O Grammy Awards foi instituído em 1959 para honrar as maiores produções da indústria fonográfica e, desde então, já foram realizadas nada menos que 61 edições, premiando os melhores dos melhores em dezenas de categorias – ou ao menos essa é a premissa.
A verdade é que, enquanto algumas vitórias são incontestáveis, outras carregam consigo uma controvérsia considerável – principalmente quando nos referimos à principal categoria do evento, Álbum do Ano (comumente chamado de AOTY). Ao longo das décadas, diversos LPs e discos chegaram perto de levar o gramofone dourado para casa e, na visão de grande parte do público, eram certeiros de alcançar a vitória. Entretanto, várias incógnitas são levadas em consideração para que a academia vote e, por mais que vários digam que vendas e charts não implicam o resultado final, sabemos que isso é mentira.
Para se ter uma noção, diversos titãs da música que revolucionaram o cenário mainstream nunca levaram a estatueta para casa. Por essa razão, separamos dez produções femininas que nunca levaram o Álbum do Ano para casa e, sem sombra de dúvida, mereciam (tendo sido indicadas na categoria ou não) – por sua contribuição para a música e pelo impacto que causaram na época de seus respectivos lançamentos.
Confira abaixo a nossa lista:
SONGS IN A MINOR, Alicia Keys
Quem venceu: O Brother, Where Art Thou?, ‘E Aí, Meu Irmão, Cadê Você’ (OST)
Em seu primeiro álbum, Alicia Keys mostrou que não estava para brincadeira – e sua necessidade de se provar alcançou seu objetivo, seja por ter vendido nada menos que 12 milhões de cópias desde seu lançamento, seja por ter garantido cinco estatuetas do Grammy à lead singer – com exceção do prêmio máximo da noite. Ainda que tenha perdido para uma impecável produção, Keys manteve-se viva nas décadas seguintes com um memorável e profundo compilado.
THE EMANCIPATION OF MIMI, Mariah Carey
Quem venceu: How to Dismantle an Atomic Bomb, U2
Mariah Carey fez um glorioso retorno para a música com ‘The Emancipation of Mimi’, tornando-se seu álbum mais vendido nos Estados Unidos em uma década. Colaborando com artistas como Pharrell Williams, Nelly e Snoop Dogg, a icônica artista optou por seu apelido para fornecer um espectro pessoal à produção, mergulhando de cabeça no dance-pop e subestimado pela crítica profissional – eventualmente sendo redescoberto com importância majestosa.
THE FAME MONSTER, Lady Gaga
Quem venceu: The Suburbs, Arcade Fire
Lady Gaga parou o mundo e ascendeu à fama com rapidez incrível, dominando as paradas e ganhando aclame por sua original perspectiva para o cenário musical. Com ‘The Fame Monster’, Gaga se abriu sobre seus medos e seus traumas e compôs tramas belíssimas e memoráveis, aclamadas pela crítica e adoradas pelo público. Mais do que isso, credita-se a ela o retorno do electro-dance à indústria e uma influência de enorme impacto em artistas como Katy Perry e Beyoncé à época de seu lançamento.
THE ARCHANDROID, Janelle Monáe
Quem venceu: The Suburbs, Arcade Fire
A estreia de Janelle Monáe no cenário fonográfico passou batido pelo circuito das principais premiações, apesar de ter sido indicado à categoria de Melhor Álbum Contemporâneo R&B. Com recepção massivamente positiva da crítica, Monáe utilizou conceitos afrofuturistas para dar vida a uma amálgama irretocável de neo-soul e psyh-pop, com discussões sobre temas como amor, identidade e autorrealização.
BORN THIS WAY, Lady Gaga
Quem venceu: 21, Adele
Em 2011, o mundo parou mais uma vez para ouvir as dissertações sobre amor, respeito e igualdade de ‘Born This Way’, a melhor produção da carreira de Gaga. Apesar das polêmicas acerca da imagética religiosa e de suas letras cruas e chocantes, é inegável o impacto que o CD teve à época de seu lançamento, servindo como um grande hino LGBTQ+, cujas explícitas menções se misturaram com a extravagância do electro-rock e resgatando as incursões europeias.
BEYONCÉ, Beyoncé
Quem venceu: Morning Phase, Beck
O primeiro álbum visual de Beyoncé revolucionou a indústria da música para sempre: falando sobre temas de importância social e antropológica, como feminismo, sexo, amor monogâmico e uma busca constante pela liberdade artística, Queen B não realizou nenhuma divulgação em massa e resolveu lançá-lo de surpresa, alcançando sucesso comercial e crítico que viria a influenciar nomes como Drake, Kanye West e Kendrick Lamar.
LEMONADE, Beyoncé
Quem venceu: 25, Adele
Se até mesmo Adele reconheceu que o prêmio de Álbum do Ano deveria ter ido para Beyoncé, quem somos nós para discordar? ‘Lemonade’ trouxe a artista de volta para as incursões visuais com uma produção requintada, crítica, extremamente bem pensada e envolvente do começo ao fim, honrando suas raízes africanas e entregando clássicos instantâneos como “Formation”, “Hold Up” e “Daddy Lessons”.
MELODRAMA, Lorde
Quem venceu: 24K Magic, Bruno Mars
‘Melodrama’ é um dos álbuns mais injustiçados de todos os tempos – e sua derrota no Grammy Awards apenas prova isso. Produzido por Jack Antonoff e supervisionado pela sempre irretocável Lorde, a simples construção de pop e electropop levou os críticos internacionais ao delírio, que elogiaram as rendições vocais da cantora e, até hoje, é considerado como um dos melhores álbuns do século.
NORMAN FUCKING ROCKWELL, Lana Del Rey
Quem venceu: When We All Fall Asleep, Where Do We Go?, Billie Eilish
Lana Del Rey foi a mais recente “vítima” da categorização inexplicável do Grammy Awards. Aliando-se ao supracitado Antonoff, a cantora lançou o impecável ‘Norman Fucking Rockwell’, que foi citado pelos especialistas mundiais como o melhor álbum do ano passado. Eventualmente, foi indicado a apenas duas categorias – perdendo as duas e causando comoção generalizada entre seus fãs.
RENAISSANCE, Beyoncé
Quem venceu: Harry’s House, Harry Styles
Neste ano, inúmeras publicações especializadas apostaram fichas na vitória de Beyoncé pelo aclamado ‘Renaissance’ – que foi considerado não apenas o melhor álbum de 2023, mas uma das grandes produções do século. Entretanto, contrariando todas as expectativas, a Queen B perdeu mais uma vez a cobiçada estatueta, apesar de ter se consagrado como a artista mais premiada do Grammy. A esnobação causou comoção generalizada nas redes sociais e estampou, novamente, o histórico racista da premiação.