Os holofotes aos anos 20, do mudo ao falado, na raiz da essência de uma Hollywood pulsante. Quando pensamos em musicais é impossível não lembrarmos, ou pelo menos não ter ouvido falar, em uma das grandes obras de uma das mais clássicas eras de Hollywood. Cantando na Chuva se veste como uma história de amor para entrar em uma contextualização glamourosa sobre uma transição complicada para artistas na iminência da extinção do cinema mudo e os novos tempos com o cinema falado. Dirigido por Stanley Donen e o próprio Gene Kelly, protagonista do filme, esse é um daqueles clássicos do cinema que você precisa conferir pelo menos uma vez na vida.
Na trama, conhecemos a trajetória do simpático Don (Gene Kelly), já no final da década de 20, antes num início meteórico como dublê, depois ao lado de Lina (Jean Hagen) formam o casal mais badalado no universo das artes, em uma Hollywood repleta de glamour. Certo dia, Don conhece a atriz Kathy (Debbie Reynolds), e logo se apaixona perdidamente, ao mesmo tempo em que o mundo do cinema passa por uma enorme transformação: os filmes mudos parariam de existir e o cinema falado ocuparia todo o espaço. Nessa transição difícil para os artistas da época, acompanhamos Don ao lado de Debbie e do amigo de longa data Cosmo (Donald O’Connor) em busca de se manterem na cena artista norte-americana.
Abrindo as cortinas dos bastidores, na visão dos artistas, de uma Hollywood na transição do cinema mudo para o falado, Cantando na Chuva e seus números musicais contagiantes, pulsantes, estrutura sua narrativa com muita simpatia e carisma através de um romance e a busca pelo estrelato para ir a fundo em uma contextualização que ficou marcada os anos 20 com a chegada do emblemático filme O Cantor de Jazz, onde os espectadores puderam pela primeira vez ouvir as vozes e logo foi percebida a importância e contribuição do som para uma obra cinematográfica. A guerra de egos nos bastidores também é mencionada, com a mídia sensacionalista sempre por perto, além das dúvidas que os mandas-chuvas dos estúdios tinham em relação à já falada transição.
Sem deixar de conseguir se conectar a essência da magia do cinema, que está em todo lugar ao longo dos prazerosos 103 minutos de projeção, e muito mais do que um inesquecível musical, Cantando na Chuva é uma declaração harmoniosa e histórica de uma mudança de paradigmas na mais impactante indústria cinematográfica no mundo.
Pra quem se interessar em assistir pela primeira vez, ou mesmo rever, o filme está disponível no catálogo da HBO Max.