“Eu preciso mudar todo dia, pra escapar da rotina dos meus desejos por seus beijos. Os meus sonhos, eu procuro acordar e perseguir meus sonhos, mas a realidade que vem depois não é bem aquela que planejei”. Quem nunca se sentiu assim? Um grande amor perdido e ainda não superado, um sonho realizado mas parece que não está ainda completo, você chegou ao topo mas sente que deixou um amor, um alguém e nada mais faz sentido. Somos seres humanos, sofremos e vivemos de experiências desse tipo. Aquela volta pra casa que se torna a mesma de dias atrás, lembranças de situações e momentos felizes que chegam a arrepiar o nosso coração. Mas porque não acreditar que todos esses momentos bons podem se repetir?
Uma das vantagens de termos a sétima arte em nossas vidas é que essa se torna sabiamente um porto seguro para você que vive, viveu e vai viver momentos assim. Um bom filme muda uma cara fechada, um sorriso torto, um coração sofredor. Indo mais a fundo e buscando filmes que nos fazem pensar em nossas vidas, separei uma lista de 10 filmes que vão fazer você enxergar a vida de outra maneira e quem sabe ajudar você a curar esse dor mais rapidamente.
10) Temporário 12 (Short Term 12)
Ajudar ao próximo a superar os problemas é uma maneira mágica de ajudar a si mesmo. Sensação em muitos festivais de cinema independente no mundo todo, o profundo drama Short Term 12 é um daqueles filmes que de tão bonito vira lembrança inesquecível dentro dos nossos corações. Escrito e dirigido pelo desconhecido cineasta hawaiano Destin Cretton, o simpático projeto aborda a boa ação em ajudar ao próximo sem pedir absolutamente nada em troca para isso. Com uma atuação fantástica da jovem Brie Larson, esse trabalho se consagra como um dos grandes filmes dessa temporada. Por isso, desde já a nossa torcida para que ele chegue nas telonas brasileiras.
O roteiro, escrito pelo próprio diretor, é primoroso. Cada arco de construção dos personagens é meticulosamente bem feito. A apresentação da protagonista vai acontecendo com o decorrer da projeção. Grace se coloca como os olhos do público durante todos os 96 minutos de fita. A fórmula mágica de conquistar o espectador com simples sequências acontece muito por conta da atuação mais que inspirada da atriz Brie Larson. Seus diálogos sobre a vida, histórias do passado e relações amorosas, com seu namorado Mason (interpretado por uma das estrelas do aclamado seriado Newsroom, John Gallagher Jr.) são ótimos.
Temporário 12 é um trabalho para ser admirado por todo mundo que gosta de pensar vendo um filme. Não tem nenhum apelo comercial e por isso deve ser muito difícil chegar aqui nos nossos cinemas. Por isso, vale muito nossa torcida para que isso ocorra. Esse é um filme que todo mundo que faz o bem merecer assistir. Afinal, quais são os pilares da nossa sociedade? Esse longa-metragem ajuda a todos nós encontrarmos essa e outras respostas. Bravo!
O que esse filme ensina: Ajudando ao próximo e vivendo a cada dia com esperanças renovadas, sua vida pode dar um salto rumo à felicidade.
09) Jimmy P.
Em qual língua você sonha? Depois de uma série de filmes sem expressão pelo mundo do cinema, o cineasta francês Arnaud Desplechin consegue finalmente alcançar um certo brilho em sua estrela apagada. Com ótimas tomadas e movimentos intrigantes de sua nervosa câmera consegue que uma história densa se torne um delicioso passatempo para quem curte cinema de boa qualidade. Jimmy P. é o tipo de filme que vai te conquistando aos pouquinhos chegando ao seu clímax quando os seus personagens principais, maravilhosamente interpretados por Benicio De Toro e Mathieu Amalric, passam da necessária superficialidade dos diálogos ao embarque em uma linda jornada de amizade e profundidade dessa relação.
Os diálogos, carregados de sotaques, cada qual no seu qual, ganham certo destaque na trama. O público se surpreende quando aqueles papos muito loucos no começo da história se tornam ferramentas inteligentes para entendermos melhor os dois ótimos personagens. O quebra-cabeça de sonhos, analogias e esquisitas verdades são interpretadas brilhantemente pelo antropólogo interpretado por Amalric. Falando de maneira leiga e deveras audaciosa, é uma espécie de confronto amistoso entre a corrente de sonhos de Jung e as espertezas sobre a sexualidade, essa, de Freud.
