Um dos ótimos recursos que uma narrativa pode se apoiar para explicar melhor o que as linhas do roteiro querem dizer é o famoso flashback. Geralmente trazendo peças que ajudam a construir um amplo contexto e ações dos personagens, esse recurso narrativo adiciona complexidade ao entendimento da cronologia mas se bem utilizado é um enorme trunfo. Pensando nisso, resolvemos citar abaixo 10 produções onde o uso dos flashbacks encaixam de forma certeira:
Forrest Gump – O Contador de Histórias
Na trama, conhecemos Forrest Gump (Tom Hanks), um homem nascido e criado em Greenbow no Alabama, que está sentado em um banco de praça à espera de um determinado ônibus. Conforme outras pessoas vão surgindo do outro lado desse banco, Forrest e seu carisma contagiante relembra para cada um deles, partes de toda sua fantástica história até ali. O primeiro amor, a forte ligação com a mãe, o serviço militar, os dramas, a saudade, os empreendimentos de sucesso, encontros e desencontros que marcaram toda sua vida.
A Incrível História de Adaline
Ao longo dos 110 minutos de projeção, vamos conhecendo (muito por meio de flashbacks) uma linda mulher chamada Adaline Bowman (Blake Lively) que nasceu próximo da virada do último século e após um terrível acidente de carro nunca mais envelheceu. Depois de viver grandes amores, ser perseguida pelo FBI, ver sua filha envelhecer, trocar de nomes a cada nova década, resolve se entregar/viver um novo e recente amor, Ellis Jones (Michiel Huisman). Assim, deverá enfrentar todos os seus medos e receios de sua curiosa imortalidade.
Na trama, conhecemos a história de Mia Hall (Chloë Grace Moretz), uma jovem e talentosa musicista que vive uma vida feliz ao lado da família e do grande amor de sua vida, Adam (Jamie Blackley). Tudo ia bem, até que um dia de muita neve na estrada, um terrível acidente acontece e desleais consequências catastróficas atingem em cheio essa jovem. Com uso de flashbacks, vamos conhecendo todos os grandes momentos da vida de Mia, até a hora da decisão final que ela precisa tomar.
Numa época que pensadores originais não precisavam de diploma para lecionar, conhecemos a filósofa política alemã de origem judaica, Hannah Arendt que trabalhou como jornalista e professora universitária além de publicar obras importantes sobre filosofia política. Sempre rodeada por livros e textos que contribuíram para com a sua obra, somos apresentados aos amigos (alguns deles famosos pensadores) e a toda uma problemática pessoal provocada pelo seu pensamento que culminou na transformação de um julgamento em uma questão filosófica.
Na trama, conhecemos os inseparáveis amigos Patrick (Josh O’Connor) e Art (Mike Faist) que tem como elo uma paixão pelo esporte favorito, o tênis. Disputando alguns torneios ainda adolescentes, um dia conhecem pessoalmente Tashi (Zendaya), uma jovem promissora nesse esporte. Após algumas idas e vindas, um triângulo amoroso acaba sendo instaurado sem possibilidades de se prever o que aguardaria seus destinos.
Na trama, conhecemos Pam (Naomi Watts) uma enfermeira na casa dos 50 anos com um enorme trauma no passado que vive seus dias sozinha em uma região fria e montanhosa. Ela faz parte da Equipe de Busca e Resgate do Vale de Pemigewasset, que cobre também o Monte Washington, em New Hampshire. Certo dia, mesmo sabendo das condições do tempo, com uma tempestade chegando, resolve ir até as montanhas. Durante o percurso, encontra um jovem perdido, e que parece desnorteado, fora de si. Lutando contra o tempo, Pam precisará usar todas suas habilidades para descer rapidamente a montanha e ajudar o jovem que encontrou. O uso de rápidos flashbacks completam algumas lacunas.
Na trama, vamos vendo um interrogatório de um sobrevivente, criminoso, aleijado, de uma ação em um navio que deixou quase três dezenas de mortos questionado duramente por uma autoridade federal e também um outro sobrevivente numa cama de hospital, com o corpo tomado de queimaduras fazendo o retrato falado de quem seria o grande responsável pelo ocorrido. Assim, conhecemos a história de um grupo de experientes criminosos que são levados por autoridades policiais até uma sala de suspeitos da polícia de nova Iorque questionados por serem responsáveis por um suposto roubo de um caminhão com uma carga valiosa. Após esse encontro, eles planejam um outro crime, fato que os leva a cruzar o caminho de um alguém muito poderoso e temido, os levando para o protagonismo em um trabalho suicida à mando de um temível psicopata de quem ninguém nunca viu o rosto, conhecido por histórias de violência por todos os lados, uma espécie de bicho papão da criminalidade, Keyser Soze. Durante o interrogatório mencionado, as verdades vão começando a aparecer.
Na trama, conhecemos em diversas passagens de sua vida o curandeiro Jan Mikolásek (Ivan Trojan) que na adolescência, depois de ajudar a irmã que estava à beira de ter a perna direita amputada, começa a acreditar que possui um dom ou mesmo alguma habilidade quase inexplicável pelo seu conhecimento de ervas medicinais. Filho de um jardineiro, ele possui um relacionamento muito complicado com o pai que é rompido de vez quando o protagonista foge de casa e busca mais explicações para suas técnicas que se baseiam em diagnósticos por meio de análises das urinas dos que procuravam sua ajuda, técnica que lapidou com uma curandeira no início de sua fase adulta. O tempo passa e a questão da fé e também do amor começam a ganhar protagonismo na sua reclusa vida. É notório os flashbacks que chegam como preenchimentos de lacunas deixadas pelos arcos iniciais.
Na trama, conhecemos Lee Chandler (Casey Affleck) um homem solitário que vive em um minúsculo quarto na cidade de Boston e sobrevive sendo uma espécie de faz tudo para alguns condomínios próximos a onde mora. Certo dia, seu passado bate em sua porta com a terrível notícia de que seu único irmão Joe (Kyle Chandler) acabara de falecera. Imediatamente, Lee precisa voltar a cidade onde morou durante anos, muito por conta de único sobrinho Patrick (Lucas Hedges), mas precisará enfrentar terríveis dores de seu passado. Os flashbacks, nos arcos iniciais um pouco jogados no roteiro, são parte importante do quebra cabeça que se monta, começamos a entender melhor alguns porquês.
Na trama, somos apresentados a Pierre Leduc um professor universitário que abandonou a arte de lecionar para traduzir a obra de um poeta polonês chamado Edward Stachura. Sujeito pacato, mal humorado, Pierre parece que traz alguns traumas do passado para seu presente triste. Sua vida nunca esteve bem, O pai está morrendo de câncer e quer lhe deixar uma fortuna que Pierre insiste em não aceitar. Um dia, uma garota que alega ser sua filha o procura. Pode ser que a luz no fim do túnel vem em forma de relação paternal. Mas será? Pequenos flashbacks no passado confuso de Pierre vão tentando preencher lacunas e direcionando os caminhos do seu destino ao público.