Existem filmes que você já sai da sessão pensando: “acabei de ver um clássico!”. E Robô Selvagem é um desses. Lançado em 2024, o longa foi a principal aposta da Dreamworks Animation para a temporada de premiações, conquistando o Annie Awards 2025, a principal premiação da indústria de animações do mundo. A expectativa é que ele também levasse o Oscar, mas acabou sendo superado por Flow, que se tornou o grande fenômeno animado do ano passado bem na reta final das votações.
Ainda assim, não são os prêmios que definem um filme, mas sua história, técnica de animação e capacidade de dialogar com um público. E Robô Selvagem consegue surpreender em todos esses quesitos.
Escrito e dirigido por Chris Sanders, uma das mentes geniais por trás de longas como Lilo & Stitch e Como Treinar o Seu Dragão, o filme é inspirado em uma série de livros homônima. Já a parte animada foi inspirada nas animações clássicas de animais falantes da Disney e nas obras do lendário cineasta japonês Hayao Miyazaki. Ou seja, o material base era excelente, mas sempre há como errar. Felizmente, não foi este o caso, já que o longa é uma obra-prima da DreamWorks.
A história gira em torno de ROZZUM-7134, uma robozinha faz-tudo que estava sendo transportada para seus donos, quando um acidente faz com que ela caia em uma ilha longe da civilização, habitada apenas por animais selvagens. Para complicar mais a situação, ela acaba sendo ativada acidentalmente pelos bichos, acordando sem ter a quem reportar. Diante desses novos bichos, ela utiliza sua inteligência artificial para aprender a língua deles.
Em seu despertar, ela acidentalmente mata uma mamãe ganso e destrói seu ninho. Tomada por um sentimento que ela é incapaz de compreender, ‘Roz’ percebe que sobrou um ovinho. Então, ela passa a tomar conta dele como sua missão na ilha. Só que ela é uma máquina, então vai precisar aprender não apenas como chocar o ovo, mas principalmente a como criar um bebê ganso, que é cheio de questões e dúvidas sobre sua própria existência.
O filme aborda as diferentes fases da vida do gansinho, tendo como perspectiva a Roz, que assume esse papel materno, enquanto conversa com outros bichos para tentar entender o que é a maternidade. O longa é cheio de desafios que são facilmente identificáveis na vida de mulheres que tentam criar seus bebês com o melhor que têm, mesmo que isso não seja o bastante em muitas vezes.
Contada de forma emocionante, o longa é realmente um espetáculo cheio de sensibilidade e com uma animação sensacional, cujos traços buscam emular as pinturas de Monet. Além disso, o elenco original traz nomes estelares, como Lupita Nyong’o, Pedro Pascal, Mark Hamill e Bill Nighy.
É aquela animação que dá um quentinho no coração e arranca lágrimas sem fazer esforço, ressaltando não só a beleza da natureza, mas a beleza da vida, provando que até mesmo uma inteligência artificial é capaz de amar quando compreende que ser mãe é muito mais do que se ater a fórmulas matemáticas e regras pré-estabelecidas.