O trabalho de Del Toro e seu personagem é meticuloso, espanta pela verdade que passa em cada palavra pronunciada. O ganhador do Oscar mostra mais uma vez como é um artista versátil. Mas quem comanda o show é o francês Mathieu Amalric, a alma da história passa pela sua intensidade e sagacidade em buscar uma solução para o paciente em questão. A dupla consegue manter a atenção do público nessa longa trama de quase duas horas.
Passado no ano passado para a exigente plateia e júri do Festival de Cannes, Jimmy P. é um daqueles filmes que acaba mas não termina, por conta das inúmeras discussões que vai gerar. Um prato cheio para qualquer estudante de antropologia, psicologia, psiquiatria e para todo mundo que gosta de filmes feitos para refletir. Não importa em qual língua você sonha, Jimmy P. mostrará a você que o importante é superar os traumas e ser feliz.
O que esse filme ensina: A busca pela felicidade está relacionada aos laços de amizade que você encontra em sua trajetória. Faça o máximo de amigos verdadeiros que puder e conte com eles quando precisar. Faça o mesmo se alguém precisar de você.
08) Gloria
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” Não há frase melhor do que essa pérola do saudoso Chaplin para definir o indicado do Chile ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano, Gloria. Dirigido pelo talentoso Sebastián Lelio, o longa-metragem já conquistou plateias de todo o mundo, principalmente em Berlim onde recebeu o concorrido Urso de prata de Melhor atriz. As dancinhas desajustadas logo no início do filme já davam a dica de que estariam prestes a acompanhar uma mulher de personalidade cativante que nos transportaria para um filme emocionante e inspirador.
O ritmo do filme é ditado pela espetacular atuação da atriz Paulina Garcia. Pulando de Bungee Jumping, brincando de Paintball, dançando loucamente nas pistas da vida, vamos conhecendo Gloria aos mínimos detalhes. Não há como não gostar dessa personagem. Por trás de seus óculos gigantes, se esconde uma mulher insegura, carente que possui um talento especial e inusitado para passar batom. Procurando todo e qualquer tipo de atividade para não se sentir sozinha, encontra nos bailes noturnos e dançantes um porto seguro. A composição da personagem é algo sublime, magnífico. O quebra-cabeça emocional em que vive Gloria é jogado na tela com veracidade à flor da pele, fruto do talento de Paulina.
Já no desfecho, em meio a um inusitado bombardeio de bolinhas de tinta, Gloria dá um ponto final em uma situação que a incomodava e isso marca novamente um novo recomeço. A brincadeira entre ficção e realidade chega nessas verdades implícitas em cada cena deste filme. Nos familiarizamos com os dramas que somos testemunhas e passamos a questionar nossa própria vida. Afinal, a vida não é a eterna arte de recomeçar?
O que esse filme ensina: A vida é uma eterna arte de recomeçar.
07) O Maravilhoso Agora (The Spectacular Now)
Sonhos para quem sonha. Futuro para quem trabalha para ele. Mas, que tal os dois? Baseado na obra homônima de Tim Tharp, a grande surpresa do último Festival de Sundance, The Spectacular Now, é muito mais do que um filme maduro sobre o retrato da juventude. Dirigido por James Ponsoldt (que comandou o interessante Smashed: De Volta a Realidade), o drama promete conquistar todo o tipo de público principalmente por conta de seus diálogos para lá de envolventes.
O contraste dos personagens é um ponto interessante a se destacar. Aimee é uma delicadeza em pessoa que acabara de passar para a faculdade, sonha em trabalhar na Nasa e ter uma família perfeita. Já Sutter é um acomodado, malandro por si só, que não almeja nada além de piadas prontas para seu vasto repertório de conchavos. Os dois passam por problemas com suas respectivas famílias, a primeira por ter que lutar por sua independência acadêmica e o segundo por ter sido abandonado pelo pai muito cedo prejudicando sua relação com a mãe.
Não é um absurdo dizer que o filme lembra em alguns momentos (claro, cada qual no seu qual) os excelentes diálogos do clássico Antes do Amanhecer, principalmente por conta da maturidade e harmonia que são executadas as cenas pelos protagonistas. O público é brindado com um enorme carisma que eles passam. Shailene Woodley e Miles Teller são os grandes responsáveis por toda essa positiva interação. Os jovens artistas dão um verdadeiro show em cena. Orçado em U$$ 2,5 Milhões, o longa-metragem ganhou o prêmio especial do Júri no Festival de Sundance 2013 em uma categoria de desempenho dos atores em cena.
