Hoje, o diretor John Carpenter completa 75 anos de vida. O cineasta está aposentado desde 2010, ao menos da função que o tornou mais conhecido, ou seja, do comando de uma produção cinematográfica. Carpenter dirigiu vídeos musicais em 2016 e 2017, e vira e mexe aparece em cena como produtor ou compositor da trilha sonora – como na recente trilogia Halloween. Mas o que queríamos de verdade era ver um novo filme dirigido pelo lendário cineasta. John Carpenter é um dos mais importantes e cultuados diretores de gênero, tendo assinado algumas das obras mais queridas dos anos 80 como, por exemplo, Fuga de Nova York, O Enigma de Outro Mundo e Os Aventureiros do Bairro Proibido. Isso sem mencionar seu divisor de águas com Halloween – A Noite do Terror. Para celebrar o aniversário de 75 anos deste verdadeiro ícone do cinema americano, resolvemos ranquear TODOS os seus filmes, do menos apreciado ao melhor. Ah sim, a lista não reflete nossa opinião pessoal, mas sim uma média tirada a partir das avaliações dos críticos no Rotten Tomatoes e do grande público e dos fãs no IMDB. Confira abaixo.
21 | Fantasmas de Marte (2001)
Começamos a matéria com o que é considerado pelos fãs do diretor, o grande público em geral e os críticos “o” filme menos apreciado da carreira de John Carpenter. Infelizmente seria esse o longa responsável por colocar um ponto final na carreira de um dos grandes e subestimados cineastas de gênero saído dos anos 70/80. Estrelado por Jason Statham, Natasha Henstridge e Ice Cube, essa ficção científica é uma analogia da luta dos índios contra o homem branco que chegava para dominar suas terras. “A terra” no caso sendo o planeta Marte colonizado.
20 | Memórias de um Homem Invisível (1992)
John Carpenter sempre dominou três gêneros do cinema em sua carreira: o terror, a ficção científica e a ação. Há 31 anos, o diretor arriscava se enveredar pelo caminho da comédia, com esta sátira do clássico de terror O Homem Invisível (1933). Sendo um filme de humor, Carpenter escalava um dos grandes nomes do gênero nos anos 80 para protagonizar: Chevy Chase, da franquia Férias Frustradas. É ele o sujeito que após um experimento começa aos poucos sumir da face da Terra. Daryl Hannah coprotagoniza. Basta dizer que esta foi a primeira e única tentativa de uma comédia para o cineasta.
19 | A Cidade dos Amaldiçoados (1995)
Infelizmente esse filme marcaria um dos últimos trabalhos do eterno Superman Christopher Reeve lançados antes de seu fatídico acidente de cavalo, que o deixaria tetraplégico. Baseado no livro The Midwich Cuckoos, a história já havia sido levada às telas numa produção britânica de 1960 intitulada A Aldeia dos Amaldiçoados, do qual Carpenter é fã. A trama mostra um fenômeno que ocorre numa pequena cidade americana, na qual todas as mulheres engravidam no mesmo dia, e depois dão a luz crianças muito sinistras com cabelos brancos e o estranho dom do controle da mente. Completando o elenco principal, outra atriz que nos deixou recentemente, Kristie Alley.
18 | Aterrorizada (2010)
Como dito, o pobre resultado de Fantasmas de Marte colocaria a carreira de John Carpenter em uma aposentadoria precoce. Aposentadoria esta que o diretor saiu brevemente para sua canção do cisne (até o momento). Nove anos depois do filme de 2001 citado, o cineasta tirava sua câmera do armário e era mordido pelo bichinho do cinema novamente. Carpenter estava a fim de filmar, e gravou este Aterrorizada, sobre uma jovem mulher (papel de Amber Heard) vivenciando os horrores reais de uma ala para pacientes psicologicamente abalados e também os horrores de assombrações sobrenaturais.
17 | Vampiros (1998)
Dos últimos trabalhos de John Carpenter, este é considerado o melhor e mais querido deles. O que o diretor cria aqui é um faroeste moderno, mas sendo este um filme de John Carpenter, ao invés de índios e caubóis, temos caçadores e vampiros numa batalha sangrenta no Novo México. James Woods protagoniza num papel que deveria ter sido de Kurt Russell, em mais uma das inúmeras colaborações com o cineasta.
