sábado , 23 novembro , 2024

3% – Temporada 2 | Visitamos o set da série da Netflix e trazemos várias fofocas para você!

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Em uma fábrica desativada no Brás, bairro da zona leste de São Paulo, surge um universo cinza, deprimente… e vibrante!  Ruas estreitas, construções feitas a partir de restos. Uma concepção cenográfica claramente inspirada nas favelas brasileiras. Essa é a perspectiva geral do Continente, o espaço dos excluídos de 3%, a primeira série brasileira produzida pela Netflix, que chega este mês à sua segunda temporada. O CinePOP esteve no set de filmagens da série e entrevistou vários atores. Vem com a gente!

Na primeira temporada, o foco foi o Processo, uma espécie de concurso que torna explícito os mecanismos de seleção social que existem em qualquer sociedade. Esta segunda temporada irá ampliar esse universo, mostrando muito mais detalhes do Continente e, finalmente, apresentando o Maralto para o público; aparentemente, o foco será mais nas consequências dos acontecimentos da primeira temporada e menos no próximo Processo.




Uma das primeiras novidades que podemos adiantar se refere às locações: enquanto o Continente foi concebido a partir de uma fábrica desativada, Maralto tomará emprestado o incrível espaço do Instituto Inhotim, em Minas Gerais. Inhotim é um dos mais importantes museus ao ar livre de arte contemporânea da América Latina. Ele está instalado em uma zona de Mata Atlântica e agrega obras de artistas como Hélio Oiticica, Vik Muniz, Tunga e Adriana Varejão. Certamente, Inhotim é o lugar que melhor poderia representar o utópico Maralto.

Se Inhotim é um espaço de muito verde e beleza, o Continente é o seu total oposto. E aqui entra a qualidade da direção de arte da série. Durante a visita ao set, podemos ver de perto como foi construída a concepção visual do Continiente. Para ele, a direção de arte focou no uso de material reciclado. Há muita colagem, reaproveitamento de objetos do nosso cotidiano com outras utilidades. A própria geografia das ruas do Continente procura focar em vielas estreitas, cheias de obstáculos e altos e baixos. Enfim, tudo com clara inspiração nas periferias brasileiras.

Todo esse artesanato resulta em cenários fascinantes pelo detalhismo. As muitas minúcias estimularão o público a observar com cuidado cada cena. Um dos cenários mais interessantes nesse sentido é o laboratório do personagem Silas (Samuel Assis), um sujeito que sonha em acabar com o Processo para trazer saúde para todos. É curioso ver como os diversos instrumentos desse cientista/médico foram construídos; o próprio ator ressaltou a empolgação dele (e de todo o elenco) com as possibilidades trazidas pela direção de arte.

As diferenças entre a concepção do Continente e o uso de Inhotim como Maralto falam muito sobre a série e o que podemos esperar da segunda temporada. Pedro Aguilera (showrunner) falou que imaginou Maralto não como um local infernal, mas como um lugar no qual gostaríamos de viver. Porém, esse paraíso está baseado num processo injusto. Esta concepção do Showrunner é traduzida visualmente: Inhotim é um espaço agradável, no qual beleza e natureza convivem em harmonia. Nesse sentido, é curioso como, por meio de Inhotim, Maralto será um lugar com traços que muitas pessoas críticas da nossa sociedade sonham – como a harmonia entre homem e natureza. Por outro lado, o Continente será um lugar cinzento, no qual a cor surge da mistura do material reciclado – a produção tomou o cuidado de não deixar que a cor verde apareça nas cenas do Continente.

Mas, o que esperar desta segunda temporada de 3%? Há a clara expansão do universo da série. Nada mais natural do que explorar em mais detalhes o universo do Continente e, finalmente, apresentar Maralto. Apenas isso já promete uma temporada mais dinâmica. Outra coisa que promete deixar a temporada mais movimentada são as cenas de ação. Se a primeira temporada foi muito focada na dinâmica das provas do Processo, esta segunda temporada promete mais cenas de ação. Em entrevistas, muitos atores destacaram o quão movimentadas foram as gravações, com sequências de ação elaboradas. A atriz Laila Garin, por exemplo, contou que teve aulas de tiro e artes marciais para viver Marcela, uma chefa militar de Maralto. Aguardar para conferir o resultado.

E o que conseguimos adiantar sobre a trama em si? Quem deu mais pistas sobre os rumos da série foram os atores Bianca Comparato, Michel Gomes e Bruno Fagundes.