Dos mesmos produtores de 500 Dias com Ela, The Spectacular Now é um daqueles filmes que todo cinéfilo vai gostar de ter em seu acervo. Falando sobre a arte do sonhar e do amadurecer, a história vai cativar até os corações mais difíceis de agradar. Imperdível.
O que esse filme ensina: Um grande amor pode nos mostrar o caminho, mesmo se esse amor plantar coisas boas e fugir de sua vida da mesa maneira que entrou, como um cometa lindo que deixou marcas.
06) A Vida Secreta de Walter Mitty
Você já fez algo realmente extraordinário? Com um roteiro do sempre competente Steve Conrad (À Procura da Felicidade), baseado em um personagem fantástico criado pelo escritor americano James Thurber no conto publicado na revista The New Yorker em 1939, o novo trabalho como diretor do astro de Hollywood Ben Stiller A Vida Secreta de Walter Mitty se propõe em ajudar ao público a encontrar a verdadeira beleza do sonhar contido dentro de todos nós.
O roteiro é muito consistente deixando o público louco para saber o que virá na sequência das ações do protagonista. O filme mistura fantasias mirabolantes e realidade, o espectador precisa ficar atento para saber o que cada cena significa. Entre paisagens lindas, diálogos cômicos, e uma cena impagável fazendo analogia ao ótimo filme de David Fincher O Curioso Caso de Benjamin Button, A Vida Secreta de Walter Mitty é mais um daqueles filmes que ficará dentro de sua memória cinéfila durante muito tempo.
A trilha sonora assinada por Theodore Shapiro (O Diabo Veste Prada) é espetacular, o espectador se sente a todo instante fazendo parte da jornada de Walter Mitty. Outro ponto a ganhar destaque são as cenas entre Ben Stiller e Kristen Wiig (quem diria (2)?!). Essa última, quando deixar de fazer comédias pastelões inúteis e ridículas como Missão Madrinha de Casamento, mostra que tem potencial de algum dia ser uma atriz muito interessante.
Contando também com a participação mais do que especial do ganhador do Oscar Sean Penn, A Vida Secreta de Walter Mitty se consolida a cada minuto de fita como um retrato maduro entre a realidade e a ficção. Então pessoal, o jeito é seguir o ABC de Walter Mitty. Veja o mundo. Os perigos que virão. Chegue mais perto. Sinta. Esse é o propósito da vida. Não percam essa fabulosa experiência cinematográfica que Jung iria amar. Bravo!
O que esse filme ensina: A vida é uma eterna aventura se você quiser realmente viver, amar, sonhar e aprender.
05) Arthur Newman – Meus Dias Incríveis
Dirigido pelo estreante Dante Ariola, Arthur Newman é quase uma grande brincadeira de faz de contas onde a realidade vai ficando para trás dando lugar a sonhos, desejos e ações executados por alter egos diversos. O filme, que conta com mais uma atuação maravilhosa de Colin Firth, é uma grande estrada sem direção, o que pode incomodar alguns. A falta de objetivos dos personagens é abordada dentro da trama. Eles são guiados por desejos reprimidos, fantasias do que acham ser a felicidade. Tem uma personalidade de um road movie mas na verdade é um drama profundo e inteligente que tem como pano de fundo a relação entre pais e filhos.
Por incrível que pareça, e a sinopse não entrega isso de jeito nenhum, o longa-metragem roteirizado por Becky Johnston (que escreveu o roteiro do maravilhoso Sete Anos no Tibet), é um grande drama familiar, com foco na relação pais e filhos. Conforme somos apresentados aos fatos do passado dos personagens, subtramas ricas em emoção, principalmente os diálogos interessantes que surgem entre o filho abandonado e a atual mulher abandonada surgem para completar as lacunhas de algumas dúvidas que surgem sobre os objetivos dos personagens.
O filme tem alguns momentos água com açucar mas ganha um ritmo bacana quando os personagens começam a viver a vida de outros casais, isso acontecendo na história, o filme eleva sua qualidade guiado pela ótima sintonia entre os protagonistas. É um longa muito indicado para psicólogos, sociólogos e professores. Esses últimos, terão vários assuntos para discutir com seus alunos em sala de aula. Não percam!
