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E o nosso especial do Mês do Orgulho continua!
Dessa vez, migraremos do cenário cinematográfico para o musical – afinal, ao longo dos anos, diversos artistas se posicionaram a favor da comunidade LGBTQ+ através de canções que ganharam a indústria mainstream e de letras ácidas de respeito e contra o preconceito que enfrentamos todos os dias.
Por isso, o maior trabalho foi reduzir a quantidade incrível de iterações que poderiam integrar essa matéria. Entretanto, nossa singela lista irá contemplar os 20 maiores hinos queer da história (sejam explícitos ou reapropriados), viajando no tempo e trazendo nomes desde Culture Club até Janelle Monáe.
Confira:
20. DANCING QUEEN, ABBA
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Assim como diversas outras produções musicais, “Dancing Queen”, da banda sueca ABBA, não falava originalmente sobre a comunidade queer. Entretanto, a canção foi reapropriada como uma das representantes famosas da cultura LGBTQ+, funcionando como uma celebração de todas as rainhas e reis que viveram às escondidas por muito tempo e agora têm a oportunidade de se expressarem.
19. KARMA CHAMELEON, Culture Club
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O ícone original gender-fluid do pop Boy George nunca deixou de se afastar da normatividade binária – e, desde os anos 1980, quando ainda integrava o famoso grupo Culture Club, provocou a mente conservadora e reacionária de quem o ouvia. Com “Karma Chameleon”, George usa seus vocais soulful para falar sobre a fluidez da orientação sexual – dizendo, eventualmente, que a ideia de gênero é uma mera construção social.
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18. TAINTED LOVE, Soft Cell
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Quando Ed Cobb escreveu “Tainted Love” em 1964, não poderia ter imaginado que ressoaria com tanta força duas décadas mais tarde. Em 1980, a sensual e futurística canção viria a representar o medo da comunidade LGBTQ+ no começo da crise da AIDS. Sua versão mais conhecida (e a melhor delas, diga-se de passagem), ganhou os palcos em 1981 através da voz de Marc Almond, tornando-se um sucesso sem precedentes.
17. IT’S RAINING MEN, The Weather Girls
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Não há uma pessoa no mundo que nunca tenha ouvido alguma versão de “It’s Raining Men”, a canção mais conhecida do grupo The Weather Girls. Co-escrito por Paul Shaffer e Paul Jabara, a rendição foi descartada por ninguém menos que Donna Summer por seu conteúdo “blasfemo”. No final das contas, coube a Martha Wash encabeçar uma performance espetacular e quase dêitica de um dos maiores hinos dos anos 1980 – e até mesmo do século XX.
16. THE JEAN GENIE, David Bowie
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A espetacular carreira de David Bowie é constantemente homenageada por artistas da nova geração – afinal, ele veio a inspirar a lendária Lady Gaga em toda sua estética performativa e musical. E “The Jean Genie” segue como uma de suas iterações mais incríveis e tocantes, sutil e metaforicamente deixando o country-rock flertar com sua persona andrógena e sua bissexualidade.
15. ALL THE LOVERS, Kylie Minogue
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A artista australiana Kylie Minogue percebeu que havia se tornado um ícone LGBTQ+ no final dos anos 1980, alguns anos depois de começar a fazer sucesso mundial. Hoje, Minogue é dona de músicas indispensáveis para se ouvir no Mês do Orgulho – e uma delas prova seu status como Rainha do Dance: “All The Lovers”, uma synth-ballad de tirar o fôlego com um clipe espetacular que fala sobre o amor verdadeiro. E, se você está procurando por um hino de superação, temos também a icônica “Get Outta My Way”.
