Chegar ao estrelato não é algo fácil. E quando se chega, é muito menos difícil cair no anonimato. Pensando sobre esse curioso recorte da exposição midiática e os prós e contras de ser uma pessoa famosa, segue abaixo uma lista de filmes com personagens, alguns reais outros que existem somente na ficção, que passam por dilemas nesse caminho:
Dissonantes
Na trama, conhecemos Paulo (Marcelo Serrado), um homem de meia idade imerso nas desilusões dos sonhos perdidos. Ele tinha uma banda de rock algumas décadas atrás chamada Super Fuzz, na qual era guitarrista e vocalista. O empreendimento musical não foi pra frente e nos dias atuais ele vive em situação difícil: com aluguel atrasado, sem muitas perspectivas de continuar no complicado mercado fonográfico, além de ter que lidar com o sucesso de outros integrantes da banda que encontraram espaço em um reality musical. Para complicar mais ainda sua situação, seu relacionamento de 18 anos com Clara (Maria Manoella) se desfaz, o levando a uma tristeza profunda. Certo dia, ele conhece Loly (Thati Lopes), uma criativa artista que vira um produto da indústria nas mãos de seu antigo parceiro musical. Paulo e Loly percebem que juntos podem encontrar algum sentido para as soluções de seus respectivos conflitos.
Na trama, acompanhamos o em torno dos alicerces de Hollywood nos anos 20 na visão de alguns personagens. Manny (Diego Calva) é um imigrante mexicano que entre bicos em festanças descontroladas onde aparecem os grandes nomes da tão badalada indústria do cinema norte-americano consegue avançar no sonho de participar nos bastidores de algumas produções. Conhecemos também Nellie (Margot Robbie), um jovem atraente que tem um passado triste e acaba conseguindo adentrar ao mundo do cinema mudo. E temos Jack Conrad (Brad Pitt) um bem sucedido ator da Hollywood desse tempo que passará por intensos conflitos com a chegada do cinema falado. Essas três almas, interligadas pelos bastidores do cinema, nos guiam para uma trama que envolve declínios e ascensões meteóricas.
Chevalier: A Verdadeira História Nunca Contada
Na trama, conhecemos Joseph Bologne (Kelvin Harrison Jr.), nascido em Guadalupe, lugar que fica nas ilhas ao sul do mar do Caribe que pertence à França, filho de uma escrava e um senhor de terras que desde pequeno mostra sua vocação para música. Ele, sempre muito confiante e driblando o preconceito de muitos ao seu redor, consegue entrar na prestigiada Academia La Boessière onde desenvolve inúmeras habilidades virando um genial esgrimista, um gênio do violino. Os anos se passam e Joseph consegue grande destaque na alta sociedade francesa e em um determinado ponto, com um olhar crítico para tudo que acontece em uma Paris empolvorosa, escolhe seu lado na luta pelos direitos humanos.
Na trama, conhecemos parte da vida de Caravaggio (Riccardo Scamarcio), um famoso pintor que fez carreira na Itália e usava sua maestria arte como uma espécie de desabafo pelas associações que traçava em relação a tudo que via. Transformando em arte, a dor e angústia da humanidade, navegamos na fase final de vida do artista quando conseguiu abrigo após ser acusado de assassinato chegando à Nápoles em 1609, à espera de um perdão papal. Em paralelo a isso, acompanhamos a investigação da Igreja Católica, na figura do enigmático Ombra (Louis Garrel), para saber se o protagonista merece ou não o perdão.
Luiz Melodia – No Coração do Brasil
Um observador do próprio cotidiano sem deixar de ampliar os olhares para o coletivo. Escolhido como filme de encerramento do ‘Festival É Tudo Verdade’ 2024, Luiz Melodia – No Coração do Brasil nos leva para um tour objetivo sobre a carreira gloriosa, com altos e baixos, de um dos maiores artistas que o Brasil já viu. Chegando até o sucesso e o inusitado de ir ao seu desencontro, ao longo de 85 minutos de projeção, pelas ruas da alegria e com o violão debaixo do braço, acompanhamos um meteoro de carisma e genialidade que saiu do morro e conquistou plateias de todo o país.