Nesta segunda temporada, Michele (Bianca Comparato) encontrará o irmão (Bruno Fagundes) vivo e preso em Maralto. Ela vive uma contradição: tem consciência de que foi enganada pela Causa, mas não consegue acreditar em Ezequiel (João Miguel) totalmente.  Os motivos da prisão do seu irmão, aparentemente, tem relação com o Casal Fundador (ou seria um trio fundador?) e o nascimento do Maralto e do Processo. Seria ele o terceiro elemento do casal fundador? Já o personagem Fernando (Michel Gomes) continua no Continente, porém, ele já não tem aquela fé no Processo. Ele irá se empenhar para convencer a amiga Glória (Cynthia Senek) a desistir do Processo.

O primeiro trailer liberado pela Netflix dá sinais ambíguos sobre se, realmente, a série irá explorar mais as contradições dos seus personagens. Figuras como Michele e Rafael (Rodolfo Valente) aparentam que serão mais contraditórios do que na primeira temporada.

A narrativa da segunda temporada irá começar dias antes do começo de mais um Processo. O uso do flashback para narrar fatos pretéritos será mais constante nesta nova temporada.

Com a expansão do universo de 3%, a série tem a chance não só de ganhar dinamismo, mas, também, de afastar críticas de que a série é superficial.  Por mais que a concepção seja antiga (a ideia da série é de 2011), 3% só se concretizou após sucessos como Jogos Vorazes (2012). E, mesmo se fugirmos do gênero distopia para jovens adultos, a primeira temporada da série teve muitos problemas, como os diálogos simplórios e personagens rasos e pouco ambíguos. Sem contar a crítica simplória e rasteira à meritocracia – essência da primeira temporada, a série acaba dizendo que premiar alguém por mérito é a raiz das injustiças.

Aliás, soa irônico pensar no tema da primeira temporada (um processo que pretende selecionar os mais capazes como algo injusto) quando escutamos os próprios atores falarem sobre como o processo de seleção para ingressar na série foi exigente. Afinal, cabe até se perguntar, por que colocar o ator X e não o desconhecido Y no papel?

Sobre isto, questionamos o próprio showrunner. Levantamos para Pedro Aguilera a questão de se a série irá trazer mais contradição, afinal, nós mesmos (eu, você leitor e os envolvidos com a série) certamente pertencemos ao 1% da elite social brasileira. Aguilera disse que quer trazer a contradição para a série, especialmente como as personagens vão se comportar diante desse mundo sedutor, mas fundado numa injustiça.

Se a série irá manter a crítica pedestre ao mérito, ou não, isso só poderemos conferir dia 27 de abril quando a série entrará no ar na Netflix.

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Na primeira temporada, o foco foi o Processo, uma espécie de concurso que torna explícito os mecanismos de seleção social que existem em qualquer sociedade. Esta segunda temporada irá ampliar esse universo, mostrando muito mais detalhes do Continente e, finalmente, apresentando o Maralto para o público; aparentemente, o foco será mais nas consequências dos acontecimentos da primeira temporada e menos no próximo Processo.


Uma das primeiras novidades que podemos adiantar se refere às locações: enquanto o Continente foi concebido a partir de uma fábrica desativada, Maralto tomará emprestado o incrível espaço do Instituto Inhotim, em Minas Gerais. Inhotim é um dos mais importantes museus ao ar livre de arte contemporânea da América Latina. Ele está instalado em uma zona de Mata Atlântica e agrega obras de artistas como Hélio Oiticica, Vik Muniz, Tunga e Adriana Varejão. Certamente, Inhotim é o lugar que melhor poderia representar o utópico Maralto.

Se Inhotim é um espaço de muito verde e beleza, o Continente é o seu total oposto. E aqui entra a qualidade da direção de arte da série. Durante a visita ao set, podemos ver de perto como foi construída a concepção visual do Continiente. Para ele, a direção de arte focou no uso de material reciclado. Há muita colagem, reaproveitamento de objetos do nosso cotidiano com outras utilidades. A própria geografia das ruas do Continente procura focar em vielas estreitas, cheias de obstáculos e altos e baixos. Enfim, tudo com clara inspiração nas periferias brasileiras.

Todo esse artesanato resulta em cenários fascinantes pelo detalhismo. As muitas minúcias estimularão o público a observar com cuidado cada cena. Um dos cenários mais interessantes nesse sentido é o laboratório do personagem Silas (Samuel Assis), um sujeito que sonha em acabar com o Processo para trazer saúde para todos. É curioso ver como os diversos instrumentos desse cientista/médico foram construídos; o próprio ator ressaltou a empolgação dele (e de todo o elenco) com as possibilidades trazidas pela direção de arte.

