Uma coisa que marca o fã de séries de TV é a paixão com que defende suas produções favoritas, e a torcida constante para que as mesmas sejam sempre renovadas pelas emissoras. Abrir mão é uma coisa difícil. E séries como Supernatural e Grey’s Anatomy estão aí até hoje para provar isso.
É claro que existem grandes séries com várias temporadas que conseguiram manter um padrão bom de qualidade. Outras, contaram com bons anos e acabaram piorando com o tempo. E temos também aquelas que souberam quando e como acabar.
São milhares de exemplos no mundo das séries. Mas o que nos interessa aqui é outra coisa… são as produções que tiveram grandes primeiras temporadas e que deveriam ter ficado só nelas. A boa qualidade de uma série não deve necessariamente significar uma renovação. Ainda mais como em casos de adaptações de livros que já no primeiro ano contaram toda a trama original, e temos vários exemplos do tipo.
Abaixo, você confere nossa lista completa. E não deixe de participar através dos comentários. Está liberado discordar. Ou mesmo lembrar de outros exemplos.
Big Little Lies
Nada como abrir a lista com a série que inspirou a matéria. A segunda temporada de Big Little Lies acaba de ir ao ar na HBO, dois anos após o lançamento da original. Ainda que tenha seus méritos e a adição marcante de Meryl Streep, o segundo ano simplesmente não tinha razão para existir. Nada justificava. E nada justificou.
Criada por David E. Kelley e com produção de Reese Witherspoon e Nicole Kidman, BLL é inspirada em livro de Liane Moriarty, e já havia esgotado toda a história literária no primeiro ano. Agora, inclusive, há uma abertura para uma terceira temporada. O que é muito estranho para uma série que concorreu como minissérie/série limitada em seu primeiro Emmy.
The Handmaid´s Tale
The Handmaid’s Tale é outro exemplo claro de produção que praticamente esgotou o material original em sua primeira temporada, no caso o livro homônimo de Margaret Atwood. Por mais que a própria autora continue como consultora e que o criador Bruce Miller defenda que muito do presente nas temporadas seguintes tem inspiração direta da obra, é certo que o livro contava com uma trama que já foi esgotada nas telinhas. Tudo que a história podia contar já estava presente no primeiro ano.
A presença de uma série na nossa lista, não significa necessariamente que ela virou uma bomba após a primeira temporada. The Handmaid’s Tale segue uma produção com temas importantes e atuações extraordinárias. Simplesmente, não possui mais o frescor inicial. E também pesa a mão no sofrimento das personagens femininas.
Heroes
Big Little Lies e The Handmaid’s Tale não precisavam de segundas temporadas, mas as que vieram contaram com bons momentos. O mesmo não se pode dizer de Heroes. Criada por Tim Kring, em 2006, a série de heróis foi um verdadeiro fenômeno em sua primeira temporada. Tudo ia muito bem até o capítulo final do primeiro ano, quando jogaram tudo a perder. A partir daí, o que veio foi um estado permanente de sofrimento, com tramas rasas e personagens pouco desenvolvidos.
Foram poucos os fãs que conseguiram resistir até o final da quarta temporada. Algo muito triste para uma produção que começou tão bem. Para piorar, em 2015, tentaram revitalizar a trama com Heroes Reborn, mas ninguém comprou a ideia.
13 Reasons Why
Talvez chamar 13 Reasons Why de ótima seja um exagero… mas é verdade que a primeira temporada conta com boas atuações e aborda temas realmente importantes para os jovens, embora sempre caiba ressaltar a forma em que mostrou o suicídio da personagem principal, algo tão gráfico e impactante que gerou inúmeros debates – e inclusive resultou na decisão da Netflix em cortar a cena da série recentemente.
Mas é isso… 13 Reasons Why tinha seu valor. E a produção jogou tudo a perder com a decisão de fazer uma segunda temporada. E uma quarta temporada acaba de estrear, fechando a história de maneira bem duvidosa. Tudo isso é muito louco, uma vez que ninguém parece realmente interessado com o futuro de personagens tão superficiais.