Eike – Tudo ou Nada
Na trama, caminhamos em um grande recorte de pouco mais de uma década na vida do empresário Eike Batista (Nelson Freitas Jr.), começando no ano de 2006. Na época do pré-sal, veio o grande sonho de investimento de Eike, criar uma petroleira chamada OGX. Reuniu muitos ex-funcionários da Petrobras e montou uma equipe para ir atrás de um mar de petróleo, mais de 70 bilhões de barris, oito vezes o valor do PIB brasileiro. Aos poucos vamos vendo da ascensão até o declínio de sua carreira profissional com decisões equivocadas, alianças nocivas, planos mirabolantes ligados à emoção e ao seu espírito de excesso de ambição. Para entendermos melhor o que as imagens mostram, há um narrador, Benigno (Thelmo Fernandes), um funcionário de confiança de Eike que possui problemas com bebida e acaba sendo testemunha de todos as variáveis complicadas que levaram ao declínio do empresário.
Tick, Tick… Boom!
Na trama, conhecemos Jonathan Larson (Andrew Garfield) um jovem que beirando ao seu aniversário de 30 anos e trabalhando em uma lanchonete em Nova Iorque busca conseguir sucesso com o que ama. Ele está juntando as peças finais de um musical de sua criação para uma apresentação que pode mudar sua vida mas para isso acaba se distanciando do melhor amigo e complicando completamente sua relação com a namorada Susan (Alexandra Shipp). Assim, vamos caminhando por meio das emoções, conflitos, medos desse artista que marcou seu nome no cenário teatral norte-americano e que faleceu muito cedo, aos 35 anos.
Na trama, que teve um orçamento na casa dos 40 milhões de dólares, conhecemos pitacos da vida de Sir Elton John (Taron Egerton, na maior parte do tempo) ao longo dos anos, da infância até a adolescência, dos tempos que estudava na prestigiada Royal Academy of Music até perto do ano de 1970 quando começa uma parceria fenomenal com o compositor Bernie Taupin (seu amigo até hoje) e se torna aos poucos, com shows de tirar o fôlego, uma das grandes lendas do universo musical do planeta Terra. Sempre com suas roupas chamativas e seus óculos coloridos, Elton John foi criando uma história linda que merecia ganhar as telonas.
Na trama, conhecemos o famoso cantor Danny Collins (Al Pacino), um homem que vive de fama, whisky, shows e drogas faz 40 anos. Sem lançar um novo sucesso por bastante tempo e sem ter muitas esperanças em seu futuro, após receber de presente uma carta que John Lennon escreveu para ele anos atrás e que ele não sabia, resolve embarcar em uma jornada comovente buscando resolver positivamente seu relacionamento com seu único filho Tom Donnelly (Bobby Cannavale). Nessa jornada, acaba reencontrando sentimentos que estavam perdidos em seu cotidiano, um deles, quem provoca é a gerente de hotel Mary Sinclair (Annette Bening), por quem Danny criará sentimentos fortes.
Dirigido pelo ótimo cineasta escocês Kevin Macdonald (O Último Rei da Escócia) mais um documentário sobre, talvez, a mais marcante de todas as vozes das últimas décadas é apresentado ao público, dessa vez sem medo de apresentar as feridas, sendo construído em busca de respostas que nunca teremos mas argumentos que nos ajudam a compreender o porquê de tanta tristeza, em um fim tão trágico de uma voz que nunca vamos esquecer. Assim, percorremos partes da trajetória de Whitney Houston, desde seus tempos iniciais, como uma voz marcante na igreja, passando pelo seu primeiro contrato, até chegar ao estrelato.