sexta-feira , 21 fevereiro , 2025

5 Filmes para SABER MAIS sobre a Revolução Francesa e o 14 de Julho


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Berço da nossa atual democracia, a Revolução Francesa é celebrada pelos seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade todo dia 14 de julho, feriado nacional na França. Pano de fundo de romances épicos e de filmes cômicos, a data marca a Tomada da Bastilha, em Paris, e o dia da inssurreição do povo contra a aristocracia e a monarquia do país em 1789. 

Les Adieux a la reine de Benoit Jacquot Capelight pictures
Cena de Adeus, Minha Rainha (2012), de Benoît Jacquot 

Embora este dia seja um marco, o processo revolucionário se deu ao longo de dias e anos, impulsionado pela revolta do povo contra os excessivos aumentos de impostos e do valor dos alimentos essenciais, como o pão. Os resultados dessa ação reverberaram em todo o mundo e até hoje nos ensinam a lutar contra os modelos de poderes ditatoriais e autocratas. 



Se você se interessa por história mundial, política ou boas narrativas, confira a lista de filmes abaixo e veja-os. Conhece algum outro título para entrar nessa seleção? 

A Marselhesa (1938), de Jean Renoir

la marseillaise 1938 france poster de reference de dossier 33848 282tha wabjcj e1689363575543

Apesar de dirigido pelo renomado cineasta francês Jean Renoir, A Marselhesa parece ter sido esquecido nas gavetas do tempo. Financiado em parte por recursos públicos, a produção dividiu opiniões na época por conta do direcionamento da narrativa centrada nas atribulações das pessoas comuns durante o período de 1789 a 1792, ou seja, um filme mais preocupado com os cidadãos do que com a realeza.


Protagonizado pelo irmão do diretor Pierre Renoir (como Luís XVI) e Lise Delamare (na pele de Maria Antonieta), A Marselhesa tenta ser uma obra mais realista sobre o momento histórico por conta do sua produção e lançamento em 1938, pleno período da Frente Popular, isto é, a coligação dos partidos de esquerda, operários, radicais e comunistas em maioria no congresso contra os movimentos antifascistas.

A título de curiosidade, A Marselhesa é o título do hino nacional francês, composto pelo oficial do exército Claude Joseph Rouget de Lisle. O batismo, no entanto, é feito pelos revolucionários do sul da França, vindos a pé de Marselha a Paris para participar da revolução. Enquanto marchavam em direção à capital, eles cantavam a composição.

Com uma abordagem menos dramática e mais prática, a revolução francesa de Jean Renoir pode ser vista na íntegra (2h) e com legendas em português no Vimeo. Clique aqui

Assista também: 
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O Calvário de uma Rainha (1956), de Jean Delannoy

Marie Antoinette reine de France

Infelizmente, temos que admitir que a personagem mais icônica e remanescente da Revolução Francesa na cultura popular é Maria Antonieta. Seja pela sua intrigante vida, seja pela sua representação em dezenas de livros e filmes, a rainha consorte da França e o seu fatal destino são um dos temas mais abordados durante o período da Revolução.

Com Michèle Morgan, Richard Todd e Jacques Morel no elenco, a produção acompanha o destino extraordinário de Maria Antonieta, desde sua chegada de Viena à corte da França até sua morte no cadafalso em outubro de 1793. Em competição no Festival de Cannes de 1956, o filme destaca o caso amoroso entre a rainha e o oficial sueco Axel de Fersen, numa mistura de romance com reconstrução histórica. 

A adaptação mais famosa do mesmo conto é a ópera pop moderna Maria Antonieta (2006), de Sofia Coppola, protagonizada por Kirsten Dunst e Jason Schwartzman

Casanova e a Revolução (1982), de Ettore Scola

La Nuit de Varennes

Sob a ótica do diretor italiano Ettore Scola e protagonizado por Marcello Mastroianni e Harvey Keitel, Casanova e a Revolução mergulha em uma noite na França de 1791, quando todo uma conversação política dá-se entre personagens testemunhas de um mundo em iminente transformação. 

Presente na competição oficial do Festival de Cannes 1982, o longa dispõe-se a olhar os desdobramentos da revolução. No meio da noite, uma carruagem com Luís XVI e Maria Antonieta sai discretamente do Palácio Real. O escritor Nicolas Restif de la Bretonne (Jean-Louis Barrault)  assiste a cena e persegue o veículo. 

