O mundo da música é recheado de incríveis hits dançantes e escapistas – mas há certas incursões que entregam mensagens mais profundas do que imaginamos.
Temos, por exemplo, a aclamada faixa “Born This Way”, de Lady Gaga, que se consagrou como o maior hino LGBTQIA+ da história, celebrando de forma gloriosa a diversidade; ou a icônica “Lemonade”, de Beyoncé, que exalta a cultura afro-americana de modo empoderador e crítico.
Pensando nisso, preparamos uma breve lista com dez músicas inspiradoras lançadas este século que você precisa ouvir.
Veja abaixo as nossas escolhas:
“YOU SHOULD BE SAD”, Halsey
Em ‘Manic’, Halsey abusa da essência do country-pop, mostrando que não pensa duas vezes antes de honrar suas principais influências: a ambientação explorada na emergência de Alanis Morissette é retraída para um dark-country-rock em “You Should Be Sad”, cujas declarações de superação são acompanhadas de uma frenética guitarra e uma ecoante superposição de vozes – o que explica o fato da canção ser o ápice do álbum e uma das melhores de sua carreira.
“MARCH MARCH”, The Chicks
“March March” reflete exatamente o tipo de carreira que as The Chicks tiveram desde sua estreia bombástica no mundo da música. Criticadas por expressarem seu descontentamento com o governo dos Estados Unidos, o grupo ficou longe dos holofotes por tempo demais – mas voltaram com força com um dissonante hino de empoderamento.
“THE STORY”, Brandi Carlile
Se você não ouviu “The Story” pela voz de Brandi Carlile, é bem provável que tenha ouvido a ótima versão de Sara Ramirez em ‘Grey’s Anatomy’. A belíssima balada folk-rock é considerada uma das melhores do gênero e traz uma tocante mensagem sobre o poder da memória e da identidade – consagrando-se como uma das melhores incursões da artista.
“ALL THE LOVERS”, Kylie Minogue
A artista australiana Kylie Minogue percebeu que havia se tornado um ícone LGBTQ+ no final dos anos 1980, alguns anos depois de começar a fazer sucesso mundial. Hoje, Minogue é dona de músicas indispensáveis para se ouvir quando você estiver se sentindo mal – e uma delas prova seu status como Rainha do Dance: “All The Lovers”, uma synth-ballad de tirar o fôlego com um clipe espetacular que fala sobre o amor verdadeiro.
“LOS AGELESS”, St. Vincent
St. Vincent causou um grande impacto ao lançar seu quinto álbum de estúdio, ‘Masseduction’ – e é claro que a produção não poderia vir acompanhada de músicas esquecíveis. “Los Ageless”, apesar de ser o segundo single, é o carro-chefe da obra – uma reflexão dance-rock, new wave e electropop, contrariando o que o mainstream ditava à época e mergulhando de cabeça em uma sintética e crítica celebração da vida.
“FORMATION”, Beyoncé
“Formation”, buscando elementos de um vanguardista R&B, borbulha com referências imagéticas e sonoras que ganham vida e nos levam através de uma história apagada pelo egocentrismo branco. É aqui que a cantora abraça de vez sua herança provinda de “meu pai, [do] Alabama; minha mãe, [de] Louisiana”, além de cutucar com sarcasmos deliciosos as múltiplas teorias da conspiração que insurgiram nos últimos anos para renegar a importância que trouxe para a valorização da cultura afro-americana. Em outras palavras, a track em questão alcança níveis de perfeição que sarcasticamente grita “eu tenho orgulho de ser quem eu sou”.
“BORN THIS WAY”, Lady Gaga
Desde sua ascensão à fama em 2008, Gaga mostrou ser extremamente grata para a comunidade queer, nunca deixando de incluí-los em monólogos e discursos de respeito. Mas foi com “Born This Way” que a artista viria a provar sua gratidão: a incursão dance-pop, contemporânea e clássica ao mesmo tempo, não se valeria de metáforas e alusões, mas sim de versos claros o suficiente para deixar exposto que todos somos iguais e merecemos respeito e oportunidades. “Não importa gay, hétero, bi, lésbica, transgênero, estou no caminho certo, eu nasci para sobreviver”: de fato, não há frase que mais represente essa constante e cada vez mais forte e endossada luta para existirmos em um sociedade tão hipócrita e preconceituosa.
“MY MIND & ME”, Selena Gomez
Selena Gomez se tornou uma das porta-vozes sobre saúde mental e, com o lançamento do documentário ‘Minha Mente & Eu’, aproveitou a oportunidade para retornar ao mundo da música com uma ótima balada pop. Intitulada “My Mind & Me”, a potente canção fala sobre a fragilidade mental da cantora e compositora, caminhando para uma história de superação e fraternidade consigo mesma (eternizada pelo verso “nós não nos damos bem às vezes, e fica difícil respirar”).
“BREATHIN'”, Ariana Grande
Ariana Grande sempre foi uma das artistas que discorreu saúde mental e outros problemas psicológicos em seus álbuns – e a incrível “breathin”, de ‘Sweetener’, é a que mais dialoga com esse lado mais crítico da cantora e compositora. A ótima construção dance-pop não apenas configura-se como a melhor entrada do disco, como também discorre sobre como a respiração consegue ajudá-la com a ansiedade, baseada em suas próprias experiências.
“29”, Demi Lovato
Demi Lovato retornou para o mundo da música com o aguardado ‘Holy Fvck’ este ano, abandonando o estilo mais conceitual que vinha apresentando e apostando nas raízes do pop-rock. “29”, facilmente uma das melhores faixas do álbum, choca pela produção comedida e pelos potentes vocais da artista, infundida em uma história de disparidade etária, daddy issues e a tênue linha entre o consentimento e a manipulação.