A palavra de ordem na Hollywood atual é “IP”. O significado desta sigla muito ventilada nos corredores da maior indústria do cinema do mundo, e consequentemente trazida até vocês pelos veículos especializados nesse tipo de notícia, é “propriedade intelectual”. Isso nada mais é do que a boa e velha marca registrada. Um título. Como Batman, Homem-Aranha, Star Wars ou Indiana Jones. Traduzindo, é uma franquia. Todo estúdio tem a sua e espera sempre criar novas.
Estas marcas substituem por completo a chamada era dos astros. Antigamente em Hollywood, nomes como Marilyn Monroe, por exemplo, eram capaz de arrastar multidões para seus filmes. Esse status continuou até os anos 90 mais ou menos, onde o público procurava ver o novo filme de determinados atores, não importando quais fossem esses longas. Em menor escala isso ocorre até hoje, com figuras do porte de Leonardo DiCaprio, Martin Scorsese, Christopher Nolan e Quentin Tarantino. Mas é inegável que as marcas são a nata da força em Hollywood e o que traz verdadeiramente as cifras.
O tempo todo, os chamados majors de Hollywood, os maiores estúdios, que são os pilares da cidade do cinema (e hoje podemos adicionar também empresas de streaming, vide a Netflix), visam criar aquela nova marca de sucesso e transformá-la em uma franquia para chamar de sua. Mas nem sempre dá certo. É são justamente estas escorregadas que iremos examinar agora nessa nova matéria. Confira abaixo.
Adão Negro
Projeto dos sonhos do astro Dwayne Johnson, o longa ficou em desenvolvimento por nada menos que 15 anos. Provando que nem sempre o mundo é justo, o projeto de paixão de The Rock não agradou, e ao invés de se tornar uma franquia (como planejado), terminou sendo o primeiro passo para a derrocada do DCEU nas telonas, obrigando o estúdio a reiniciar a proposta de seus heróis com James Gunn.
Mansão Mal-Assombrada
Depois do sucesso absoluto da franquia ‘Piratas do Caribe’ nas telonas, a Disney percebeu que transformar as atrações de seus parques temáticos poderia render um filão. Bem, o que podemos dizer é que parece só ter dado certo com as aventuras do Capitão Jack Sparrow, porque logo em seguida, ‘Mansão Mal-Assombrada’ (2003) e ‘Tomorrowland’ (2015) morreram na praia. A Disney tentou revitalizar a promissora marca de ‘Mansão Mal-Assombrada’ vinte anos depois do longa original. E ao que tudo indica esse produto não consegue vingar da maneira alguma.
Dolittle
O astro Robert Downey Jr. deu uma das guinadas mais bem-sucedidas da história em sua carreira. De ator problemático, ele se tornaria um dos mais famosos e mais bem pagos intérpretes de Hollywood, graças à franquia ‘Homem de Ferro’ e ao seu papel decisivo no universo Marvel nas telonas. Mas para que parar em apenas uma enorme marca quando se pode tentar ter duas. E sim, destaque na palavra tentar. Foi o que Downey fez junto à Universal Pictures, quando planejou trazer o conto clássico de Hugh Lofting nas formas de uma superprodução de aventura para toda a família. E não foi nada bem…
Hellboy
Outro personagem difícil de ser adaptado e que parece não ter sido (até o momento) completamente aceito pelo grande público, a ponto de sair do status de cult. E isso em meio à verdadeira enxurrada de filmes de super-heróis que tomou o mundo em meados da década de 2000. Nem mesmo Guillermo del Toro foi capaz de levar ‘Hellboy’ ao primeiro time. Aos trancos e barrancos, del Toro conseguiu realizar dois filmes, que trocaram de estúdio entre um e outro. Mas o pior ocorreria com o reboot, que prometia ser mais fiel aos quadrinhos, mas no fim das contas não agradou.
Monster Hunter
Digam o que quiserem, mas a dupla formada pela estrela Milla Jovovich e o diretor Paul W.S. Anderson, casados na vida real, conseguiu entregar a que é provavelmente a franquia mais bem-sucedida do cinema baseada em um videogame. Falamos de ‘Resident Evil’, uma série que não agrada a todos em sua versão filme. Mas veja só, o sucesso foi o suficiente para gerar nada menos do que 6 longas-metragens nas telonas. O que é mais do que podemos dizer de qualquer outra. Mas, como um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, a segunda tentativa da dupla não seria tão “bem-vista” assim – com este ‘Monster Hunter’.