O que esse filme ensina: Ir atrás da felicidade é fundamental para ser feliz e amar de verdade alguém.
04) Os Belos Dias
Com uma atuação maravilhosa da veterana atriz francesa Fanny Ardant (A Mulher ao Lado), Os Belos Dias é um trabalho simpático que inspira não só aos mais velhos mas a todos que gostam de sonhar. Dirigido por Marion Vernoux, o longa-metragem de pouco mais de 90 minutos vem conquistando adeptos de público e crítica por onde passa e para sorte dos cinéfilos que não puderam conferir no último Festival do Rio, o filme desembarcou nesta semana nos cinemas brasileiros.
Os problemas na relação entre Caroline e seu marido Philippe (interpretado pelo sempre ótimo ator Patrick Chesnais) dão o ar de sua graça do início ao fim do filme. O desenvolvimento repleto de conflitos e incertezas deixam o público curioso em saber qual será o desfecho desse casal que se ama mas já não se entende tanto assim. Aonde foi parar o amor deles? Porque Caroline se apaixonou por outra pessoa, ela queria viver apenas uma aventura? São algumas das perguntas que vão rondar a cabeça do espectador.
Um dos pontos altos da trama é a forma como a protagonista rende positivamente nas mãos da musa europeia Fanny Ardant (que aparece por poucos segundos, mas com o mesmo sorriso cativante, no novo longa de Paolo Sorrentino, A Grande Beleza). A atriz de 64 anos e mais de 80 filmes na carreira dá um verdadeiro show em cena. Cativante e se sentindo-se super à vontade no papel, brinda os cinéfilos com uma atuação sólida, verdadeira e que emociona de verdade. Poucas atrizes no mundo desenvolveriam tão bem essa personagem como Ardant, a escolha foi certeira, ela é o filme!É um filme para ser conferido por cinéfilos de todas as idades.
Os Belos Dias, é aquele tipo de longa-metragem francês que vale a pena pagar o ingresso, você sai do cinema renovado tendo assistido uma ótima história com personagens que vão demorar a sair de sua memória, principalmente a carismática protagonista que faça dias feios ou dias belos você sempre vai lembrar. Bravo!
O que esse filme ensina: Para amar não existe idade. O amor pode sufocar mas ainda sim continua sendo amor quando fortes pilares foram vividos e criados.
03) Deixe a Luz Acesa
Em um relacionamento, as pessoas se somam ou se complementam? Para falar de amor a um nível intenso, cheio de dramas e conflitos, o diretor Ira Sachs (Vida de Casado) aborda todas essas variáveis aplicadas a um relacionamento homossexual no excelente drama Deixe a Luz Acesa. Além da direção primorosa, o longa conta com uma atuação espetacular de seu protagonista, o dinamarquês Thure Lindhardt (Velozes e Furiosos 6).
A falta de maturidade é a grande questão abordada do magnificente roteiro. O relacionamento dos protagonistas se torna descontrolado, há amor, paixão e amizade mas ambos não conseguem dosar suas atitudes, vícios de drogas e sumiços sem explicações. Traições se tornam frequentes, levando ambos para o fundo do poço. Um dos personagens ainda consegue desafogar suas mágoas no excelente núcleo familiar comandado pela carismática e querida pelos cinéfilos Paprika Steen (Amor é Tudo o Que Você Precisa).
O filme não é em nenhum momento vulgar e não possui cenas desnecessárias de nudez e sexo. Tudo é muito bem dosado nos excelentes planos e enquadramentos de Sachs. A temática GLS abordada desta maneira é muito positiva para os rumos do cinema. Há um grande preconceito contra filmes que falam de maneira aberta e clara sobre relacionamentos homossexuais. Esse drama é uma aula de cinema, há pureza e poesia nesta história que vai marcar quem a conferir.
A entrega dos atores que mais circulam pelas lentes de Sachs é um ponto importante para criar a mais possível veracidade da história. Thure Lindhardt e Zachary Booth (Um Novo Despertar) dão um verdadeiro show em cena. Como o filme é repleto de altos e baixos, contando a saga deste conturbado relacionamento, os artistas precisam ser fiéis a seus personagens, rindo e chorando ao limite. Um esforço que vemos do primeiro ao último minuto. Merece ser conferido! Bravo!
