terça-feira , 5 novembro , 2024

1994: Uma ode ao melhor (e mais engraçado) ano de Jim Carrey

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O ano de 1994 não previa o fenômeno Jim Carrey, tanto quanto 2019 não esperava por uma frenesi em torno de Keanu Reeves, alcançando aquelas gerações que perderam Bill & Ted e a franquia Matrix. E em se tratando do veterano do humor, provavelmente, o mundo jamais imaginou que aquele seria o período que consagraria e coroaria o astro como o grande gênio da comédia, vide as próprias palavras de Jeff Daniels, seu colega em Debi Lóide – Dois Idiotas em Apuros. Nesta fatídica época, há 25 anos, o comediante canadense encerrava sua jornada em In Living Color, o programa de sketches norte-americano majoritariamente protagonizado por negros e que contava com a liderança da família Wayans. Responsável por lançar a carreira de outros astros como Chris Rock, Jamie Foxx e os irmãos Marlon, Damon, Kim e Shawn Wayans, a série de quatro temporadas foi criada por Keenen Ivory Wayans, que sela o grupo familiar também responsável por aquela comédia que você sabe que ama, intitulada As Branquelas.

Com o fim de In Living Color, 1994 aparentava ser um ano de despedidas para Carrey, que havia transformado o programa de sketches como aquele cara engraçado branco, que cruzou a fronteira televisiva, conquistando Hollywood. Mas em um intervalo de 11 meses, a carreira do ator sofreu uma ascensão meteórica, com sucessos arrebatadores que surpreenderam a crítica especializada, levando o público no mesmo ritmo. Pouco antes da exibição do último episódio da produção, mais precisamente em fevereiro do mesmo ano, Ace Ventura – Detetive de Animais chegava aos cinemas, faturando uma bilheteria generosa de US$ 100 milhões. Sua sequência não ficou por menos, superando as expectativas com um faturamento de US$ 212 ,4 milhões no ano seguinte.

Com seu penteado bem alinhado e extravagante e um figurino onde estampas texturizadas e florais se mesclam e formam uma combinação divertidamente cafona, Ace Ventura é um banquete do mais puro humor pastelão, encorpado com uma comédia overacting onde as trapalhadas à la Peter Sellers, Chaplin e O Gordo e o Magro se tornam apenas a cereja do bolo. Na produção, um Jim Carrey mais caricato que aquele apresentado em In Living Color surge nas telas, nos mostrando um homem capaz de reter a atenção sem esforço e sem a necessidade de qualquer sidekick. Como aquele que dita o primeiro e segundo escalão do humor do filme, ele é o que precisávamos, mas que jamais haviam nos perguntado. Em uma trama irônica onde Ace tenta encontrar o golfinho mascote do time Miami Dolphins, Carrey protagoniza uma narrativa onde situações hilárias e de censura livre fazem rir jovens e adultos.

Mas Ace Ventura determinava apenas o marco zero de um ano de riquezas cinematográficas. O mês de julho, na eira da aftermath de In Living Color, veio ainda mais engraçado com O Máskara, filme que se consolidou como mais um sucesso surpreendente (porém esperado) na carreira do ator – faturando US$ 350 milhões. Cinco meses depois, o público retornava aos cinemas, para conferir a história desse anti-herói bem às avessas, cujo alter-ego se digladiava com Stanley Ipkiss, sua versão “normal”. Entre um cara mais quadrado, desajustado e sem habilidades sociais e ser um fanfarrão de postura imponente, cheio de maneirismos e comportamentos compulsivos, agressivos e all over the place (literalmente), o ator entregou duas atuações extremas e de cair o queixo (segura esse trocadilho!), que mostravam uma versatilidade artística hipnotizante. Muito além do que aquele cara branco engraçado consolidado no programa de sketches agora encerrado, Jim Carrey mostrou com voracidade sua capacidade de transitar rapidamente em diversas personalidades, sempre entregando uma autêntica percepção de seus personagens. Sua dupla caracterização é tão boa que lhe rendeu sua primeira indicação ao Globo de Ouro. Lamentavelmente, ele ficou de fora do Oscar, em uma época em que performances cômicas eram pouco (ou quase nada) consideradas palatáveis para a Academia. Um erro, infelizmente, irreparável até hoje.

Mas 1994 seguia como um ano incansável, que foi provado por aquela obra que talvez tenha sido uma das mais exibidas – das três – nas adoradas Sessões da Tarde da Rede Globo. Debi e Lóide – Dois Idiotas em Apuros trazia Carrey dividindo o tempo de tela ao lado do cativante Jeff Daniels, em uma trama tão absurda que é impossível não se divertir com ela. Com dois personagens caricatos demais para sequer serem reais, Debi e Lóide são dois homens inocentes e inconsequentes, que estão diante de uma confusão a perder de vista, envolvendo o sequestro de um marido, o pagamento pelo seu resgate e uma paixão adolescente de fazer chorar de rir qualquer um.

