada pelo próprio diretor, conhecemos mais profundamente a vida da escritora Violette Leduc, uma mulher guerreira que encontrou a salvação através da escrita. Sua amizade e sua paixão por Simone de Beauvoir também é meticulosamente bem mostrada. Se sentindo em um deserto que monologa, desafiando o convencional da época, quebrando tabus, sendo admirada por ilustres escritores do século XX, a protagonista é muito poderosa.
Numa época que pensadores originais não precisavam de diploma para lecionar, conhecemos a filósofa política alemã de origem judaica, Hannah Arendt que trabalhou como jornalista e professora universitária além de publicar obras importantes sobre filosofia política. Sempre rodeada por livros e textos que contribuíram para com a sua obra, somos apresentados aos amigos (alguns deles famosos pensadores) e a toda uma problemática pessoal provocada pelo seu pensamento que culminou na transformação de um julgamento em uma questão filosófica.
Na trama, em meio a passagens de tempo, voltamos até o início do século XX, onde um prodígio aluno do curso de química da prestigiada universidade de Harvard, J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy) daria seus primeiros passos rumo a física teórica, viajando pelos principais centros de estudos do tema, conhecendo nomes depois renomados da ciência, até chegar ao comando do ‘Projeto Manhattan’ encarregado de desenvolver armas de destruição em massa, no laboratório de Los Alamos, e onde foi criada as famosos bombas atômicas que atingiram Hiroshima e Nagazaki já no final da segunda guerra mundial. Em paralelo a isso, vamos conhecendo também sua vida pessoal, repleta de amores, traições, problemas nos relacionamentos interpessoais, e seus embates com a política norte-americana, muito por conta dos tempos em que foi considerado comunista, inclusive o filme retrata o tempo em que foi vítima da caça às bruxas durante o Macartismo.
Uma História de Loucura
Baseado na autobiografia La Bomba, do escritor José Antonio Gurriaran, Uma História de Loucura traz uma luz histórica sobre uma guerra cruel entre turcos e descendentes de armênios, acontecimentos pouco explorados em livros de história mundial aqui no Brasil. A direção do filme é do excelente cineasta francês Robert Guédiguian (As Neves do Kilimandjaro) que consegue com muita delicadeza e objetividade mostrar ao espectador uma visão bastante completa sobre o conflito tendo em seus contornos uma poderoso história de uma mãe em busca de uma certa redenção para seu perdido filho.
Na trama, conhecemos algumas fases da vida de Tammy Faye (Jessica Chastain), primeiro uma criança criada com a religião muito próxima de sua família, depois sua chegada na faculdade de estudos bíblicos, onde conhece o futuro marido Jim Bakker (Andrew Garfield). A partir do momento que se casa, resolve com o marido jogarem as mensagens de fé e esperança pelos Estados Unidos até que começam a perceber uma oportunidade de alcançar cada vez mais pessoas indo para a televisão e criando um show cristão. Só que o tempo passa, o sucesso chega, mas os pecados cometidos nesses tempos de ganância e ego inflado batem à porta deixando poucas escolhas aos envolvidos.
Homens Brancos não Sabem Enterrar
Na trama, conhecemos Sidney (Wesley Snipes) e Billy (Woody Harrelson), o primeiro um homem casado que divide seu cotidiano como agente imobiliário e jogador de basquete de rua se jogando impulsivamente em apostas diárias. O segundo é um atrapalhado jovem que praticamente vira um nômade, levando sempre consigo um violão e uma bola de um dos esportes mais populares dos Estados Unidos, ao lado da namorada Gloria (Rosie Perez), pois está devendo dinheiro para mafiosos locais, em busca de algum trocado tenta a sorte pelas quadras se fazendo de péssimo jogador mas acertando a cesta a todo instante. Ambos vão aos poucos descobrindo uma improvável amizade e bolam planos de golpes juntos pelas quadras de Venice beach, na Califórnia.
Na trama, dirigida pela cineasta queniana Gurinder Chadha o longa-metragem nos mostra o retrato da adolescência conturbada e criativa de Javed (Viveik Kalra) que vive com os pais descendentes de paquistaneses na Inglaterra no final da década de 80. Muito dedicado ao estudo mas sem muitos amigos e não aproveitando a vida como deveria por conta de costumes de sua família, certo dia ganha uma fita k7 de um músico que faz muito sucesso no mundo chamado Bruce Springsteen. As canções do ‘chefe’ começam a fazer sentido na vida de Javed e impulsionado pela força dessas letras começa a realizar uma grande revolução em sua vida.
Na trama, conhecemos Paul (Banks Repeta), um jovem, meio rebelde, de classe média, que adora o universo das artes, principalmente o desenho, a pintura. Ele mora com a mãe Esther (Anne Hathaway), uma dona de casa e representante de pais da escola, e o pai Irving (Jeremy Strong, em grande atuação), um homem que ganha a vida como encanador, consertando aquecedores. Uma figura presente em sua vida é seu avô, Aaron (Anthony Hopkins), com quem aprende muito sobre a vida em cada conversa. Paul estuda em um colégio público e se vê quase sempre em conflito com o professor (uma figura conservadora e muito rígida). Ele começa uma amizade com Johnny (Jaylin Webb), um jovem negro que mora com a avó, e dessa amizade Paul aprenderá lições que levará por toda a vida.
Na trama, ambientado por volta de 1860, na região de Midland, na Irlanda, conhecemos a enfermeira Lib (Florence Pugh, em mais uma destacada atuação), uma mulher com um pensar à frente do seu tempo que é selecionada por um conselho para ir até uma pequena vila e investigar algo de inusitado que está acontecendo: uma jovem de onze anos chamada Anna (Kíla Lord Cassidy) não se alimenta faz meses e continua viva, se tornando famosa na região e recebendo turistas, peregrinos, que querem presenciar esse possível milagre. Os que mandam e desmandam nesse vilarejo também estão de olho nessa situação, até mesmo os que defendem o lado religioso. Aos poucos, a enfermeira vai conhecendo melhor essa história, principalmente da família da jovem, e assim muitas surpresas vão aparecer durante sua estadia na região levando-a a dilemas.