quinta-feira , 26 dezembro , 2024

5 Coisas que ODIAMOS nos Trailers

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Ninguém nega que o cinema seja uma indústria. Mesmo o chamado circuito alternativo, com seus filmes iranianos, franceses e da A24, possui um esquema comercial. Mas isto fica para outro texto. Aponto o lado comercial do cinema para situar a lógica dos trailers.

Eles surgiram praticamente junto como cinematógrafo. Já em meados da década de 1910, trechos dos filmes eram exibidos ao final das sessões como forma de fazer o público voltar ao cinema. Em pouco tempo, essas exibições passaram para o começo da sessão. Desde então, buscava-se destacar aquilo que o filme tivesse de singular!



Observar a história dos trailers ajuda a entender o que era atraente em cada época. Entre as décadas de 1920 e 1940, quando as estrelas hollywoodianas eram o principal chamariz das telas, os trailers lhes davam destaque. Da narração aos letreiros, tudo destacava os atores.

Na época da Nova Hollywood, os trailers ganharam sofisticação, mas ainda se prendiam a convenções hoje arcaicas, como o uso de narrador. Como os diretores passaram a ser um chamariz, seus nomes também ganharam destaque. Ainda eram comuns frases convocando o público ao cinema. Até 1960, a produção de trailers nos EUA era monopólio da National Screeen Service.

Os trailers dos anos 1980 e 1990 destacavam o espetáculo que era assistir a um filme. Era o começo da era dos blockbusters e das superproduções. Ao evidenciar a escala épica e os efeitos especiais, os trailers lembravam que a experiência completa somente se alcançaria na tela grande, reflexo da concorrência das vídeo locadoras. No fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000, a figura do narrador sumiu dos trailers.

Assista também:
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Com a internet, assistir trailers virou atividade ainda mais popular. O jornal Los Angeles Times apurou que em 2015 foram visualizadas 35 milhões de horas em trailers cinematográficos. Para Hollywood, atualmente, mais do que divulgar o filme, o trailer pauta o debate entre os fãs, atiçando o fandom.

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Trailer sem imagens do filme (“Cidadão Kane”, de Orson Welles), trailer de musical sem música (“Uma Mulher é Uma Mulher” de Jean-Luc Godard) ou trailer que buscam incomodar (“O Exorcista”, de William Friedkin) são algumas curiosidades que enchem a história do cinema. Mesmo os mais vanguardistas, o trailer não perdeu sua natureza de peça de propaganda, o que explica certas modas em cada época. Abaixo, quatro modas que viraram vícios dos trailers atuais:

  1. Trailer que conta a história toda

Trailer é a arte de revelar até o ponto que atice o público, sem estragar o prazer da descoberta. Tirando aquela parte do público que fica revoltada com qualquer detalhe da história (para ela, sugiro, não veja o trailer) e aquela que gosta de saber o final para decidir se assiste ou não ao filme (tem mais gente assim do que vocês possam imaginar, vão por mim), a maioria das pessoas não quer ver todo o enredo no trailer. Ele deve passar a sensação geral da obra e as informações básicas do enredo, permitindo que o público saiba o que irá ver.

Claro, antes de ver ao filme, não se tem certeza se toda a história está resumida ali. Mas, quando se sai da sala de sessão percebendo que recebeu um spoiler no trailer, vem a raiva! Mas, como se diz, já pagamos pelo ingresso. O trailer cumpriu sua função.

Alexander Davis, estudioso do cinema, explica que, segundo uma teoria psicológica, o público tende a gostar mais quando sabe o que irá acontecer. Isto explica por que muitos trailers têm entregado informações importantes. Especialmente nos blockbusters, entregar a narrativa no trailer só dá segurança do que ele encontrará o que deseja. No caso de um filme menos conhecido, é a forma de não desagradar o público, garantindo que ele não terá surpresas – enfim, a antítese do que um bom filme deve causar.

Em um trailer que deseje dar spoiler, o importante é conseguir contar o máximo de coisas sem deixar no público a sensação de que já saber toda a narrativa.

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  1. Entregar as principais e melhores cenas

Parecido com a anterior, mas pode ocorrer mesmo sem explicar muito do andamento da narrativa, como trailers de comédia que não contam o desenrolar da trama, mas antecipam as melhores piadas. Ou do filme de terror que antecipa os maiores sustos. Ou nos filmes de ação que lançam mão das cenas mais espetaculares.

A intenção também é garantir ao consumidor (sim, nessas horas, o público deixa de ser espectador e passa a ser simples consumidor, que não pode comprar algo errado) que ele está irá receber um produtor de qualidade. A droga é que isso prejudica a experiência quando não arruína por completo!

​Um exemplo é o ótimo ‘O Impossível‘, que apesar de ser um drama espetacular, traz as cenas do tsunami inteiras em seu trailer para vender a produção como uma “ação”.