No caminho, ele encontra o cavaleiro Casanova (Mastroianni) e a condessa Sophie de la Borde (Hanna Schygulla). Os três compartilham a mesma carruagem e, a partir desses personagens, Casanova e a Revolução discute as ideias políticas do ilustre momento, ou seja, uma aula de história do diretor e roteirista Ettore Scola.

A Inglesa e o Duque (2001), de Éric Rohmer

langlaise et le duc eric rohmer

Outro grande cineasta francês, Éric Rohmer, narra a Revolução Francesa por meio de uma  relação amorosa afetuosa e, por vezes, tempestuosa. Adaptado das memórias da fidalga Grace Elliott (1760-1823), o filme mostra o relacionamento entre a monarquista inglesa (Lucy Russell) e Philippe (Jean-Claude Dreyfus), duque de Orleans, primo do rei Luís XVI, porém defensor de ideais revolucionários.

Visualmente deslumbrante, A Inglesa e o Duque usa a tecnologia para dar vida ao passado com sofisticação. O longa é ambientado em pinturas de Paris de Jean-Baptiste Marot. Filmado em fundo fundo verde, os atores foram inseridos digitalmente nas ilustrações. Este é um dos mais singulares filmes a abordar o tema já no momento da decisão de execução do rei Luís XVI em janeiro de 1793.

Adeus, Minha Rainha (2012), de Benoît Jacquot 

Les Adieux a la reine e1689363751660

Sempre existe uma nova perspectiva para contar uma conhecida história. Dessa maneira, Benoît Jacquot coloca suas lentes sobre o amor platônico de Sidonie Laborde (Léa Seydoux), uma jovem servente do palácio completamente devota à rainha Maria Antonieta (Diane Kruger). 

Adaptado do livro homônimo de Chantal Thomas, Adeus, Minha Rainha concentra-se nos quatro dias da Tomada da Bastilha em 1789 e a fuga de alguns membros da corte. Filmado em grande parte no próprio Château de Versailles, a produção foge dos códigos tradicionais dos filmes históricos ao dar conotações homoafetivas entre a duquesa Gabrielle (Virginie Ledoyen) e Maria Antonieta

Nomeado a 10 Césars, o Oscar francês, Adeus, Minha Rainha ganhou três: direção de arte, figurino e fotografia. 


IMPERDÍVEL! Você vai VICIAR nessa história de Vingança à moda antiga....

Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Berço da nossa atual democracia, a Revolução Francesa é celebrada pelos seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade todo dia 14 de julho, feriado nacional na França. Pano de fundo de romances épicos e de filmes cômicos, a data marca a Tomada da Bastilha, em Paris, e o dia da inssurreição do povo contra a aristocracia e a monarquia do país em 1789. 

Les Adieux a la reine de Benoit Jacquot Capelight pictures
Cena de Adeus, Minha Rainha (2012), de Benoît Jacquot 

Embora este dia seja um marco, o processo revolucionário se deu ao longo de dias e anos, impulsionado pela revolta do povo contra os excessivos aumentos de impostos e do valor dos alimentos essenciais, como o pão. Os resultados dessa ação reverberaram em todo o mundo e até hoje nos ensinam a lutar contra os modelos de poderes ditatoriais e autocratas. 

Se você se interessa por história mundial, política ou boas narrativas, confira a lista de filmes abaixo e veja-os. Conhece algum outro título para entrar nessa seleção? 

A Marselhesa (1938), de Jean Renoir

la marseillaise 1938 france poster de reference de dossier 33848 282tha wabjcj e1689363575543

Apesar de dirigido pelo renomado cineasta francês Jean Renoir, A Marselhesa parece ter sido esquecido nas gavetas do tempo. Financiado em parte por recursos públicos, a produção dividiu opiniões na época por conta do direcionamento da narrativa centrada nas atribulações das pessoas comuns durante o período de 1789 a 1792, ou seja, um filme mais preocupado com os cidadãos do que com a realeza.

Protagonizado pelo irmão do diretor Pierre Renoir (como Luís XVI) e Lise Delamare (na pele de Maria Antonieta), A Marselhesa tenta ser uma obra mais realista sobre o momento histórico por conta do sua produção e lançamento em 1938, pleno período da Frente Popular, isto é, a coligação dos partidos de esquerda, operários, radicais e comunistas em maioria no congresso contra os movimentos antifascistas.