As diferenças entre a concepção do Continente e o uso de Inhotim como Maralto falam muito sobre a série e o que podemos esperar da segunda temporada. Pedro Aguilera (showrunner) falou que imaginou Maralto não como um local infernal, mas como um lugar no qual gostaríamos de viver. Porém, esse paraíso está baseado num processo injusto. Esta concepção do Showrunner é traduzida visualmente: Inhotim é um espaço agradável, no qual beleza e natureza convivem em harmonia. Nesse sentido, é curioso como, por meio de Inhotim, Maralto será um lugar com traços que muitas pessoas críticas da nossa sociedade sonham – como a harmonia entre homem e natureza. Por outro lado, o Continente será um lugar cinzento, no qual a cor surge da mistura do material reciclado – a produção tomou o cuidado de não deixar que a cor verde apareça nas cenas do Continente.

Mas, o que esperar desta segunda temporada de 3%? Há a clara expansão do universo da série. Nada mais natural do que explorar em mais detalhes o universo do Continente e, finalmente, apresentar Maralto. Apenas isso já promete uma temporada mais dinâmica. Outra coisa que promete deixar a temporada mais movimentada são as cenas de ação. Se a primeira temporada foi muito focada na dinâmica das provas do Processo, esta segunda temporada promete mais cenas de ação. Em entrevistas, muitos atores destacaram o quão movimentadas foram as gravações, com sequências de ação elaboradas. A atriz Laila Garin, por exemplo, contou que teve aulas de tiro e artes marciais para viver Marcela, uma chefa militar de Maralto. Aguardar para conferir o resultado.

E o que conseguimos adiantar sobre a trama em si? Quem deu mais pistas sobre os rumos da série foram os atores Bianca Comparato, Michel Gomes e Bruno Fagundes.

Nesta segunda temporada, Michele (Bianca Comparato) encontrará o irmão (Bruno Fagundes) vivo e preso em Maralto. Ela vive uma contradição: tem consciência de que foi enganada pela Causa, mas não consegue acreditar em Ezequiel (João Miguel) totalmente.  Os motivos da prisão do seu irmão, aparentemente, tem relação com o Casal Fundador (ou seria um trio fundador?) e o nascimento do Maralto e do Processo. Seria ele o terceiro elemento do casal fundador? Já o personagem Fernando (Michel Gomes) continua no Continente, porém, ele já não tem aquela fé no Processo. Ele irá se empenhar para convencer a amiga Glória (Cynthia Senek) a desistir do Processo.

O primeiro trailer liberado pela Netflix dá sinais ambíguos sobre se, realmente, a série irá explorar mais as contradições dos seus personagens. Figuras como Michele e Rafael (Rodolfo Valente) aparentam que serão mais contraditórios do que na primeira temporada.

A narrativa da segunda temporada irá começar dias antes do começo de mais um Processo. O uso do flashback para narrar fatos pretéritos será mais constante nesta nova temporada.

Com a expansão do universo de 3%, a série tem a chance não só de ganhar dinamismo, mas, também, de afastar críticas de que a série é superficial.  Por mais que a concepção seja antiga (a ideia da série é de 2011), 3% só se concretizou após sucessos como Jogos Vorazes (2012). E, mesmo se fugirmos do gênero distopia para jovens adultos, a primeira temporada da série teve muitos problemas, como os diálogos simplórios e personagens rasos e pouco ambíguos. Sem contar a crítica simplória e rasteira à meritocracia – essência da primeira temporada, a série acaba dizendo que premiar alguém por mérito é a raiz das injustiças.

Aliás, soa irônico pensar no tema da primeira temporada (um processo que pretende selecionar os mais capazes como algo injusto) quando escutamos os próprios atores falarem sobre como o processo de seleção para ingressar na série foi exigente. Afinal, cabe até se perguntar, por que colocar o ator X e não o desconhecido Y no papel?

Sobre isto, questionamos o próprio showrunner. Levantamos para Pedro Aguilera a questão de se a série irá trazer mais contradição, afinal, nós mesmos (eu, você leitor e os envolvidos com a série) certamente pertencemos ao 1% da elite social brasileira. Aguilera disse que quer trazer a contradição para a série, especialmente como as personagens vão se comportar diante desse mundo sedutor, mas fundado numa injustiça.

Se a série irá manter a crítica pedestre ao mérito, ou não, isso só poderemos conferir dia 27 de abril quando a série entrará no ar na Netflix.

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