Se você nunca ouviu falar de Kate Bush, não tem ideia da grandiosa musicista que está deixando de conhecer.
A cantora, compositora e instrumentista inglesa ganhou um novo capítulo em sua carreira após se redescoberta pela nova geração com a clássica e incrível canção “Running Up That Hill”, que se tornou um sucesso gigantesco quase quarenta anos depois de ter sido originalmente lançada, graças à série ‘Stranger Things’. Mas é claro que a discografia de Bush vai para além desta música e se estende por décadas de apreço pelo art pop e pelas incursões conceituais – que gestaram iterações como “Wuthering Heights” e “Babooshka”.
Recentemente, Bush completou 64 anos de vida e, para celebrar seu legado e seu impacto na cultura pop, montamos uma breve lista separando dez de suas grandes músicas para conhecê-la.
Veja abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual a sua favorita:
“WUTHERING HEIGHTS”
Álbum: The Kick Inside (1978)
O single de estreia de Bush fez um sucesso gigantesco quando foi lançado, alcançando o topo das paradas inglesas por quatro semanas. Inspirado pelo romance ‘O Morro dos Ventos Uivantes’, de Emily Brontë, “Wuthering Heights” é uma amálgama impecável entre art pop, baroque pop e goth-rock presente no adorado álbum ‘The Kick Inside’, e é narrada a partir da perspectiva da protagonista do romance, Catherine Earnshaw, em uma rapsódia sobrenatural e romântica que é, até hoje, consagrada como uma das melhores músicas de todos os tempos.
“THE MAN WITH THE CHILD IN HIS EYES”
Álbum: The Kick Inside (1978)
O quarto single do álbum de estreia de Bush, “The Man with the Child in His Eyes”, foi composta pela performer quando ela tinha apenas 13 anos – o que é um feito simplesmente fantástico, ainda mais considerando a qualidade da emocionante poesia em versos que ela compôs. A balada romântica em pop progressivo rende-se ao eco dos pianos e fala sobre um homem não nomeado que vem visitá-la à noite e que a conhece como ninguém, portando-se como um cavalheiro que a trata com candura e respeito.
“WOW”
Álbum: Lionheart
Já em seu segundo álbum de estúdio, Bush se mostrava como uma força inimaginável não apenas no cenário alternativo, mas no escopo fonográfico como um todo. Com ‘Lionheart’, ela posava como uma expressiva voz que tinha plena ciência das mensagens que trazia em suas canções – e “Wow” é uma das grandes representantes de seu conhecimento da indústria do entretenimento. Afinal, a faixa mergulha de cabeça na metalinguagem e fala sobre o cosmos do show business, em uma ótima colaboração entre Bush e Andrew Powell na produção.
“BABOOSHKA”
Álbum: Never for Ever (1980)
“Babooshka” é uma das canções mais irreverentes de Bush e, por essa razão, configura-se como uma de suas assinaturas mais exuberantes e marcantes. Presente no álbum “Never for Ever”, de 1980, a canção é marcada pela presença pungente do piano e dos instrumentos de corda que adornam uma narrativa que beira o mistério, em que uma mulher quer testar a fidelidade do marido. Assim, ela adota o alter-ego de Babooshka, enviando a ele cartas e querendo se encontrar com o rapaz para dar continuidade a um sórdido plano.
“BREATHING”
Álbum: Never for Ever (1980)
Como é possível perceber, não há limites para o que a imaginação de Bush consegue alcançar – e isso é provado com “Breathing”, um dos singles do elogiado álbum ‘Never for Ever’. A assombrosa construção traz elementos do rock progressivo à tona, em uma atmosfera arrepiante e que é construída a partir da perspectiva de um feto – que tem plena consciência de que sua mãe está enfrentando as consequências de um ataque nuclear em um cenário pós-apocalíptico (tudo infundido por uma ambientação de tirar o fôlego).
“RUNNING UP THAT HILL”
Álbum: Hounds of Love (1985)
Quando comparamos “Running Up That Hill” com, por exemplo, o saudoso single de estreia de Bush, é notável como a artista tem uma versatilidade vocal apaixonante. A belíssima track é construída sobre uma sólida base de synth-pop e new wave, discorrendo sobre como um homem e uma mulher não podem entender um ao outro justamente por serem quem são (“se eu pudesse, eu faria um acordo com Deus, e eu faria com que ele trocasse nossos lugares”). Com sucesso moderado à época do lançamento, a música ressurgiu com mais força depois da estreia da 4ª temporada de ‘Stranger Things’, alavancando a canção para o 3º lugar da Billboard Hot 100.
“CLOUDBUSTING”
Álbum: Hounds of Love
“Cloudbusting” é outra ótima representante da discografia de Bush: lançada como segundo single oficial do aclamado ‘Hounds of Love’, a canção é dotada de uma construção um tanto quanto mais mercadológica e que funciona com perfeição dentro da estética do álbum. Aqui, art rock e baroque pop se aglutinam em uma história que analisa o relacionamento entre o filósofo e psiquiatra Wilhelm Reich e seu filho, Peter. Cada elemento vem acompanhado de uma magnanimidade decorrente do uso certeiro dos sutis sintetizadores e dos urgentes violoncelos.
“HOUNDS OF LOVE”
Álbum: Hounds of Love (1985)
Lançado como terceiro single de seu álbum homônimo, “Hounds of Love” não apenas como uma das canções mais subestimadas de Bush, mas uma de suas melhores. A envolvente produção se alinha com as pulsões do art rock e do rock alternativo em um enredo que fala sobre o medo de se apaixonar em virtude de possíveis decepções e frustrações. Cada elemento foi arquitetado pela própria artista, motivo pelo qual a faixa se mostra extremamente íntima e declamatória, guarnecida pelo impacto de violoncelos que explodem no refrão.
“THIS WOMAN’S WORK”
Álbum: The Sensual World (1989)
Unir Bush a um piano é simplesmente o melhor presente que alguém aficionado por música poderia pedir – e, com “This Woman’s Work”, ela nos encanta com seus vocais irretocáveis e sua produção marcante. Originalmente escrita para o filme ‘Ela Vai ter um Bebê’, de John Hughes, a canção também integrou o álbum “The Sensual World”, de 1989. A narcótica balada é contada a partir da perspectiva de um homem e entrega-se ao art pop com força descomunal, inclinando-se para influências avant-garde de tirar o fôlego e consagrando-se como uma das melhores construções da artista.
“KING OF THE MOUNTAIN”
Álbum: Aerial (2005)
Doze anos depois de ter lançado ‘The Red Shoes’, Bush retornou ao mundo da música com ‘Aerial’, que promovia uma grande mudança em seu estilo fonográfico sem abandonar as raízes do cenário alternativo que a haviam colocado no centro dos holofotes. Com “King of the Mountain”, o primeiro e único single do álbum, ela apostou fichas em uma produção mais comedida e que dialogava com a crescente reinsurgência do synth no cenário mainstream – e falam sobre a possibilidade de Elvis Presley, o Rei do Rock, ainda estar vivo.