14. I WANT TO BREAK FREE, Queen
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Freddie Mercury é um dos melhores cantores e compositores de todos os tempos e, ao lado do grupo chamado Queen, entregou rendições memoráveis e imortalizadas dos mais diversos jeitos. O electro-rock de “I Want To Break Free”, lançado sete anos antes de sua morte, insurge do modo mais inesperado como uma declaração de libertação e de amor (“eu me apaixonei pela primeira vez” e “eu quero ser livre”) que dialoga inclusive com sua bissexualidade.
13. YMCA, Village People
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O irreverente grupo Village People sempre brincou com os estereótipos masculinizados da sociedade norte-americana dos anos 1970. Criado por Jacques Morali, o sexteto tem como uma de suas músicas principais o dançante “YMCA” – que faz uma alusão à sexualidade escondida de seus membros e de um lugar em que a orientação sexual não seria motivo de vergonha. O estrondo musical teve como resultado nada menos que 10 milhões de cópias vendidas ao redor do mundo – e um legado que é visto em cada festa de casamento ou reunião festiva.
12. MAKE ME FEEL, Janelle Monáe
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Janelle Monáe entregou um dos melhores álbuns da década passada com ‘Dirty Computer’ – e o hino “Make Me Feel” é apenas uma das muitas narrativas críticas das quais se dispõe. Modernizando o R&B com habilidade impecável, a música é uma declaração de sua pansexualidade com clareza dançante e envolvente, nos convidando para a pista de dança em uma memorável performance.
11. BORN NAKED, RuPaul
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RuPaul Charles é a drag queen mais famosa do mundo e está no cenário artístico queer desde a primeira vez que subiu num par de saltos altos. Ao longo de sua extensa carreira – que inclui inúmeros protestos a favor da comunidade LGBTQ+ e negra -, ela nos entregou algumas músicas de amadurecimento e de superação frente às adversidades, incluindo o rock-pop “Born Naked” ao lado de Clairy Browne. A canção é regida pela premissa de “todos nós nascemos nus e o resto é drag” como forma de mostrar que somos todos iguais independente da orientação sexual e de nossas preferências artísticas.
10. YOU MAKE ME FEEL (MIGHTY REAL), Sylvester
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Sylvester talvez seja conhecido por ter um falsetto extremamente pristino e expressivo – chegando até mesmo ao patamar de Prince. O cantor, abertamente gay e um dos ícones do gender-fluid e da não-binariedade, ganhou fama pela rendição disco de “You Make Me Feel (Mighty Real)”, que ganha os ouvidos de várias gerações até hoje. Sua ode à felicidade em uma época em que a homossexualidade e a transsexualidade eram encaradas como doenças apenas transforma a canção em uma importante declaração de amor à vida.
9. CLOSER, Tegan and Sara
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A dupla de irmãs canadenses Tegan and Sara mostraram o mais puro retrato da amizade queer ao descrever com uma elegíaca letra que o amor entre duas pessoas não existe apenas no âmbito sexual, mas também no sentido mais sentimental. “Closer”, um dos principais singles do aclamado EP ‘Heartthrob’ é uma produção que não poderia ficar de fora da nossa lista no Mês do Orgulho.
8. BELIEVE, Cher
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Sendo a patrona da música pop e uma das deusas da indústria fonográfica, Cher é um dos ícones mais poderosos da comunidade LGBTQ+ e nunca deixou de se posicionar a nosso favor. Com “Believe” sendo reestruturada para os dias atuais, a canção é um hino de esperança para aqueles que não acreditam no poder do amor – ou nem mesmo que são destinados a encontrar em alguém. Lançada em 1998, a faixa promocional de seu álbum homônimo é uma das mais importantes de sua carreira.
7. LET’S HAVE A KIKI, Scissor Sisters
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Apesar da batida bastante familiar (e um tanto quanto cansativa), “Let’s Have a Kiki” é uma das músicas com maior quantidade de gírias LGBTQ+ de todos os tempos. Encabeçada pelo excêntrico e adorável grupo The Scissor Sisters (cujo próprio nome faz alusão à comunidade queer), a música é acompanhada de um vídeo instrucional atemporal e divertido que cai no gosto popular desde seu lançamento até os dias de hoje.