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  1. Melhores momentos do trailer antes do trailer

Para vencer a rapidez do YouTube ou e do feed do Instagram e do Facebook, começaram a ser incluídos antes do início do trailer uma espécie de prévia do que será visto no trailer.

Muito comum em filmes de ação, aventura e terror, logo no começo do vídeo, assistimos a alguns segundos com as imagens mais impactantes que veremos no trailer. Ainda colocam algo como “a seguir, trailer do filme…”

Isto é especialmente comum quando o trailer é inserido como propaganda nos vídeos do YouTube. Ele não estraga experiência do trailer em si, só é algo profundamente irritante e sintomático do nosso tempo.

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  1. Cenas Alteradas ou Falsas

Não falo de filmes que, na pós-produção, excluíram cenas que estavam no trailer. Falo de incluir, intencionalmente, uma cena falsa ou alterar uma cena, como no caso dos últimos filmes dos Vingadores.

Os estúdios falam que estão preservando a experiência do público. Bom, isso beira a propaganda enganosa. Ora, se não desejam revelar algo, não coloque no trailer.

Confesso que não sei o que é pior, colocar uma cena falsa ou alterar uma que veremos no filme. Isto também é reflexo do excesso de trailers de um mesmo filme.

Pânico 4‘ ganhou um trailer espetacular, mas várias cenas vistas foram cortadas ou alteradas no filme, como os jovens conversando sobre o destino de Sidney Prescott e a sequência de morte de abertura, que foi alterada.

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  1. Mudar o tom dos trailers quando o público não está gostando, Ou promete algo e o filme não entrega

Sabe quando lançam um trailer, o público não se empolga e fazem uma nova versão repaginada? Olha, nem acho isto um pecado quando as duas versões do trailer, ainda que antagônicas, são fiéis ao filme. Acontece que isso é raro quando temos essas mudanças. Em geral, um dos trailers está enganando. Tipo ‘Homem de Ferro 3‘.

Essa situação acaba sendo próxima de outra realmente detestável: o trailer que vende algo que não tem absolutamente nada a ver com o filme. O mais triste é quando bons filmes são comprometidos por uma divulgação errada. Isto acontece muito quando os produtores direcionam o filme para um público que não irá apreciá-lo. É para mim a situação mais triste, porque o público perde duplamente: aqueles que foram ver o filme, saem decepcionados, enquanto o real público do filme nem sabe que ele existe!

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Ninguém nega que o cinema seja uma indústria. Mesmo o chamado circuito alternativo, com seus filmes iranianos, franceses e da A24, possui um esquema comercial. Mas isto fica para outro texto. Aponto o lado comercial do cinema para situar a lógica dos trailers.

Eles surgiram praticamente junto como cinematógrafo. Já em meados da década de 1910, trechos dos filmes eram exibidos ao final das sessões como forma de fazer o público voltar ao cinema. Em pouco tempo, essas exibições passaram para o começo da sessão. Desde então, buscava-se destacar aquilo que o filme tivesse de singular!

Observar a história dos trailers ajuda a entender o que era atraente em cada época. Entre as décadas de 1920 e 1940, quando as estrelas hollywoodianas eram o principal chamariz das telas, os trailers lhes davam destaque. Da narração aos letreiros, tudo destacava os atores.

Na época da Nova Hollywood, os trailers ganharam sofisticação, mas ainda se prendiam a convenções hoje arcaicas, como o uso de narrador. Como os diretores passaram a ser um chamariz, seus nomes também ganharam destaque. Ainda eram comuns frases convocando o público ao cinema. Até 1960, a produção de trailers nos EUA era monopólio da National Screeen Service.

Os trailers dos anos 1980 e 1990 destacavam o espetáculo que era assistir a um filme. Era o começo da era dos blockbusters e das superproduções. Ao evidenciar a escala épica e os efeitos especiais, os trailers lembravam que a experiência completa somente se alcançaria na tela grande, reflexo da concorrência das vídeo locadoras. No fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000, a figura do narrador sumiu dos trailers.

Com a internet, assistir trailers virou atividade ainda mais popular. O jornal Los Angeles Times apurou que em 2015 foram visualizadas 35 milhões de horas em trailers cinematográficos. Para Hollywood, atualmente, mais do que divulgar o filme, o trailer pauta o debate entre os fãs, atiçando o fandom.