A título de curiosidade, A Marselhesa é o título do hino nacional francês, composto pelo oficial do exército Claude Joseph Rouget de Lisle. O batismo, no entanto, é feito pelos revolucionários do sul da França, vindos a pé de Marselha a Paris para participar da revolução. Enquanto marchavam em direção à capital, eles cantavam a composição.

Com uma abordagem menos dramática e mais prática, a revolução francesa de Jean Renoir pode ser vista na íntegra (2h) e com legendas em português no Vimeo. Clique aqui

O Calvário de uma Rainha (1956), de Jean Delannoy

Marie Antoinette reine de France

Infelizmente, temos que admitir que a personagem mais icônica e remanescente da Revolução Francesa na cultura popular é Maria Antonieta. Seja pela sua intrigante vida, seja pela sua representação em dezenas de livros e filmes, a rainha consorte da França e o seu fatal destino são um dos temas mais abordados durante o período da Revolução.

Com Michèle Morgan, Richard Todd e Jacques Morel no elenco, a produção acompanha o destino extraordinário de Maria Antonieta, desde sua chegada de Viena à corte da França até sua morte no cadafalso em outubro de 1793. Em competição no Festival de Cannes de 1956, o filme destaca o caso amoroso entre a rainha e o oficial sueco Axel de Fersen, numa mistura de romance com reconstrução histórica. 

A adaptação mais famosa do mesmo conto é a ópera pop moderna Maria Antonieta (2006), de Sofia Coppola, protagonizada por Kirsten Dunst e Jason Schwartzman

Casanova e a Revolução (1982), de Ettore Scola

La Nuit de Varennes

Sob a ótica do diretor italiano Ettore Scola e protagonizado por Marcello Mastroianni e Harvey Keitel, Casanova e a Revolução mergulha em uma noite na França de 1791, quando todo uma conversação política dá-se entre personagens testemunhas de um mundo em iminente transformação. 

Presente na competição oficial do Festival de Cannes 1982, o longa dispõe-se a olhar os desdobramentos da revolução. No meio da noite, uma carruagem com Luís XVI e Maria Antonieta sai discretamente do Palácio Real. O escritor Nicolas Restif de la Bretonne (Jean-Louis Barrault)  assiste a cena e persegue o veículo. 

No caminho, ele encontra o cavaleiro Casanova (Mastroianni) e a condessa Sophie de la Borde (Hanna Schygulla). Os três compartilham a mesma carruagem e, a partir desses personagens, Casanova e a Revolução discute as ideias políticas do ilustre momento, ou seja, uma aula de história do diretor e roteirista Ettore Scola.

A Inglesa e o Duque (2001), de Éric Rohmer

langlaise et le duc eric rohmer

Outro grande cineasta francês, Éric Rohmer, narra a Revolução Francesa por meio de uma  relação amorosa afetuosa e, por vezes, tempestuosa. Adaptado das memórias da fidalga Grace Elliott (1760-1823), o filme mostra o relacionamento entre a monarquista inglesa (Lucy Russell) e Philippe (Jean-Claude Dreyfus), duque de Orleans, primo do rei Luís XVI, porém defensor de ideais revolucionários.

Visualmente deslumbrante, A Inglesa e o Duque usa a tecnologia para dar vida ao passado com sofisticação. O longa é ambientado em pinturas de Paris de Jean-Baptiste Marot. Filmado em fundo fundo verde, os atores foram inseridos digitalmente nas ilustrações. Este é um dos mais singulares filmes a abordar o tema já no momento da decisão de execução do rei Luís XVI em janeiro de 1793.

Adeus, Minha Rainha (2012), de Benoît Jacquot 

Les Adieux a la reine e1689363751660

Sempre existe uma nova perspectiva para contar uma conhecida história. Dessa maneira, Benoît Jacquot coloca suas lentes sobre o amor platônico de Sidonie Laborde (Léa Seydoux), uma jovem servente do palácio completamente devota à rainha Maria Antonieta (Diane Kruger). 

Adaptado do livro homônimo de Chantal Thomas, Adeus, Minha Rainha concentra-se nos quatro dias da Tomada da Bastilha em 1789 e a fuga de alguns membros da corte. Filmado em grande parte no próprio Château de Versailles, a produção foge dos códigos tradicionais dos filmes históricos ao dar conotações homoafetivas entre a duquesa Gabrielle (Virginie Ledoyen) e Maria Antonieta

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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