6. I WILL SURVIVE, Gloria Gaynor
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Gloria Gaynor, a Rainha do disco-music, é a voz por trás de obras-primas da esfera fonográfica – incluindo “I Will Survive”. Apesar da motivação real ter vindo de tragédias pessoais, Gaynor reconheceu a importância de seu hino de superação para a comunidade queer, visto que sua letra enaltecedora começou a ser declamada e repetitiva como uma infusão de forças para seguir em frente e enfrentar as mais duras adversidades.
5. VOGUE, Madonna
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Madonna colocou sua carreira em xeque ao postar-se a favor dos LGBTQ+ em uma época de puro descaso e estigmatização. Em 1990, colocou a cultura transsexual dos ballrooms no cenário mainstream com “Vogue”, chegando ao topo das paradas do mundo inteiro. Acompanhado de um vídeo preto-e-branco art-déco e fazendo menções a ícones do cinema dos anos 1920 e 1930, a música é uma rendição escapista e de altivez acompanhada de um liricismo irretocável digno das melhores construções da Rainha do pop clássico.
4. DANCING ON MY OWN, Robyn
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Considerada até hoje uma das melhores músicas de todos os tempos, a comovente e emocionante balada electro-disco regada a sintetizadores da cantora e compositora sueca Robyn foi reclamada pela comunidade queer com força descomunal. Na verdade, se pegarmos a impecável elegia romântica que ela escreve, temos uma protagonista que representa as pessoas marginalizadas e isoladas que dançam por conta própria em vez de se esconderem em casa.
3. TRUE TRANS SOUL REBEL, Against Me!
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Em seu livro de memórias ‘Tranny: Confessions of Punk Rock’s Most Infamous Anarchist Sellout’, publicado em 2016, a líder da banda Against Me!, Laura Jane Grace, se recorda do momento em que começou a fazer a transição de gênero – desaparecendo em quartos de motéis para praticar o uso de vestidos e esperando que ninguém a visse. Foram esses dias que inspiraram a aclamada música “True Trans Soul Rebel”, uma rendição punk-western cuja letra fala sobre mulheres transsexuais lutando para viver.
2. I’M COMING OUT, Diana Ross
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A lendária Diana Ross é conhecida por sua discografia impecável e alguns dos melhores hits de todos os tempos. Também posicionando-se sempre a favor da comunidade LGBTQ+, o anthem regado pelo dance-music “I’m Coming Out” foi reavido como um majestoso solilóquio de empoderamento, cuja conhecida letra é basicamente uma ode a aceitar quem realmente somos e não nos escondermos (não é à toa que o título serve de mote para quando nos revelamos queer).
1. BORN THIS WAY, Lady Gaga
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Don’t be a drag, just be a queen.
Demorou até 2011 para que a indústria fonográfica finalmente começasse a falar com todas as letras as múltiplas orientações sexuais que se afastavam da binariedade. E a declaração de amor-próprio viria com ninguém menos com Lady Gaga, um dos maiores nomes do século XXI e uma das maiores ativistas LGBTQ+ da história.
Desde sua ascensão à fama em 2008, Gaga mostrou ser extremamente grata para a comunidade queer, nunca deixando de incluí-los em monólogos e discursos de respeito. Mas foi com “Born This Way” que a artista viria a provar sua gratidão: a incursão dance-pop, contemporânea e clássica ao mesmo tempo, não se valeria de metáforas e alusões, mas sim de versos claros o suficiente para deixar exposto que todos somos iguais e merecemos respeito e oportunidades.
“Não importa gay, hétero, bi, lésbica, transgênero, estou no caminho certo, eu nasci para sobreviver”. De fato, não há frase que mais represente essa constante e cada vez mais forte e endossada luta para existirmos em um sociedade tão hipócrita e preconceituosa.