16 | Fuga de Los Angeles (1996)
Por falar em Kurt Russell, aqui temos a última parceria nas telas entre o ator e o diretor, num total de cinco filmes juntos. Depois deste filme, o diretor ainda o queria em Vampiros, mas por motivo de agenda, o ator não pôde aceitar o trabalho. Seja como for, aqui Russell retornava para a continuação do clássico cult Fuga de Nova York – na única sequência dirigida por Carpenter em toda a sua carreira. O curioso é que Fuga de Los Angeles é um misto de continuação com refilmagem, porque muitas das cenas, trama central e narrativa se repetem. A grande diferença é que este tem um tom de quase paródia comparado ao original.
15 | Príncipe das Sombras (1987)
Aqui temos um dos filmes mais desconhecidos da filmografia de John Carpenter. Depois de ter investido pesado para um blockbuster da época, com Os Aventureiros do Bairro Proibido (1986), em seu trabalho seguinte o diretor resolvia voltar às raízes de seus primeiros filmes, ou seja, o terror mais minimalista. Pelo menos em partes, já que este longa fala sobre cientistas descobrindo um portal diretamente para o inferno, que traz o anticristo para a nossa realidade – provocando a possiblidade do fim do mundo. Quem protagoniza é Donald Pleasence e o filme tem participação do músico Alice Cooper.
14 | Trilogia do Terror (1993)
Outro dos filmes menos famosos e comentados do diretor, que apenas os seus maiores fãs conhecerão bem. Trata-se de um filme de antologia com três contos: dois dirigidos por Carpenter e um por Tobe Hooper (O Massacre da Serra Elétrica). Em um dos contos, os diretores também participam como atores; e em outro nomes lendários do terror como Roger Corman, Wes Craven e Sam Raimi aparecem em cena com seus personagens em pontas – fazendo do filme uma obra imperdível para os fãs do gênero. Carpenter também produz.
13 | À Beira da Loucura (1994)
Chegamos ao número 13 da lista, que é muito associado ao azar e é muito conhecido pelos fãs de terror. Neste item temos um dos mais interessantes da filmografia de John Carpenter. Quem protagoniza aqui é Sam Neill, que já havia trabalhado com o diretor em Memórias de um Homem Invisível. Na trama, o cineasta brinca com escritores como Stephen King e H.P. Lovecraft na hora de criar seu filme sobre um escritor que é sumidade no terror e um detetive particular contratado pela editora para encontra-lo depois de ter aparentemente enlouquecido e sumido do mapa.
12 | Elvis Não Morreu (1979)
Por falar em filmes completamente desconhecidos na filmografia de John Carpenter, chega agora esta biografia sobre um dos maiores cantores de todos os tempos. Sim, John Carpenter tem uma biografia de Elvis Presley em seu conjunto da obra, muitas décadas antes de Baz Luhrmann entregar sua badalada superprodução da Warner – que deve concorrer a alguns Oscar em 2023. Essa aqui é uma versão em escala muito menor, já que é uma produção feita para a TV, numa época em que a TV não significava o que é hoje. E sim, você acertou: Kurt Russell é o Elvis de John Carpenter, na primeira parceria entre os dois.
11 | Christine – O Carro Assassino (1983)
Por pouco esse terror sobrenatural que fala sobre um carro possuído por um espírito maligno não consegue se posicionar no top 10 dos melhores filmes de John Carpenter. Foi por muito pouco mesmo, mas Christine chega em 11º na opinião dos críticos, fãs e do grande público. Christine, no entanto, não é apenas um filme sobre um “carro assassino” como diz o subtítulo em português. A obra marca também a primeira e única união de duas verdadeiras lendas do terror. Ou seja: é John Carpenter adaptando um livro de Stephen King. A trama, na verdade, fala sobre obsessão e loucura, e mostra um rapaz hostilizado e que sofre constante abuso físico e mental se vingando de seus atormentadores.