Faturando mais de US$ 247 milhões, a partir de um orçamento de meros US$ 17 milhões, o filme é ainda uma lembrança a Jim Carrey de um tempo bem mais árduo. Como alguém que, em meio a uma vida sem dinheiro em Los Angeles, visualizou e lutou por seu futuro, ele ainda é aquele cara que escreveu a si mesmo um cheque de US$ 10 milhões por “serviços prestados em atuação” ainda em 1985 – no auge do seu perrengue profissional, com data de saque para 10 anos no futuro. Tempos depois, no Dia de Ação de Graças de 1994, ele estaria recebendo a exata quantia antes sonhada. E como parte de um simbolismo afetivo sem precedentes, após uma jornada sonhadora travada com o apoio de seu pai, esse mesmo cheque fora enterrado junto ao patriarca, falecido neste que se consagrava como o melhor (e mais engraçado) ano da carreira de seu filho.

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Com o fim de In Living Color, 1994 aparentava ser um ano de despedidas para Carrey, que havia transformado o programa de sketches como aquele cara engraçado branco, que cruzou a fronteira televisiva, conquistando Hollywood. Mas em um intervalo de 11 meses, a carreira do ator sofreu uma ascensão meteórica, com sucessos arrebatadores que surpreenderam a crítica especializada, levando o público no mesmo ritmo. Pouco antes da exibição do último episódio da produção, mais precisamente em fevereiro do mesmo ano, Ace Ventura – Detetive de Animais chegava aos cinemas, faturando uma bilheteria generosa de US$ 100 milhões. Sua sequência não ficou por menos, superando as expectativas com um faturamento de US$ 212 ,4 milhões no ano seguinte.

Com seu penteado bem alinhado e extravagante e um figurino onde estampas texturizadas e florais se mesclam e formam uma combinação divertidamente cafona, Ace Ventura é um banquete do mais puro humor pastelão, encorpado com uma comédia overacting onde as trapalhadas à la Peter Sellers, Chaplin e O Gordo e o Magro se tornam apenas a cereja do bolo. Na produção, um Jim Carrey mais caricato que aquele apresentado em In Living Color surge nas telas, nos mostrando um homem capaz de reter a atenção sem esforço e sem a necessidade de qualquer sidekick. Como aquele que dita o primeiro e segundo escalão do humor do filme, ele é o que precisávamos, mas que jamais haviam nos perguntado. Em uma trama irônica onde Ace tenta encontrar o golfinho mascote do time Miami Dolphins, Carrey protagoniza uma narrativa onde situações hilárias e de censura livre fazem rir jovens e adultos.

Mas Ace Ventura determinava apenas o marco zero de um ano de riquezas cinematográficas. O mês de julho, na eira da aftermath de In Living Color, veio ainda mais engraçado com O Máskara, filme que se consolidou como mais um sucesso surpreendente (porém esperado) na carreira do ator – faturando US$ 350 milhões. Cinco meses depois, o público retornava aos cinemas, para conferir a história desse anti-herói bem às avessas, cujo alter-ego se digladiava com Stanley Ipkiss, sua versão “normal”. Entre um cara mais quadrado, desajustado e sem habilidades sociais e ser um fanfarrão de postura imponente, cheio de maneirismos e comportamentos compulsivos, agressivos e all over the place (literalmente), o ator entregou duas atuações extremas e de cair o queixo (segura esse trocadilho!), que mostravam uma versatilidade artística hipnotizante. Muito além do que aquele cara branco engraçado consolidado no programa de sketches agora encerrado, Jim Carrey mostrou com voracidade sua capacidade de transitar rapidamente em diversas personalidades, sempre entregando uma autêntica percepção de seus personagens. Sua dupla caracterização é tão boa que lhe rendeu sua primeira indicação ao Globo de Ouro. Lamentavelmente, ele ficou de fora do Oscar, em uma época em que performances cômicas eram pouco (ou quase nada) consideradas palatáveis para a Academia. Um erro, infelizmente, irreparável até hoje.

Mas 1994 seguia como um ano incansável, que foi provado por aquela obra que talvez tenha sido uma das mais exibidas – das três – nas adoradas Sessões da Tarde da Rede Globo. Debi e Lóide – Dois Idiotas em Apuros trazia Carrey dividindo o tempo de tela ao lado do cativante Jeff Daniels, em uma trama tão absurda que é impossível não se divertir com ela. Com dois personagens caricatos demais para sequer serem reais, Debi e Lóide são dois homens inocentes e inconsequentes, que estão diante de uma confusão a perder de vista, envolvendo o sequestro de um marido, o pagamento pelo seu resgate e uma paixão adolescente de fazer chorar de rir qualquer um.

Faturando mais de US$ 247 milhões, a partir de um orçamento de meros US$ 17 milhões, o filme é ainda uma lembrança a Jim Carrey de um tempo bem mais árduo. Como alguém que, em meio a uma vida sem dinheiro em Los Angeles, visualizou e lutou por seu futuro, ele ainda é aquele cara que escreveu a si mesmo um cheque de US$ 10 milhões por “serviços prestados em atuação” ainda em 1985 – no auge do seu perrengue profissional, com data de saque para 10 anos no futuro. Tempos depois, no Dia de Ação de Graças de 1994, ele estaria recebendo a exata quantia antes sonhada. E como parte de um simbolismo afetivo sem precedentes, após uma jornada sonhadora travada com o apoio de seu pai, esse mesmo cheque fora enterrado junto ao patriarca, falecido neste que se consagrava como o melhor (e mais engraçado) ano da carreira de seu filho.

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