True Detective
Lançada em 2014, True Detective foi um verdadeiro fenômeno de público e crítica, contando com atuações memoráveis de Matthew McConaughey e Woody Harrelson. A série da HBO ajudou a lançar os nomes do criador Nic Pizzolatto e do diretor Cary Joji Fukunaga, responsável por comandar toda a primeira temporada.
Após o sucesso do ano inicial, a emissora decidiu capitalizar em cima do projeto. Nasceu assim uma série de antologia, com cada temporada contando uma história com personagens diferentes. Colin Farrell, Rachel McAdams e Vince Vaughn estrelaram o segundo ano, enquanto que Mahershala Ali e Stephen Dorff são os destaques do terceiro. Mesmo com eventuais boas atuações e uma trama interessante, a verdade é que True Detective nunca mais foi a mesma coisa.
Homeland
Homeland já está a caminho de sua oitava temporada. Neste meio tempo, contou com ótimos momentos, mas nunca conseguiu repetir o nível visto no primeiro ano. A verdade é que, hoje em dia, os fãs veem a série quase que no piloto automático, sem o mesmo interesse ou atenção.
E o motivo é simples. Após uma ótima primeira temporada, Homeland virou uma série comum de espionagem. Algumas reviravoltas prendem a atenção do espectador, mas tudo o que precisamos saber de Carrie (Claire Danes), Saul (Mandy Patinkin) e companhia pode ser visto nos doze episódios iniciais, exibidos em 2011.
Prison Break
É provável que alguns fãs da série já estejam tatuando planos para ferir o autor desta matéria por ousar colocar Prison Break na lista, mas uma coisa é certa: a série é uma durante e outra após sua primeira temporada. Ao longo de cinco temporadas, incluindo um revival em 2017, a produção sempre abraçou o absurdo, mas a cada ano que passava, só chutava mais o balde.
É certo que fãs defendem apaixonadamente até mesmo as temporadas mais fracas, mas também é verdade que Prison Break poderia estar na história das séries de TV se não tivesse se perdido tanto com o passar do tempo. O primeiro ano é empolgante, envolvente e repleto de reviravoltas. Depois, o sentimento vai passando e só resta os plot twists insanos.
The Killing
Refilmagem da série dinamarquesa Forbrydelsen (2007), The Killing foi um verdadeiro fenômeno na primeira temporada. Com ótimas presenças de Mireille Enos e Joel Kinnaman, a produção acompanhava a história de dois policiais durante a investigação de um brutal assassinato de uma jovem de 17 anos, em meio a uma campanha política. A trama é envolvente e instigante, mas muitos fãs se sentiram traídos pelos produtores da série, que não resolveram o caso na primeira temporada.
Após o “golpe”, a série nunca foi a mesma. Chegou a contar com bons momentos, mas perdeu muito do engajamento. Chegou a ser cancelada após o final da segunda temporada, mas o canal AMC acabou voltando atrás. No final da terceira, novo cancelamento. E novo salvamento, agora pela Netflix. Pouco adiantou. O nível nunca retornou ao patamar original.
The Affair
Mais uma série da lista que segue em cartaz, embora já tenha deixado alguns protagonistas pelo caminho, como Ruth Wilson. A série do Showtime aborda de forma muito envolvente o tema da infidelidade, especialmente em seu primeiro ano, em que usa diversas perspectivas para desenvolver a narrativa.
The Affair levou o Globo de Ouro de Melhor Série Drama por sua primeira temporada, mas o que veio a seguir não manteve o mesmo nível. A produção desencadeou em um melodrama pra lá de exagerado e desinteressante. Tem seus momentos, mas sem a mesma qualidade. A quinta temporada será a última da série. E já estava mesmo na hora.
UnREAL
Quase uma paródia de programas como The Bachelor, UnREAL contou com quatro temporadas no canal Lifetime. Ácida, divertida e com ótimas presenças de Shiri Appleby e Constance Zimmer, a série abraça o mundo absurdo dos reality shows. O primeiro ano é excelente, oferecendo momentos de humor, romance e, é claro, muita intriga.
A partir da segunda temporada, a série passa a tentar abordar temas mais sérios, como raça e violência policial. E a decisão não dá certo. A quarta temporada acaba parando de surpresa no Hulu, mas foi mais ignorada do que qualquer coisa. No final das contas, era melhor ter ficado só no primeiro ano.