10 | Dark Star (1974)
Agora sim, a coisa começa a ficar séria. Isso porque adentramos o top 10 dos melhores filmes de John Carpenter. Em décimo temos o que é o mais cult de todos os seus filmes. Dark Star é também o primeiro longa-metragem da carreira do diretor. E ele começaria com o pé direito, com a criatividade funcionando a pleno vapor, mesmo que a parte técnica não acompanhasse à sua ambição como contador de histórias. Muitos inclusive mencionam este como o predecessor de Alien – O Oitavo Passageiro (1979) – que foi feito com muito mais dinheiro e não ficou com cara de filme B, é claro.
09 | Fog – A Bruma Assassina (1980)
Esse foi o filme do qual John Carpenter pôde gozar após o sucesso monstruoso de Halloween – A Noite do Terror (1978). Quando marcou um golaço com o primeiro filme do maníaco Michael Myers, todos os estúdios quiseram trabalhar com o jovem gênio Carpenter. E assim, com muito mais dinheiro para realizar suas obras de terror, o cineasta optou por esta narrativa de piratas fantasmas, retornando para assombrar uma cidadezinha e fazer os moradores do local pagarem pelo que seus antepassados fizeram a estas figuras amaldiçoadas. Um dos fatores que mais chama atenção é o elenco de peso, com nomes como Jamie Lee Curtis, Adrienne Barbeau, Tom Atkins, Hal Holbrook e Janet Leigh.
08 | Os Aventureiros do Bairro Proibido (1986)
Clássico absoluto da Sessão da Tarde, este foi provavelmente o filme que mais frustrou os meninos e adolescentes que cresceram nos anos 90, por nunca ter lançado uma continuação. O que acontece é que John Carpenter provoca sua audiência com uma cena final que deixa uma porta escancarada para tal. Quarta e penúltima parceria de Carpenter e Kurt Russell, a dupla voltaria a se encontrar apenas dez anos depois para Fuga de Los Angeles. Aqui, os dois criam outro herói memorável depois de Snake Plissken e o piloto de helicóptero MacReady (de O Enigma de Outro Mundo). Desta vez, Russell é o caminhoneiro fanfarrão Jack Burton, que se mete numa encrenca muito maior do que pode lidar, quando se depara com o submundo das artes místicas e sombrias chinesa em San Francisco. Reza a lenda que foi a base para o game violento Mortal Kombat.
07 | Alguém me Vigia (1978)
Nesta época John Carpenter era apenas um jovem cineasta independente surgindo em cena com muita criatividade, disposto a mudar as coisas em Hollywood. No entanto, grandes orçamentos vindos dos mais badalados estúdios não faziam parte de sua realidade. Tudo mudaria com o sucesso de Halloween (1978), um filme pequeno e independente que acertaria em cheio na fama e dinheiro. No mesmo ano em que via as bilheterias de Halloween se encherem de grana, o diretor realizava este thriller para a TV. A produção igualmente faz parte dos longas menos comentados e que muitos sequer sabem que consta em seu repertório. Lauren Hutton estrela como uma mulher atormentada por ligações anônimas de alguém que diz a estar vigiando.
06 | O Homem das Estrelas (1984)
Conhecido por seu título original Starman mesmo nas reprises da TV aberta, onde era exibido no SBT, durante as décadas de 1980 e 1990, podemos dizer que esta é a obra mais prestigiada da carreira de John Carpenter. Especialista em filmes de terror e ficção científica, o diretor mostrava aqui que era capaz de entregar uma obra repleta de drama e emoção, conquistando audiências pelo mundo. A história tocante fala sobre uma jovem viúva vivida por Karen Allen. Seu falecido marido, papel de Jeff Bridges, retorna dos mortos, mas aos poucos ela percebe que não é seu espírito, e sim uma criatura alienígena que se apossou de seu corpo. Bridges foi nomeado ao Oscar pelo papel.