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Trailer sem imagens do filme (“Cidadão Kane”, de Orson Welles), trailer de musical sem música (“Uma Mulher é Uma Mulher” de Jean-Luc Godard) ou trailer que buscam incomodar (“O Exorcista”, de William Friedkin) são algumas curiosidades que enchem a história do cinema. Mesmo os mais vanguardistas, o trailer não perdeu sua natureza de peça de propaganda, o que explica certas modas em cada época. Abaixo, quatro modas que viraram vícios dos trailers atuais:

  1. Trailer que conta a história toda

Trailer é a arte de revelar até o ponto que atice o público, sem estragar o prazer da descoberta. Tirando aquela parte do público que fica revoltada com qualquer detalhe da história (para ela, sugiro, não veja o trailer) e aquela que gosta de saber o final para decidir se assiste ou não ao filme (tem mais gente assim do que vocês possam imaginar, vão por mim), a maioria das pessoas não quer ver todo o enredo no trailer. Ele deve passar a sensação geral da obra e as informações básicas do enredo, permitindo que o público saiba o que irá ver.

Claro, antes de ver ao filme, não se tem certeza se toda a história está resumida ali. Mas, quando se sai da sala de sessão percebendo que recebeu um spoiler no trailer, vem a raiva! Mas, como se diz, já pagamos pelo ingresso. O trailer cumpriu sua função.

Alexander Davis, estudioso do cinema, explica que, segundo uma teoria psicológica, o público tende a gostar mais quando sabe o que irá acontecer. Isto explica por que muitos trailers têm entregado informações importantes. Especialmente nos blockbusters, entregar a narrativa no trailer só dá segurança do que ele encontrará o que deseja. No caso de um filme menos conhecido, é a forma de não desagradar o público, garantindo que ele não terá surpresas – enfim, a antítese do que um bom filme deve causar.

Em um trailer que deseje dar spoiler, o importante é conseguir contar o máximo de coisas sem deixar no público a sensação de que já saber toda a narrativa.

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  1. Entregar as principais e melhores cenas

Parecido com a anterior, mas pode ocorrer mesmo sem explicar muito do andamento da narrativa, como trailers de comédia que não contam o desenrolar da trama, mas antecipam as melhores piadas. Ou do filme de terror que antecipa os maiores sustos. Ou nos filmes de ação que lançam mão das cenas mais espetaculares.

A intenção também é garantir ao consumidor (sim, nessas horas, o público deixa de ser espectador e passa a ser simples consumidor, que não pode comprar algo errado) que ele está irá receber um produtor de qualidade. A droga é que isso prejudica a experiência quando não arruína por completo!

​Um exemplo é o ótimo ‘O Impossível‘, que apesar de ser um drama espetacular, traz as cenas do tsunami inteiras em seu trailer para vender a produção como uma “ação”.

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  1. Melhores momentos do trailer antes do trailer

Para vencer a rapidez do YouTube ou e do feed do Instagram e do Facebook, começaram a ser incluídos antes do início do trailer uma espécie de prévia do que será visto no trailer.

Muito comum em filmes de ação, aventura e terror, logo no começo do vídeo, assistimos a alguns segundos com as imagens mais impactantes que veremos no trailer. Ainda colocam algo como “a seguir, trailer do filme…”

Isto é especialmente comum quando o trailer é inserido como propaganda nos vídeos do YouTube. Ele não estraga experiência do trailer em si, só é algo profundamente irritante e sintomático do nosso tempo.

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  1. Cenas Alteradas ou Falsas

Não falo de filmes que, na pós-produção, excluíram cenas que estavam no trailer. Falo de incluir, intencionalmente, uma cena falsa ou alterar uma cena, como no caso dos últimos filmes dos Vingadores.

Os estúdios falam que estão preservando a experiência do público. Bom, isso beira a propaganda enganosa. Ora, se não desejam revelar algo, não coloque no trailer.

Confesso que não sei o que é pior, colocar uma cena falsa ou alterar uma que veremos no filme. Isto também é reflexo do excesso de trailers de um mesmo filme.

Pânico 4‘ ganhou um trailer espetacular, mas várias cenas vistas foram cortadas ou alteradas no filme, como os jovens conversando sobre o destino de Sidney Prescott e a sequência de morte de abertura, que foi alterada.

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  1. Mudar o tom dos trailers quando o público não está gostando, Ou promete algo e o filme não entrega

Sabe quando lançam um trailer, o público não se empolga e fazem uma nova versão repaginada? Olha, nem acho isto um pecado quando as duas versões do trailer, ainda que antagônicas, são fiéis ao filme. Acontece que isso é raro quando temos essas mudanças. Em geral, um dos trailers está enganando. Tipo ‘Homem de Ferro 3‘.

Essa situação acaba sendo próxima de outra realmente detestável: o trailer que vende algo que não tem absolutamente nada a ver com o filme. O mais triste é quando bons filmes são comprometidos por uma divulgação errada. Isto acontece muito quando os produtores direcionam o filme para um público que não irá apreciá-lo. É para mim a situação mais triste, porque o público perde duplamente: aqueles que foram ver o filme, saem decepcionados, enquanto o real público do filme nem sabe que ele existe!

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