O que esse filme ensina: Nem sempre o amor basta para ser feliz. Lute o tempo que for e faça de tudo para ser feliz mas o destino precisa cooperar.
02) O Último Elvis
Festas para uns, vida para outros. A subida lenta pela escada, logo no início do filme mostrava que muitos detalhes seriam mostrados durante os poucos mais de 90 minutos do ótimo drama argentino O Último Elvis. Dirigido pelo cineasta Armando Bo, o longa personifica o drama em torno de um pai de família que busca uma vida melhor, paralela ao sonho que sempre teve. A maneira comovente que é apresentada essa história aproxima o público na série de fatos que preenchem aos poucos a telona.
Nesse drama existencial, acompanhamos a trajetória de Gutierrez, metalúrgico uniformizado durante o dia, Elvis Presley Cover com calça de boca de sino durante a noite. O protagonista personifica a figura de Elvis, não só nos palcos mas em todo o seu dia-a-dia. A dupla jornada do protagonista nunca é quebrada mesmo quando problemas com sua ex-mulher colocam em risco seus objetivos.O mundo dos covers é apresentado de maneira verdadeira e não se escondendo nada. As dificuldades dos artistas que vivem no anonimato, imitando os grandes astros é escancarada de maneira dura. Entre belas canções, roupas e expressões de uma época toma conta da telona. A direção é muito inteligente, molda as sequências apresentando todos os detalhes e principalmente colocando o espectador dentro das cenas.
O roteiro muitas vezes parece sem pretensão ou propósito mas o protagonista, excêntrico por si só, gera ótimas sequências guiando o público para um desfecho emblemático. Quando sobe ao palco, o jeito pacato e triste se modifica, transformando-se em alegria e carisma aos olhos do público. A voz é idêntica, só faltam o dinheiro e o glamour. As canções são arrepiantes, o ator John Mc Inerny tem uma atuação muito convincente.
A inconsequente busca de um sonho nem sempre é uma história feliz. A sessão nostalgia e as canções que nunca sairão da memória são detalhes muito bem aproveitados pela história. Afinal, quem inventou o rock and roll nunca sai de moda!
O que esse filme ensina: Ir atrás dos seus sonhos não tem preço
Partindo da premissa: Você não pode ser feliz o tempo todo, foram moldados personagens nus e crus, cada um com sua loucura. Esse é o grande achado dessa ótima fita O Lado bom da vida. O bipolar que não entende piadas parece que está em constante observação pela comunidade, pela família, um certo descontrole controlado é instaurado e muito bem retratado pelos artistas. O descontrole emocional é frequente mas não é restrito ao protagonista. Seu terapeuta indiano, fã de futebol americano, o ajuda a controlar certos impulsos mas demonstra em várias cenas um certo tipo de descontrole.
A direção é detalhista, é parte importante para que toda a essência seja passada de maneira correta em cada cena. O destaque nessa questão vai para as corridas de desespero, uma trajetória ansiosa em busca de um sentido real para sua vida. Quando Jennifer Lawrence entra em cena, o longa começa a ter mais sentido. Os personagens se completam de uma forma peculiar, diálogos e reações completamente fora da normalidade. Mais um excelente trabalho desse exuberante atriz da nova geração. Bradley Cooper (Sem Limites) consegue se doar ao personagem. A sua construção cênica é inteligente e não se perde em nenhum momento. Merecida sua indicação ao Oscar desse ano. Robert de Niro volta a ser marcante em um papel depois de uma série de filmes terríveis. Bom ter o velho touro indomável de volta.
Linguagens e termos americanizados são frequentes durante a projeção. O espectador precisa ser no mínimo antenado com alguns termos e expressões. Quem não conhece absolutamente nada de futebol americano pode sentir certa dificuldade de compreensão em alguns diálogos.
O ritmo dançante transforma o filme em uma deliciosa história de amor, louco como qualquer romance do lado de cá da telona. A trilha sonora é muito boa, vai se encaixando com as sequências como uma moeda entrando num cofrinho. Há algumas previsibilidades mas nada que atrapalhe a interação com o público. Ótimas atuações, roteiro afiado e direção perto do impecável. Já viveu um louco amor? Não perca O Lado bom da vida.
O que esse filme ensina: Sempre existe o lado bom da vida, descubra o seu!