05 | Eles Vivem (1988)
Chegamos ao top 5 dos melhores filmes da carreira de John Carpenter. Sabe aquela história de que nem sempre os críticos e o público concordam sobre a avaliação de um filme. Bem, creio que isso se aplique no caso de dois filmes de Carpenter, afinal nenhum fã do diretor diria que prefere Eles Vivem ao adorado O Enigma de Outro Mundo – ao menos não em sã consciência. Mas é isso que ocorre com as notas de tais filmes na avaliação dos críticos, onde o filme com Kurt Russell tem 1% a menos do que o deste item. Ainda bem que os fãs estão aqui para colocar juízo na cabeça destes críticos. Seja como for, Eles Vivem escalou de uma forma surpresa até se tornar um dos filmes mais queridos de John Carpenter. O que podemos dizer sem dúvida é que se trata de um item cult. Na trama, um sujeito descobre uma conspiração alienígena que envolve o alto escalão da sociedade mundial.
04 | Fuga de Nova York (1981)
Se dependesse unicamente dos fãs de John Carpenter, sem dúvida esta aventura de ficção científica estaria entre o top 3, afinal é parte da tríade que define o cinema do diretor – o quarto seria Os Aventureiros do Bairro Proibido. Mas aqui precisamos dar voz a todos, fãs, críticos e o público casual – que analisa filme a filme, sem estar tão a par da carreira do cineasta. Desta forma, esse ícone do cinema “B” chega em quarto. Na segunda parceria de Kurt Russell com Carpenter, a trama fala sobre um super soldado chantageado a resgatar o presidente americano da ilha de Manhattan, que no futuro se tornou uma grande prisão a céu aberto. Clássico é pouco.
03 | O Enigma de Outro Mundo (1982)
Pois é, caros leitores, o mundo não é justo. Se dependesse unicamente de nossa opinião, indiscutivelmente esta obra-prima estaria ocupando a primeira posição do ranking. Mas é preciso dar ouvidos e respeitar a opinião dos críticos, que por alguma razão não acham essa pérola um filme impecável. Uma pena. Bom, se serve de consolo, os críticos da época em que o filme foi lançado em 1982 também fizeram pouco caso dele, o transformando em um fracasso de crítica. Como se não bastasse, o filme também fracassou nas bilheterias. Foi graças às locadoras de vídeo que O Enigma de Outro Mundo ressurgiu com a importância que merecia, se tornando uma das produções mais emblemáticas de terror de todos os tempos.
02 | Assalto à 13ª DP (1976)
Esse foi o segundo filme da carreira de John Carpenter, lançado depois de Dark Star, mas ainda antes de Halloween. Sua presença no top 3 dos melhores, subindo ao pódio com a medalha de prata certamente surpreende. Isso porque no consenso dos fãs de Carpenter, a tríade de suas obras contém O Enigma de Outro Mundo, Halloween e Fuga de Nova York. Bem, bastou um apanhado das avaliações nos dois maiores sites de cinema da internet – o IMDB e o Rotten Tomatoes – para perceber que não era bem assim que a banda tocava. De qualquer forma, este thriller que já demonstrava todo o potencial narrativo do diretor – mesmo que sem muitos recursos (trazidos por um orçamento mais apertado). A trama mostra criminosos atacando uma delegacia e fazendo os poucos policiais do local lutar por suas vidas.
01 | Halloween – A Noite do Terror (1978)
É inegável que Halloween é uma obra-prima do cinema, e um dos mais importantes filmes de terror de todos os tempos. Foi o longa que cimentou o subgênero slasher e foi o responsável pelo que temos hoje em matéria de psicopatas mascarados nas mais variadas franquias. Foi Halloween que popularizou tudo. Uma trama simples, mas muito eficiente – que se tornou um dos filmes independentes mais lucrativos de todos os tempos, e manteve esse recorde por muitos anos. A obra serviu para transformar o diretor John Carpenter em um nome quente na indústria, e ainda daria origem a uma das franquias mais queridas (mesmo que atualmente ande dando umas escorregadas) do cinema. Independente de suas sequências, o Halloween original segue como uma das pedidas indispensáveis para o dia das bruxas, e segue fazendo escola nos aspectos técnicos e narrativos.