A cada ano, a oferta de produções audiovisuais só aumenta, deixando a missão de ficar a par de tudo praticamente impossível, até mesmo para o cinéfilo mais experiente. É verdade também que, digamos, metade disso podemos descartar como produções que não atendem a nossos interesses. Mas ainda assim, dentre os que selecionamos em nossas listas de expectativa, um ou outro pode acabar escapando aos nossos radares. Daqui, fazemos nosso trabalho, e ilustramos algumas obras que terminam menos faladas do que deveriam, caindo rapidamente na obscuridade de forma injusta. Nosso papel aqui é justamente jogar luz em alguns filmes não muito famosos e que grande parte do público pode ter deixado passar. No entanto, aqui optamos por selecionar obras, digamos, um pouco diferentes e com um teor mais alternativo – do cinema fora do circuitão de Hollywood. mesmo assim não se assuste, pois as chances de você gostar são grandes. Confira abaixo.
As Sessões
Esse drama fez sucesso com os críticos e os cinéfilos em sua época de estreia há dez anos, que conseguiu inclusive chegar até o Oscar – com a indicação de coadjuvante para a sumida Helen Hunt. O que muitos fãs pediam na época era por uma indicação para o protagonista John Hawkes também, num trabalho fenomenal e totalmente esnobado pela Academia. Porém, com o passar dos anos caiu no esquecimento. Baseado numa história real, Hawkes interpreta um homem deficiente físico, que precisa fazer uso de máquinas para sobreviver. Ele toma uma decisão polêmica em sua vida: quer perder a virgindade antes de morrer, e para isso contrata uma profissional do sexo – vivida por Hunt.
Frances Ha
Esse foi outro filme que fez certo sucesso em sua época de estreia, no entanto, apenas nas rodinhas de cinéfilos, sem conseguir transcender ao gosto popular. Se trata de um filme do diretor Noah Baumbach, conhecido por sua filmografia independente, mas que escalou até o topo graças ao sucesso de História de um Casamento (2019). Esse ano ele estará de volta com Ruído Branco. Mas voltando dez anos no passado, podemos encontrar este drama cômico em preto e branco, estrelado pela esposa do cineasta, Greta Gerwig, que promete colocar um sorriso no rosto do espectador, ao contar sobre uma jovem meio perdida na vida, tentando encontrar seu propósito no mundo.
Elefante Branco
Os cinéfilos não têm muitas dúvidas ao elegerem o argentino Ricardo Darín como um dos melhores atores da atualidade. A fama do astro latino, que nunca quis filmar em Hollywood, atingiu seu auge na década passada. E foi justamente nessa leva de bons trabalhos que surgiu Elefante Branco, filme do diretor Pablo Trapero. No filme, Darín é um padre veterano, que ao lado de seu pupilo, o belga Jérémie Renier, está dedicado a construir um hospital numa zona pobre e perigosa de Buenos Aires. Ao lado da dupla, a assistente social ateia vivida por Martina Gusman – esposa do cineasta na vida real.
O Capital
Dirigido pelo prestigiado Costa-Gavras, este thriller francês apresenta os bastidores do universo dos ricos e poderosos, ao mostrar a transição de um funcionário do alto escalão de um luxuoso banco de investimentos internacional até a direção da empresa. O sujeito recém-colocado no cargo, papel de Gad Elmaleh, luta para se livrar de “tubarões” americanos, investidores de uma empresa dos EUA, que tentam finalizar um negócio com ele – ao mesmo tempo em que navega a alta-roda social e tenta balancear sua vida pessoal.
Expedição Kon Tiki
Produção norueguesa, este foi outro filme que conseguiu escalar até o Oscar e foi indicado na categoria de obra estrangeira. Essa é uma dica para os que curtem filmes de aventura – porém, com uma pegada mais real e sem grandes pirotecnias vindas de Hollywood. Baseado numa história verdadeira sobre um explorador que realizou uma impressionante travessia de 4.300 milhas pelo Oceano Pacífico na década de 1940. Mais impressionante ainda é saber que sua embarcação não passava de uma jangada. Sua travessia tinha como propósito provar que foi possível para os sul-americanos colonizarem a Polinésia na era pré-colombiana. Foi esta produção que levou os diretores até os blockbusters da Disney, como Piratas do Caribe 5 e Malévola 2.
Dentro da Casa
Dirigido por François Ozon, um dos diretores mais badalados da atualidade, com roteiro do próprio baseado numa peça, este é um suspense eletrizante e que fará o espectador pensar durante dias. Na trama, a relação delicada entre um professor e um aluno. O jovem de 16 anos (Ernst Umhauer) surpreende seu professor (Fabrice Luchini) com a qualidade de sua escrita nas redações – encantando o tutor. Porém, quando suas histórias ficam cada vez mais sombrias relatando a obsessão pela família de seu melhor amigo, o professor não sabe mais diferenciar realidade de ficção.
O Lugar Onde Tudo Termina
Aqui temos um verdadeiro timaço nas telas, mas mesmo assim isso não impediu este longa de suspense de cair no anonimato, sem que muitos o conheçam ou sequer falem sobre ele hoje dez anos após sua estreia. Quem comanda o show é Ryan Gosling, como um motoqueiro audacioso, que ganha a vida em espetáculos de globo da morte. Nas horas vagas, ele muda de trabalho assaltando. Mas logo desperta a atenção de um policial, que começa a se infiltrar e ficar na sua cola, papel de Bradley Cooper. Esse foi o filme responsável por iniciar o romance real entre Gosling e Eva Mendes, que participa no elenco como sua companheira. A direção é de Derek Cianfrance, de Namorados para Sempre (2010).
Música da Alma
Produção australiana para aquecer o coração, esta é uma ótima pedida para os que gostam de música, e estes programas de cantores que fazem muito sucesso na atualidade. O filme não é sobre um programa, mas sim sobre um grupo de quatro jovens mulheres aborígenes que começam a escalar para a fama com o conjunto musical The Sapphires, no fim dos anos 1960. O sucesso começa a acontecer graças ao empresário delas, um beberrão em busca de uma nova chance, tentando dar a volta por cima, papel de Chris O’Dowd. Elas são escaladas para entreter as tropas americanas durante a guerra do Vietnã. O longa é baseado num musical dos palcos.
O Quarteto
Ainda falando de música, temos esta comédia da terceira idade, com a velhinha mais querida do cinema: Maggie Smith. Aqui temos mais uma adaptação de uma peça do teatro para o cinema, esta conduzida pelo ator Dustin Hoffman, em seu primeiro e único filme na direção. Na trama, somos levados a uma casa de repouso para artistas do passado, em especial músicos, instrumentistas e cantores de música clássica. Assim, relações do passado virão novamente à tona com encontros inesperados. Maggie Smith vive uma diva da música que á nova moradora do local, o que causa tensão com todos por lá. Eventualmente, eles se prontificarão a montar seu retorno triunfal aos palcos, mesmo que seja no teatro da instituição onde se encontram.
Histórias que Contamos
Documentário escrito e dirigido pela também atriz Sarah Polley, aqui a cineasta tira os esqueletos do armário de seu passado, e escancara as portas colocando tudo em filme. A ideia por trás da produção foi desvendar alguns mistérios em relação às origens da própria diretora, como quem é de fato seu pai. Sua mãe, falecida cedo demais, levou consigo alguns mistérios sobre si mesma e sua família. Mistérios esses que Polley resolve investigar na frente das câmeras, entrevistando parentes e pessoas ligadas à família – com resultados por vezes divergentes, que misturam realidade e a fantasia.