terça-feira, abril 30, 2024

O Mês do Terror | Nosferatu (1979) – Após Murnau, Herzog deixa sua marca na mitologia do vampiro

Releitura da obra de Stoker figurou em movimento alemão

Entre 1962 e 1982 a indústria cinematográfica alemã testemunhou o surgimento do Novo Cinema Alemão, uma iniciativa conduzida pela nova geração de cineastas que estavam surgindo e inspirados, principalmente, pela Nouvelle Vague francesa. Uma característica compartilhada por todos os projetos do período era a escassez orçamentária.

Dentre os nomes que encabeçaram essa fase estão os de Rainer Werner Fassbinder, Wim Wenders e Werner Herzog. Durante os anos 70, a filmografia deste último se tornou foco de interesse nos mercados da Alemanha Ocidental e Estados Unidos. 

Por volta de 1974 sua obra biográfica, O Enigma de Kaspar Hauser, baseada em uma história real do século XIX foi o representante da Alemanha ocidental para pleitear uma nomeação ao Oscar de melhor filme estrangeiro porém a indicação não ocorreu.

Kaspar Hauser pôs em evidência o trabalho de Herzog.

Ainda assim, a excelente recepção da crítica com O Enigma de Kaspar Hauser catapultou o nome do diretor para o público mais amplo de modo que ele pôde se aventurar no terror. Inicialmente seu planejamento consistia em realizar um remake de Nosferatu de 1922, este que é um dos filmes mais importantes da história alemã e símbolo do movimento Expressionista que moveu o cinema nacional no início do século XX.

A obra original do cineasta F.W. Murnau famosamente nasceu de maneira acidental, no qual o realizador não possuindo os direitos de adaptação sobre o livro Drácula, de Bram Stoker, executou a mesma história porém alterando nomes e locais específicos. Inevitavelmente um processo legal se instaurou e a família do autor venceu, o que levou a decisão de que os negativos de Nosferatu fossem todos destruídos.

Dessa maneira a obra de 1922 reuniu ao longo do século seu próprio séquito de admiradores, dentre eles o próprio Herzog. Entretanto o que se iniciou como um desejo de homenagear um grande clássico teve seus planos alterados quando, ainda nos anos 70, os direitos autorais sobre Drácula deixaram de valer e a propriedade se tornou domínio público.

O diretor, agora tendo a sua disposição todos os elementos originais que Murnau não possuía, readaptou sua visão para algo mais alinhado à criação de Stoker. Nomes conhecidos do público como Mina, Jonathan Harker, Renfield e o próprio Conde Drácula foram inseridos no roteiro que, ao final da experiência, tinha apenas o título (Nosferatu: o Vampiro da Noite) como um lembrete da ideia original do remake.

Herzog é um admirador declarado de “Nosferatu”.

Para o papel principal, o diretor recrutou Klaus Kinski, ator com quem ele já havia trabalhado duas vezes até então, como em Aguirre. Da mesma forma com que aconteceu com o ator original de Nosferatu em 1922, Max Schreck, o processo de maquiagem em Kinski era bastante demorado e complexo; calcula-se que diariamente ele tenha passado por quatro horas apenas nesse processo.

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Outro elemento problemático da produção foi uso de ratos; sendo essa versão de Drácula uma representação, segundo Herzog, de uma doença que inevitavelmente força as pessoas a reavaliar o valor das coisas. Dessa maneira, os ratos tem grande importância visual no filme; a problemática foi que o modo como eles foram transportados implicou em condições que os compeliram a praticar canibalismo, o que dificultou sua importação para a Holanda (local onde ocorreram as gravações).

Nosferatu: O Vampiro da Noite alcançou em poucos anos um status de cult instantâneo. Não apenas isso mas ele teve um impacto significativo no gênero de vampiros que, nos anos 60 e 70, era constantemente bombardeado com adaptações de baixo orçamento sobre Drácula (os filmes da Hammer sendo um exemplo). Herzog fugiu do padrão e entregou um trabalho autoral e incluso em um plano maior do Novo Cinema Alemão, garantindo à obra um olhar diferenciado. 

 

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