As Agentes 355
Não é todo dia que um filme bate o recorde de valor de venda no prestigiadíssimo Festival de Cannes. Melhor para a estrela vencedora do Oscar Jessica Chastain, que bolou o conceito e o vendeu, embolsando uma bolada. Só para termos uma ideia, a Universal Pictures pagou US$20 milhões pelo direito de distribuição. A ideia era ter um filme de espionagem protagonizado por cinco mulheres agentes secretas, no estilo James Bond e Jason Bourne. Porém, as polêmicas começaram a circundar a produção desde o início, o que inclui a desistência de financiadores chineses após o escândalo de evasão fiscal da estrela do país Fan Bingbing, e a saída de Marion Cottilard, sendo substituída por Diane Kruger. A ideia sem dúvida era por mais filmes.
A Ilha da Fantasia
Outro longa que poderia ter rendido uma franquia, com mais filmes, caso tivesse agradado. Essa era a ideia original que a Blumhouse tinha para ‘A Ilha da Fantasia’. O projeto, no entanto, já começou de forma estranha, confundindo bastante os fãs, em especial do programa original. ‘A Ilha da Fantasia’ era uma série clássica, que usava elementos de aventura, drama, romance e, é claro, fantasia. Com um local capaz de realizar seus sonhos, mas sempre com uma pegadinha em forma de lição de moral. Por mais que alguns episódios guardassem certo suspense, terror é um gênero que a série nunca adentrou muito. E a decisão aqui foi justamente se enveredar por esse caminho. Será que os fãs aceitariam melhor se o filme fosse bom?
As Marvels
Desde que iniciou de forma “independente” em 2008 com ‘Homem de Ferro’, os estúdios Marvel se tornaram um verdadeiro colosso da sétima arte. E criou algo sem precedentes, um universo interligado de filmes, onde franquias passeavam umas pelas outras. Por exemplo, tínhamos as franquias independentes de personagens como ‘Homem de Ferro’, ‘Thor’ e ‘Capitão América’, mas também a reunião de todos eles em ‘Vingadores’, além de uma narrativa contínua que passava de um filme para o outro, como se fossem uma coisa só, um grande baú de histórias, com personagens infinitos. É o sonho de todo estúdio. E muitos tentaram imitar. Porém, a companhia não está à prova de falhas, e vem errando muito nos últimos anos. Um dos epicentros dessa “fadiga” é ‘As Marvels’, que deixou muita gente se perguntando se o estúdio se atreveria a fazer outro filme solo com a heroína de Brie Larson.
Predador (2018)
Aqui falamos exclusivamente do reboot de 2018. O que acontece é que a franquia ‘Predador’ nunca fluiu nas telonas como deveria. O primeiro filme, de 1987, foi sucesso, e assim três anos depois uma continuação foi tirada do papel, era o natural. Com a recusa do astro original, Arnold Schwarzenegger, em retornar, o segundo dividiu opiniões e de certa forma, encerraria a possibilidade de novas continuações nos anos 90. Não teria sido legal? O Predador só daria a cara de novo nos spin-offs com Alien, de 2004 e 2007. E em um filme solo, seu retorno seria em 2010. Tanto o segundo spin-off/crossover, quanto o primeiro reboot falharam em dar continuidade aos filmes e se tornar uma franquia. E o mesmo ocorreu com o longa de 2018, que prometeu muito e entregou pouco. Agora, ao que tudo indica, a franquia vai aos poucos voltando aos trilhos depois do sucesso de ‘Predador – A Caçada’, de 2022.
Resident Evil – Bem-Vindo a Racoon City
Por falar em ‘Resident Evil’, não existe nada ruim que não possa piorar. Como dito antes, por mais que os filmes ‘Resident Evil’ com Milla Jovovich sejam vistos como duvidosos por grande parte do público, o fato é: existe uma parcela do público que paga para ver estes filmes. Caso contrário não teriam feito 6 filmes e queimado tanto dinheiro. É matemática simples. Se dá resultado, independente do valor que se gasta para produzi-los, irá gerar mais filmes. E assim uma mitologia é criada. Isso não ocorreu por exemplo com o novo ‘Resident Evil’, com Kaya Scodelario, que era tratado como uma versão mais fiel dos jogos. E pensar que Jovovich e Anderson deixaram a franquia em outras mãos e partiram para tocar ‘Monster Hunter’, que também não deu resultado.